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ISBN 978-85-7463-384-8

BIODIVERSIDADE E ECÓTONOS
DA REGIÃO SETENTRIONAL DO PIAUÍ
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI

REITOR
Prof. Dr. Luiz Sousa Santos Júnior

VICE-REITOR
Prof. Dr. Edward Alencar Castelo Branco

COORDENADOR DO MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE


Prof. Dr. José Luís Lopes Araújo

CONSELHO EDITORIAL DA EDUFPI

Presidente
Ricardo Alaggio Ribeiro

Conselheiros
Tomás Gomes Campelo
Teresinha de Jesus Mesquita Queiroz
Manoel Paulo Nunes
José Renato de Sousa
Iracilde Maria Moura Fé Lima
Vânia Soares Barbosa
João Renôr Ferreira de Carvalho
TROPEN/PRODEMA/UFPI
Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente

BIODIVERSIDADE E ECÓTONOS
DA REGIÃO SETENTRIONAL DO PIAUÍ

Série Desenvolvimento e Meio Ambiente


2010
Organizadores
Antonio Alberto Jorge Farias Castro
Nívea Maria Carneiro Farias Castro
Cristina Arzabe

Referees
Cristina Arzabe
Darcet Costa Souza
Gardene Maria de Sousa
Jaíra Maria Alcobaça Gomes
João Batista Lopes
José de Ribamar de Sousa Rocha
José Machado Moita Neto
Luiz Fernando Carvalho Leite
Maria Edileide Alencar Oliveira
Roseli Farias Melo de Barros
Valdomiro Aurélio Barbosa de Souza (in memorian)

Projeto Gráfico
WLAGE - Alínea Publicações Editora

Impressão
Editora Gráfica da UFPI

FICHA CATALOGRÁFICA
Serviço de Processamento Técnico da Universidade Federal do Piauí
Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco
B615 Biodiversidade e ecótonos da região setentrional do
Piauí / Antonio Alberto Jorge Farias Castro, Cristina
Arzabe, Nívea Maria Carneiro Farias Castro. – Teresi-
na : EDUFPI, 2010.
208 p. – (Série Desenvolvimento e Meio Ambiente, 5)

ISBN 978-85-7463-384-8

1. Biodiversidade. 2. Ecótonos. 3. Complexo de Cam-


po Maior. 4. Parque Nacional de Sete Cidades. I. Cas-
tro, Antonio Alberto Jorge Farias. II. Arzabe, Cristina. III.
Castro, Nívea Maria Carneiro farias. IV. Série.

CDD 333.95
Sumário
Apresentação ................................................................................................................7

Prefácio ........................................................................................................................9

PRIMEIRA PARTE

Protocolo de Avaliação Fitossociológica Mínima (PAFM): Uma Proposta


Metodológica para o Estudo do Componente Lenhoso da Vegetação do Nordeste...11
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO
Ruth Raquel Soares de FARIAS

Compartimentação Geoambiental no Complexo de Campo Maior, Piauí:


Caracterização de um Mosaico de Ecótonos .............................................................25
José Sidney BARROS
Ruth Raquel Soares de FARIAS
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO

Estudo Florístico em Trechos de Vegetação do Complexo de Campo Maior,


Jatobá do Piauí (PI, Brasil) ........................................................................................44
Ruth Raquel Soares de FARIAS
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO
Maura Rejane de Araújo MENDES

SEGUNDA PARTE

Classi!cação e Caracterização dos Tipos Vegetacionais do Parque Nacional


de Sete Cidades (PN7C), Piauí, Brasil .......................................................................66
Maria Edileide Alencar OLIVEIRA
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO
Fernando Roberto MARTINS

Diversidade e Estrutura do Cerrado sensu stricto sobre Areia (Neossolo


Quartzarênico) no Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), Piauí .........................90
Galiana da Silveira LINDOSO
Jeanine Maria FELFILI [in memorian]
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO
Composição Florística e Estrutura do Componente Lenhoso em Cerrado
sensu stricto sobre A"oramentos Rochosos no Parque Nacional
de Sete Cidades (PN7C), Piauí ...............................................................................116
Iona’i Ossami de MOURA
Jeanine Maria FELFILI [in memorian]
José Roberto Rodrigues PINTO
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO

Fitossociologia e Diversidade da Comunidade Arbórea de Floresta


Estacional Semidecidual do Parque Nacional de Sete Cidades (Piauí)
e sua Correlação Florística com Outras Florestas Estacionais do Brasil .................141
Ricardo Flores HAIDAR
Jeanine Maria FELFILI [in memorian]
Mariana de Queiroz MATOS
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO

Regeneração Natural da Vegetação Arbórea nas Matas de Galeria


do Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), Piauí, Brasil ....................................166
Mariana de Queiroz MATOS
Jeanine Maria FELFILI [in memorian]
Ricardo Flores HAIDAR
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO

Levantamento Florístico e Fitossociológico do Morro do Cascudo,


Área de Entorno do Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), Piauí, Brasil .........186
Meire Mateus de LIMA
Reinaldo MONTEIRO
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO
Joxleide Mendes da COSTA

Índice por autor ........................................................................................................208


Apresentação

S
eguindo o Plano Editorial do Programa Regional de Pós-Graduação em De-
senvolvimento e Meio Ambiente (Subprograma PRODEMA/UFPI/TROPEN)
estamos organizando a edição de mais um livro com o objetivo continuado de
dar maior transparência ao que produzimos, mestrandos, doutorandos e professores,
na forma de “capítulos de livro”, como contribuição de qualidade para o “Desenvolvi-
mento do Trópico Ecotonal do Nordeste”, Área de Concentração do nosso Programa
de Pós-Graduação.

Os quatro primeiros volumes foram tematizados e intitulados de “Teresina:


Uma Visão Ambiental” (2006), de “Cerrado Piauiense: Uma Visão Multidiscipli-
nar” (2007), de “Sustentabilidade do Semiárido” (2009) e de “Biodiversidade e
Desenvolvimento do Trópico Ecotonal do Nordeste” (2009).

Neste quinto volume (2010), com o título “Biodiversidade e Ecótonos da Re-


gião Setentrional do Piauí” estamos reunindo 9 (nove) capítulos, dos quais o primei-
ro trata de uma “proposta metodológica para o estudo do componente lenhoso da ve-
getação do Nordeste” desenvolvido a partir da nossa experiência de campo em termos
de delineamento amostral e, os outros, oriundos de teses de doutorado (Capítulos 2, 4
e 6), dissertações de mestrado (Capítulos 3, 5, 7 e 8) e monogra!a de graduação (Ca-
pítulo 9), inéditos, relacionados à produção acadêmica dos parceiros1 apoiados pelo
Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), desenvolvidos no
Piauí, para o Piauí, com recursos !nanceiros e logística do Projeto de Biodiversidade
e Fragmentação de Ecossistemas nos Cerrados Marginais do Nordeste, Projeto
BASE do Sítio 10 (Programa de Ecologia dos Cerrados do Nordeste e Ecótonos Asso-
ciados) do MCT/CNPq.

1. Programa de Pós-Graduação em Ecologia (UnB) (Capítulos 2, 5, 6, 7 e 8), Programa de


PósGraduação em Biologia Vegetal (UFPE) (Capítulo 3), Programa de Pós-Graduação em
Biologia Vegetal (UNICAMP) (Capítulo 4) e Programa de Graduação em Ciências Biológi-
cas (UNESP Rio Claro) (Capítulo 9).

Volume 5 7
No segundo e terceiro capítulos, o foco é o Complexo de Campo Maior, uma
das mais importantes áreas para pesquisas ecológicas, em função da sua importância
biológica, das suas singularidades, priorizadas pelo Sítio 10 no que diz respeito ao
zoneamento geoambiental, "orística de capões e mosaico de ecótonos. No restante dos
capítulos, o foco é o Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), a principal área focal
do nosso Projeto BASE, levando em conta aspectos e/ou estudos de casos dos tipos
de vegetação do PN7C, dos cerrados sobre areias quartzosas, dos cerrados rupestres
de baixas altitudes, das matas estacionais semideciduais, das matas de galeria e dos
cerrados de entorno.

Com o apoio do Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimen-


to e Meio Ambiente (Subprograma PRODEMA/UFPI/TROPEN), este quinto volume
da Série Desenvolvimento e Meio Ambiente oportuniza a divulgação de parte impor-
tante da produção técnica e cientí!ca do Sítio 10 do PELD, um dos seus parceirosân-
cora ao nível da Linha de Pesquisa em Biodiversidade e Utilização Sustentável dos
Recursos Naturais.

Antonio Alberto Jorge Farias Castro, Prof. Dr.


Teresina, outubro/2010
Prefácio

O
mundo todo reconhece que o Brasil é o país da megabiodiversidade 1. Essa
a!rmação é dada como fato e alardeada com grande orgulho, principalmente
por parte dos brasileiros. A grande diversidade das "orestas brasileiras, como
a Mata Atlântica 2, os cerrados 3 e o Pantanal 4, sem contar a Floresta Amazônica, tem
atraído a atenção de todo o mundo. Ao mesmo tempo, a preocupação com a necessida-
de de conservação dos biomas tem sido cada vez maior em face do desmatamento que
se constata no Brasil. A conservação de biomas não "orestais, como os cerrados, tem
despertado cada vez mais atenção em face do desprezo com que são tratados pelas po-
líticas públicas e das taxas crescentes de desmatamento 5. Há ainda o paradoxo de que
o Brasil tem uma das maiores diversidades do mundo, mas não domina a biotecnologia
para usar essa biodiversidade.

A biodiversidade inclui toda a variação da natureza 6, desde a variabilidade de


moléculas num mesmo indivíduo até a variabilidade entre os grandes Biomas mun-
diais, passando pelas diferenças entre indivíduos de uma mesma população, entre po-
pulações de uma mesma comunidade, entre comunidades de um mesmo Bioma. A bio-
diversidade exerce um papel-chave na manutenção das condições que possibilitam a
existência de vida na Terra. Basta dizer que a atmosfera de que todos nós dependemos
para nos manter vivos foi produzida e é mantida pela biodiversidade do planeta. Por
outro lado, a biodiversidade representa também uma fonte de recursos extremamente
valiosos para o homem. Neste ponto começam a surgir os problemas, pois um recurso
só pode ser usado quando se sabe que é um recurso. Por exemplo, se colocarmos duas
1 SCARANO, F. R. (2007). Perspective on biodiversity science in Brazil. Scientia Agricola 64:439-447.
2 THOMÉ, M. T. C.; ZAMUDIO, K. R.; GIOVANELLI, J. G. R.; HADDAD, C. F. B.; BALDISSERA JR.,
F. A.; ALEXANDRINO, J. (2010). Phylogeography of endemic toads and post-Pliocene persistence of the
Brazilian Atlantic Forest. Molecular Phylogenetics and Evolution 55:1018-1031.
3 KLINK C. A.; MACHADO R. B. (2005). Conservation of the Brazilian Cerrado. Conservation Biology
19:707713.
4 JUNK, W. J.; da CUNHA, C. N.; WANTZEN, K. M.; PETERMANN, P.; STRÜSSMANN, M. I. M.;
AIDS, J. (2006). Biodiversity and its conservation in the Pantanal of Mato Grosso, Brazil. Aquatic Science
68:278-309.
5 BOND, W. J.; PARR, C. L. (2010). Beyond the forest edge: ecology, diversity and conservation of the
grassy biomes. Biological Conservation 143:2395-2404.
6 WILSON, E. O.; PETER, F. M. (eds.). (1988). Biodiversity. Washington: National Academy Press.

Volume 5 9
pessoas na "oresta, uma que conhece as espécies e outra que não as conhece, é possível
que a primeira engorde e a segunda morra de fome porque não conhece os recursos.
Conhecer recursos demanda fazer pesquisa: só se sabe que algo é um recurso quando
se fazem pesquisas que mostrem sua existência e seu potencial de uso. Porém, antes de
podermos dizer de recursos da biodiversidade, temos que conhecer a biodiversidade.
E então, voltamos ao começo.

Todo o mundo reconhece que o Brasil é o país da megabiodiversidade, e essa


a!rmação é repetida como um bordão. Porém, não conhecemos nossa biodiversida-
de. Que espécies compõem essa biodiversidade? Qual é a ordem de grandeza dessa
biodiversidade? Que fatores estão associados à variação dessa biodiversidade? Essas
são perguntas as mais fundamentais possíveis e não temos respostas para elas. Para
respondê-las, devemos quali!car, quanti!car e modelar nossa biodiversidade. Para es-
sas tarefas, necessitamos das mais básicas informações: que espécies ocorrem, com
qual abundância ocorrem e onde ocorrem. Só depois de dispormos dessas informações
básicas é que podemos calcular a diversidade de nossos sistemas ecológicos, saber
quais espécies constituem essa diversidade, como a diversidade se distribui no espaço
e como responde a variações de fatores como espaço (latitude, longitude), relevo (al-
titude e outras variáveis), clima (chuva, estacionalidade, temperaturas, radiação solar,
etc.) e outros. Uma vez modelada a diversidade no espaço, podemos investigar como
variações das condições ambientais in"uenciam a diversidade e como ela responde a
essas variações. Sabendo onde está a diversidade, quais espécies a constituem e qual
sua ordem de grandeza, podemos planejar sua bioprospecção para termos idéia dos re-
cursos existentes. Essas informações também poderão fundamentar planos de manejo
que permitam o uso sustentado dos sistemas ecológicos e o planejamento de unidades
de conservação. A biodiversidade tem muitíssimas potencialidades que ainda são des-
conhecidas.

Porém, para tudo isso, necessitamos de informações básicas: quais espécies


existem, com que abundância ocorrem e em que lugar estão. Tais informações exis-
tem de modo esparso para alguns Biomas do Brasil, mas ainda são escassas para o
Nordeste brasileiro. O presente livro colabora com essas valiosas informações, que
constituem o primeiro importantíssimo passo rumo à modelagem da biodiversidade.

Fernando Roberto Martins, Prof. Dr.


Campinas, dezembro/2010

10 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


MOURA, I. O.; FELFINI, J. M.; PINTO, J. R. R.; CASTRO, A. A. J. F.; Composição florística e estrutura do
componente lenhoso em cerrado sensu stricto sobre afloramentos rochosos no Parque Nacional de Sete
Cidades - PI. Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí, Teresina, 5: 116-140, 2010.

Composição Florística e Estrutura do Componente


Lenhoso em Cerrado sensu stricto Sobre A!oramentos
Rochosos no Parque Nacional de Sete Cidades - PI
Iona´i Ossami de Moura1
Jeanine Maria Fel!li2
José Roberto Rodrigues Pinto3
Antonio Alberto Jorge Farias Castro4

1 INTRODUÇÃO 1
Bióloga, Mestre em Ecolo-
gia e Evolução, Universidade
de Brasília, Programa de Pós

O
bioma Cerrado possui dimensões con- Graduação em Ecologia, Ins-
tituto de Ciências Biológicas.
tinentais, se estendendo por cerca de C.P. 04457, 70919-970, Bra-
sília, DF, Brasil. E-mail para
22º de latitude e 17º longitude (IBGE, contato: ionamoura@gmail.
2004). Ocupa áreas contínuas no Distrito Federal com
2
Engenheira Florestal, Dou-
e nos estados de Goiás, Tocantins, Minas Gerais, tora em Ecologia Florestal,
Universidade de Brasília, Fa-
Bahia, Piauí, Maranhão, Ceará, Mato Grosso, Mato culdade de Tecnologia, Depar-
tamento de Engenharia Flo-
Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo, além de áreas restal, Laboratório de Manejo
disjuntas no Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, e Florestal, in memorian.
3
Engenheiro Florestal, Dou-
em ilhas de vegetação no Paraná (RIBEIRO; WAL- tor em Ecologia, Universida-
de de Brasília, Faculdade de
TER, 2008). Com toda essa extensão, há necessida- Tecnologia, Departamento de
de de investigar como as espécies lenhosas se dis- Engenharia Florestal, Labora-
tório de Manejo Florestal. C.P.
tribuem ao longo do bioma, na tentativa de detectar 04357, 70919-970, Brasília,
DF, Brasil.
padrões !togeográ!cos. 4
Biólogo, Doutor em Biologia
Vegetal, Universidade Federal
do Piauí, Núcleo de Referên-
Castro e Martins (1999), com base em com- cia em Ciências Ambientais do
Trópico Ecotonal do Nordeste
paração "orístico-geográ!ca em escala nacional, (TROPEN/UFPI), Departa-
mento de Biologia.
utilizando 145 listagens de espécies lenhosas de 78
localidades, a!rmam que existem diferenças "orís-
ticas entre os cerrados (sensu lato) do litoral e do

116
Iona´i Ossami de Moura • Jeanine Maria Felfili • José Roberto Rodrigues Pinto • Antonio Alberto Jorge F. Castro

Nordeste (baixa altitude), os cerrados do Sudeste meridional (média altitude)


e os cerrados do Planalto Central (alta altitude). Os cerrados do Nordeste, os
do Sudeste meridional e os do Planalto Central constituem três supercentros de
biodiversidade que ocorrem em função de duas barreiras climáticas: polígono
das secas e polígono das geadas, e as cotas altimétricas de 400-500 m e 900-
1000 m de altitude média, conferindo ao bioma um padrão •orístico lati-alti-
tudinal. Segundo Castro (1994 apud CASTRO; MARTINS 1999) não existe
homogeneidade •orística no bioma, e sim um mosaico de espécies peculiares
ou centrais e acessórias ou marginais que se sobrepõem, formando centros de
distribuição.

Ratter et al. (2003, 2006), com base em levantamentos rápidos e em


dados disponibilizados na literatura, avaliaram a composição •orística da ve-
getação lenhosa de 376 áreas de cerrado sensu lato e savana amazônica. Os
resultados das análises con!rmaram a existência de forte padrão !togeográ!co
na distribuição de espécies lenhosas no bioma, indicando a separação de sete
grupos. Segundo os autores, a área core do cerrado sensu lato é claramente
um continuum, e a variação geográ!ca existente baseia-se, principalmente, em
fatores edá!cos, climáticos e espaciais. Um dos grupos !togeográ!cos reco-
nhecido foi o do norte-nordeste, com áreas do extremo norte de Minas Gerais,
Bahia, Ceará, Maranhão, Piauí, Tocantins e uma área no Pará próxima ao To-
cantins. Segundo os autores, o padrão de diversidade das espécies lenhosas do
Cerrado consiste em um número relativamente moderado de espécies comuns
e amplamente distribuídas, e de um vasto número de espécies raras.

Fel!li et al. (2004, 2007b), com base em estudos quantitativos padroni-


zados, veri!caram que o cerrado sensu stricto possui distribuição em mosai-
cos, com até uma centena de espécies arbóreas lenhosas se alternando confor-
me a região geográ!ca. Segundo os autores, poucas espécies são generalistas
em nível de bioma, assim como poucas são exclusivas de cada localidade, mas

Volume 5 117
Composição Florística e Estrutura do Componente Lenhoso em Cerrado sensu stricto Sobre Afloramentos
Rochosos no Parque Nacional de Sete Cidades - PI

a maioria se alterna tanto em presença como em densidade dependendo das


características ambientais e localização geográ•ca.

O cerrado do Piauí cobre 33,3% do estado e contêm áreas de transição


e de contato com outros tipos de vegetação como caatinga, carrasco, •oresta
estacional, mata de babaçu e outras (CASTRO et al., 1998). De acordo com
esses autores a vegetação dessa região é um prolongamento setentrional do
cerrado central e é considerado marginal distal por estar localizado no extremo
norte da área de distribuição do bioma. Segundo Rizzini (1997), os cerrados
piauiense e maranhense possuem uma individualidade •togeográ•ca, e dife-
rem dos cerrados do Brasil Central quanto à composição •orística: cerca de
50% das espécies que ocorrem lá são compartilhadas com as do Brasil Central,
15% podem ser consideradas elementos peculiares, ou seja, próprias da região
nordeste, e cerca de 30% seriam espécies acessórias, provenientes de outras
formações vegetais como a Floresta Amazônica e a Caatinga.

O conhecimento atual da biodiversidade do Cerrado leva à necessidade


de estudos em todas as escalas, em que a •ora e sua estrutura devem ser conhe-
cidas e relacionadas a sistemas de terra e unidades ecológicas e de paisagem
(SILVA et al., 2006), de modo a proporcionar o entendimento das relações
vegetação-ambiente em diversas escalas. Neste sentido, o presente estudo tem
como objetivo analisar a composição •orística, diversidade e a estrutura do
componente lenhoso do cerrado sensu stricto sobre a•oramentos rochosos no
Parque Nacional de Sete Cidades e comparar os resultados obtidos com outros
estudos realizados no Piauí e no Brasil Central. Paralelamente, buscou-se con-
tribuir para o conhecimento da •ora dos cerrados do Nordeste, averiguando se
neste local há uma menor ocorrência de espécies de outros cerrados do Brasil,
compensada pela ocorrência de espécies próprias e/ou associadas aos biomas
adjacentes.

118 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Iona´i Ossami de Moura • Jeanine Maria Felfili • José Roberto Rodrigues Pinto • Antonio Alberto Jorge F. Castro

2 MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo - Este trabalho foi desenvolvido no Parque Nacional de


Sete Cidades (PN7C), estado do Piauí. O Parque foi criado pelo Decreto Fe-
deral n° 50.744 em 1961, com o objetivo de conservar a diversidade ecológica
de uma área dominada pela vegetação do Cerrado, com elementos de caatinga
e •oresta latifoliada (IBDF, 1979). Este Parque Nacional abriga monumentos
geológicos e inscrições rupestres, sendo também um dos sítios permanentes de
pesquisas dos cerrados marginais do Brasil no Programa de Pesquisas Ecoló-
gicas de Longa Duração (MCT/CNPq/PELD).

O PN7C possui área de 6.221 ha, localizada no nordeste do estado do


Piauí, nos municípios de Brasileira e Piracuruca, entre as coordenadas 04°05 e
04°15 S e 41°30 e 41°45 W. O clima da região é do tipo Aw, segundo o sistema
de classi!cação de Koppen, com temperatura média anual em torno de 28oC
e precipitação média anual entre 1.200 e 1.500 mm, segundo as informações
climatológicas disponíveis no site do Instituto Nacional de Metereologia (IN-
MET). Encontra-se sobre rochas da formação Cabeças, compostas por arenitos
de cores claras, branco e cinza-amarelados, às vezes avermelhados, médios
a grosseiros, comumente conglomeráticos e com pouca argila (BAPTISTA,
1989), e pressupõe ambiente deposicional litorâneo (OLIVEIRA et al., 2007).

O PN7C está localizado na bacia sedimentar do Parnaíba, com a


ocorrência de superfícies pediplanas e relevos de linhas suaves, com a
presença de testemunhos areníticos isolados e altitude variando entre 100 e
300 m (IBDF, 1979). As principais classes de solos que ocorrem no Parque são:
Neossolos Quartzarênicos e Litólicos, Planossolos, Latossolos, Plintossolos
e Argissolos (JACOMINE et al., 1986 apud OLIVEIRA et al., 2007). A
cobertura vegetal é composta por um complexo mosaico de tipos estruturais
dominados por formações savânicas, que cobrem 48,1% da área, seguidas por

Volume 5 119
Composição Florística e Estrutura do Componente Lenhoso em Cerrado sensu stricto Sobre Afloramentos
Rochosos no Parque Nacional de Sete Cidades - PI

formações •orestais, em 36% da área, e campestres, representando 14,3%


da área do Parque (OLIVEIRA, 2004). De acordo com o mesmo autor, as
formações savânicas correspondem ao cerrado típico (37,6%), apresentando
•sionomia muito aberta, constituída de indivíduos com altura média de 5 m
e poucos ultrapassando 10 m; e ao cerrado rupestre (10,5%) instalado sobre
a•oramentos rochosos, com indivíduos arbustivos de até 2 m de altura, de
•sionomia predominantemente aberta, xeromorfos, latifoliados e decíduos.

Ribeiro e Walter (2008) a•rmam que o cerrado rupestre ocorre em solos


rasos com presença de a•oramentos de rocha e apresenta elementos •orísticos
adaptados ao ambiente rupícola, possuindo cobertura arbórea variável de 5% a
20%, altura média de 2 m a 4 m e estrato arbustivo-herbáceo também destacado.
Apesar do cerrado objeto desse estudo encontrar-se sobre substrato rochoso,
não corresponde ao cerrado rupestre conforme identi•cado por Oliveira (2004)
no PN7C, com presença de indivíduos de menor porte. A vegetação estudada
aproxima-se mais da de•nição de cerrado típico de Oliveira (ibidem), apesar
deste estar mais associado a Latossolos e Plintossolos. Assim, optamos por
utilizar a de•nição “cerrado sensu stricto sobre a•oramentos rochosos”, ou
“sobre rochas”, por englobar áreas com densidades de árvores que equivalem
ao cerrado sensu stricto (10-60%), mostrando que o cerrado sobre rochas
apresenta ampla variação estrutural, conforme veri•cado por Fel•li e Fagg
(2007) e Moura et al. (2007).

As áreas de cerrado sensu stricto sobre a•oramentos rochosos locali-


zam-se de maneira esparsa no Parque constituindo ilhas de vegetação, entre-
meadas por cerrado sensu stricto sobre Neossolo Quartzarênico, ou, ainda,
por outras •sionomias vegetacionais como •oresta estacional semidecidual, e
campo limpo. O cerrado sensu stricto sobre a•oramentos encontram-se sobre
solos rochosos, rasos e arenosos.

120 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Iona´i Ossami de Moura • Jeanine Maria Felfili • José Roberto Rodrigues Pinto • Antonio Alberto Jorge F. Castro

Amostragem - Inicialmente foi realizado reconhecimento geral das áre-


as de cerrado sensu stricto sobre a!oramentos rochosos localizados no PN7C,
com o auxílio de mapas de vegetação para a delimitação do universo amostral.
Foram selecionadas dez áreas de fragmentos naturais existentes no interior do
Parque e em cada área foi alocada, de forma aleatória, uma parcela de 20 m
× 50 m (1000 m2), seguindo o gradiente de declividade. Essas parcelas foram
demarcadas com estacas e suas coordenadas geográ"cas e altitude registradas
com o uso de um GPS. No interior das parcelas foram mensuradas com suta
metálica todas as árvores com diâmetro do tronco igual ou superior a 5 cm,
tomados a 0,30 m do solo. Em árvores bifurcadas abaixo de 30 cm do solo
na base ou em caso de touceiras, cada tronco, desde que apresente o diâmetro
mínimo de inclusão, foi medido separadamente e foi calculada a média quadrá-
tica das rami"cações. As alturas foram medidas com vara graduada, e no caso
de árvores bifurcadas foi considerada a altura da rami"cação mais alta. Foram
realizadas coletas botânicas dos indivíduos férteis e incorporadas ao herbário
IBGE.

Análise dos dados - Foi elaborada listagem da composição !orística,


onde as famílias foram classi"cadas de acordo com o sistema do Angiosperm
Phylogeny Group II (APG II, 2003). O índice de diversidade de Shannon na
base e foi utilizado para avaliar a diversidade alfa da comunidade, e a equabi-
lidade foi calculada utilizando o índice de uniformidade de Pielou (MAGUR-
RAN, 2004), ambos por meio do software Excel. Os parâmetros "tossocioló-
gicos da comunidade arbustivo-arbórea foram analisados por meio do cálculo
da densidade (D), da frequência (F) e da dominância (Do) absolutas e relativas,
bem como o valor de importância (VI), mediante a aplicação das fórmulas e
conceitos contidos em Mueller-Dombois e Ellenberg (1974), utilizando o sof-
tware Excel. Os valores encontrados na análise "tossociológica, diversidade,
equabilidade e riqueza !orística, avaliada mediante a contagem dos números
de espécies, gêneros e famílias registrados, foram comparados com os resul-

Volume 5 121
Composição Florística e Estrutura do Componente Lenhoso em Cerrado sensu stricto Sobre Afloramentos
Rochosos no Parque Nacional de Sete Cidades - PI

tados obtidos em outros levantamentos. Foram determinados o erro padrão da


média em percentagem (EP%) e o intervalo de con•ança (IC) a 95% de proba-
bilidade para densidade e para área basal das parcelas.

A análise de distribuição de diâmetros e alturas das espécies e dos indi-


víduos foi realizada calculando o intervalo das classes diamétricas e de alturas
por meio da fórmula de Spiegel (1976), para que os intervalos de classe •cas-
sem bem distribuídos, sem acúmulo de indivíduos em uma determinada classe.

Para a estimativa da diversidade beta, foram calculados os índices de


similaridade de Sørensen (análise qualitativa) e de Czekanowski (análise quan-
titativa) entre as parcelas, por meio do programa MVSP 3.1 – MultiVariate Sta-
tistical Package (KOVACH, 1993). Considera-se que quanto mais dissimilar a
área, menores serão os índices de similaridade, conforme sugerido por Fel•li
et al. (2004).

3 RESULTADOS

Riqueza e diversidade alfa – Foram mensurados 456 indivíduos, per-


tencentes a 47 espécies, distribuídas em 38 gêneros e 20 famílias, sendo duas
espécies não identi•cadas (Tab. 1). Foram registrados 19 indivíduos mortos
ainda em pé. O índice de Shannon (H’) foi calculado em 3,11 nats.indivíduos-1
e a equabilidade (J’) encontrada foi de 0,81 (Tab. 2). As famílias que mais se
destacaram em número de espécies foram: Fabaceae (13), Bignoniaceae (4),
Vochysiaceae (4), Myrtaceae (3) e Apocynaceae (3) e as que se destacaram
em densidade foram: Vochysiaceae (152), Fabaceae (131), Apocynaceae (52),
Combretaceae (27) e Bignoniaceae (22).

122 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Iona´i Ossami de Moura • Jeanine Maria Felfili • José Roberto Rodrigues Pinto • Antonio Alberto Jorge F. Castro

Tabela 1. Parâmetros •tossociológicos descritores da estrutura da comunidade arbustivo-arbórea


em uma área de cerrado sensu stricto sobre a!oramentos rochosos no Parque Nacional de Sete
Cidades (PN7C), estado do Piauí. As espécies estão dispostas em ordem decrescente do Valor
de Importância (VI), seguidas da densidade absoluta (DA), densidade relativa (DR), frequência
absoluta (FA), freqüência relativa (FR), dominância absoluta (DoA), dominância relativa (DR).

Composição •orística e estrutura comunitária – A densidade foi de


456 indivíduos.ha-1 e a área basal 4,69 m2.ha-1. Desse total foram excluídos
os 19 indivíduos registrados mortos ainda em pé que ocorreram em nove das
dez parcelas amostradas, que juntos somaram 0,38 m2.ha-1 (Tab. 1). O in-
tervalo de con•ança para a densidade média dos indivíduos vivos por hec-

Volume 5 123
Composição Florística e Estrutura do Componente Lenhoso em Cerrado sensu stricto Sobre Afloramentos
Rochosos no Parque Nacional de Sete Cidades - PI

tare foi de IC=(45,6+10,57<M<45,6-10,57)=95% e para a área basal foi de


IC=(0,47+0,11<M<0,47-0,11)=95%. O erro padrão encontrado foi de 11,82%
para a densidade e 12,22% para a área basal e indicam a precisão da amos-
tragem para estimar esses parâmetros da comunidade (MCCUNE; GRACE,
2002).

Tabela 2. Características do solo, número de espécies (S), densidade dos indivíduos vivos, por-
centagem de indivíduos mortos em pé, área basal (Gi) dos indivíduos vivos, índice de Shannon
(H’), equabilidade (J’) e metodologia adotada em estudos realizados em áreas de cerrado sensu
stricto. DB = diâmetro basal; DNS = diâmetro do caule ao nível do solo.

As dez primeiras espécies em relação ao VI foram responsáveis por


48,45% da frequência total, 67,88% da densidade total e 75,76% da dominân-
cia total. Sendo assim, poucas espécies compuseram grande parte da estrutura
do cerrado. Por outro lado, 28 espécies apresentaram VI menor que 10% do
maior valor encontrado, representando 12,9%, 28,13% 8,44% da densidade,
frequência e dominância totais, respectivamente. Assim, percebe-se um nú-
mero elevado de espécies pouco comuns nesta área, com baixa densidade e
dominância.

124 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Iona´i Ossami de Moura • Jeanine Maria Felfili • José Roberto Rodrigues Pinto • Antonio Alberto Jorge F. Castro

A família Vochysiaceae foi a família registrada com maior VI neste


estudo, com 91,54. Em segundo lugar !caram Fabaceae com 89,91, seguida
de Apocynaceae com 27,75, Combretaceae com 18,73 e Anacardiaceae com
15,19.

Nenhuma espécie foi observada em todas as parcelas, porém a mais fre-


qüente foi Qualea parvi•ora, presente em nove das dez parcelas e representa
a maior densidade, dominância e VI registrada na área. Salvertia convallario-
dora e Parkia platycephala, segunda e sexta posições em VI, respectivamente,
somaram 19% da dominância, apresentando indivíduos de grande porte.

As árvores mortas em pé apresentaram elevada frequência, ocorrendo


em nove das dez parcelas amostradas. Representaram 4% da densidade total
e ocuparam a quinta posição, principalmente em função da dominância, que
representou 7,44% do total.

Estrutura diamétrica e de alturas – Analisando a curva de distribuição


de diâmetros dos indivíduos e espécies (Fig. 1), percebe-se que ela apresenta
o padrão exponencial negativo (“J-reverso”), comumente encontrado em áreas
de cerrado sensu stricto, onde a maioria dos indivíduos e espécies se concentra
nas classes de pequeno porte (FELFILI 2001). Na primeira classe de diâmetro
foram registrados 211 indivíduos, correspondendo a 46% do total e na segunda
classe 86 indivíduos, correspondendo a 19%. Na distribuição do número de
espécies por classes diamétricas veri!ca-se que 34 espécies, ou 72% do total
das espécies amostradas nesta comunidade encontram-se na primeira classe
diamétrica, caindo para 16 espécies ou 34% na quarta classe. Assim, percebe-
se que quase a totalidade das espécies está recrutando, e pode-se inferir que a
comunidade em questão é auto-regenerativa. Apenas 11 indivíduos constaram
nas três maiores classes diamétricas, e perteciam às seguintes espécies: Callis-
thene microphylla, Parkia platycephala, Salvertia convallariodora, Qualea

Volume 5 125
Composição Florística e Estrutura do Componente Lenhoso em Cerrado sensu stricto Sobre Afloramentos
Rochosos no Parque Nacional de Sete Cidades - PI

parvi•ora e Anacardium occidentale, sendo esta última a de maior diâmetro:


31,5 cm.

Figura 1. Distribuição por classes de diâmetro dos indivíduos (barras em branco) e espécies
(barras em preto) amostrados em área de cerrado sensu stricto sobre a!oramentos rochosos no
Parque Nacional de Sete Cidades, Piauí.

Para a distribuição das alturas dos indivíduos (Fig. 2) foram obtidas 11


classes. A curva apresentou tendência à distribuição normal (formato de sino),
com maior número de indivíduos concentrado na quarta classe, de 4 a 5 m
(131 indivíduos ou 29% do total). O indivíduo mais baixo pertencia à espécie
Hymenaea sp. (1,5 m), e o mais alto à espécie Callisthene microphylla (11,5
m). Apenas 51 indivíduos ou 11% do total apresentaram altura superior a 7 m.
A curva de distribuição do número de espécies com relação à altura seguiu o
mesmo padrão daquela para os troncos, com 29 espécies ou 61,7% do total na
quarta classe, de 4 a 5 m.

Diversidade beta e padrões de distribuição das espécies no PN7C


– As parcelas amostradas são relativamente similares em termos !orísticos,
visto que 40% das associações entre elas apresentaram o coe"ciente de Søren-
sen superior a 0,5. O valor mínimo encontrado foi de 0,11 (mais dissimilar), e
o máximo de 0,64 (mais similar). Por outro lado, ao se avaliar a similaridade

126 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Iona´i Ossami de Moura • Jeanine Maria Felfili • José Roberto Rodrigues Pinto • Antonio Alberto Jorge F. Castro

Figura 2. Distribuição por classes de altura dos indivíduos (barras em branco) e espécies (barras
em preto) amostrados em área de cerrado sensu stricto sobre a!oramentos rochosos no Parque
Nacional de Sete Cidades, Piauí.

quantitativa, as parcelas se mostram dissimilares, com apenas 11% de suas


associações com valores superiores a 50 para o coe•ciente de Czekanoviski
(Tabela 3). Neste caso, o valor mínimo encontrado foi de 1,92, e o máximo de
56,82.

Tabela 3. Índices de similaridade de Sørensen (abaixo da diagonal) e de Czekanowski (acima da


diagonal) entre as dez parcelas amostradas em área de cerrado sensu stricto sobre a!oramentos
rochosos no Parque Nacional de Sete Cidades, PI.

Volume 5 127
Composição Florística e Estrutura do Componente Lenhoso em Cerrado sensu stricto Sobre Afloramentos
Rochosos no Parque Nacional de Sete Cidades - PI

4 DISCUSSÃO

Riqueza e diversidade alfa – As famílias registradas no cerrado sen-


su stricto sobre a!oramentos rochosos no PN7C com maior riqueza !orísti-
ca coincidem com aquelas geralmente encontradas em áreas de cerrado sensu
stricto amostradas ao longo do bioma Cerrado, com destaque para as famílias
Fabaceae e Vochysiaceae (FELFILI et al., 1993, 2001; ALBINO, 2004; COS-
TA, 2005; FELFILI; FAGG, 2007; MOURA et al., 2007). Porém, ao se com-
parar a riqueza em alguns estudos de cerrado sensu stricto sobre rochas (Tab.
2), percebe-se que o PN7C apresenta menor número de espécies em relação
às áreas de cerrado sensu stricto sobre rochas no Brasil Central, mas maior
quando comparado aos dois estudos realizados em Juazeiro do Piauí e Caste-
lo do Piauí (COSTA, 2005; ALBINO, 2004). A riqueza !orística do cerrado
sobre rochas do PN7C também é superior à de um encrave de cerrado sensu
stricto sobre Latossolo no Ceará (COSTA; ARAÚJO, 2007), e à encontrada em
dez levantamentos quantitativos realizados no estado do Piauí, onde a riqueza
variou de 22 a 30 espécies (CASTRO et al., 1998). Assim, sugere-se que as
áreas de cerrado sensu stricto do Piauí apresentam, em geral, menor riqueza
!orística do que as do Brasil Central, corroborando os resultados de Ratter
et al. (2003), que indicaram a menor riqueza das áreas de cerrado do Piauí e
Maranhão comparada à do Brasil Central, porém com uma !ora extremamente
interessante, que fornecem uma representação única da biodiversidade regio-
nal. Além disso, O PN7C apresentou elevada diversidade alfa (H’ = 3,11), com
distribuição relativamente equitativa da densidade de indivíduos por espécies,
expressa pelo índice de uniformidade de Pielou (J = 0,81), ou seja, sem a domi-
nância marcante de algumas espécies (KENT; COKER, 1992). Esses valores
estão dentro do espectro de variação que é normalmente encontrado em áreas
de cerrado sensu stricto no Brasil Central, e são superiores aos valores de al-
guns levantamentos realizados na região Nordeste do país (Tab. 2). Portanto,
apesar da menor riqueza da área estudada quando comparada a outras do Brasil

128 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Iona´i Ossami de Moura • Jeanine Maria Felfili • José Roberto Rodrigues Pinto • Antonio Alberto Jorge F. Castro

Central, e como constatado por Ratter et al. (2003) para áreas do Piauí e Mara-
nhão, a diversidade é compatível com as áreas comparadas. Assim, ressalta-se
a importância da existência desta Unidade de Conservação para manutenção
da diversidade biológica das espécies lenhosas na região, principalmente em
áreas de cerrado sobre a•oramentos rochosos.

Composição •orística e estrutura comunitária – A densidade de indi-


víduos lenhosos (DB ≥ 5 cm, a 30 cm do solo) encontrado no PN7C é a mais
baixa dentre as áreas comparadas (Tab. 2), considerando a compatibilidade
de metodologias utilizadas, como tamanho da amostra e diâmetro mínimo de
inclusão. Entretanto, todos os dez levantamentos realizados por Castro et al.
(1998) em áreas de cerrado sensu stricto no Piauí, adotando metodologia se-
melhante à utilizada no presente estudo, registraram menos indivíduos que o
observado no cerrado sobre rocha no PN7C. Já o valor registrado em termos de
área basal é intermediário ao encontrado em áreas de 1 ha cerrado sensu stric-
to sobre rochas no Brasil Central (AMARAL et al., 2006; MIRANDA et al.,
2007; MOURA et al., 2007; PINTO et al., 2009), e inferior ao de cerrado sobre
outros substratos (FELFILI et al., 1993, 2001, 2007b). Dessa forma, apesar
do cerrado sobre rochas inventariado no PN7C apresentar menor densidade,
parece possuir espécies que alcançam um maior porte do que outras áreas de
cerrado sensu stricto sobre rochas, amostrados no Brasil Central.

Ao analisar a composição florística do cerrado sobre rochas amostrado


no PN7C (Tab. 1), observa-se que 49% das espécies encontradas constam na
lista das 116 espécies lenhosas dominantes da flora do Cerrado proposta por
Ratter et al. (2006), que são aquelas registradas em aproximadamente 20% ou
mais das 316 áreas de cerrado lato sensu estudadas por eles. Ou seja, metade
das espécies encontradas no presente estudo possui ampla distribuição geo-
gráfica no bioma. Por outro lado, quatro espécies são consideradas raras por
Ratter et al. (2003) por terem sido registradas em apenas uma das 376 áreas de

Volume 5 129
Composição Florística e Estrutura do Componente Lenhoso em Cerrado sensu stricto Sobre Afloramentos
Rochosos no Parque Nacional de Sete Cidades - PI

cerrado lato sensu e savanas amazônicas estudadas e são consideradas de ocor-


rência extremamente restrita: Buchenavia capitata, Callisthene microphylla,
Copaifera coriacea e Myrcia guianensis. Andira fraxinifolia também pode ser
considerada de ocorrência extremamente restrita, pois não consta na referida
lista.

Byrsonima correifolia e Buchenavia capitata não são comuns em levan-


tamentos de cerrado sensu stricto realizados na área core do bioma (AMARAL
et al., 2006; FELFILI; FAGG, 2007; FELFILI et al., 1993, 2007b; MOURA
et al., 2007). Porém, B. capitata está presente em levantamentos na região
Nordeste do Brasil, como no Ceará, em uma área de carrasco (ARAÚJO et al.,
1998), no Rio Grande do Norte, em um fragmento de !oresta decídua (CES-
TARO; SOARES, 2004), no Piauí, no Complexo de Campo Maior (FARIAS;
CASTRO, 2004), em Pernambuco, em uma área de vegetação arbustiva subca-
ducifólia (GOMES et al., 2006), em uma !oresta seca (RODAL; NASCIMEN-
TO, 2006) e em um refúgio vegetacional de vegetação arbustiva perenifólia
(RODAL et al., 1998). O mesmo vale para Copaifera coriacea, que foi citada
por Farias e Castro (2004) no Complexo de Campo Maior, PI, e por Rocha et
al. (2004) em dunas arenosas na caatinga baiana, e para Myrcia guianensis,
com ocorrência em um fragmento de !oresta decídua no Rio Grande do Norte
(CESTARO; SOARES, 2004) e em uma área de carrasco no Ceará (ARAÚJO
et al., 1998).

Esses resultados corroboram com os trabalhos de Castro e Martins


(1999) e Ratter et al. (2003, 2006), que demonstram a existência de variações
no padrão de distribuição da !ora ao longo do bioma Cerrado, e indicam que o
cerrado do nordeste constitui um dos supercentros de diversidade do cerrado.

O cerrado sensu stricto sobre a!oramentos rochosos do PN7C se enqua-


dra dentro da descrição dos cerrados do Piauí e Maranhão proposto por Rizzini

130 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Iona´i Ossami de Moura • Jeanine Maria Felfili • José Roberto Rodrigues Pinto • Antonio Alberto Jorge F. Castro

(1997), pelo menos sob o aspecto qualitativo, pois apresenta boa parte de sua
riqueza composta por espécies de ampla distribuição no bioma Cerrado, mas
também, em menor número, por espécies peculiares, restritas ao cerrado do
Nordeste, e por espécies provenientes de outras formações, já que a área de
estudo está localizada entre os biomas Amazônico e Caatinga. Espécies como
Callisthene microphylla, Dimorphandra gardneriana e Mimosa verrucosa
são de ocorrência restrita aos cerrados do Nordeste e que também ocorrem
na Caatinga (CASTRO et al., 1998), assim como Aspidosperma multi!orum
(ARAÚJO et al., 1998, CASTRO et al., 1998, LEMOS; RODAL, 2002; FA-
RIAS; CASTRO, 2004). Já Copaifera coriacea, Stryphnodendron coriaceum
e Himatanthus drasticus ocorrem apenas nos cerrados do nordeste (RIZZINI,
1997; CASTRO et al., 1998). O presente estudo também registrou algumas es-
pécies menos comuns no cerrado da região do Brasil Central e que também são
encontradas em áreas da Caatinga (CASTRO et al., 1998) e de !oresta esta-
cional no Brasil Central (NASCIMENTO et al., 2004; FELFILI et al., 2007a),
como Jacaranda brasiliana e Tabebuia serratifolia, e em !oresta amazônica
de terra "rme, como Parkia platycephala e Vitex polygama (CASTRO et al.,
1998; MENDONÇA et al., 2008).

Assim, constata-se que a !ora lenhosa do cerrado sobre a!oramentos


rochosos do PN7C possui in!uências da Caatinga, bioma adjacente, por locali-
zar-se em área ecotonal. A presença de elementos da !ora de biomas vizinhos
sobre a !ora do cerrado sensu stricto tende a diminuir quanto mais nos aproxi-
mamos do centro geográ"co do bioma Cerrado (MÉIO et al., 2003). Veri"ca-
se, também, a contribuição de espécies de outras "to"sionomias de Cerrado
adjacentes às parcelas em estudo, tais como Astronium fraxinifolium, Jacaran-
da brasiliana, que ocorrem em !orestas estacionais, e Tabebuia serratifolia,
que também ocorre em matas de galeria. A presença de espécies de formações
!orestais também ocorreu em áreas de cerrado sensu stricto sobre a!oramen-
tos rochosos do Brasil (FELFILI; FAGG, 2007; MOURA et al., 2007, PINTO

Volume 5 131
Composição Florística e Estrutura do Componente Lenhoso em Cerrado sensu stricto Sobre Afloramentos
Rochosos no Parque Nacional de Sete Cidades - PI

et al., 2009). Tal fato deve-se à distribuição em mosaicos do cerrado sobre


afloramentos rochosos ou como ilhas de vegetação em meio às outras fitofi-
sionomias, como ocorre no PN7C, e também à presença de grotas nessas áreas
rochosas, o que ocasiona acúmulo de água e torna propício o estabelecimento
de espécies associadas às matas de galeria, e também pelo acúmulo de serrapi-
lheira que pode ocorrer entre as rochas, o que pode ocasionar o estabelecimen-
to de espécies de solos mais férteis.

Com base na análise florística do componente lenhoso observou-se que


no cerrado sobre afloramento amostrado no PN7C não há registro de espécies
que caracterizam o ambiente rochoso, pois o que se verificou foi a ocorrência
de espécies de ampla distribuição, juntamente com espécies de distribuição re-
gional, não influenciadas pelo ambiente rochoso. Tal fato difere do encontrado
em outros trabalhos desenvolvidos em áreas de cerrado sobre rochas no Brasil
Central, que registraram além de espécies de ampla distribuição no Cerrado,
algumas espécies peculiares de ambientes rupestres, tais como Clusia wed-
delliana Planch. & Triana, Wunderlichia mirabilis Riedel & Baker (PINTO et
al., 2009), Wunderlichia crulsiana Taub. (AMARAL et al., 2006; MIRANDA
et al., 2007), Norantea adamantium (MOURA et al., 2007; PINTO et al., 2009)
e Clusia burchellii (MOURA et al., 2007).

A maioria das espécies comuns ao cerrado sobre rochas do PN7C e do


Brasil Central (AMARAL et al., 2006; FELFILI; FAGG, 2007; MIRANDA
et al., 2007; MOURA et al., 2007; PINTO et al., 2009) está entre as espécies
dominantes da flora do Cerrado (RATTER et al., 2003, 2006), com exceção
de Jacaranda brasiliana e Tabebuia serratifolia. Quando se observa os outros
dois estudos realizados em cerrado sobre rochas no Piauí (ALBINO, 2004;
COSTA, 2005), este número aumenta pouco, com a inserção de espécies mais
características do Nordeste do país, como por exemplo, Aspidosperma multi-
!orum, Stryphnodendron coriaceum, Byrsonima correifolia e Mimosa verru-
cosa.

132 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Iona´i Ossami de Moura • Jeanine Maria Felfili • José Roberto Rodrigues Pinto • Antonio Alberto Jorge F. Castro

Castro et al. (1998), em trabalho sobre a flora lenhosa da vegetação de


cerrado do Piauí em que reuniram dados de 13 áreas, afirmaram que existe uma
grande heterogeneidade na composição de espécies na vegetação de cerrado do
Piauí. Podemos confirmar tal afirmação ao observarmos o número de espécies
diferentes e com diferentes posições de VI em alguns estudos realizados no
PN7C. Trabalhando em escala local, Oliveira (2004) realizou levantamento em
0,27 ha de cerrado sensu stricto sobre Neossolo Quartzarênico no Parque Na-
cional de Sete Cidades, amostrando indivíduos com diâmetro do tronco maior
ou igual a 3 cm ao nível do solo. Dentre as dez espécies de maior VI em seu es-
tudo, três estiveram, também, entre as dez de maior VI no presente estudo: Ter-
minalia fagifolia, Plathymenia reticulata e Vatairea macrocarpa. Anacardium
occidentale e Simarouba versicolor constaram no presente estudo, mas em 16ª
e 29ª posição de VI, respectivamente. Cinco espécies não foram amostradas
no cerrado sobre rochas do PN7C: Magonia pubescens, Hymenaea courbaril
var. longifolia, Qualea grandi!ora, Combretum melli!uum e Lippia origanoi-
des. Em outro estudo em cerrado sensu stricto sobre Neossolo Quartzarênico
no PN7C (LINDOSO, 2008) com metodologia similar a este trabalho, foram
encontradas 45 espécies, sendo 26 em comum com o cerrado sobre rochas pre-
sentemente avaliado. Destas, cinco estão entre as dez primeiras em VI nos dois
estudos: Vatairea macrocarpa, Plathymenia reticulata, Terminalia fagifolia,
Qualea parvi!ora e Parkia platycephala. Este estudo também apresentou 18
espécies em comum com levantamento de floresta estacional semidecidual no
PN7C, de um total de 78 espécies (HAIDAR, 2008).

Foi constatado um número elevado de espécies pouco comuns nesta


área, com baixa densidade e dominância, o que é um padrão comum no cerrado
sensu stricto (FELFILI; SILVA JÚNIOR, 2001; FELFILI; FAGG, 2007; FEL-
FILI et al., 2004, 2007b; RATTER et al. 2006). Já a densidade e dominância de
árvores mortas foram relativamente elevadas para o número total de indivíduos
encontrados, representando 4% da densidade total e 7,44% da dominância to-

Volume 5 133
Composição Florística e Estrutura do Componente Lenhoso em Cerrado sensu stricto Sobre Afloramentos
Rochosos no Parque Nacional de Sete Cidades - PI

tal. Porém, está dentro da faixa de variação do que geralmente ocorre em áreas
conservadas de cerrado sensu stricto (Tab. 2) e indica que a comunidade não
tem sofrido distúrbios recentes. Além disso, como a frequência foi elevada,
ocorrendo em nove das 10 parcelas, é possível sugerir que não estão ocorrendo
perturbações localizadas (SILVA; SOARES, 2002).

Estrutura diamétrica e de alturas – A distribuição de frequência dos


indivíduos por classe de diâmetro apresentou tendência ao J-reverso, como
encontrado em outras áreas de cerrado sensu stricto sobre solos rochosos e
não rochosos (FELFILI et al., 2001; ANDRADE et al., 2002; ALBINO, 2004;
ASSUNÇÃO; FELFILI 2004; AMARAL et al., 2006; MIRANDA et al. 2007;
MOURA et al., 2007; PINTO et al., 2009), com um grande número de indi-
víduos (46% do total) na primeira classe. O número de espécies por classe
diamétrica segue a mesma tendência, com 72% do total presente na primeira
classe, indicando que a comunidade é auto-regenerativa, conforme sugere Fel-
!li e Silva Junior (1988). Como há grande número de espécies e indivíduos nas
menores classes, reduzindo gradativamente com o acréscimo dos diâmetros,
a comunidade tende a se manter ao longo do tempo, caso continue livre de
grandes perturbações.

Quanto à altura, no PN7C foi encontrada maior concentração de indi-


víduos e espécies em torno da quarta classe de altura (4-5 m) no PN7C. Em
áreas de cerrado sensu stricto, é mais frequente encontrar o pico da curva na
segunda classe, ou seja, dependendo do estudo, de 1 até 4 m (ANDRADE et
al., 2002; ALBINO, 2004; ASSUNÇÃO; FELFILI, 2004; AMARAL et al.,
2006). Com altura acima de 7 m foram encontrados 51 indivíduos ou 11% do
total, que aproxima-se do encontrado por Lindoso (2008) em áreas de cerrado
sensu stricto sobre Neossolo Quartzarênico no PN7C. Também acima de 7 m
foram registradas 12 espécies, dentre as quais Stryphnodendron coriaceum,
Himatanthus drasticus e Parkia platycephala, ocorrem apenas nos cerrados

134 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Iona´i Ossami de Moura • Jeanine Maria Felfili • José Roberto Rodrigues Pinto • Antonio Alberto Jorge F. Castro

do nordeste (RIZZINI, 1997; CASTRO et al., 1998). Além disso, a altura mé-
dia encontrada foi de 4,7 m, superior ao sugerido por Ribeiro e Walter (2008)
para áreas de cerrado rupestre, que seria de 2 a 4 m. Já Albino (2004) e Costa
(2005), encontraram alturas médias no cerrado sobre rochas do Piauí inferiores
à desse estudo: 2,35 m e 2,85 m, respectivamente. Assim, o cerrado sobre ro-
chas do PN7C parece apresentar indivíduos de maior altura do que os de outras
áreas de cerrado sensu stricto sobre rochas e sobre outros tipos de solo, tanto
do Brasil Central como do Nordeste.

Diversidade beta – Com base nos índices de similaridade foi possível


veri!car que as parcelas são razoavelmente similares em termos "orísticos,
mas há diferenciação estrutural na área. Apesar da composição de espécies não
variar muito, o tamanho das populações muda entre as parcelas, e a diversidade
beta, representada pelo inverso da similaridade (FELFILI et al., 2004), é alta.
Ou seja, apesar da homogeneidade "orística, o tamanho das populações é di-
ferente em cada mancha, onde espécies abundantes em uma parcela tornam-se
raras em outras, sugerindo uma distribuição em mosaico na escala do PN7C
(escala local – Diversidade alfa). Fel!li e Silva Junior (1993, 2001), Fel!li
et al. (2004), analisando dados quantitativos, vem demonstrando este mesmo
padrão em áreas de cerrado sensu stricto, assim como Ratter (2003, 2006), uti-
lizando dados bibliográ!cos e levantamentos rápidos de vegetação. Entretanto,
embora o cerrado sobre a"oramentos rochosos do PN7C se encontre distribu-
ído em ilhas de vegetação, cercado principalmente por cerrado sensu stricto
sobre Neossolo Quartzarênico, "oresta estacional semidecidual e formações
campestres, a vegetação não se encontra isolada, existindo dispersão de espé-
cies entre os fragmentos rochosos. Este resultado corrobora com os apresenta-
dos por Fel!li et al. (2004), que sugere que a densidade de indivíduos é um dos
mais importantes fatores para a diferenciação de áreas de Cerrado, e deve ser
um parâmetro importante na seleção de áreas destinadas à conservação.

Volume 5 135
Composição Florística e Estrutura do Componente Lenhoso em Cerrado sensu stricto Sobre Afloramentos
Rochosos no Parque Nacional de Sete Cidades - PI

5 CONCLUSÃO

O cerrado sensu stricto sobre a!oramentos rochosos do PN7C apresenta


diferenças !orísticas daqueles do Planalto Central e de outros do Piauí, porém
assemelha-se em diversidade e estrutura, em termos de densidade de espécies
e área basal com as áreas core do Bioma. O aspecto marginal do cerrado sobre
a!oramentos rochosos investigado no PN7C foi comprovado pela presença
de espécies características da região Nordeste e ausentes na região central do
Brasil, como Callisthene microphylla, Copaifera coriacea, Dimorphandra
gardneriana, Mimosa verrucosa, Stryphnodendron coriaceum, Aspidosperma
multi!orum, Himatanthus drasticus e Parkia platycephala.

6 AGRADECIMENTOS

À Capes pela concessão da bolsa de doutorado à primeira autora, no


primeiro ano do curso. Ao Programa de Pós-graduação em Ecologia da UnB
e ao CNPq-PELD pelo auxílio "nanceiro para a pesquisa de campo. À equipe
do BIOTEN - Programa de Biodiversidade do Trópico Ecotonal do Nordeste
da UFPI, do Laboratório de Manejo Florestal, do Departamento de Engenharia
Florestal da UnB, e do IBAMA – PN7C pelo apoio prestado. À Carolyn C.
Proença e Benedito Alísio pela identi"cação botânica de algumas espécies.

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBINO, R. S. Levantamento !orístico e estrutural de uma área de cerrado ru-


pestre de baixa altitude e diagnóstico sócio-econômico dos trabalhadores envolvi-
dos na atividade mineradora de pedras ornamentais, nos municípios de Juazeiro
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