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ISBN 978-85-7463-384-8

BIODIVERSIDADE E ECÓTONOS
DA REGIÃO SETENTRIONAL DO PIAUÍ
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI

REITOR
Prof. Dr. Luiz Sousa Santos Júnior

VICE-REITOR
Prof. Dr. Edward Alencar Castelo Branco

COORDENADOR DO MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE


Prof. Dr. José Luís Lopes Araújo

CONSELHO EDITORIAL DA EDUFPI

Presidente
Ricardo Alaggio Ribeiro

Conselheiros
Tomás Gomes Campelo
Teresinha de Jesus Mesquita Queiroz
Manoel Paulo Nunes
José Renato de Sousa
Iracilde Maria Moura Fé Lima
Vânia Soares Barbosa
João Renôr Ferreira de Carvalho
TROPEN/PRODEMA/UFPI
Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente

BIODIVERSIDADE E ECÓTONOS
DA REGIÃO SETENTRIONAL DO PIAUÍ

Série Desenvolvimento e Meio Ambiente


2010
Organizadores
Antonio Alberto Jorge Farias Castro
Nívea Maria Carneiro Farias Castro
Cristina Arzabe

Referees
Cristina Arzabe
Darcet Costa Souza
Gardene Maria de Sousa
Jaíra Maria Alcobaça Gomes
João Batista Lopes
José de Ribamar de Sousa Rocha
José Machado Moita Neto
Luiz Fernando Carvalho Leite
Maria Edileide Alencar Oliveira
Roseli Farias Melo de Barros
Valdomiro Aurélio Barbosa de Souza (in memorian)

Projeto Gráfico
WLAGE - Alínea Publicações Editora

Impressão
Editora Gráfica da UFPI

FICHA CATALOGRÁFICA
Serviço de Processamento Técnico da Universidade Federal do Piauí
Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco
B615 Biodiversidade e ecótonos da região setentrional do
Piauí / Antonio Alberto Jorge Farias Castro, Cristina
Arzabe, Nívea Maria Carneiro Farias Castro. – Teresi-
na : EDUFPI, 2010.
208 p. – (Série Desenvolvimento e Meio Ambiente, 5)

ISBN 978-85-7463-384-8

1. Biodiversidade. 2. Ecótonos. 3. Complexo de Cam-


po Maior. 4. Parque Nacional de Sete Cidades. I. Cas-
tro, Antonio Alberto Jorge Farias. II. Arzabe, Cristina. III.
Castro, Nívea Maria Carneiro farias. IV. Série.

CDD 333.95
Sumário
Apresentação ................................................................................................................7

Prefácio ........................................................................................................................9

PRIMEIRA PARTE

Protocolo de Avaliação Fitossociológica Mínima (PAFM): Uma Proposta


Metodológica para o Estudo do Componente Lenhoso da Vegetação do Nordeste...11
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO
Ruth Raquel Soares de FARIAS

Compartimentação Geoambiental no Complexo de Campo Maior, Piauí:


Caracterização de um Mosaico de Ecótonos .............................................................25
José Sidney BARROS
Ruth Raquel Soares de FARIAS
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO

Estudo Florístico em Trechos de Vegetação do Complexo de Campo Maior,


Jatobá do Piauí (PI, Brasil) ........................................................................................44
Ruth Raquel Soares de FARIAS
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO
Maura Rejane de Araújo MENDES

SEGUNDA PARTE

Classi!cação e Caracterização dos Tipos Vegetacionais do Parque Nacional


de Sete Cidades (PN7C), Piauí, Brasil .......................................................................66
Maria Edileide Alencar OLIVEIRA
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO
Fernando Roberto MARTINS

Diversidade e Estrutura do Cerrado sensu stricto sobre Areia (Neossolo


Quartzarênico) no Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), Piauí .........................90
Galiana da Silveira LINDOSO
Jeanine Maria FELFILI [in memorian]
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO
Composição Florística e Estrutura do Componente Lenhoso em Cerrado
sensu stricto sobre A"oramentos Rochosos no Parque Nacional
de Sete Cidades (PN7C), Piauí ...............................................................................116
Iona’i Ossami de MOURA
Jeanine Maria FELFILI [in memorian]
José Roberto Rodrigues PINTO
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO

Fitossociologia e Diversidade da Comunidade Arbórea de Floresta


Estacional Semidecidual do Parque Nacional de Sete Cidades (Piauí)
e sua Correlação Florística com Outras Florestas Estacionais do Brasil .................141
Ricardo Flores HAIDAR
Jeanine Maria FELFILI [in memorian]
Mariana de Queiroz MATOS
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO

Regeneração Natural da Vegetação Arbórea nas Matas de Galeria


do Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), Piauí, Brasil ....................................166
Mariana de Queiroz MATOS
Jeanine Maria FELFILI [in memorian]
Ricardo Flores HAIDAR
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO

Levantamento Florístico e Fitossociológico do Morro do Cascudo,


Área de Entorno do Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), Piauí, Brasil .........186
Meire Mateus de LIMA
Reinaldo MONTEIRO
Antonio Alberto Jorge Farias CASTRO
Joxleide Mendes da COSTA

Índice por autor ........................................................................................................208


Apresentação

S
eguindo o Plano Editorial do Programa Regional de Pós-Graduação em De-
senvolvimento e Meio Ambiente (Subprograma PRODEMA/UFPI/TROPEN)
estamos organizando a edição de mais um livro com o objetivo continuado de
dar maior transparência ao que produzimos, mestrandos, doutorandos e professores,
na forma de “capítulos de livro”, como contribuição de qualidade para o “Desenvolvi-
mento do Trópico Ecotonal do Nordeste”, Área de Concentração do nosso Programa
de Pós-Graduação.

Os quatro primeiros volumes foram tematizados e intitulados de “Teresina:


Uma Visão Ambiental” (2006), de “Cerrado Piauiense: Uma Visão Multidiscipli-
nar” (2007), de “Sustentabilidade do Semiárido” (2009) e de “Biodiversidade e
Desenvolvimento do Trópico Ecotonal do Nordeste” (2009).

Neste quinto volume (2010), com o título “Biodiversidade e Ecótonos da Re-


gião Setentrional do Piauí” estamos reunindo 9 (nove) capítulos, dos quais o primei-
ro trata de uma “proposta metodológica para o estudo do componente lenhoso da ve-
getação do Nordeste” desenvolvido a partir da nossa experiência de campo em termos
de delineamento amostral e, os outros, oriundos de teses de doutorado (Capítulos 2, 4
e 6), dissertações de mestrado (Capítulos 3, 5, 7 e 8) e monogra!a de graduação (Ca-
pítulo 9), inéditos, relacionados à produção acadêmica dos parceiros1 apoiados pelo
Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), desenvolvidos no
Piauí, para o Piauí, com recursos !nanceiros e logística do Projeto de Biodiversidade
e Fragmentação de Ecossistemas nos Cerrados Marginais do Nordeste, Projeto
BASE do Sítio 10 (Programa de Ecologia dos Cerrados do Nordeste e Ecótonos Asso-
ciados) do MCT/CNPq.

1. Programa de Pós-Graduação em Ecologia (UnB) (Capítulos 2, 5, 6, 7 e 8), Programa de


PósGraduação em Biologia Vegetal (UFPE) (Capítulo 3), Programa de Pós-Graduação em
Biologia Vegetal (UNICAMP) (Capítulo 4) e Programa de Graduação em Ciências Biológi-
cas (UNESP Rio Claro) (Capítulo 9).

Volume 5 7
No segundo e terceiro capítulos, o foco é o Complexo de Campo Maior, uma
das mais importantes áreas para pesquisas ecológicas, em função da sua importância
biológica, das suas singularidades, priorizadas pelo Sítio 10 no que diz respeito ao
zoneamento geoambiental, "orística de capões e mosaico de ecótonos. No restante dos
capítulos, o foco é o Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), a principal área focal
do nosso Projeto BASE, levando em conta aspectos e/ou estudos de casos dos tipos
de vegetação do PN7C, dos cerrados sobre areias quartzosas, dos cerrados rupestres
de baixas altitudes, das matas estacionais semideciduais, das matas de galeria e dos
cerrados de entorno.

Com o apoio do Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimen-


to e Meio Ambiente (Subprograma PRODEMA/UFPI/TROPEN), este quinto volume
da Série Desenvolvimento e Meio Ambiente oportuniza a divulgação de parte impor-
tante da produção técnica e cientí!ca do Sítio 10 do PELD, um dos seus parceirosân-
cora ao nível da Linha de Pesquisa em Biodiversidade e Utilização Sustentável dos
Recursos Naturais.

Antonio Alberto Jorge Farias Castro, Prof. Dr.


Teresina, outubro/2010
Prefácio

O
mundo todo reconhece que o Brasil é o país da megabiodiversidade 1. Essa
a!rmação é dada como fato e alardeada com grande orgulho, principalmente
por parte dos brasileiros. A grande diversidade das "orestas brasileiras, como
a Mata Atlântica 2, os cerrados 3 e o Pantanal 4, sem contar a Floresta Amazônica, tem
atraído a atenção de todo o mundo. Ao mesmo tempo, a preocupação com a necessida-
de de conservação dos biomas tem sido cada vez maior em face do desmatamento que
se constata no Brasil. A conservação de biomas não "orestais, como os cerrados, tem
despertado cada vez mais atenção em face do desprezo com que são tratados pelas po-
líticas públicas e das taxas crescentes de desmatamento 5. Há ainda o paradoxo de que
o Brasil tem uma das maiores diversidades do mundo, mas não domina a biotecnologia
para usar essa biodiversidade.

A biodiversidade inclui toda a variação da natureza 6, desde a variabilidade de


moléculas num mesmo indivíduo até a variabilidade entre os grandes Biomas mun-
diais, passando pelas diferenças entre indivíduos de uma mesma população, entre po-
pulações de uma mesma comunidade, entre comunidades de um mesmo Bioma. A bio-
diversidade exerce um papel-chave na manutenção das condições que possibilitam a
existência de vida na Terra. Basta dizer que a atmosfera de que todos nós dependemos
para nos manter vivos foi produzida e é mantida pela biodiversidade do planeta. Por
outro lado, a biodiversidade representa também uma fonte de recursos extremamente
valiosos para o homem. Neste ponto começam a surgir os problemas, pois um recurso
só pode ser usado quando se sabe que é um recurso. Por exemplo, se colocarmos duas
1 SCARANO, F. R. (2007). Perspective on biodiversity science in Brazil. Scientia Agricola 64:439-447.
2 THOMÉ, M. T. C.; ZAMUDIO, K. R.; GIOVANELLI, J. G. R.; HADDAD, C. F. B.; BALDISSERA JR.,
F. A.; ALEXANDRINO, J. (2010). Phylogeography of endemic toads and post-Pliocene persistence of the
Brazilian Atlantic Forest. Molecular Phylogenetics and Evolution 55:1018-1031.
3 KLINK C. A.; MACHADO R. B. (2005). Conservation of the Brazilian Cerrado. Conservation Biology
19:707713.
4 JUNK, W. J.; da CUNHA, C. N.; WANTZEN, K. M.; PETERMANN, P.; STRÜSSMANN, M. I. M.;
AIDS, J. (2006). Biodiversity and its conservation in the Pantanal of Mato Grosso, Brazil. Aquatic Science
68:278-309.
5 BOND, W. J.; PARR, C. L. (2010). Beyond the forest edge: ecology, diversity and conservation of the
grassy biomes. Biological Conservation 143:2395-2404.
6 WILSON, E. O.; PETER, F. M. (eds.). (1988). Biodiversity. Washington: National Academy Press.

Volume 5 9
pessoas na "oresta, uma que conhece as espécies e outra que não as conhece, é possível
que a primeira engorde e a segunda morra de fome porque não conhece os recursos.
Conhecer recursos demanda fazer pesquisa: só se sabe que algo é um recurso quando
se fazem pesquisas que mostrem sua existência e seu potencial de uso. Porém, antes de
podermos dizer de recursos da biodiversidade, temos que conhecer a biodiversidade.
E então, voltamos ao começo.

Todo o mundo reconhece que o Brasil é o país da megabiodiversidade, e essa


a!rmação é repetida como um bordão. Porém, não conhecemos nossa biodiversida-
de. Que espécies compõem essa biodiversidade? Qual é a ordem de grandeza dessa
biodiversidade? Que fatores estão associados à variação dessa biodiversidade? Essas
são perguntas as mais fundamentais possíveis e não temos respostas para elas. Para
respondê-las, devemos quali!car, quanti!car e modelar nossa biodiversidade. Para es-
sas tarefas, necessitamos das mais básicas informações: que espécies ocorrem, com
qual abundância ocorrem e onde ocorrem. Só depois de dispormos dessas informações
básicas é que podemos calcular a diversidade de nossos sistemas ecológicos, saber
quais espécies constituem essa diversidade, como a diversidade se distribui no espaço
e como responde a variações de fatores como espaço (latitude, longitude), relevo (al-
titude e outras variáveis), clima (chuva, estacionalidade, temperaturas, radiação solar,
etc.) e outros. Uma vez modelada a diversidade no espaço, podemos investigar como
variações das condições ambientais in"uenciam a diversidade e como ela responde a
essas variações. Sabendo onde está a diversidade, quais espécies a constituem e qual
sua ordem de grandeza, podemos planejar sua bioprospecção para termos idéia dos re-
cursos existentes. Essas informações também poderão fundamentar planos de manejo
que permitam o uso sustentado dos sistemas ecológicos e o planejamento de unidades
de conservação. A biodiversidade tem muitíssimas potencialidades que ainda são des-
conhecidas.

Porém, para tudo isso, necessitamos de informações básicas: quais espécies


existem, com que abundância ocorrem e em que lugar estão. Tais informações exis-
tem de modo esparso para alguns Biomas do Brasil, mas ainda são escassas para o
Nordeste brasileiro. O presente livro colabora com essas valiosas informações, que
constituem o primeiro importantíssimo passo rumo à modelagem da biodiversidade.

Fernando Roberto Martins, Prof. Dr.


Campinas, dezembro/2010

10 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


HAIDAR, R. F.; FELFILI, J. M.; MATOS, M. Q.; CASTRO, A. A. J. F.; Fitossociologia e diversidade de manchas
naturais de floresta estacional semidecidual no Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), Piauí, Brasil. Bio-
diversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí, Teresina, 5: 141-165, 2010.

Fitossociologia e Diversidade de Manchas Naturais


de Floresta Estacional Semidecidual no Parque Nacional
de Sete Cidades (PN7C), Piauí, Brasil
Ricardo Flores Haidar1
Jeanine Maria Fel!li2
Mariana de Queiroz Matos3
Antonio Alberto Jorge Farias Castro4

1 INTRODUÇÃO 1
Universidade de Brasília
(UnB).
2
Engenheira Florestal, Dou-

A
área ocupada pelo bioma Cerrado e suas tora em Ecologia Florestal,
Universidade de Brasília, Fa-
transições no Nordeste do Brasil se esta- culdade de Tecnologia, Depar-
tamento de Engenharia Flo-
belecem em ambientes sub-úmidos com restal, Laboratório de Manejo
de!ciência de água e estacionalidade climática Florestal, in memorian.
3
Universidade de Brasília
bem de!nida, ou em forma de enclaves no domínio (UnB).
4
Mestre em Botânica e Dou-
da Caatinga, sob clima semiárido, em aproximada- tor em Ecologia Vegetal pela
UNICAMP. Coordenador (Lí-
mente 58.821.100 ha, ou seja, 40 % da área total der) do Programa de Biodi-
da região Nordeste (CASTRO; MARTINS, 1999). versidade do Trópico Eco-
tonal do Nordeste (bioTEN).
Departamento de Biologia,
Centro de Ciências da Natu-
No estado do Piauí, um total de 11.856.866 ha reza, Universidade Federal do
(5,9 % do Cerrado no Brasil ou 36,9 % do Cerrado Piauí (UFPI). Laboratório de
Biodiversidade do Trópico
do Nordeste), corresponde ao cerrado sensu lato e Ecotonal do Nordeste (La-
bioTEN).
suas transições com outros biomas (Caatinga, Mata Email: albertojorgecastro@
gmail.com.
Atlântica e Amazônia) (AB’SABER, 1977) ou !-
to!sionomias do bioma Cerrado (CEPRO, 1992):
matas ripárias (galeria e ciliar), "orestas estacionais
(decíduas e semidecíduas), palmeirais (mata de ba-
baçu e carnaúba) (RIBEIRO; WALTER, 1998).
Tais áreas de transição são signi!cativas no estado

141
Fitossociologia e diversidade de manchas naturais de floresta estacional semidecidual no Parque Nacional de Sete
Cidades (PN7C), Piauí, Brasil.

do Piauí, com 3.507.107 ha, onde se estabelecem riquíssimas áreas ecotonais


(CASTRO; MARTINS, 1999), destacando-se a região denominada “Comple-
xo de Campo Maior” (CASTRO et al., 1998; FARIAS; CASTRO, 2004).

O Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C) é outro bom exemplo de


área de transição entre cerrado e "oresta estacional dentro do estado do Piauí.
Em relação à vegetação lenhosa do Parque, já foram feitos levantamentos ex-
ploratórias como o de Barroso e Guimarães (1980), que apresentaram uma
listagem "orística para árvores, arbustos e lianas contendo 116 espécies. Oli-
veira (2004), utilizando unidades amostrais com limite de inclusão de DAS
(diâmetro na altura do solo) > 3 cm, encontrou 139 espécies para quatro !to-
!sionomias: sete espécies no campo sujo, 72 no cerrado sensu stricto, 68 no
cerradão e 102 para a "oresta estacional semidecidual.

O estado do Piauí possui estudos que enfatizam a importância do bio-


ma Cerrado, com destaque para o cerrado sensu lato (CASTRO et al., 1998;
CASTRO; MARTINS, 1999; FARIAS; CASTRO, 2004). Para as "orestas es-
tacionais semideciduais poucos são os estudos realizados no estado do Piauí.
Este tipo de formação "orestal possui distribuição por toda a América do Sul
(PRADO; GIBBS, 1993) e no Brasil está presente em todos os grandes biomas
ou áreas de transição (OLIVEIRA FILHO et al. 2006) em locais sob climas sa-
zonais, onde existe uma estação seca bem de!nida com duração de 4 a 6 meses
por ano e precipitação inferior a 1.600 mm ano-1.

No bioma Cerrado as "orestas estacionais se destacam na paisagem por


ocuparem cerca de 20% da área total do bioma (SILVA et al., 2006), estabe-
lecendo-se sobre condições edá!cas, em geral, de maior fertilidade do que o
cerrado sensu stricto (FELFILI, 2003), como nos a"oramentos de rochas cal-
cárias e basálticas (NASCIMENTO; FELFILI; MEIRELLES, 2004). As "o-
restas estacionais se estabelecem como manchas ou ilhas naturais na matriz de

142 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Ricardo Flores Haidar • Jeanine Maria Felfili • Mariana de Queiroz Matos • Antonio Alberto Jorge Farias Castro

formações savânicas (cerrado sensu stricto e campos) do bioma Cerrado. Atu-


almente, os processos de desenvolvimento econômico adotados para o Brasil,
baseados em atividades agropecuárias, têm tornado essas manchas naturais de
"orestas estacionais cada vez mais fragmentadas e disjuntas devido à ação
antrópica (FELFILI, 2003).

As "orestas estacionais, além de se estabelecerem sobre os solos mais


férteis do bioma, são compostas de árvores com madeira de boa qualidade,
como Tabebuia spp. (Ipês), Aspidosperma spp. (Peroba e Guatambú), Myra-
crodruon (Aroeira), Astronium (Gonçalo-alves) e Schinopsis (Braúna) (FEL-
FILI, 2003). Em função desses atributos econômicos, os ambientes de "ores-
tas estacionais têm sido quase que exauridos da paisagem do bioma Cerrado.
Associada às atividades de mineração de rocha calcária, um dos motivos da
alarmante perda de habitat dessas "orestas no bioma Cerrado são os grandes
desmatamentos para retirada de madeira e implantação de atividades agrope-
cuárias sem a exigência legal de planos de manejo ou reposição "orestal (FEL-
FILI, 2003; MILES et al., 2006).

Devido à similar perda das "orestas estacionais por parte da América


do Sul e Central, Prado (2000) sugeriu o estabelecimento de uma nova unida-
de !togeográ!ca destinada a estas "orestas, devido à sua ampla distribuição,
evidenciando a necessidade de estudos cada vez mais abrangentes, pois sua
conformação fragmentada e, na maioria das vezes, disjunta, di!culta a realiza-
ção de análises !togeográ!cas, principalmente por falta de padronização nas
amostragens.

As "orestas estacionais do bioma Cerrado funcionam como um elo entre


as "orestas estacionais da Caatinga arbórea (Nordeste do Brasil) e o Chaco
(Argentina, Paraguai, Bolívia), estabelecendo um arco no sentido “nordeste -
sudoeste” que cruza o Brasil e possibilita a troca genética entre dois grandes

Volume 5 143
Fitossociologia e diversidade de manchas naturais de floresta estacional semidecidual no Parque Nacional de Sete
Cidades (PN7C), Piauí, Brasil.

núcleos dessa formação vegetal que foi mais ampla e contínua durante a Era do
Pleistocênica (PRADO; GIBBS, 1993; PRADO, 2000).

Este estudo teve como objetivo a caracterização "orística, !tossocioló-


gica e da diversidade de manchas naturais de "oresta estacional semidecidu-
al do PN7C, através de uma metodologia padronizada que possibilite futuras
comparações com outras "orestas estacionais do bioma Cerrado.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Área do estudo
O Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), considerado área prio-
ritária de conservação da biodiversidade do Cerrado e do Pantanal (BRASIL,
1999), foi criado pelo Decreto Federal n° 50.744 em 1961, com o objetivo de
conservar a diversidade ecológica de uma área de cerrado em contato com a
Caatinga e a "oresta estacional (IBDF, 1979), além de proteger um importante
sítio arqueológico (DELLA FÁVERA, 1999).

O Parque, localizado no nordeste do estado do Piauí, nos municípios de


Brasileira e Piracurura, entre as coordenadas 04°05´e 04°15´de latitude sul e
41°30´e 41°45´ de longitude oeste, possui uma área de 6.221 hectares (IBAMA,
2006). O clima da área é do tipo CwA (Köeppen), apesar da estação seca durar
até sete meses e o dé!cit hídrico ser superior a 200 mm por in"uência do clima
semiárido das regiões próximas. A precipitação média anual é de 1.558 mm
(OLIVEIRA, 2004).

O relevo da área é típico de bacias sedimentares com a presença de


morros e testemunhos isolados, em formas cônicas e tabulares, em altitude
que varia de 100 a 300 m. Como principais classes de solos que ocorrem no

144 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Ricardo Flores Haidar • Jeanine Maria Felfili • Mariana de Queiroz Matos • Antonio Alberto Jorge Farias Castro

Parque, tem-se: Neossolos Quartzarênicos e Litólicos, Planossolos, Latossolos,


Plintossolos e Argissolos (EMBRAPA, 1999).

O cerrado sensu stricto sobre areia e a"oramentos de rocha formam a


vegetação matriz do Parque, onde estão inseridas as matas de galeria ao longo
dos cursos d’água, manchas de cerradão e "oresta estacional associadas a solos
de maior fertilidade, além dos campos e “carnaubais” em solos mal drenados
(OLIVEIRA, 2004). Conforme classi!cação do mapa de vegetação do IBGE
(1993), o PN7C se encontra em uma “área de tensão ecológica savana-"oresta
estacional”, em zona de contato entre os biomas Cerrado e Caatinga.

As "orestas estacionais do PN7C ocorrem como manchas circundadas


por vegetação savânica, geralmente associadas à Neossolos Litólicos e
a"oramentos de rocha arenítica, em relevos entre moderado e fortemente
acidentado, como no local de duas das manchas estudadas: Cachoeira e
Sambaíba. Já na mancha do Carrapato, a "oresta se desenvolve sobre Neossolo
Quartzarênico em relevo plano, onde se evidenciou sinais da ação antrópica
(fogo). No estrato rasteiro da "oresta é marcante a presença de bromélias
(Ananas sp.), cactos (Cereus e Pilosocereus), embora seja baixa a ocorrência
de epí!tas.

Amostragem e análise dos dados


Foram utilizadas imagens de satélite (escala 1:100.000) para delimitar
três manchas de "oresta estacional do PN7C (universo amostral), com vegetação
natural remanescente sem fortes vestígios antrópicos (veri!cado durante as
excursões exploratórias). Nas manchas foram sorteadas linhas de amostragem
com 20 m de largura e comprimentos variáveis, no sentido perpendicular ao
gradiente de inclinação do terreno. Nas linhas foram sorteadas 25 parcelas de 20
x 20 m, sendo 10 parcelas (1 a 6, 18 e 23 a 25) na mancha da mata da Cachoeira,
11 parcelas (7 a 17) na mancha da mata da Sambaíba e quatro parcelas (19 a

Volume 5 145
Fitossociologia e diversidade de manchas naturais de floresta estacional semidecidual no Parque Nacional de Sete
Cidades (PN7C), Piauí, Brasil.

22) na mancha da mata do Carrapato. Obteve-se uma amostra de 1,0 hectare,


como sugerido por Fel!li et al. (2005) e como utilizado para amostrar "orestas
estacionais do Cerrado (NASCIMENTO; FELFILI; MEIRELLES, 2004;
SILVA; SCARIOT, 2004; HAIDAR et al., 2005; FELFILI et al., 2007). Todas
as parcelas foram estabelecidas permanentemente com estacas de madeira e os
troncos foram enumerados seqüencialmente com placas de alumínio e arames,
visando estudos de dinâmica de crescimento.

Com auxílio de !ta métrica graduada em cm, foram mensurados todos


os troncos com circunferência igual ou superior a 15,7 cm na altura de 1,30
m do solo (DAP > 5 cm). Troncos múltiplos ou bifurcados foram medidos
isoladamente e considerados como novos indivíduos na amostra. A altura das
árvores, considerada como a projeção vertical do topo da copa até o solo, foi
tomada com o auxílio de uma vara graduada em metros.

Das espécies amostradas foi coletado material botânico reprodutivo e/


ou vegetativo, para identi!cação por comparação nos herbários do Instituto
Brasileiro de Geogra!a e Estatística (IBGE), Universidade de Brasília (UB) e
Universidade Federal do Piauí (TE). As espécies foram classi!cadas segundo
o sistema do Angiosperm Phylogeny Group versão II (APG, 2003), adaptado
para a "ora brasileira por Souza e Lorenzi (2008), adotando-se os nomes
cientí!cos e autores apresentados na lista “Flora Vascular do Bioma Cerrado”
(MENDONÇA et al. 1998, 2008). O material botânico foi depositado no
herbário da Universidade de Brasília (UB) como coleção testemunho.

A abrangência "orística em relação ao esforço da amostragem foi ava-


liada pela curva espécie-área (FELFILI; REZENDE, 2003). A su!ciência da
amostragem foi avaliada através do cálculo do erro padrão e do intervalo de
con!ança dos parâmetros densidade e área basal (dominância) para um limite
de erro de 10%, a 95% de probabilidade (FELFILI; REZENDE, 2003). Os pa-

146 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Ricardo Flores Haidar • Jeanine Maria Felfili • Mariana de Queiroz Matos • Antonio Alberto Jorge Farias Castro

râmetros !tossociológicos foram calculados através das fórmulas descritas em


Mueller-Dumbois e Ellenberg (2002).

Para avaliar a diversidade alfa da comunidade arbórea estudada, que se


refere ao número e a abundância de espécies dentro da comunidade, foi utili-
zado o índice de Shannon-Wienner (H’), o qual atribui maior peso às espécies
raras (MAGURRAN, 1988), com logaritmo na base e (log natural), ou seja,
usado para explicar fenômenos naturais que evoluem de maneira exponencial.
Também foi utilizado o índice de Pielou (J’), o qual re"ete a equabilidade da
densidade das populações. Ambos índices foram calculados com auxílio do
programa MVSP (2004) para Windows.

A diversidade beta, que expressa as diferenças na composição de


espécies e suas abundâncias entre ou dentro de comunidades, re"etindo a
dissimilaridade "orística (MAGURRAN, 1988), entre as parcelas das manchas
de "oresta estacional do PN7C foi obtida pelo cálculo dos índices de Sørensen
(CCs) e Czekanowski (Sc), conforme descrito em Magurran (1998). Para
tanto, foi utilizado o programa MVSP (2004) para Windows e foi realizada a
interpretação contrária dos mesmos, como o efetuado por Fel!li et al. (2004),
ou seja, áreas com elevada similaridade apresentam baixa diversidade beta e
vice-versa.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Composição !orística
Na amostragem (25 parcelas ou 1 ha) foram registrados 78 taxa, sendo
70 em nível de espécie, sete em nível de gênero e um em nível de família botâ-
nica. Tais taxa estão distribuídos em 66 gêneros e 27 famílias botânicas. O nú-
mero de espécies se enquadra dentro do valor de riqueza de algumas "orestas

Volume 5 147
Fitossociologia e diversidade de manchas naturais de floresta estacional semidecidual no Parque Nacional de Sete
Cidades (PN7C), Piauí, Brasil.

estacionais do Brasil Central, como a variação de 36 a 52 espécies encontradas


em amostras de 1 ha de "orestas deciduais da região do Vão do Paranã de Goi-
ás (SILVA; SCARIOT, 2003; NASCIMENTO; FELFILI; MEIRELLES, 2004)
e as 124 espécies encontradas em "orestas semideciduias e deciduais da região
do Mato Grosso de Goiás (HAIDAR et al. 2005).

As famílias de maior riqueza em número de espécies na amostragem fo-


ram: Fabaceae (21), Myrtaceae (7), Anacardiaceae, Apocynaceae, Bignoniace-
ae, Combretaceae e Vochysiaceae (4), Rubiaceae e Sapindaceae (3), Annona-
ceae, Lamiaceae, Malvaceae, Olacaceae, Salicaceae e Simaroubaceae (2). As
doze famílias botânicas restantes foram representadas por apenas uma espécie
cada (Tabela 1).

A elevada riqueza de espécies da família Fabaceae, englobando suas


quatro subfamílias (Caesalpinioideae, Cercidae, Mimosoideae e Papilionoide-
ae), é relatada para toda a região Neotropical (GENTRY, 1995). No bioma Cer-
rado a família Fabaceae apresenta destaque em "orestas estacionais (SILVA;
SCARIOT, 2003; NASCIMENTO; FELFILI; MEIRELLES, 2004; HAIDAR
et al., 2005), matas de galeria (SILVA JÚNIOR, 1999), além de diversas áreas
de cerrado sensu stricto no Brasil Central (FELFILI et al., 1994; FELFILI;
FELFILI, 2001).

A família Myrtaceae possui grande destaque nas "orestas do bioma


Mata Atlântica (BOTREL et al., 2002; SILVA et al., 2004) e nas matas de ga-
leria do Cerrado (SILVA JÚNIOR, 1999) enquanto que as famílias Anacardia-
ceae, Apocynaceae, Bignoniaceae e Combretaceae são relevantes na Caatinga
“sensu lato” (ANDRADE-LIMA, 1982; ANDRADE et al., 2005; AMORIM;
SAMPAIO; ARAÚJO, 2005) e também nas "orestas estacionais do Planalto
Central brasileiro (NASCIMENTO; FELFILI; MEIRELLES, 2004, SILVA;
SCARIOT, 2004).

148 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Ricardo Flores Haidar • Jeanine Maria Felfili • Mariana de Queiroz Matos • Antonio Alberto Jorge Farias Castro

Os gêneros de maior representatividade na amostragem, com três es-


pécies cada, foram Aspidosperma e Tabebuia. Esses gêneros se destacam em
diversas "orestas estacionais do Brasil Central (SILVA; SCARIOT, 2003;
NASCIMENTO; FELFILI; MEIRELLES, 2004; HAIDAR et al., 2005), onde
seu material lenhoso é amplamente utilizado no meio rural, fato que indica a
importância da formulação de projetos silviculturais que reduzam a exploração
dessas e outras árvores em seus ambientes naturais, visando a conservação das
"orestas no Piauí e toda a região do bioma Cerrado.

Das espécies registradas na amostragem, são comuns nas "orestas esta-


cionais deciduais da região Neotropical: Acacia polyphylla, Anadenanthera co-
lubrina, Astronium fraxinifoium, Myracrodruon urundeuva, Sterculia striata,
e Tabebuia impetiginosa (PRADO; GIBBS, 1993). A in"uência de ambientes
ribeirinhos foi evidenciada com a presença de Aspidosperma discolor, Hyme-
naea courbaril, Matayba guianensis e Salacia elliptica, as quais ocorrem com
alta frequência em "orestas estacionais semideciduais (HAIDAR et al., 2005),
matas de galeria e ciliares (SILVA JÚNIOR et al., 2001) do bioma Cerrado.

Nas manchas de "oresta estacional do PN7C também foram observadas


espécies comuns com o cerrado sensu lato (MENDONÇA et al., 1998, 2008).
Agonandra brasiliensis, Anacardium occidentale, Brosimum gaudichaudii,
Curatella americana, Cybistax antisiphylitica, Dimorphandra gardneria-
na, Parkia platycephalla, Platymenea reticulata, Pouteria rami"ora, Qualea
grandi"ora, Qualea parvi"ora, Salvertia convalarieodora, Tabebuia áurea e
Terminalia fagifolia são espécies típicas de cerrado sensu stricto e Callisthe-
ne fasciculata, Magonia pubescens e Vatairea macrocarpa são comumente
encontradas nos ambientes de cerradão do Brasil Central (RATTER; BRID-
GEWATER; RIBEIRO, 2003). Dentre as espécies de distribuição restrita aos
cerrados sensu stricto do Norte e Nordeste do Brasil, ocorrem nas manchas de
"oresta estacional do Parque: Parkia platycephalla, Dimorphandra gardneria-
na e Byrsonima coreifolia (RIZZINI, 1997).

Volume 5 149
Fitossociologia e diversidade de manchas naturais de floresta estacional semidecidual no Parque Nacional de Sete
Cidades (PN7C), Piauí, Brasil.

A in"uência do bioma Caatinga é notada através da ocorrência das


espécies Caesalpinia ferrea, Chloroleucon dumosum, Cochlospermum vitifo-
lium, Jatropha mollissima, Mimosa caesalpiniifolia, Myracrodruon urundeu-
va e Piptadenia moniliformis que são típicas da região semiárida do Brasil
(MAIA, 2004). Martiodendron mediterraneum, Coocoloba mollis e Peltogyne
cf. conferti"ora se destacam em "orestas ombró!las da região Norte do Brasil
(FERNANDES, 2006). A ocorrência de espécies de diversas !to!sionomias
e biomas do Brasil no interior das "orestas estacionais do PN7C sugere a im-
portância das mesmas como refúgio da !todiversidade em uma região classi-
!cada como zona de transição entre os biomas Cerrado, Caatinga e Amazônia
(AB’SABER, 1977).

É característica de "orestas semideciduais conterem elementos de "o-


restas deciduais. No presente estudo este fato foi observado pela presença de
espécies comuns às "orestas deciduais e Caatingas arbóreas: Anadenanthera
colubrina, Myracrodruon urundeuva, Astronium fraxinifolium, Combretum
melli"uum, Tabebuia impetiginosa, Sterculia striata, Piptadenia moniliformis.
Também foi observada a presença de espécies sempre-verdes, neste caso, as
comuns com matas de galeria e "orestas ombró!las: Aspidosperma discolor,
Matayba guianensis, Salacia elliptica e Guettarda viburnoides. Desta forma,
observa-se a constituição de um “mix” de espécies, conforme pode ser veri!-
cado em Mendonça et al. (1998, 2008).

Comparando-se a "orística das manchas de "oresta estacional do PN7C


com a de outras "orestas estacionais do Planalto Central dos estados de Goiás
(SILVA; SCARIOT, 2003, 2004a, 2004b; NASCIMENTO; FELFILI; MEI-
RELLES, 2004; HAIDAR et al., 2005; FELFILI et al., 2007) e do Distrito
Federal (HAIDAR, 2008), percebe-se a existência de espécies em comum,
como: Acacia glomerosa, Anadenanthera colubrina, Aspidosperma subinca-
num, Astronium fraxinifolium, Callisthene fasciculata, Guettarda viburnoides,

150 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


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Machaerium acutifolium, Myracrodruon urundeuva, Sterculia striata, Tabe-


buia impetiginosa e Tabebuia serratifolia. Infere-se que estas espécies podem
estar representando o "uxo gênico entre diferentes disjunções das formações
secas do Pleistoceno (Caatinga e Chaco), corroborando com a proposta de Pra-
do (2000).

Curva espécie-área
A curva espécie-área (Figura 1) demonstra que o número de espécies
amostradas apresentou forte tendência ao incremento inicial e que, à medida
que o número de unidades amostrais (parcelas de 400 m²) aumenta, essa ten-
dência diminui. Aproximadamente metade do número de parcelas mensuradas
(12) foi su!ciente para amostrar 71% das 78 espécies e 50% dos 1.501 indiví-
duos. A inclusão de outras 13 parcelas representou a adição de 22 novas espé-
cies (29% do total). A curva demonstra a alta riqueza de espécies encontradas
nas manchas de "orestas estacionais do Parque, pois, até na última parcela,
após 9.600 m² amostrados, duas novas espécies foram registradas.

Figura 1. Curva espécie-área para as manchas de "oresta estacional semidecidual amostradas


no Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), Piauí, Brasil.

Volume 5 151
Fitossociologia e diversidade de manchas naturais de floresta estacional semidecidual no Parque Nacional de Sete
Cidades (PN7C), Piauí, Brasil.

A curva espécie-área sugere um grande número de espécies comuns


entre as parcelas, apesar da diferenciação de nichos ecológicos relacionados à
fragmentação natural e à heterogeneidade nas manchas de "oresta estacional
do PN7C, em relação a fatores como propriedades químicas e físicas dos solos,
rochosidade, inclinação do terreno e proximidade de diferentes !to!sionomias
do Parque como matas de galeria e o cerrado sensu lato.

Fitossociologia
A densidade da comunidade arbórea, incluindo árvores mortas em pé,
foi de 1.501 ind ha-¹, com um intervalo de con!ança de + 144 ind ha-¹, a 95%
de probabilidade e erro padrão amostral de 4,88%. As árvores mortas repre-
sentaram 5,2 % da densidade absoluta da comunidade e os troncos múltilplos
e bifurcações 1,3% do total. A área basal (dominância) para a comunidade foi
de 18,84 m² ha-¹, com intervalo de con!ança de + 2,43 m² ha-¹, a 95% de pro-
babilidade e erro padrão amostral de 6,59%.

O percentual de árvores mortas foi similar ao encontrado para a "oresta


estacional decidual de encosta em Monte Alegre (GO) (NASCIMENTO; FEL-
FILI; MEIRELLES, 2004) e está na faixa encontrada para outras !sionomias
do bioma Cerrado, que variam no cerrado sensu stricto entre 5% e 13%, nas
matas de galeria entre 3% e 9% e cerradão 3% a 12% (FELFILI et al., 1994).
Esse percentual é, portanto, um indicador do bom estado de conservação das
matas no PN7C.

O valor de densidade é superior as estimativas de 470 a 924 ind ha-¹ em


"orestas estacionais deciduais do “Vale do Paranã” (GO) (SCARIOT; SEVI-
LHA, 2005; NASCIMENTO; FELFILI; MEIRELLES, 2004), equivalente aos
1.097 e 1.145 ind ha-¹, respectivamente encontrados em "orestas semideciduais
do “Mato grosso Goiano” (GO) (HAIDAR et al., 2005) e em São Lourenço da
Mata (PE) (RODAL; ANDRADE, 2004), e inferior as estimativas próximas a

152 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


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2.000 ind ha-¹ obtidas em "orestas estacionais semideciduais do Sudeste e Sul


do Brasil (SILVA et al., 2004; IVANAUSKAS; RODRIGUES; NAVE, 1999;
BOTREL et al., 2002; JURINITZ; JARENKOW, 2003) (Tabela 1).

Tabela 1. Estrutura e "orística da comunidade arbórea em "oretas estacionais do Brasil. Onde:


diâmetro mínimo = limite de inclusão do estudo, D = densidade, G = área basal, * = sinais de
exploração madeireira.

As dez espécies mais importantes pelo índice de valor de importância


(IVI), em ordem decrescente, foram: Combretum melli"uum, Aspidosperma
discolor, Copaifera coriacea, Piptadenia moniliformis, Oxandra sessili"ora,
Astronium fraxinifolium, Aspidosperma multi"orum, Aspidosperma subinca-
num, Guettarda viburnoides e Buchenavia capitata, que somadas correspon-
dem a 45% do IVI (Tabela 2).

Os resultados corroboram o padrão observado em outras "orestas es-


tacionais brasileiras (SILVA; SCARIOT, 2004a, 2004b; IVANAUSKAS;

Volume 5 153
Fitossociologia e diversidade de manchas naturais de floresta estacional semidecidual no Parque Nacional de Sete
Cidades (PN7C), Piauí, Brasil.

RODRIGUES; NAVE, 1999; RODAL; ANDRADE, 2004), de!nido como


dominância ecológica. Duas dessas espécies (C. meli"uum e P. moniliformis)
são típicas das formações abertas e "orestas estacionais da Caatinga arbórea
(MAIA, 2004), outras quatro (C. coriacea, O. sessili"ora, A. multi"orum e B.
capitata) são típicas de "orestas estacionais, carrascos e cerrados das regiões
Norte e Nordeste (RATTER; BRIDGEWATER; RIBEIRO, 2003; ARAÚJO et
al., 1998), enquanto que as restantes (A. discolor, A. fraxinifolium, A. subinca-
num e G. viburnoides) apresentam ampla distribuição em formações "orestais
do Cerrado e outros biomas brasileiros (PRADO; GIBBS, 1993; OLIVEIRA-
FILHO; JARENKOW; RODAL, 2006).
Tabela 2. Fitossociologia da comunidade arbórea de três manchas naturais de "oresta
estacional semidecidual no Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C), Piauí, Brasil. Parâmetros
!tossociológicos organizados em ordem decrescente de IVI. Onde: H máx - altura máxima, D
máx. - diâmetro máximo, DA – Densidade Absoluta; DR- Densidade Relativa, FA - Freqüência
Absoluta, FR - Freqüência Relativa, DoA – Dominância Absoluta, DoR – Dominância Relativa
e IVI – Índice de Valor de Importância.

154 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


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As quatro espécies de maior densidade (C. melli"uum, O. sessili"ora,


G. viburnoides e C. coriacea) corresponderam a 28% da densidade relativa
da amostragem. Este percentual é similar aos 31% encontrados em remanes-
centes de "oresta estacional decidual do Rio Grande do Norte (CESTARO;
SOAREZ, 2004), inferior ao valor de 37% obtido em "orestas semideciduais
de Pernambuco (RODAL; ANDRADE, 2004), e também aos 44% em Minas
Gerais (SILVA et al., 2004) e aos 55% representados por Combretum duar-
teanum, Myracroduon urundeuva, Casearia rupestris e Tabebuia roseo-alba
em uma encosta recoberta por "oresta decidual no “Vale do rio Paranã”(GO)
(NASCIMENTO; FELFILI; MEIRELLES, 2004). Esse padrão sugere menor

Volume 5 155
Fitossociologia e diversidade de manchas naturais de floresta estacional semidecidual no Parque Nacional de Sete
Cidades (PN7C), Piauí, Brasil.

concentração de indivíduos em poucas espécies (dominância ecológica) nas


"orestas estacionais semideciduais em relação as deciduais.

Entre as espécies com baixo valor de importância na comunidade, exis-


tem as típicas de cerrado sensu stricto (RATTER; BRIDGEWATER; RIBEI-
RO, 2003) como Tabebuia aurea, Cybistax antisyphilitica e Byrsonima correi-
folia; outras comuns a "orestas estacionais do cerrado como Spondias mombin
e Sterculia striata (NASCIMENTO; FELFILI; MEIRELLES, 2004) e algumas
que ocorrem na Caatinga como Caesalpinia ferrea, Chloroleucon dumosum,
Jatropha sp. e Xylosma benthamii (MAIA 2004), além de gêneros tipicamente
amazônicos como Coccoloba (FERNANDES, 2006).

Tanto em relação às espécies mais importantes como as de menor IVI,


veri!cam-se representantes dos vários ambientes que compõe o ecótono Cer-
rado/Caatinga (RIZZINI, 1997), mas com um forte componente de espécies
típicas de "orestas estacionais que representam 44% do número de espécies
e 49% do IVI. Ou seja, apesar de serem predominantemente compostas por
espécies comuns às "orestas estacionais, as manchas dessa !to!sionomia no
PN7C possuem in"uência de outros ambientes em sua composição "orística,
sobretudo do savânico que se sobressai na paisagem do Parque e contribui na
riqueza de suas manchas de "oresta estacional. Esse resultado corrobora com a
classi!cação da região do PN7C como “área de tensão ecológica savana - "o-
resta estacional” (IBGE, 1993).

Diversidade alfa e beta


O valor da diversidade alfa encontrado para a comunidade arbórea atra-
vés do índice de Shannon-Wiener (H’) foi de 3,57 nats ind-1 e equabilidade
de Pielou (J’) de 0,82, sugerindo elevada diversidade de espécies com rela-
tiva uniformidade no tamanho de suas populações. Em "orestas estacionais
deciduais, o valor de H’ geralmente é inferior a esse e re"ete a menor quan-

156 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


Ricardo Flores Haidar • Jeanine Maria Felfili • Mariana de Queiroz Matos • Antonio Alberto Jorge Farias Castro

tidade de espécies que habitam um ambiente cujo substrato é extremamente


fértil e dominado por espécies edafo-especialistas (NASCIMENTO; FELFILI;
MEIRELLES, 2004; SCARIOT; SEVILHA, 2005). Nas "orestas estacionais
semideciduais, o valor de H’ pode ser superior a 4,0 (BOTREL et al., 2002;
ESPÍRITO-SANTO et al., 2002; SILVA et al., 2004), o que indica alta riqueza
e maior equabilidade das populações, implicando em uma menor dominância
ecológica (Tabela 2).

Os índices de Sørensen e Czekanowski, entre unidades amostrais, re-


velaram baixa similaridade "orística e, principalmente, estrutural. A maioria
dos valores obtidos pelos índices foi inferior a 0,5 ou 50% (Figura 2). A mé-
dia dos valores obtidos pelo índice de Sørensen foi de 0,39. Para o Índice de
Czekanowski esse valor foi ainda menor, equivalente a 27%, sugerindo existir
maior diferença estrutural do que "orística entre as diferentes manchas dessa
comunidade de "oresta estacional semidecidual.
Índice de Czekanowski

Índice de Sørensen
Figura 2 – Índice de Sørensen e Czekanowski entre as unidades amostrais (parcelas) estabe-
lecidas nas manchas de "oresta estacional semidecidual do Parque Nacional de Sete Cidades
(PN7C), Piauí, Brasil. Valores acima de 0,5 ou 50% indicando a existência de elevada similari-
dade entre parcelas estão destacados. As parcelas 1 a 6, 18 e 23 a 25 são da mancha de "oresta
estacional da Mata da Cachoeira; as parcelas 7 a 17 da Mata da Sambaíba e as parcelas 19 a 22
da Mata Carrapato.

Volume 5 157
Fitossociologia e diversidade de manchas naturais de floresta estacional semidecidual no Parque Nacional de Sete
Cidades (PN7C), Piauí, Brasil.

Nota-se que valores acima de 0,5 ou 50%, indicando alta similaridade,


ocorreram apenas entre parcelas dentro da mesma mancha de "oresta, como
pode ser visto para o conjunto de parcelas 1 a 6, 23 e 24 estabelecidas dentro do
fragmento I, ou para as parcelas 7 a 17 estabelecidas no fragmento II (Figura
2). Existe, portanto, alta diversidade beta entre as manchas de "oresta estacio-
nal, ou seja, baixa similaridade "orística.

Este padrão sugere a necessidade da proteção efetiva de todas as man-


chas de "oresta estacional semidecidual do PN7C, tendo em vista que fun-
cionam como habitat para associações de árvores que apresentam diferenças
"orísticas e estruturais. Apesar dessa diferenciação, ocorreram 18 espécies em
comum nas três manchas de "oresta: Aspidosperma discolor, Aspidosperma
multi"orum, Astronium fraxinifolium, Brosimum gaudichaudii, Campomane-
sia aromatica, Combretum melli"uum, Copaifera coriacea, Guettarda vibur-
noides, Heisteria ovata, Hymenaea stilbocarpa, Lonchocarpus araripensis,
Martiodendron mediterraneum, Myracrodruon urundeuva, Oxandra sessi-
li"ora, Piptadenia moniliformis, Pouteria rami"ora, Vatairea macrocarpa e
Ximenia americana.

Analisando-se parâmetros estruturais (densidade) pelo Índice de Czeka-


nowski entre as parcelas 1 a 6 da mata da Cachoeira (Figura 2), observa-se
que mesmo dentro de uma mancha de "oresta foi revelada elevada diversidade
beta. Áreas com altos valores de diversidade beta, ou seja, apresentam diferen-
ciação entre parcelas próximas, requerem unidades de conservação de maior
porte para abranger sua diversidade "orística e estrutural (FELFILI; FELFILI,
2001). Infere-se que a variação nestes valores possa ser resultado de um padrão
natural, como também re"etir diferentes graus de perturbação humana (FELFI-
LI; FELFILI, 2001). Como as manchas de "oresta estudadas estão protegidas
como Unidade de Conservação há mais de 30 anos e foram observadas poucas
evidências de interferência antrópica (observações de campo), assume-se que

158 Biodiversidade e Ecótonos da Região Setentrional do Piauí


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esse deve ser um padrão "orístico - estrutural natural das manchas de "oresta
estacional semidecidual do PN7C.

A maior dissimilaridade estrutural (baseada na densidade das espécies)


do que "orística vem sendo um padrão constante em outros tipos de vegetação
do Cerrado, como relatado por Fel!li e Silva Júnior (1993) quando compara-
ram seis áreas de cerrado sensu stricto na Chapada Pratinha. A comparação
entre 15 áreas de cerrado sensu stricto (FELFILI et al., 2004) comprovaram
o mesmo padrão e seus autores sugeriram que a densidade das espécies pode
ser um importante parâmetro quando se deseja decidir sobre a seleção de áreas
para proteção de comunidades de Cerrado.

4 CONCLUSÃO

As manchas de "oresta estacional semidecidual do PN7C apresentam


juntas alta riqueza e diversidade "orística contribuindo para a preservação
da "ora arbórea das "orestas estacionais brasileiras. Funcionam como abrigo
(habitat) de espécies, como as dos gêneros Astronium, Aspidosperma, Myra-
crodruon e Tabebuia, que apresentam grande exploração madeireira de suas
populações em todo o território nacional, fato que coloca este local como im-
portante fonte de material vegetal (sementes, pólen, produtos "orestais), de-
vendo ser considerado prioritário para a manutenção da diversidade arbórea
destas comunidades em escala regional.

O PN7C é uma das poucas Unidades de Conservação do Nordeste do


Brasil que possuem "orestas estacionais em seus limites. Suas manchas com-
partilham espécies com as "orestas estacionais e outras !to!sionomias do bio-
ma Cerrado, como também apresentam espécies típicas do bioma Caatinga
e gêneros Amazônicos, evidenciando a localização geográ!ca do Parque em

Volume 5 159
Fitossociologia e diversidade de manchas naturais de floresta estacional semidecidual no Parque Nacional de Sete
Cidades (PN7C), Piauí, Brasil.

uma “área de tensão ecológica”. Estas manchas podem funcionar como um elo
entre as "orestas estacionais brasileiras, como sugerido por Fel!li (2003), por
apresentarem a!nidades com a unidade !togeográ!ca das "orestas estacionais
da América do Sul (PENNINGTON; PRADO; PREDY, 2000).

A baixa similaridade "orística (alta diversidade beta) entre as manchas


de "oresta estacional e até mesmo entre as parcelas de uma mesma mancha
indicam a importância da conservação e ampliação das áreas de "oresta esta-
cional do Parque no intuito de se conservar toda riqueza e diversidade genética
local que, possivelmente, existe em função das variações de substrato e relevo
dos locais onde se desenvolvem as manchas de "oresta estacional do PN7C.

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