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GUARULHOS – SP
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 7
2 ZOOLOGIA ............................................................................................................. 8
5 FILO PLACOZOA.................................................................................................. 32
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9.2 Locomoção e alimentação .......................................................................... 50
13 FILO LORICIFERA................................................................................................ 63
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!
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2 ZOOLOGIA
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Taxonomia é responsável pelas regras para formar coleções taxonômicas, rotulagem
e publicações taxonômicas. (CORGOSINHO et al, 2010).
O sistema de Linnaeus, na organização de organismos em séries ascendentes
de categorias menores, dividiu o Reino Animal em espécies e deu a cada uma delas
um nome particular.
Uma espécie era considerada um agrupamento de indivíduos que revelam
profundas semelhanças entre si, tanto na estrutura arquitetônica quanto funcional,
mostrando grandes similaridades biológicas e capazes de se reproduzirem
naturalmente, dando origem a descendentes férteis.
O problema é que, na Natureza, entretanto, existem espécies que, embora
diferentes entre si, guardam grandes aproximações. Assim são reunidas dentro de
uma categoria taxonômica comum que é o gênero. Seguindo o mesmo raciocínio,
diversos gêneros, muito próximos, são reunidos num grupamento taxonômico comum,
conhecido como família. A reunião de famílias semelhantes forma uma ordem. Por
sua vez, a reunião de ordens forma uma classe, que reunidas dão origem a um filo. A
reunião de todos os filos forma a maior das categorias taxonômicas, o reino.
A partir da publicação da Teoria da Evolução, a classificação de Linnaeus foi
significativamente alterada, mas sem perder o princípio básico do seu sistema.
É fato que a hierarquia das categorias taxonômicas se expandiu,
consideravelmente, desde os dias de Linnaeus. Atualmente, são incluídas sete
categorias principais para o reino Metazoa, em ordem decrescente: reino, filo, classe,
ordem, família, gênero e espécie. Todos os organismos classificados devem pertencer
a pelo menos sete táxons, um para cada categoria principal. Os taxonomistas têm a
opção de subdividir ainda mais estas sete categorias e atualmente são conhecidas
mais de 30 categorias taxonômicas em grupos mais diversos e complexos como
peixes e insetos. (CORGOSINHO et al, 2010).
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Animais, básica e tecnicamente, são seres multicelulares e heterótrofos, ou
seja, que conseguem energia pelo consumo de outros organismos. Podemos dizer
ainda que a mobilidade é uma de suas principais características; as “esponjas”, no
entanto, especificamente, têm mobilidade baixa.
De acordo com Guerra et al (2011), os caracteres que definem o Reino Animal
são:
multicelularidade;
junções celulares septadas, que prende as células umas às outras;
produzem espermatozóides;
fibras de colágeno, substância resistente e flexível.
Alguns outros caracteres, quase todos têm, mas as esponjas e outros filos
marinhos não possuem, como por exemplo, a presença de boca e tubo digestivo, o
que permite a ingestão de alimento. Estes definem o grupo Eumetazoa:
órgãos especializados (boca, gônadas, nervos, músculos);
tecidos embrionários (ectoderme e endoderme);
junções celulares intercomunicantes e membrana basal nas células da
epiderme, o que prende mais ainda uma célula a outra;
simetria no formato do corpo (primeiramente radial);
cúticula externa com colágeno.
Um animal inicia sua vida como um zigoto, ou seja, um ser de uma única célula
originado pela fusão do gameta masculino, o espermatozoide, e o feminino, o óvulo.
O zigoto começa a sofrer mitose, ou seja, a divisão celular, até se transformar em um
indivíduo adulto multicelular. Durante este desenvolvimento, as células do organismo
se diferenciam para funções diversas, como captura de alimentos, revestimento,
digestão, defesa, etc. Esta é a reprodução sexuada. (GUERRA et al, 2011).
Guerra et al (2011, p. 4) descreve o processo de geração da vida animal da
seguinte maneira:
Novos animais podem ainda ser formados sem a união de gametas, ou seja,
reprodução assexuada. Neste caso, o indivíduo paternal dá origem a indivíduos novos
por meio da divisão de seu corpo, como brotamento, fissão; a partir do
desenvolvimento dos gametas femininos sem fecundação, ou partenogênese.
(GUERRA et al, 2011).
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Gastrulation
Os animais têm três planos de simetria básicos: seres de simetria radial, seres
de simetria bilateral (como nós) e seres sem simetria. Vejamos alguns exemplos.
As esponjas e outros organismos mais simples não possuem simetria. O que
isso significa? Significa que os mesmos não têm um formato definido, crescendo de
acordo com o ambiente em que vivem.
As águas-vivas, os corais, as estrelas-do-mar e os ouriços, por exemplo, têm
simetria radial, ou seja, têm partes iguais do corpo, quando se divide em vários planos
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imaginários passando pelo centro. Assim, possuem geralmente um formato circular,
com a boca no meio dos eixos de simetria.
Os animais bilaterais só têm um eixo de simetria longitudinal, formando lados
iguais, esquerdo e direito, e um lado anterior, ou da frente, diferente do posterior, ou
de trás. Um eixo que passa o animal do lado esquerdo ao direito e vice-versa é
transversal. Os lados de cima e de baixo são chamados, respectivamente, de lado
dorsal e ventral. Esta é a forma de simetria mais comum entre os animais. (GUERRA
et al, 2011).
Figura 2: Os tipos de simetria dos animais. Exemplos: à esquerda, um animal de simetria bilateral
(inseto), no centro, um de simetria radial (cnidário), e à direita, um animal sem simetria (esponja).
Traços em vermelho são os eixos de simetria.
Fonte: http://evolution.berkeley.edu/evolibrary/images/symmetrydiagram.gif
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digerindo-os em substâncias menores que possam ser absorvidas pelas células do
tubo digestivo.
Existem animais predadores, que comem outros animais vivos; detritívoros, que
comem restos mortos de outros organismos; herbívoros, que comem plantas vivas;
filtradores, que capturam organismos microscópicos da água; parasitas, que
consomem partes de outros organismos, mas sem matá-lo; entre outras.
Além da alimentação, outras necessidades básicas são água e oxigênio para a
respiração, apesar de os animais fazerem, facultativamente, respiração anaeróbia. É
possível, conforme se acredita, que os animais tenham surgido no mar e só lá se
mantiveram por milhões de anos. Neste ambiente, adquirir água e oxigênio para o
metabolismo não é um problema. De acordo com Guerra et al (2011), os animais mais
simples fazem isto por difusão simples pelas paredes dos tecidos, ou seja, as
moléculas são absorvidas pelas membranas das células de acordo com a
necessidade. Ou seja, se tiver menos oxigênio dentro da célula do que no meio
externo, as moléculas entram passivamente nela. Isto é a difusão. Já os animais mais
complexos desenvolveram diversas estruturas especiais que facilitam as trocas
gasosas, absorvendo oxigênio e expelem gás carbônico, como brânquias e pulmões.
Ainda sobre a água, ela funciona de acordo com o grau de diluição dos meios
externo e interno. Os dois meios são soluções de diversas substâncias, como
proteínas, sais, açúcares, íons, etc. Se o citoplasma da célula estiver pouco diluído
em relação ao meio externo, ou um meio hipotônico, a água entrará passivamente na
célula. Este processo chama-se osmose. (GUERRA et al, 2011).
A água do mar possui uma concentração semelhante com os meios celulares
(isotônica), já que ela é salgada, tendo diversas substâncias dissolvidas. Os animais
de água doce, no entanto, precisam frequentemente regular a osmose, expelindo o
excesso de água que entra o tempo todo nas células (que, agora, é um meio
hipertônico). Os animais terrestres, em contrapartida, precisam evitar a perda d'água
e ingeri-la o tempo todo. A necessidade osmorregulatória fez com que os animais
evoluíssem com estruturas especiais para a excreção, os nefrídios, como são os
nossos rins. Além de liberar excesso de água, eles também têm a função de excretar
substâncias secundárias do metabolismo, principalmente os compostos nitrogenados,
como amônia e ureia. Estas substâncias, em excesso, são tóxicas.
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Os animais mais simples enfrentam um problema com tamanhos grandes por
precisarem da difusão de oxigênio e outras substâncias para sobreviver, já que não
têm estruturas especiais para isto. Se o animal for muito grande, por exemplo, as
substâncias não chegam às células mais internas dos tecidos, provocando a morte
delas. A maioria dos animais, no entanto, evoluiu com um sistema circulatório para
levar e trazer substâncias importantes para a vida. Já os animais mais complexos têm
vasos sanguíneos, o que aumenta a velocidade de transporte das substâncias, e que
permitiu um aumento do metabolismo. Este problema de tamanho é resolvido pela
presença de uma cavidade interna ampla no animal com um fluido com substâncias
vitais diluídas, pela qual os tecidos são banhados (Figura 3). Esta cavidade apareceu
em forma de celoma, blastoceloma, hemocele, entre outras variedades. Para os
animais que começaram a invadir o ambiente terrestre, a aquisição de uma cavidade
interna também foi importante para reduzir a superfície de perda d'água em relação
ao seu volume. (GUERRA et al, 2011).
Figura 3: Cortes transversais mostrando uma lombriga com cavidade interna (acima; Nematoda,
unidade 7) e uma planária sem cavidade (abaixo; Platyhelminthes, unidade 6).
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Guerra et al (2011) comenta que as cavidades internas preenchidas por
líquidos também são importantes como esqueleto hidrostático, pois, um animal sem
esta cavidade pode ser comparado a uma câmara de pneu preenchida por areia ou
gelatina. Alternativamente, se preenchermos esta câmara com água, teremos a sua
pressão interna ajudando na locomoção e na movimentação de estruturas especiais
e como proteção, agindo como um esqueleto flexível e resistente.
Os animais em sua grande maioria apresentam estruturas duras, muitas de
origem mineral, outras de proteína e outras substâncias orgânicas, agindo na proteção
e locomoção. Esses são os esqueletos propriamente ditos que, nos animais mais
complexos, são associados às musculaturas e formam várias estruturas especiais
para funções variadas. Podem ser desde revestimentos externos a pequenas
estruturas internas, passando por espinhos e cerdas, e organelas celulares, como
flagelos e microtúbulos. (GUERRA et al, 2011).
Essas necessidades citadas definem o plano básico corporal dos animais, que
incluem a sua arquitetura e estruturas para realizar as funções vitais. Todos os táxons
podem ser definidos por um plano básico, que varia de diversas formas nas milhares
de espécies de cada um deles, mas mantendo sempre este plano.
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o solo e outros organismos, utilizando apêndices especializados e até voando, ou em
parasitismo (ectoparasitismo para organismos vivendo no tegumento externo do
hospedeiro e endoparasitismo para organismos vivendo dentro do corpo do
hospedeiro). (GUERRA et al, 2011).
As formas e estruturas corporais dos animais são determinadas pela sua
arquitetura ou plano básico, pelas limitações físicas impostas pelo ambiente e por
adaptações ao meio em que ele vive, incluindo as alimentares, locomotoras,
osmorregulatórias, respiratórias, etc.
3 SOBRE OS INVERTEBRADOS
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artrópodos, equinodermados, entre outros, já existiam no período dos dinossauros,
compondo os ecossistemas. Nesse contexto, a importância do estudo dos diferentes
grupos de animais é justificada pois contribui para o conhecimento das comunidades
biológicas e dos ecossistemas da Terra.
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desafio, no entanto, é responder às pessoas o significado do tempo geológico e da
evolução por seleção natural, pois, assim, quem sabe consigamos mais avanços para
preservação dos atuais ecossistemas terrestres, devido à provável mudança de
paradigma. Com o conhecimento acumulado sobre a história dos fósseis e dos
estudos sobre o desenvolvimento embrionário, foi possível estabelecer hipóteses
sobre as relações filogenéticas dos grandes agrupamentos de animais, conforme
ilustrado na figura abaixo. (BLANKENSTEYN, 2010)
Figura: Cladograma com as relações filogenéticas dos grandes grupos de animais multicelulares.
(Adaptado de Soares-Gomes et al.; 2009, p. 324).
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Atualmente são aceitos dois modelos de classificação dos filos animais, um
com base em características morfológicas e outro com base em evidências
moleculares (Figura abaixo).
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de ovipostura são indicados por setas: as setas pequenas significam múltiplas proles
pequenas e as setas grandes significam uma única prole grande após
armazenamento de gametas.
Figura: Cladograma: (i) Espécies subanuais, com muitas gerações a cada ano; há uma diapausa
reprodutiva, que é um período de manutenção em um estágio (frequentemente também se dá como
ovo, larva ou pupa). (Adaptado de Barnes, et al.; 1995, p. 156).
Figura: Cladograma: (ii) Espécies anuais, com uma única liberação em massa dos gametas, ou como
em (iii), onde a liberação dos gametas é progressiva, por um período de vários meses. (Adaptado de
Barnes, et al.; 1995, p. 156).
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Figura: Cladograma: (iii) Espécies perenes que podem viver por muitos anos e acumulam recursos
nesses períodos, como nas estrelas (iv), que liberam os gametas em episódios anuais (por isso
iteróparos), com sincronicidade nas populações; (v) nas minhocas ocorrem várias pequenas desovas,
e sem sincronicidade, pois esta depende do contato entre os indivíduos; (vi) em algumas espécies
perenes, a desova ocorre apenas uma vez na vida, podendo ser no primeiro ano ou não. (Adaptado
de Barnes, et al.; 1995, p. 157).
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adaptadas as diferentes condições ambientais existentes como, os meios marinhos,
terrestres e de água doce. Essas condições ambientais influenciam nas interações
dos invertebrados nos ecossistemas e as interações ecológicas que ocorrem são
fundamentais para a manutenção da Biosfera. (BLANKENSTEYN, 2010).
4 FILO PORIFERA
O grupo chamado parazoa está entre os chamados “animais mais simples”, que
é representado, principalmente, pelo filo Porifera.
O grupo parazoa se caracteriza pelo desenvolvimento embrionário até blástula,
não possuindo órgãos, contendo somente tecidos primitivos e células especializadas.
Todos os outros filos pertencem ao grupo do eumetazoa, com tecidos bem mais
estruturados que os parazoa.
Tendo feito essas observações, seguimos afirmando que os poríferos são os
animais mais primitivos dos organismos multicelulares. O termo porífero tem a sua
origem na língua grega (poris = poro + phoros = portador), ou seja: portador de poros.
Brusca e Brusca (2005) citam 5.500 espécies conhecidas (já em algumas publicações
menos confiáveis este número pode chegar a 10.000). Os poríferos são
exclusivamente aquáticos, sendo a maioria marinha (XAVIER, 2016). Popularmente
chamados de esponjas.
Ecologicamente falando, possuem importância na cadeia alimentar de alguns
animais, servem de moradia para outros e participam dos ciclos de alguns nutrientes.
Os representantes deste filo, em sua maioria, são assimétricos (alguns podem
ser radiais), bentônicos sésseis, vivendo fixos em substratos. É um filo chamado de
primitivo, pois não possui tecidos e órgãos (nem mesmo boca e cavidade digestória)
e são acelomados. (XAVIER, 2016)
Os poríferos, em sua grande maioria, possuem um tamanho diminuto, mas
alguns podem chegar a cerca de dois metros de altura. Observe o porífero
representado na figura a seguir e compare-o ao mergulhador ao lado.
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Fonte: https://pt.dreamstime.com/
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As esponjas possuem basicamente três formas: asconoide, siconoide e
leuconoide.
As diferenças entre esses grupos podem ser observadas quando comparamos
os sistemas de canais internos. As asconoides basicamente não possuem canais
internos, e a água passa pelos poros diretamente ao átrio da esponja.
As do tipo siconoide se diferenciam das asconoides por apresentarem uma
parede bem mais espessa, permitindo que ocorra a formação dos canais radiais, que
são formados por coanócitos que dirigem o fluxo d’água para a espongiocele. É
interessante saber que normalmente nas primeiras fases da vida, as esponjas
siconoides podem apresentar-se como asconoides, sendo os canais formados por
evaginação posterior da parede do corpo da esponja.
Por sua vez, as esponjas leuconoides são consideradas as mais complexas,
pois apresentam câmaras flageladas, e ampliam sensivelmente a superfície de
contato com a água, o que possibilita um melhor aproveitamento dela. É provável que
esta seja a razão por normalmente este tipo de esponja apresentar tamanhos maiores,
e pela maioria das esponjas viventes serem desse tipo. Essas esponjas apresentam
maior ramificação dos canais, apresentando o que se chama de câmaras flageladas
arredondadas. Devido à ramificação dos canais, o átrio dificilmente ocorre nessas
esponjas, entretanto podem ocorrer muitos ósculos nesses animais. A figura abaixo
mostra-nos esquematicamente um corte dos três tipos arquitetônicos das esponjas.
(LIMA, 2015).
Figura – Esponjas dos tipos asconoide (1), siconoide (2) e leuconoide (3). As setas indicam o fluxo da
água nas esponjas.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b6/Porifera%20Types-fr.svg/350px-
Porifera%20Types-fr.svg.png
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No interior das esponjas, as células são organizadas de uma maneira frouxa
em uma matriz gelatinosa denominada meso hilo. Nele são encontradas várias células
amebóides, fibrinas e espículas esqueléticas. Segundo Corgosinho et al. (2010),
existem alguns tipos celulares encontrados no meso hilo, são eles:
Pinacócitos: são células achatadas que cobrem a superfície externa e
parte das superfícies inferiores, formando a pinacoderme. As células
secretam um material de fixação da esponja no substrato. Alguns
pinacócitos são modificados em miócitos contráteis e auxiliam na
regulação da entrada de água pelos óstios;
Coanócitos: são células ovóides com uma extremidade embebida no
meso hilo e a outra exposta. A região exposta tem contato com a água
e possui um flagelo circundado por um colarinho. O batimento do flagelo
empurra a água através do colarinho em forma de peneira. As partículas
que ficam retidas no colarinho são fagocitadas pela célula e
posteriormente passadas para células amebócitas vizinhas para que
ocorra a digestão intracelular. Os coanócitos revestem os canais e as
câmaras flageladas que se ligam com os poros de entrada de água;
Arqueócios (amebócitos): células amebóides que se localizam no
meso hilo. São responsáveis por uma série de funções como fagocitar
partículas na pinacoderme e receber partículas dos coanócitos para
digestão, substituir e formar outros tipos celulares, como os esclerócitos
(que secretam as espículas), os espongiócitos (que secretam as fibras
de espongina), e os colêncitos (que secretam o colágeno fibrilar).
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do tubo. Urna corrente de água constante passa através dos poros para o interior do
átrio e sai pelo ósculo. (CORGOSINHO et al, 2010)
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Figura – Esquema de reprodução sexuada de uma esponja
Lima, por sua vez, oferece uma explicação mais objetiva sobre a reprodução
dos Poríferos.
Tabela: Características distintivas das três classes pertencentes ao filo Porífera; Calcarea,
Hexactinellida e Demospongiae.
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As esponjas só passaram a ser consideradas como objeto de estudo da
zoologia quando se constatou a existência de um fluxo de água estabelecido graças
ao batimento celular.
As esponjas podem apresentar várias células, sendo os pinacócitos
responsáveis pela cobertura do “corpo”; os coanócitos, que são células flageladas, e
criam o turbilhão de água, responsável pela nutrição e respiração, e há também os
amebócitos que ingerem conteúdos alimentares e podem fabricar algumas estruturas
como as espículas.
As esponjas possuem, pelo menos, três formas de arquitetura corpórea: as
asconoides, bem simples; as siconoides, com mais ramificações; e as leuconoides,
com bastantes ramificações, canais inalantes, e outras estruturas que permitem
algumas espécies de tamanhões maiores.
O arcabouço das esponjas é bastante variáveis, sendo suas células e espículas
normalmente envoltas por fibras de espongina. Suas espículas variam muito de
composição, podendo ser silicosas ou calcárias. (LIMA, 2015).
5 FILO PLACOZOA
O nome Placozoa (do grego, plax, plakos = placa + zôon = animal) foi
estabelecido pelo zoólogo Grell em 1971.
Esse filo possui uma única espécie conhecida, Trichoplax Adhaerens (figura
abaixo). Os membros dessa espécie são pequenos animais marinhos (2-3 mm de
tamanho), os quais já foram considerados por vários autores como mesozoários ou
mesmo larvas de cnidários. O corpo desse filo é achatado e não possui simetria,
órgãos ou sistemas muscular e nervoso. Ele é formado por: (1) um epitélio dorsal de
células de revestimento e esferas brilhantes; (2) um espesso epitélio ventral contendo
células monociliadas (cilíndricas) e células glandulares não-ciliadas; e (3) um espaço
entre os epitélios contendo fluidos e células fibrosas. Os indivíduos de desse filo
posicionam sobre o alimento, liberam enzimas digestivas e absorvem os produtos
digeridos. Os placozoários podem ser animais diploblásticos. O epitélio dorsal seria
homólogo ao ectoderma, enquanto o ventral seria homólogo ao endoderma, o que
explicaria a sua função na alimentação.
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Figura: (a) Trichoplax Adhaerens. Animal marinho achatado com 2 a 3 mm de diâmetro. (b) Corte de
um T. adhaerens mostrando a estrutura histológica.
6 FILO CNIDÁRIOS
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Os cnidários encontram-se em duas formas básicas: o pólipo, que pode ser
séssil ou móvel bentônico (vive no substrato no fundo dos ecossistemas aquáticos) e
podem formar colônias; e a medusa, que é nadadora pelágicas (vivem na coluna
d'água). Existem espécies que só apresentam indivíduos pólipos, algumas apenas
com indivíduos medusas e outras com as duas formas de vida.
Esse filo possui boca e uma cavidade digestiva, mas não têm ânus. Possuem
sistema nervoso e muscular e dois tecidos verdadeiros, o de fora: a ectoderme, que
forma a epiderme; e o de dentro: a endoderme, que forma as paredes da cavidade
digestiva. Assim, seu plano básico é simples, parecido com o do ancestral de todos
animais com tecidos verdadeiros, que viveu há mais de 600 milhões de anos (talvez
há mais de um bilhão!), o ser do passado que deu origem a todos os animais
diblásticos e triblásticos, ou os Eumetazoa. (GUERRA, 2011).
Sobre os cnidários, Lima (2015) comenta que existem em torno de 9.000
espécies conhecidas e apresentam-se sob as mais diversas formas, sendo alguns
confundidos pelo público leigo com algas, pois apresentam duas fases de vida, sendo
uma polipoide (séssil) e outra medusoide (livre-natante). Algumas espécies são
polipoides a vida inteira, como no caso dos corais. O termo medusoide, como você
pode ter pensado, é uma alusão às medusas da mitologia greco-romana, cujos
cabelos de serpentes são associados aos tentáculos presentes nos cnidários. O corpo
de um pólipo é basicamente um tubo cuja extremidade da boca exibe também alguns
tentáculos.
Fonte: https://planetabiologia.com/
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Os cnidários fazem parte do imaginário quando se fala em mergulhos no mar.
As paisagens coloridas e lotadas de seres vivos, por exemplo, são possíveis devido a
eles e à associação com diversos outros seres vivos.
Com exceção de alguns animais conhecidos como hidras, que são dulcícolas,
todos os demais cnidários são marinhos e ocorrem nas águas rasas ou em formações
rochosas ou coralinas na região tropical do planeta.
Classe Hydrozoa
Classe Scyphozoa
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apresentando tentáculos e órgãos do sentido. Elas não possuem velum e o manúbrio
prolonga-se em longos braços orais. Os gametas são produzidos na gastroderme.
Nematócitos presentes na ectoderme e gastroderme, geralmente sem canais
circulares. (CORGOSINHO et al, 2010)
Classe Anthozoa
Classe Cubozoa
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Figura: Alternância de gerações e de forma de reprodução de um cnidário
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7 FILO CTENÓPHORA
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Fonte: https://www.shutterstock.com/
8 FILO PLATYHELMINTHES
Este filo é formado por animais com o corpo achatado dorso-ventralmente (do
grego, platys = achatado + helminthes = verme). Correspondem a um grupo de 20 mil
espécies conhecidas (BRUSCA; BRUSCA, 2005). Representam os helmintos mais
primitivos e podem ser de vida livre, ectoparasitas (vivem do lado de fora do
hospedeiro) ou endoparasitas (vivem no lado de dentro do hospedeiro). A sua grande
maioria é de porte pequeno, medindo entre milímetros até poucos centímetros, mas
podem ser encontrados animais com mais de um metro de comprimento. (XAVIER,
2016).
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Esses animais são vermiformes comuns que vivem no mar, água doce e em
ambientes terrestres úmidos. O filo tem importantes representantes parasitas de
outros animais, como as solitárias (Taenia) e o Schistosoma, que causam doenças
comuns no Brasil. Os de vida livre são chamados normalmente de planárias, podendo
ser aquáticas ou animais que vivem nas florestas, de todos os tamanhos e algumas
extremamente coloridas.
Esses animais pertencem ao grande clado Bilateria, abrangendo os vermes, os
insetos, os moluscos e os vertebrados (nós também!), por exemplo. A condição
bilateral favoreceu a imensa diversificação dos animais, com aproximadamente um
milhão de espécies viventes. Com a simetria bilateral, os animais começaram a se
locomover para frente, o que ocasionou, evolutivamente, a aquisição da cabeça, tão
importante em animais mais complexos.
Esses animais contém um tubo digestivo complexo, possuem boca, mas não
possuem ânus. Possuem estruturas especializadas para excreção e reprodução,
assim como um sistema nervoso central e cefalização (estruturas sensoriais e gânglio
na frente) e tecidos musculares formando feixes.
Todos os animais bilaterais (do clado Bilateria) também são triblásticos,
possuindo ectoderme e endoderme (como os Cnidaria), mas também uma
mesoderme; este último é um tecido entre a ectoderme e a endoderme. Os
platelmintos têm um plano básico semelhante ao do ancestral de todos os Bilateria,
ainda que muitos deles tenham se modificado bastante evolutivamente,
principalmente os parasitas. (GUERRA, 2011).
Existem um grande interesse por parte da parasitologia no conhecimento da
biologia desses animais, pois alguns deles são responsáveis por algumas doenças,
sendo que umas são capazes inclusive de levar à morte os portadores delas. (LIMA,
2015).
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causadores das esquistossomoses, as Taenias spp. são causadoras da teníase e da
cisticercose. Dividem-se em quatro classes, sendo três parasitas (Trematoda,
Monogenea e Cestoda) e uma predominantemente de vida livre (Turbellaria).
Comparados com os táxons estudados até o momento, os platelmintos exibem vários
dos mais importantes avanços encontrados no reino animal. (CORGOSINHO et al,
2010).
Corgosinho et al. (2010) comenta que estes são os primeiros animais que
apresentam três folhetos germinativos, além do ectoderma e endoderma. Apresentam
um novo folheto germinativo originado da diferenciação do endoderma, chamado
mesoderma, corroborando com o que fora afirmado na página anterior.
Os platelmintos também são os primeiros a exibir simetria bilateral na fase
adulta. Na simetria bilateral somente um plano divide o corpo do animal em duas
partes, uma imagem no espelho da outra (figura abaixo). Este plano é chamado de
plano sagital.
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Figura: A mosca Eristalis alleni, mostrando o plano sagital dividindo seu corpo em duas partes
Fonte: USDA.
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Figura: Corte longitudinal de uma planária.
8.2 A classificação
O filo dos platelmintos pode ser dividido em três classes: Turbellaria (animais
de vida livre), Trematoda e Cestoidea (animais parasitas). Vejamos um pouco mais
sobre cada uma delas.
Classe Turbellaria
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Os turbelários podem ser identificados principalmente pelo longo e ramificado
intestino e pela faringe facilmente visível em alguns de seus representantes.
Em sua maioria são carnívoros, podendo inclusive serem encontrados em
corpos de animais em decomposição que afundam na água. Outros são predadores
e em sua dieta constam animais como ostras e ascídias. Algumas que se alimentam
de animais usam estratégias surpreendentes, usando o pênis, que é afiado como uma
lâmina para apunhalarem suas presas. Porém deve ficar claro que nem todos são
predadores, pois alguns se alimentam de microalgas. (LIMA, 2015)
A reprodução desses animais é um dos exemplos de reprodução assexuada
mais conhecida entre os animais, pois, principalmente, as espécies de água doce têm
a capacidade de realizarem brotamento e até mesmo fissão transversal. Essa
reprodução é também chamada de paratomia e lembra o processo de formação de
estróbilos nas medusas cifozoárias, estudadas na unidade anterior.
Esse processo pode ocorrer naturalmente ou mesmo de forma artificial. E cada
uma das partes separadas sofre regeneração, formando cada uma, um novo
organismo.
É necessário também ser enfatizado que também ocorre reprodução sexuada
nesses animais, e nesse caso, a grande maioria dos animais é monoica, ou seja, são
hermafroditas, e possuem fecundação interna. Nelas não há formação de larvas,
portanto o desenvolvimento é direto. A fecundação é do tipo cruzada, envolvendo a
fecundação dos dois organismos participantes, e na hora da cópula, os vermes
pressionam as regiões genitais ventrais um contra o outro. (LIMA, 2015)
Classe Trematoda
45
e fêmea se abrindo em uma cavidade: o átrio genital. Com raras exceções existem
trematódeos com aberturas genitais separadas ou com sexos separados;
apresentando dimorfismo sexual. O representante mais conhecido desta classe é o
Schistossoma mansoni (esquistossomo), causador da esquistossomose. Este
parasita apresenta os dois sexos separados (dioicos), onde a fêmea mede em torno
de 1,5 cm e o macho de 0,6 a 1 cm. A fecundação é cruzada e interna, quando a
fêmea se liga ao macho por um canal conhecido como ginecóforo. Outro
representante desta classe é a Fasciola hepatica, parasita comum no fígado de
ovelhas e no gado. (XAVIER, 2016)
O homem é seu hospedeiro definitivo. Quando infectado, as fezes do homem
chegam à água com os ovos, que vão eclodir o miracídio, uma larva ciliada que vai
infectar o caramujo, que é o hospedeiro intermediário. Do caramujo surgem as larvas
cercárias, que penetram na pele do homem. No homem, elas entram na corrente
sanguínea e podem se deslocar para diferentes partes do corpo e acabam sendo
eliminadas pelas fezes, reiniciando o ciclo. As infecções por esses vermes causam
uma doença grave, conhecida como esquistossomose. (XAVIER, 2016)
Classe Cestoidea
Este é o grupo mais conhecidos dentre todos os chamados “vermes chatos”.
Todos são endoparasitas e podem ser encontrados tanto em animais invertebrados,
como também em vertebrados.
Popularmente conhecidos como tênias ou solitárias, são animais de grande
interesse médico, pois podem ocasionar doenças gravíssimas como a cisticercose.
Os cestódios são os maiores platelmintos que se conhece, com espécies que podem
chegar a 15 m de comprimento, caracterizando-se por possuírem uma região
identificada como cabeça, chamada de escólex, onde podem ser encontrados
ganchos e ventosas que irão auxiliar os parasitas a fixarem-se nos corpos dos seus
hospedeiros. Logo abaixo do escólex, existe o colo do animal, também chamado por
algumas pessoas de “pescoço”, e a partir dele origina-se o corpo do animal, também
chamado por alguns de estróbilo, devido à sua subdivisão em segmentos, do mesmo
modo como ocorre lá nos cnidários cifozoários. (LIMA, 2015)
Seu ciclo normalmente envolve uma relação predador-presa: o hospedeiro
intermediário é predado pelo hospedeiro definitivo. O hospedeiro definitivo é sempre
46
um vertebrado, e abrigará os vermes adultos em seu tubo digestivo. Estes vermes se
desenvolvem se alimentando do alimento pré-digerido de seus hospedeiros.
As proglotes amadurecem sexualmente e ocorre a fecundação, que pode ser
entre proglotes de diferentes indivíduos, entre proglotes diferentes do mesmo
indivíduo e por autofecundação. A fecundação cruzada ocorre com o cirro (órgão
copulador) de cada proglote penetrando no poro genital da outra, liberando os
espermatozóides. As proglotes fecundadas se tornam grávidas, com o útero cheio de
ovos e se destacam do corpo do verme, saindo para o ambiente externo com as fezes.
Uma vez no ambiente externo, estes ovos têm de ser ingeridos por um hospedeiro
intermediário. Uma vez dentro deste hospedeiro, o ovo eclode liberando um embrião
que se transforma em uma larva nos tecidos ou cavidades corporais do hospedeiro
intermediário. Este hospedeiro pode ser um vertebrado, como o bovino para a Taenia
saginata humana, ou um artrópode como a pulga no ciclo do Dypilidium caninum dos
cães.
As larvas recebem nomes diferentes de acordo com a sua morfologia, por
exemplo, as larvas de Taenia spp. são chamadas de cisticercos, as larvas do D.
caninum e do Hymenolepis spp. são chamadas de larvas cisticercóides. O hospedeiro
definitivo se infecta ingerindo estas larvas nos tecidos do hospedeiro intermediário ou
ingerindo todo o hospedeiro intermediário com larvas em suas cavidades (como os
cães e as pulgas). (CORGOSINHO et al, 2010)
A figura a seguir mostra o ciclo das tênias humanas, que usaremos de exemplo.
Fonte: https://www.tuasaude.com/
47
Xavier (2016, p. 88) oferece a seguinte contribuição sobre o assunto:
Quadro de diagnose
Animais vermiformes achatados dorso-ventralmente;
Triblásticos, bilaterais, cefalizados, sem cavidade interna, exceto o tubo
digestivo;
Tubo digestivo incompleto, mas bem desenvolvido, com boca e sem
ânus;
Sistema nervoso com gânglios anteriores e cordões nervosos
longitudinais, ligados por menores transversais;
Presença de estruturas excretoras simples, os protonefrídios;
Musculatura em camadas, de origem mesodérmica;
Representantes marinhos, de água doce e terrestres, de vida livre e
parasitas;
Mais de 20.000 espécies.
9 FILO NEMERTEA
49
Figura – Um heteronemertíneo em corte transversal.
50
músculo retrator que tem origem no fundo da rincocele e se insere na extremidade
distal da probóscide. Primariamente, a probóscide se everte através de um pequeno
canal denominado rincodeu que se abre na extremidade anterior do corpo. A
probóscide pode ser simples ou armada com um estilete na extremidade distal externa
bulbosa.
Figura – Nemertea em corte longitudinal, mostrando sua estrutura interna. (A) Um heteronemertíneo.
(B) Um hoplonemertíneo.
51
9.4 Classificação
10 FILO ROTIFERA
52
Os rotíferos possuem uma cavidade corporal preenchida por líquido, como
todos os blastocelomados; intestino completo; epiderme sincicial, mas com um
número pré-determinado de núcleos (eutelia).
53
Figura: Morfologia geral de um rotífero.
54
A excreção é feita através de protonefrídios, normalmente um par, que se
conectam a uma bexiga que desemboca na cloaca. Este sistema protonefridial tem
uma função primariamente osmoreguladora, principalmente nas espécies de água
doce. (CORGOSINHO et al, 2010)
Uma interessante característica adaptativa para os rotíferos que utilizam corpos
d’água temporários é a capacidade de dormência. Os rotíferos conseguem, depois de
dessecados, resistir por anos em um estado de dormência, reativando seu
metabolismo após a reidratação.
O gânglio cerebral dos rotíferos localiza-se dorsalmente ao mástax e dele
partem dois grandes cordões nervosos longitudinais ventrais e dorsais. A área da
coroa abriga cerdas sensitivas e algumas vezes pequenos poros quimioreceptores.
Algo que ainda intriga muitos pesquisadores é a reprodução desse filo, uma
vez que a maioria das espécies é partenogenética (fêmeas que procriam sem precisar
de machos que as fecundem).
Hoje já se sabe que em certas espécies os machos só são gerados em
situações de estresse, como o dessecamento do corpo d’água na seca. Quando as
fêmeas partenogenéticas recebem estímulos do ambiente indicando condições
adversas, começam a produzir ovos haplóides (n) além dos ovos diplóides (2n) que
normalmente dão origem a outras fêmeas. Estes ovos haplóides darão origem a
machos, que copularão com as fêmeas que estão produzindo ovos haplóides e os
fecundarão, dando origem a um ovo diplóide com a casca dura, chamado ovo
dormente. Este ovo resiste à dessecação e eclodirá quando for reidratado, dando
origem às fêmeas, que enquanto as condições forem favoráveis só colocarão ovos
2n, voltando a produzir ovos haplóides quando as condições forem adversas.
(CORGOSINHO et al, 2010)
55
Figura: Ciclo do rotífero Brachionus plicatilis demonstrando a reprodução assexuada e sexuada e a
formação dos ovos dormentes
Fonte: Modificado de Denekamp et al. BMC Genomics 2009 10: 108 doi:10.1186/1471-2164-10-108
11 FILO GASTROTRICHA
56
acha a coroa ciliada. Podem ser encontrados em águas doces e salgadas, mas
somente algumas espécies são eurialinas. (LIMA, 2015)
Fonte: https://www.ucm.es/
58
por uma cutícula composta de escamas com espinhos (chamados de “uniancres”),
presença de poros faríngeos e, geralmente, vários tubos adesivos presentes nas
partes anterior, lateral e posterior do corpo (BALSAMO et al., 2015).
Já a ordem Chaetonotida possui mais de 450 espécies com uma forma geral
de corpo chamada de “pino de boliche”, habitam em sua maioria a água doce (apenas
um terço das espécies são marinhas), sendo um componente comum do bentos, do
perifíton e, em menor grau, do intersticial.
59
Os 13 representantes da ordem Macrodasyida possuem a aparência
“vermiforme”, o lúmen da faringe na forma de “Y” invertido e são hermafroditas
(KIENEKE & SCHMIDT-RHAESA, 2014).
Já os quetonotídeos são caracterizados por apresentarem uma constrição no
pescoço que separa a cabeça da região do tronco, placas cuticulares na região da
cabeça, tufos cefálicos sensitivos (em alguns casos) e, na maioria das espécies, uma
furca de tubos adesivos na extremidade da região posterior (Kånneby & Hochberg,
2015). São animais pequenos (60-770 µm de comprimento) e possuem poucos tubos
adesivos (apenas na extremidade posterior). Possuem o lúmen da faringe na forma
de “Y” e se reproduzem majoritariamente por partenogênese (quando a reprodução
ocorre sem a fertilização por parte do macho) (KÅNNEBY & HOCHBERG, 2015).
Estruturas cuticulares são extremamente importantes na identificação de
espécies, são encontradas nos representantes das duas ordens e consistem em
escamas e espinhos de diferentes formas e tamanhos (KÅNNEBY & HOCHBERG,
2015).
No decorrer das pesquisas dos gastrótricos, devido à presença de especialistas
alocados principalmente em universidades europeias, foi natural que os organismos
marinhos e dulcícolas fossem mais conhecidos nesse continente. Alguns países,
principalmente no Hemisfério Sul, com a presença de uma área substancial de terra,
como o Brasil, receberam atenção significativa, enquanto outros, como Argentina,
Austrália, Índia e a maior parte da África, receberam apenas estudos superficiais. O
grupo possui uma distribuição geográfica considerada cosmopolita, onde este tem
sido relatado em todos os principais continentes (KÅNNEBY & HOCHBERG, 2015).
No final do século passado os habitats marinhos do Brasil eram desconhecidos
para a fauna de Gastrotricha. Porém, estudos mais recentes revelaram uma
diversidade ainda não conhecida do grupo ao longo das costas do norte do estado de
São Paulo, ao sul do estado do Rio de Janeiro e no litoral sul do Estado da Bahia e
Espírito Santo, respectivamente (GARRAFFONI et al., 2016, 2017).
Há certos parâmetros que influenciam na composição e distribuição dos
gastrótricos brasileiros. De acordo com Garraffoni et al. (2016), pode-se observar que
a composição das espécies marinhas de Gastrotricha e a sua diversidade estão
correlacionadas com a localização, área de maré e tamanho médio dos grãos no
sedimento em que se encontram. Diferentes espécies são adaptadas a tamanhos
60
específicos de grãos devido a pressões seletivas associadas com certas
características morfológicas (por exemplo, número e posição de tubos adesivos e
forma do corpo).
12 FILO KINORHYNCHA
Filo exclusivamente marinhos, de vida livre, e têm seus hábitos de vida restritos
ao sedimento durante todos os seus estágios de desenvolvimento. Seu tamanho pode
variar de 0,13 mm a 1,04 mm (NEUHAUS, 2013). Seu corpo é constituído pela cabeça,
a qual possui uma boca cônica projetável, pescoço formado por pequenas placas e
tronco com onze segmentos constituídos por placas ou anéis cuticulares
(SØRENSEN; PARDOS, 2008). Karl Zelinka (1907, 1913, 1928) descreveu pela
primeira vez sua morfologia, contudo, a primeira espécie desses organismos foi
descoberta em 1841 e descrita na literatura em 1851 pelo naturalista francês Felix
Dujardin (1851). Atualmente são conhecidas mais de 200 espécies, divididas entre 23
gêneros (MELO, 2017).
Em razão de sua presença estar mais associada a sedimentos lamosos, eles
são conhecidos como “dragões de lama”. Podem constituir a epifauna ou a infauna,
associando-se a diversos tipos de sedimentos. Devido as suas características de
escavadores, sua presença normalmente é excluída de ambientes praiais compostos
por areias médias e grossas (NEUHAUS, 2013). Podem estar associados a diversos
habitats, como praias arenosas calcárias e quartzosas, algas coralinas ou em caules
de florestas subaquáticas, o que sugere que provavelmente ocorram em todos os
habitats. A elevada plasticidade de habitats ocupados por esse filo também se
manifesta em termos de profundidade, ocorrendo desde zonas entre-marés à
profundidades abissais. O registro mais profundo de ocorrência de Kinorhyncha foi a
7.800 m, na fossa do Atacama (DANOVARO; GAMBI; DELLA CROCE, 2002).
Embora lembrem a forma corporal dos gastrótricos e rotíferos, os quinorrincos
diferenciam-se deles por não possuírem cílios (porém apresentam espinhos que não
devem ser confundidos com os cílios). Além disso, os animais desse grupo têm o
corpo totalmente segmentado, com a cabeça ocupando o primeiro segmento (LIMA,
2015). Veja a ilustração abaixo.
61
Figura – Representante dos Kinorhyncha, com suas principais estruturas externas.
62
13 FILO LORICIFERA
63
Fonte: https://canal.cecierj.edu.br/
14 FILO PRIAPULIDA
O filo Priapulida (do grego, priapos = “falo”, “pênis”) agrupa animais de habitat
bentônico do ambiente marinho, os quais vivem em fundos de areia ou lama. Possuem
tamanhos que variam de menos de 1 cm até cerca de 40 cm de comprimento, sendo
que as espécies maiores geralmente ocorrem em águas frias de altas latitudes. São
animais de aspecto vermiforme, triblásticos, bilaterais, celomados e não
segmentados. Possuem clivagem radial e desenvolvimento indireto. A larva apresenta
uma lorica (revestimento), que é descartada durante a transição para a forma adulta.
64
No entanto, existem evidências para o desenvolvimento direto em Meiopriapulus
fijiensis.
O corpo dos priapúlidos é revestido por uma cutícula composta de três
camadas, sendo a mais interna (endocutícula) quitinosa e as mais externas
predominantemente proteicas. A secreção da cutícula ocorre a partir da epiderme, que
consiste em uma única camada de células não ciliadas. Especializações cuticulares
podem estar presentes, especialmente nas escálides, as quais estão representadas
por espinhos, cerdas ou escamas com funções bastante variadas. A morfologia
corpórea é característica, geralmente cilíndrica, e apresenta um introverte, um colar,
o tronco e, em algumas espécies, um apêndice caudal. O introverte se projeta para
fora do corpo como uma probóscide e, em sua extremidade, encontra-se a boca
(FRANSOZO; NEGREIROS-FRANSOZO, 2017).
66
Os priapúlidos viventes compreendem três famílias: Priapulidae, Tubiluchidae
e Maccabeidae. Embora atualmente existam apenas 18 espécies descritas, estes
animais deixaram um surpreendente registro fóssil desde o período Cambriano.
Indivíduos do gênero Ottoia, fósseis desse período, possuem representantes com
cerca de 8 cm de comprimento que, provavelmente, utilizavam os espinhos da
probóscide para capturar presas, e hoje são encontrados em alta abundância nos
estratos de Burgess Shale na Colúmbia Britânica, Canadá. (FRANSOZO;
NEGREIROS-FRANSOZO, 2017).
15 FILO NEMATODA
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Figura – Estrutura de Nemata. (A) Vista estereoscópica da região cefálica, mostrando a boca em
disposição triangular. (B) Corte transversal na região faríngea. (C) Corte transversal na região
mediana do corpo.
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Figura – Complexo neuromuscular de nematodes. Observe as fibras nervosas envoltas por um
cordão epidérmico que se aprofunda ao nível da camada muscular.
15.2 Alimentação
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aparelho digestório completo é um avanço evolutivo compartilhado com vários
blastocelomados e também com eucelomados (MOREIRA, 2009).
70
mudas da cutícula ocorrem durante o desenvolvimento juvenil, separando os quatro
estágios larvais que precedem a forma adulta. (MOREIRA, 2009)
A é possível a reprodução assexuada por partenogênese em algumas
espécies, ocorrendo na fase parasita do ciclo vital.
O parasitismo em grande parte dos invertebrados imprime modificações
radicais na forma adulta e no desenvolvimento de ciclos vitais especializados com
fases de reprodução assexuada. Entretanto, Nemata não tem esta característica.
Vermes cilíndricos adultos já possuem uma forma “pré-adaptada” à vida parasitária e
não há mudança em seu padrão de desenvolvimento. O ciclo de vida básico inicia
com uma reprodução sexual com cópula entre machos e fêmeas, seguido da liberação
de ovos altamente protegidos. Quatro estágios larvais distintos podem ser observados
antes da forma adulta dioica (machos e fêmeas separados). As formas parasitas
sofreram uma série de modificações neste ciclo de vida básico (MOREIRA, 2009).
Um dos ciclos de vida menos modificados ocorre em Strongyloides (figura
abaixo). Dentro de um ciclo vital que pode ser inteiramente de vida livre, algumas
larvas do terceiro estágio podem penetrar num hospedeiro pela pele indo parar em
seu intestino, formando um ciclo parasita. Neste ciclo parasita, a larva desenvolve uma
fêmea que se reproduz por partenogênese. Os ovos de origem partenogenética
entram no ciclo de vida livre ou dão lugar a larvas infectantes do terceiro estágio. Em
ciclos um pouco mais modificados o estágio de vida livre é perdido como é o caso de
Ancylostoma e Ascaris. Alguns nematodes parasitas de vertebrados possuem
hospedeiros secundários explorando relações da cadeia alimentar, como ocorre em
muitos platelmintes parasitas (MOREIRA, 2009).
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Figura – Os ciclos de vida de Nemata. (A) Ciclo de vida básico generalizado que ocorre nas formas
de vida livre. (B-D) Ciclos de vida modificados de espécies adaptadas a uma existência endoparasita.
Os quatro estágios larvais são marcados por L1, L2 , L3 e L4
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Como complemento, apresentam um sistema excretor relativamente
simples.
Classe Secernentea (= Phasmida). A maioria são vermes parasitas,
sendo as espécies de vida livre predominantemente terrícolas. São
diagnosticados pela presença tanto de anfídios cefálicos quanto de
fasmídios caudais. Em adição, o sistema excretor é comparativamente
mais complexo. Moreira (2009)
73
16 BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BRUSCA, R.C. & BRUSCA, G.J. 2007. Invertebrados. 2.ed. Ed. Guanabara Koogan,
Rio de Janeiro. 968p.
STORER, T. I. [et al.] Zoologia Geral. 6ed. Companhia Editora Nacional, São Paulo,
2003. 816p.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
GUERRA, Rafael Angel Torquemada [et al.] ‐ Cadernos Cb Virtual 2 - João Pessoa:
Ed. Universitária, 2011. 610p.
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MOREIRA, Alexandre Paulo Teixeira Zoologia de invertebrados I – Florianópolis:
BIOLOGIA/EAD/UFSC, 2009.
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