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MD.UnidadDidácticaGrupo(01)Pt.

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MÓDULO

REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

UNIDADE

REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO
UD10_V(01)
REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

ÍNDICE

OBJETIVOS ................................................................................................ 3  
INTRODUÇÃO............................................................................................. 4  
1. CONCEITOS GERAIS .............................................................................. 5 
1.1. REPRODUÇÃO SEXUAL................................................................................... 6 
1.2. CLASSES DE ACASALAMENTO ..................................................................... 9 
2. CICLO SEXUAL EM MAMÍFEROS ......................................................... 12 
2.1. CICLO ÉSTRICO ............................................................................................. 14 
2.2. CICLO MENSTRUAL ...................................................................................... 15 
2.3. PERIODICIDADE DOS CICLOS SEXUAIS ...................................................... 17 
2.3.1.  MONOSTÉTRICAS .................................................................................... 17 
2.3.2.  POLIÉSTRICAS SAZONAIS ......................................................................... 18 
2.3.3.  POLIÉSTRICAS NÃO SAZONAIS .................................................................. 20 
2.4. MUDANÇAS REPRODUTIVAS NAS FÊMEAS ............................................... 21 
2.5. COMPORTAMENTO REPRODUTIVO NOS MACHOS .................................. 22 
2.6. RITUAIS DE ACASALAMENTO ..................................................................... 22 
2.7. A MONTA ....................................................................................................... 23 
2.7.1.  EQUINOS................................................................................................. 24 
2.7.2.  CANÍDEOS............................................................................................... 25 
2.7.3.  GATOS ................................................................................................... 26 
3. CICLO SEXUAL EM PÁSSAROS ............................................................ 27 
3.1. TIPOS DE SINAIS ........................................................................................... 31 
4. CICLO SEXUAL EM ANFÍBIOS E RÉPTEIS ............................................ 34 
4.1. RÉPTEIS ......................................................................................................... 34 
4.2. ANFÍBIOS ....................................................................................................... 38 
5. GESTAÇÃO E PARTO ........................................................................... 39 

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5.1. PARTO ........................................................................................................... 43 


5.1.1.  ENDOCRINOLOGIA DO NASCIMENTO .......................................................... 43 
5.1.2.  FASES DO PARTO .................................................................................... 44 
5.1.3.  PROBLEMAS DURANTE O PARTO ............................................................... 46 
5.1.4.  PROBLEMAS PÓS-PARTO.......................................................................... 47 
6. INCUBAÇÃO ......................................................................................... 48 
6.1. AVES .............................................................................................................. 48 
6.2. RÉPTEIS E ANFÍBIOS .................................................................................... 50 
7. COMPORTAMENTO MATERNAL EM MAMÍFEROS .............................. 52 
7.1. PATOLOGIAS NEONATAIS ........................................................................... 54 
8. COMPORTAMENTO MATERNAL EM AVES .......................................... 56 
CONCLUSÃO ............................................................................................ 58 
AUTOAVALIAÇÃO .................................................................................... 59 
SOLUÇÕES ............................................................................................... 63 
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 65 

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OBJETIVOS

Com esta unidade didática, pretende-se que desenvolva os seguintes objetivos


de aprendizagem:

 Dominar o conceito geral da reprodução animal;

 Conhecer os comportamentos sexuais mais importantes;

 Determinar as melhores épocas para promover a reprodução dos animais;

 Conhecer os melhores métodos de manejo para obter sucesso na re-


produção em cativeiro de espécies selvagens.

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INTRODUÇÃO

Certamente durante os seus anos escolares estudou que os animais: nascem,


crescem, reproduzem-se e morrem.

A reprodução é, portanto, uma parte fundamental da vida de qualquer animal,


que envolve uma série de atividades, instintos, etc.

Ao longo do estudo desta unidade didática, preste atenção aos comportamen-


tos sexuais e reprodutivos das diferentes espécies.

Sabe o que é um comportamento de cio num veado e quando este ocorre? Po-
derá descobrir isto e muito mais com esta unidade didática.

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1. CONCEITOS GERAIS
Podemos definir a reprodução como o conjunto de eventos que acontecem na
vida de um animal e que visam engendrar e criar a sua descendência, com o
objetivo de manter a espécie.

Estes eventos começam com o desenvolvimento do sistema reprodutivo no


embrião. No entanto, até que o animal cresça e atinja a puberdade não adquire
a capacidade de se reproduzir.

Esta capacidade deve ser acompanhada por um comportamento reprodutivo,


que inclui comportamento sexual (ações de machos e fêmeas para manterem
relações sexuais) e comportamento maternal.

O comportamento sexual masculino e feminino inclui alterações comportamen-


tais e alterações fisiológicas que serão quase sempre hormonais.

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Tem de recordar que o objetivo fundamental da reprodução é assegurar a conti-


nuidade e a melhoria genética da espécie. Neste momento, é importante distinguir:

 Reprodução assexuada, que consiste num ser vivo já desenvolvido ca-


paz de desvincular uma ou mais células, ou partes do seu corpo, sendo
estas capazes de formar um animal completo, geneticamente idêntico ao
primeiro. É realizado com um único progenitor e sem a intervenção de
gâmetas. Por eles próprios, os animais não podem adaptar-se, pois são
exatamente iguais aos seus pais. Exemplo: estrelas do mar.

 Reprodução sexual, que é aquela em que se cria um novo organismo


combinando materiais genéticos de dois progenitores. Neste processo
estão envolvidas células especializadas chamadas gâmetas, que se
formam em órgãos especiais chamados gónadas. Procura melhorar as
possibilidades de sobrevivência e permite adaptações ao ambiente.

Nos animais, o gâmeta masculino é o espermato-


zoide e o feminino é o óvulo. Quando se juntam,
formam o zigoto.

1.1. REPRODUÇÃO SEXUAL

Todos os animais superiores: mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes têm re-
produção sexual, embora destes, apenas os mamíferos (salvo alguma exceção)
desenvolvem os seus descendentes dentro do seu corpo e alimentam-nos após o
nascimento, por um período de tempo, com leite que eles próprios produzem.

A transmissão de material genético de um ascendente ao seu descendente, em


termos de características físicas ou anatómicas, é chamada de herança genética.
Todos os caracteres que podem ser transferidos estão nos genes. É neles que se
encontra a informação que possibilitará a sua transmissão e a sua manifestação
no fenótipo.

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Genótipo: é o conjunto de genes que relatam as


características de um ser vivo.
Fenótipo: é o conjunto de caracteres observáveis
num organismo.

Por exemplo, a altura é um caráter herdado: filhos de pais altos são muitas ve-
zes também altos. No entanto, esta característica pode ser afetada por uma
alimentação correta ou incorreta.

Na verdade, quando um animal se reproduz e os descendentes nascem, ge-


ralmente assemelham-se aos seus pais. É por esta razão que acima estava
descrito que não só são fisicamente semelhantes, como também podem en-
contrar alguma semelhança em termos de caráter ou temperamento (submis-
são ou agressividade no seu comportamento habitual). De facto, quando nas-
ce uma criança ou a cria de qualquer animal, estas são portadoras dos carac-
teres que os seus pais lhes "doaram" quando a célula inicial foi criada no mo-
mento da fertilização.

O ADN é uma cadeia muito longa de elementos que armazena a informação de


cada pai e que é única e exclusiva em cada um de nós.

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Cadeia de ADN.

A manifestação de um traço genético é chamada de carácter é determinada por


duas cópias do mesmo gene. Cada cópia desse gene é chamada de alelo, um
deles será o dominante e o outro o recessivo.

Um alelo dominante é aquele que se pode apreciar a olho nu ou conhecer sem


a necessidade de um teste genético. Por outro lado, há o alelo recessivo, que
não pode ser visto a olho nu, exceto quando as duas cópias do gene contêm
esse alelo recessivo e pode ser transmitido ao descendente.

Podemos citar um exemplo muito simples em termos


de domínio e recessão. O cabelo loiro é recessivo no
que diz respeito ao cabelo castanho, portanto, para
que essa cor loira se manifeste, ambos os pais de-
vem ter o alelo recessivo e passá-lo para o descen-
dente, caso contrário o filho terá cabelo escuro.

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Com o avanço dos estudos científicos, é possível intervir na modificação de ca-


rateres de seres que ainda não nasceram, embora, como pode imaginar, não
seja possível fazê-lo em seres que já nasceram. A isto chama-se seleção artificial,
que permitiu a criação e melhoria de diferentes raças de animais.

1.2. CLASSES DE ACASALAMENTO

O acasalamento é o emparelhamento de um macho e de uma fêmea, usando


comportamentos de namoro, copulação e reprodução para procriar.

Pode-se distinguir duas classes no acasalamento: monogamia e poligamia.

 A monogamia é a união exclusiva de um macho e uma fêmea. Algumas


espécies são emparelhadas para a vida e outras mudam de parceiros
em cada época de reprodução;

 A poligamia: um dos espécimes mantém duas ou mais relações simul-


tâneas com pares do sexo oposto, como por exemplo os leões. Existem
certas variantes:

 Poliginia: o conceito geral exposto é atribuído a machos que têm


relações com duas ou mais fêmeas;

 Poliandria: fêmeas que têm relações com dois ou mais machos;

 Poliginandria: atribuído a grupos de dois ou mais machos que


têm relações exclusivas com duas ou mais fêmeas.

É necessário fazer uma pequena nota no que diz respeito aos comportamentos
inatos aprendidos na reprodução, uma vez que, embora os padrões de acasa-
lamento na maioria dos animais sejam inatos, há também uma fase de experi-
mentação em animais "adolescentes", que geralmente inclui jogos com compo-
nentes sexuais para promover o desenvolvimento adequado da cópula.

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Quanto aos tipos de cópula, podem ser classificados como:

 Interna: os espermatozoides e os óvulos reúnem-se dentro do corpo


dos progenitores, como no caso dos pássaros e mamíferos;

Espermatozoides e óvulo.

 Externa: como em peixes ou na maioria dos anfíbios, realiza-se a colo-


cação de ovos e a fertilização ocorre fora do corpo dos animais.

Neste ponto, é necessário ter em conta a seguinte classificação dos animais, em


conformidade com o local onde ocorre o desenvolvimento das crias:

 Ovíparos: ao reproduzirem-se, põem ovos no ambiente, onde comple-


tam o seu desenvolvimento antes da eclosão. A maioria dos insetos,
peixes, anfíbios e répteis, bem como todas as aves, são ovíparos. Entre
os mamíferos, apenas os ornitorrincos e as equidnas são ovíparos;

 Vivíparos: nestes animais, os jovens desenvolvem-se na barriga da fê-


mea e saem no momento de parto. Após a fertilização, forma-se o em-
brião, que permanece numa estrutura especializada onde receberá tu-
do o que for necessário para formar os seus órgãos, crescer e amadu-
recer até estar pronto para nascer. Todos os mamíferos, exceto orni-
torrinco e equidnas, e alguns répteis, são vivíparos;

 Placentários: nestes animais, o embrião e o feto desenvolvem-se den-


tro do útero, ajudados pela placenta, até completar a sua formação;

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A placenta é um órgão de trocas gasosas e de nutri-


entes entre a mãe e o feto, e também exerce uma
função protetora e hormonal muito importante.

 Marsupiais: os marsupiais não desenvolvem uma placenta e o em-


brião, ao fim de algumas semanas de desenvolvimento, deixa o útero e
move-se através do ventre da mãe para o marsúpio ou bolsa marsupial,
onde o seu desenvolvimento termina. São marsupiais os cangurus, wal-
labies, gambás. A maioria das espécies são encontradas na Oceânia e
algumas na América;

 Ovovivíparos: um animal é ovovivíparo quando os ovos permanecem


dentro do corpo da fêmea até que o seu desenvolvimento esteja muito
avançado. Existem poucos animais neste grupo, mas podemos referir
alguns tubarões, cobras e sapos.

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2. CICLO SEXUAL EM MAMÍFEROS


A reprodução em mamíferos é um processo complexo, pois requer a coordena-
ção de muitos tecidos no corpo da fêmea, além de libertar um ovo do ovário.

Os tecidos do sistema reprodutivo devem estar preparados para transportar


tanto os óvulos como os espermatozoides para um local comum onde a fertili-
zação pode ocorrer.

Fertilização: é o processo através do qual dois gâ-


metas (óvulo e espermatozoide) se fundem durante a
reprodução sexual para criar um novo indivíduo com
um genoma derivado de ambos os pais.

Em quase todos os animais mamíferos existe um ciclo éstrico que depende das
características da espécie, temperatura, condições alimentares, etc. No entanto,
deve também saber em que consiste o ciclo menstrual, que se verifica em al-
guns grandes primatas, assim como no ser humano.

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Tanto nos ciclos éstrico como menstrual, todo o ciclo é controlado por hormonas
pituitárias (FSH e LH), segregadas pela hipófise ou glândula pituitária, que está na
base do cérebro. Estas atuam no ovário causando a produção de outras hormo-
nas (estrogénios, progesterona, prostaglandinas) e estimulando a ovulação.

As hormonas controlam o ciclo sexual, além de terem muitas outras funções.

As principais hormonas envolvidas no ciclo menstrual são:

a) FSH ou hormona folículo-estimulante que estimula a maturação dos


folículos;

b) LH ou hormona luteinizante, é a que causa a ovulação;

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c) Estrogénios, produzidos pelo folículo e responsáveis pelo comporta-


mento sexual da fêmea, estimulando também a produção de feromo-
nas para atrair o macho;

d) Progesterona, segregada pelo corpo lúteo e responsável pela manu-


tenção da gestação caso ocorra fecundação;

e) Prostaglandina, libertada se não houver gestação para produzir a re-


gressão do corpo lúteo e, consequentemente, progesterona.

Quando as fêmeas são sexualmente maduras, chega a uma altura em que começa o
primeiro ciclo sexual. A FSH sobe, estimulando a maturação dos folículos ováricos.

2.1. CICLO ÉSTRICO

Preste atenção às seguintes fases do ciclo éstrico:

 Proestro: esta é a fase em que os folículos crescem no ovário. Estes fo-


lículos aumentam de tamanho na superfície do ovário e iniciam a matu-
ração do oócito (óvulo imaturo). Durante este período, observa-se a
atração de machos devido à produção de feromonas. Há um aumento
progressivo do estrogénio no sangue;

 Estro: durante o estro, ocorre o fim da maturação dos folículos no ová-


rio, a ovulação (libertação do ovo para o oviduto) e o comportamento
sexual da fêmea desenvolve-se. O estro começa com o pico de LH e
tem uma duração variável, dependendo da espécie.

Durante o estro a fêmea aceita o macho, tornando mais fácil afastar a


cauda quando ele se aproxima. No caso de algumas fêmeas, são elas
próprias quem procura o macho. O sangramento vulvar aparece em al-
gumas espécies, podendo desaparecer imediatamente ou durar alguns
dias após o início do estro;

 Metaestro: após a ovulação, o folículo inicia a sua transformação num


corpo lúteo. Esta fase termina quando o corpo lúteo está funcional. Em
algumas espécies esta fase é muito curta e não é falada;

 Diestro: o corpo lúteo já está totalmente formado e produz progeste-


rona, pelo que a fêmea já não aceita o macho para a monta. Se a fêmea
engravidar, a progesterona ajudará a que o útero tenha condições de
manter a gestação.

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Se não houver gestação, o corpo lúteo regride após um tempo variável


dependendo da espécie, e começa um novo ciclo ou um período de
anestro;

 Anestro: é a fase em que a fêmea está fora do ciclo sexual, ou seja, em


repouso reprodutivo, e não há ciclos.

2.2. CICLO MENSTRUAL

O ciclo menstrual tem fases diferentes das do ciclo éstrico e uma diferença fun-
damental é que a fêmea aceita o macho a qualquer momento. Estes ciclos ge-
ralmente duram cerca de um mês e ocorrem durante todo o ano e, em qual-
quer fase do ciclo, a fêmea pode estar disposta a aceitar a monta.

 Fase folicular: a FSH prepara o útero para uma possível gestação e es-
timula os folículos, que crescem e produzem estrogénio, até que a ovu-
lação ocorra e comece a próxima fase;

 Ovulação: ocorre um pico de LH que causa a ovulação, sendo que de-


pois disto o óvulo desce pelos ovidutos até ao útero. Quando as intera-
ções sexuais ocorrem muito perto da ovulação, a fertilidade aumenta.
Ou seja, as hipóteses de a fêmea engravidar após estas cópulas são
mais altas;

 Fase lútea: após a ovulação, o corpo lúteo que produz progesterona é


formado no útero, que seria responsável por facilitar a implantação do
embrião em caso de fertilização;

 Menstruação: nesta fase, que ocorre apenas se não houver fertilização


e início da gestação, o corpo lúteo degenerado e todos os tecidos ute-
rinos que tinham sido preparados para albergar um embrião, separam-
se do útero e saem pela vagina e vulva para o exterior.

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Ciclo menstrual.

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2.3. PERIODICIDADE DOS CICLOS SEXUAIS

Dependendo do número de vezes que as fêmeas estão no cio, da época em


que este ocorre e do fotoperíodo, podem ser classificadas em:

2.3.1. MONOSTÉTRICAS

Trata-se das fêmeas que têm um único ciclo éstrico e iniciam um período de anes-
tro bastante prolongado, o que lhes acontece uma, duas ou três vezes por ano.

Estas fêmeas têm uma fase bastante longa de recetividade sexual para garantir
a fertilização.

Um exemplo são alguns canídeos, cujas fêmeas têm


um cio em cada época reprodutiva e isso pode ocor-
rer em qualquer época do ano.

Veja esta tabela com as características reprodutivas de diferentes canídeos:

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2.3.2. POLIÉSTRICAS SAZONAIS

São as espécies que têm ciclos éstricos durante uma determinada estação do
ano. Mais comummente, o cio depende do aumento ou diminuição das horas
diurnas, sendo isto chamado de fotoperíodo.

Há casos em que o cio começa no final do verão ou outono. Isto acontece para
que os jovens nasçam na primavera, um momento adequado porque é quando
há comida e bom tempo. Um exemplo seriam as fêmeas de pequenos ruminan-
tes, tais como veados, gamos, cavalos ou antílopes.

A melatonina segrega-se em horas de escuridão, sendo


que a sua concentração no sangue aumenta durante o
inverno. Isto inibe a produção das hormonas que con-
trolam o ciclo, por isso não há cios neste momento.

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Por outro lado, os felinos reproduzem-se entre janeiro e setembro, tendo uma
época de repouso reprodutivo durante o verão, geralmente associada à diminu-
ição da quantidade de luz.

Por outro lado, as ovelhas e cabras reproduzem-se durante períodos de fotope-


ríodo decrescente (outono – inverno).

A zebra é uma fêmea poliéstrica sazonal.

Preste atenção a alguns exemplos de poliéstricas sazonais:

 Zebra (Equus grevy, Equus quagga). As fêmeas atingem a maturidade se-


xual a partir dos 2 anos, ao contrário dos machos que o fazem aos 5
anos. O seu período de gestação é de cerca de 12 meses e têm uma
cria por parto. São poligâmicas, vivem em manadas de fêmeas com as
suas crias e com um macho dominante. Tanto o cio como o acasala-
mento das zebras são muito semelhantes aos do resto dos equídeos;

 Hipopótamo comum (Hippopotamus amphibius). A maturidade sexual


dos machos varia entre os 7 e os 15 anos, enquanto que nas fêmeas se
situa entre os 6 e os 14 anos. Os hipopótamos são uma espécie poli-
gâmica e acasalam dentro da água. Para que os nascimentos coincidam
com as estações chuvosas (outubro a abril), a época de cio ocorre entre
fevereiro e agosto. Não são as fêmeas que tentam atrair os machos,
são eles que as procuram.

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2.3.3. POLIÉSTRICAS NÃO SAZONAIS

Este grupo caracteriza-se por apresentar ciclos durante todo o ano. Exemplos
destes animais são os bovinos e os porcos. Além disso, todas as fêmeas com
ciclos menstruais poderiam ser consideradas dentro deste grupo, uma vez que
têm ciclos ao longo do ano, embora não seja correto chamá-las de poliéstricas
porque não têm estros.

Fêmea poliéstrica não sazonal.

As leoas, por exemplo, reproduzem-se a cada 2-3 anos em qualquer época do


ano e só estarão disponíveis para um macho novamente quando as suas crias
da ninhada anterior tiverem um ano e meio.

A ovulação é induzida, ou seja, para que ocorra tem de haver cópula. As fêmeas
têm a capacidade de induzir o seu cio e sincronizá-lo com o das outras fêmeas
da manada, permitindo um cuidado comunitário das crias, bem como uma di-
minuição da mortalidade como resultado do parto sincronizado.

As girafas (Giraffa camelopardalis) podem acasalar em qualquer época do ano.


Os machos atingem a maturidade sexual a partir dos 6 anos, mas não é comum
acasalarem tão cedo, pois têm de lutar por esse direito. Quando chega a altura,
os machos estabelecem hierarquias de domínio com batalhas realizadas com o
pescoço, sendo os vencedores quem se aproxima das fêmeas, cheirando a uri-
na para saber se estão recetivas. Os machos emitem um forte odor corporal.

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2.4. MUDANÇAS REPRODUTIVAS NAS FÊMEAS

As mudanças que as fêmeas geralmente apresentam no cio são:

 Comportamento: durante este período, as fêmeas apresentam mu-


danças no seu comportamento, por exemplo, procuram machos, às ve-
zes até há tentativas de andar com outras fêmeas, são irritáveis e mos-
tram desassossego. Deixam o macho aproximar-se, ficam paradas,
mostrando calma, normalmente levantam a cauda e mostram a vulva.
Em resumo, realizam qualquer gesto corporal para atrair o macho;

 Físicas: balanço constante da cauda para um lado e para o outro. Mem-


bros traseiros separados e dobrados. As éguas, por exemplo, urinam in-
termitentemente e abram e fecham a vulva para mostrar o clitóris (piscar
da vulva);

 Fisiológicas: clitóris e vulva avermelhados e protuberantes. Presença


de fluído esbranquiçado na vulva e aumento do tónus muscular. A mai-
oria das fêmeas segrega feromonas que atraem o macho e o informam
da sua disponibilidade.

Tenha em mente que cada espécie tem as suas próprias características e nem
todas reagem da mesma forma.

Fêmea a exibir a sua área genital.

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2.5. COMPORTAMENTO REPRODUTIVO NOS MACHOS

Durante os momentos de cio, os padrões de comportamento dos machos e


fêmeas alteram-se consideravelmente. É comum que os machos da maioria das
espécies lutem entre si para conseguirem ter acesso às fêmeas em cio.

Quanto aos rituais de acasalamento, existem comportamentos diferentes de-


pendendo da espécie, embora em todas elas esta fase seja essencial para al-
cançar a completa ereção do pénis.

É por isso que a fase de acasalamento é mais longa em espécies com pénis vas-
culares, como equinos ou primatas.

O período do cio dos veados é chamado de brama, e


refere-se ao som gutural emitido por veados machos
nesta época.

2.6. RITUAIS DE ACASALAMENTO

Pode-se definir ritual de acasalamento, ou parada nupcial, como a série de alte-


rações fisiológicas e comportamentais destinadas a obter o acasalamento, sen-
do muito variadas nas diferentes espécies.

A maioria dos animais procria apenas em determinadas épocas do ano que são
relativamente curtas, pelo que é evidente que a produção e libertação dos gâmetas
deva estar sincronizada para que a fertilização se realize. Portanto, tanto as fêmeas
como os machos são impulsionados por sinais ambientais, variações nas horas de
luz, temperatura, precipitação ou influenciados por ciclos ou marés lunares.

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Esta sincronização específica entre um macho e uma determinada fêmea exige


frequentemente algum comportamento por parte destes animais, comporta-
mento esse que é conhecido como ritual de acasalamento. Alguns exemplos:

 Os leões machos são poligâmicos, copulando com mais do que uma


fêmea. Para a monta, o macho segue a fêmea durante algum tempo,
asseando-se mutuamente. A fêmea inicia o processo com rosnados
e golpes e depois agacha-se arqueando as costas, num movimento
conhecido como "apresentação";

 Os lémures baseiam-se no olfato, que usam para comunicar. Neste sen-


tido, serão capazes de localizar machos e fêmeas sexualmente recetivos.

Para iniciar o ritual, os machos geralmente movem as suas caudas vigo-


rosamente, a partir das quais emanam um odor que normalmente faz
com que a fêmea bata ou morda com a consequente emissão de voca-
lizações pelos machos.

2.7. A MONTA

É a fase fundamental de todo o processo de reprodução e tem características


variáveis dependendo da espécie.

Aqui estão alguns exemplos:

Monta em ovinos.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

2.7.1. EQUINOS

O garanhão aproxima-se da fêmea e cheira-a, lambe-a, mordisca-lhe as crinas,


relincha, etc. à medida que entra numa ereção que normalmente é lenta.

Uma vez ocorrida a penetração, a cópula dura pouco, entre 1 e 2 minutos, pro-
duzindo apenas alguns movimentos de impulso pélvico.

Quando a ejaculação ocorre, o garanhão executa movimentos com a cauda, de


cima para baixo, chamados movimentos da bandeira.

Ruminantes e equinos muitas vezes fazem montas fal-


sas, ou seja, fazem várias tentativas antes de alcançar
a cópula.

Par de cavalos.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

Ciclo éstrico da égua.

2.7.2. CANÍDEOS

A cópula ocorre na fase do estro, pois é quando a fêmea aceita a monta e trata-
se do momento ideal para os oócitos poderem ser fertilizados.

Depois de diferentes farejos por parte do macho, a fêmea mostra a sua disposi-
ção virando a cauda para um lado. Para a cópula, o pénis do macho entra em
ereção e é depois inserido na vagina da fêmea.

Após alguns movimentos, o macho gira sobre si mesmo sem soltar a fêmea e é
quando se forma o chamado "laço", que na verdade é uma expansão do bulbo
da glande que impede o pénis de sair da vagina por cerca de um quarto de ho-
ra. Neste período, a ejaculação ocorre.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

Ciclo sexual da loba.

2.7.3. GATOS

No caso dos felinos, as preliminares são muito curtas e a monta é muito rápida.
Além disso, quando o macho remove o pénis, as espinhas presentes nele esti-
mulam o epitélio vaginal, fazendo com que a fêmea dê a volta e o ataque.

Estas espinhas rasgam as paredes vaginais da fêmea e são o sinal fisiológico


que ativa o mecanismo da ovulação.

Algumas espécies após a monta fazem a higienização


genital, e os machos passam frequentemente por bre-
ves períodos em que não mostram interesse pelas
fêmeas.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

3. CICLO SEXUAL EM PÁSSAROS


A reprodução em quase todas as aves é sazonal, isto significa que ocorre durante
uma determinada época do ano.

Na primavera, a maioria das aves encontra-se a can-


tar e a trabalhar ativamente na obtenção de material
para os seus ninhos.

O início da fase reprodutiva é marcado por fatores ambientais. Desta forma, as


aves nos hemisférios (não em áreas equatoriais) detetam alterações na duração
do dia e, assim, a sua reprodução começa com a chegada da primavera.

Noutros casos, isto é diferente, por exemplo, as aves que vivem nos desertos
esperam pela chegada das chuvas para marcar o início da fase de reprodução.

Este timing garante que, quando as crias nascem, os recursos alimentares (inse-
tos, sementes e frutas) são suficientes.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

As aves que vivem nos trópicos não distinguem as


mudanças na duração do dia porque elas quase não
existem, nem as chuvas, porque chove durante todo
o ano, então conseguem reproduzir-se várias vezes
num ano. Os fatores que o propiciam ainda não são
bem conhecidos.

A primeira atividade que as aves realizam dentro do seu ciclo sexual é obter um
território. O território é constituído por terras que a ave defenderá sobretudo
contra membros da mesma espécie, bem como contra predadores e outros
invasores e será sempre um local seguro para a criação do ninho, devendo ain-
da ser próximo de uma fonte de alimentação para as aves e as crias.

O tamanho do território varia consoante cada espé-


cie: as aves de rapina precisam de grandes territó-
rios, enquanto que as pequenas espécies confor-
mam-se com alguns metros quadrados.

Além disso, algumas espécies de aves, especialmente as marinhas, têm outro


território que engloba uma pequena área em torno do ninho. Estas aves geral-
mente reproduzem-se em colónias com muitos indivíduos, é esse o motivo.

O território é estabelecido e protegido pelo sexo dominante, geralmente os ma-


chos. Um macho que defende o seu território é normalmente colocado em lu-
gares visíveis, pois a partir deste ponto ele pode observar o seu território e de-
tetar os intrusos e tomar uma posição agressiva.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

Macho a vigiar o seu território.

Além disso, ele pode estar continuamente a cantar para avisar que está no seu
território e que atacará qualquer um que se atreva a invadi-lo.

Se depois disso algum intruso entrar no território, a ave chegará à agressão


física para a afastar.

A defesa do território é muito comum durante a épo-


ca de reprodução, mas algumas espécies defendem-
no durante todo o ano.

No início da época de reprodução, as aves muitas vezes fazem exibições extra-


ordinárias para encontrar um parceiro, com uma série de táticas de celebração
e acasalamento, tais como:

 Saltos, danças, voos acrobáticos;

 Esvaziam as penas, incham o papo. Às vezes de forma exagerada: lem-


bre-se do pavão e da sua exibição com as penas da cauda;

 Os seus cantos são diferentes, mais altos em volume e abundantes;

 Aves aquáticas nadam juntas ou fazem corridas;

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

Patos, um exemplar masculino e outro feminino.

 Podem até fazer barulhos com as asas ou cauda, ou bater em objetos;

 Mostram a sua agilidade e força;

 Às vezes, até a plumagem ou diferentes partes do seu corpo são colo-


ridas de forma diferente;

 Às vezes entregam comida, galhos, pedras ao seu par como presente;

 Também pode ver contactos corporais para reforçar o casal e diferen-


tes atividades, como o aliciamento mútuo.

Contacto corporal entre dois periquitos.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

Tanto a territorialidade como o ritual de acasalamento tentam atrair a atenção


do sexo oposto. As fêmeas, por outro lado, geralmente emitem feromonas.

As feromonas são substâncias odorosas que se


espalham pelo ar e às quais os animais reagem.

3.1. TIPOS DE SINAIS

Ao comunicar, as aves têm três tipos de sinais:

 Químicos: as feromonas, produtos químicos produzidos por seres vi-


vos para desencadear um comportamento noutro espécime, são se-
gregados por aves e transmitidos, geralmente, pelo vento. Não têm a
mesma importância que em outros animais;

 Sonoros: a exibição de sons (mecânicos, canções, vocalizações...) pro-


duzidos por aves com o propósito de cortejar é muito variada e sur-
preendente;

 Físicos e visuais: todos os tipos de "danças" físicas e estéticas, destina-


das a impressionar as fêmeas, desde a construção de ninhos até à exi-
bição de uma plumagem mais colorida.

Como exemplos de rituais de acasalamento, podemos citar:

 Cisnes: a abordagem do macho e os seus peculiares movimentos e


danças do pescoço, combinados com a fêmea, são muito harmoniosos
e culminam com a fêmea com o pescoço estendido e com o macho nas
costas, beliscando-lhe o pescoço com o bico. Depois, para terminar, fa-
zem uma espécie de reverência em dupla, muito característica;

 Pavão: muito conhecida é a exibição das penas da cauda dos machos,


depois da qual cada fêmea escolherá o macho mais imponente e com
melhor plumagem;

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

 Abutre: voos paralelos a alta altitude e preparação no ninho são as fa-


ses anteriores nestes espécimes;

 Avestruz: a avestruz executa uma espécie de dança em torno da fê-


mea, com torções numa perna, ziguezagueando o pescoço e abanando
as asas;

 Beija-flor: agita as asas vivazmente a uma grande frequência, à medida
que sobe alto para fazer um voo picado, terminando a volta no último
minuto para impressionar a fêmea;

 Pássaro do paraíso: apesar de estar relacionado com os corvos, tem


uma ampla gama de cores na sua plumagem, que reluz ostensivamente
no período de cio para impressionar as fêmeas.

Cada espécie tem a sua própria forma particular de acasalar. Podem ser
classificadas em:

 Monogamia: é a união de espécimes de diferentes sexos, durante o


tempo de nidificação e reprodução, e que em algumas espécies pode
durar mesmo até a morte de um dos dois espécimes. O mais comum é
a união durante uma época de reprodução, podendo estender-se a ou-
tras épocas, como é o caso de algumas andorinhas. Contudo, pode ser
perpetuada para a vida, como cisnes, gansos, araras;

 Poligamia: mais baixa é a percentagem de aves que se comportam


desta forma, em que um macho acasala com várias fêmeas e geral-
mente escapa completamente ao trabalho parental. Exemplos: abu-
tres, faisões, etc.

Os machos destas espécies de aves tentam acasalar com muitas fê-


meas para transmitir os seus genes à descendência, aumentando as-
sim a sua eficácia biológica.

Por vezes, os machos reúnem várias fêmeas e formam um grupo que


permanece unido durante a temporada reprodutiva, como é o caso das
avestruzes.

Noutras ocasiões, outras aves poligâmicas são capazes de copular com


muitas fêmeas durante o ciclo reprodutivo. No entanto, não participam
na nidificação e cuidado das crias, ou defendem o seu ninho ou territó-
rio como muitos beija-flores e guacos fazem (Gutiérrez G, 1995).

 Poliandria: uma fêmea acasala com vários machos, que cuidam do ni-
nho. Um exemplo é a jacana jacana.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

As fêmeas tentam acasalar com o maior número possível de machos,


aos quais deixam os ovos para cuidarem das crias. As Jacana jacana são
um exemplo de uma espécie de aves poliândricas.

As fêmeas desta espécie formam "um harém de até quatro machos com
os quais copulam; os ovos fertilizados em cada cópula são depositados
em diferentes ninhos do harém. Cada um dos machos é responsável por
cuidar de um ninho, alimentar e educar as crias." (Gutierrez G, 1995).

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

4. CICLO SEXUAL EM ANFÍBIOS E RÉPTEIS


Os ciclos de reprodução de anfíbios e répteis estão intimamente ligados aos
seus ambientes físico e biológico. Em ambos os casos, respondem a alterações
sazonais (chuva/seca ou frio/calor) que ocorrem naturalmente no ambiente e
variam segundo a espécie.

Estas alterações fisiológicas são necessárias para induzir a oviposição ou a


produção de esperma.

4.1. RÉPTEIS

Nos répteis, a fertilização é sempre interna, e esta é uma descoberta sobre os


anfíbios. Alguns répteis têm órgãos de copulação dupla, como no caso das co-
bras. Outro têm simples, como no caso dos crocodilos.

Os répteis também têm uma reprodução sexual. Em muitas destas espécies, os


rituais de acasalamento aparecem sob uma grande variedade de formas, dura-
ção dos quais varia de um para o outro, e pode durar até vários dias.

O processo de acasalamento pode, por vezes, ser um pouco difícil para algumas
espécies, como crocodilos ou tartarugas.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

Quase todas estas espécies são ovíparas. Em alguns casos, a mãe protege os
ovos (como é o caso dos crocodilos) e noutros, uma vez colocados, a mãe desa-
parece e desenvolver-se-ão por si próprios.

Nas quelónias femininas, a maturidade é dada pela presença de folículos de


classe I ou II e/ou corpos lúteos ou ovos nos ovidutos. Fêmeas imaturas serão
aquelas com folículos de classe III durante um ano inteiro. Ocasionalmente,
também vai depender de quão larga é a carapaça.

Internamente, a cor dos testículos de animais que não atingiram a maturidade


sexual é rosa claro e não possuem sémen.

O comportamento dependerá da espécie. No período sexual, são mais ativos


quando o pôr-do-sol chega.

Monta de tartarugas terrestres.

As tartarugas aquáticas podem realizar rituais de acasalamento em que os indi-


víduos mergulham na água e saem várias vezes. Às vezes, os machos seguem a
fêmea enquanto sentem o cheiro da cloaca ao nadar em círculos à sua volta ou
atrás dela. Outros colidem com as carapaças da fêmea, coçam-lhe o rosto e até
lhe podem morder as pernas ou a cauda.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

O grupo de sáurios é composto por um grande número de espécies diferentes


entre as quais encontramos lagartos, lagartixas, iguanas, gecos, camaleões e
varanos. Também podem ter vários tipos de reprodução, que são muitas vezes
semelhantes aos de outros tipos de répteis.

Durante o acasalamento, os animais exibem comportamentos intimidatórios,


mas sem agressão. Neste momento, mostram as suas armas usando linguagem
corporal, gesticulando, tentando parecer maiores, etc.

A atividade sexual é determinada pela chuva, temperatura, fotoperíodo e a pre-


sença ou ausência de alimentos.

Existem, como nos outros grupos de répteis, diferentes tipos de reprodução,


incluindo ovíparas, ovovivíparas, vivíparas e partenogénese.

Partenogénese é um processo reprodutivo pelo


qual, espontaneamente, um ovo começa a desenvol-
ver-se e resulta num indivíduo completo.

Em ofídios, a maturidade sexual é alcançada mais rapidamente em cobras de


clima quente (aproximadamente entre o primeiro e o segundo ano de vida). Nas
serpentes de clima temperado, a maturidade sexual pode ocorrer entre o se-
gundo e o sexto anos de vida.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

Dois exemplares de ofídios.

Em muitas espécies, as fêmeas segregam uma série de feromonas através da


pele ou várias glândulas, tais como as anais, que as tornam mais facilmente
rastreáveis pelos machos. Quando as fêmeas estão recetivas, a cópula ocorre.

Nas cobras, o macho coloca-se sobre a fêmea, fixando a sua cloaca à dela. Oca-
sionalmente, pode morder o tronco e imobilizá-la. A monta pode durar minutos
ou horas.

O ciclo reprodutivo dos crocodilos é complexo, longo e o mais avançado de


todos os répteis.

A maturidade destes animais depende da sua idade e do seu tamanho, sendo


encontrado, em quase todas as espécies, o dimorfismo sexual com base no
tamanho. Isto porque os machos crescem mais rápido do que as fêmeas e atin-
gem a maturidade sexual com um tamanho maior do que as fêmeas.

Todas as espécies são poligâmicas, ou seja, na época de reprodução os machos


podem acasalar com várias fêmeas. Para destacar o seu domínio, os crocodilos
vagueiam pelas fronteiras do seu território e aproximam-se de outros indiví-
duos. Durante as lutas por este território, os machos abalroam-se com a cabeça
e as mandíbulas e ameaçam expondo os seus corpos em posições verticais.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

Normalmente, são as fêmeas recetivas que marcam o início do acasalamento.


Em grupos maiores podem mover-se através do território de diferentes machos
e acasalar sucessivamente com os diferentes machos dominantes.

4.2. ANFÍBIOS

Normalmente, nos anfíbios, o período de reprodução inclui um período prévio


de acasalamento em que as danças nupciais são geralmente incluídas e, na
maioria dos casos, substâncias odorosas são libertadas. A fertilização pode ser
externa ou interna e ocorre geralmente na água.

O modo de reprodução de anfíbios é definido como um conjunto de caracterís-


ticas, incluindo o local de reprodução, a forma da monta, a localização da depo-
sição de ovos (aquática ou terrestre), e o local de desenvolvimento das larvas e
dos cuidados parentais, se estiverem presentes.

Esta complexa lista é necessária devido à grande diversidade de comportamentos


reprodutivos nos anuros. Ao contrário deles, as cecílias e as salamandras têm
ciclos reprodutivos menos diversos, mas não menos complexos e interessantes.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

5. GESTAÇÃO E PARTO
Na zoologia, a gestação consiste no facto de um animal vivíparo do sexo femini-
no manter dentro da barriga um embrião ou feto até ao momento do parto.

Em certas espécies existem múltiplas gestações em


que nasce mais do que uma cria.

A fertilização, que é a união do óvulo e do espermatozoide, resulta na formação


do zigoto. Este zigoto, que é um embrião de uma célula, multiplica as suas célu-
las repetidamente para formar zigotos de 2, 4, 8 células, etc. Assim, toma nomes
diferentes: mórula, mórula compacta, blastocisto...

Inicia-se então a implantação, que é a ligação do embrião à mucosa uterina e a


formação da placenta. A placenta é um tecido que se forma com a camada ex-
terior que envolve o embrião e a mucosa uterina.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

As funções da placenta são:

 Metabólica: transporte de nutrientes da mãe para o feto e resíduos de


metabolismo fetal em sentido contrário;

 Protetora: trauma e infeções;

 Endócrina: produção de hormonas. A progesterona é a principal hor-


mona produzida e é responsável pela manutenção da gestação.

Há animais que têm uma placenta rudimentar e precisam de outros suportes:


uma bolsa externa ao abdómen chamado marsúpio. O marsúpio é uma bolsa
abdominal subcutânea que é onde o neonato completa o seu desenvolvimento.

Os descendentes de marsupiais nascem numa fase muito inicial (após um mês


de gestação) e aparecem sem pelos, com cotos em vez de pernas, surdos e ce-
gos. São guiados pelo seu cheiro para aceder ao marsúpio, onde ficam durante
cerca de seis meses.

O canguru é uma espécie marsupial.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

Para determinar se uma fêmea está prenha pode recorrer aos diferentes métodos:

 Análises ao sangue: onde se medem certas hormonas dependendo


da espécie;

 Ecografia;

Ecografia gestacional.

 Radiografias;

 Exame físico.

A ecografia, além de servir como diagnóstico de ges-


tação, permite conhecer aproximadamente a idade
do feto e com ele a data aproximada do parto, bem
como se existem problemas fetais que podem causar
problemas.
No entanto, no final da gestação, em fêmeas que já
têm múltiplos partos, é mais fácil contar fetos com
um raio-X, porque a ecografia sobrepõe-se à imagem
das crias e dificulta a sua contagem.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

Estes controlos são muitas vezes difíceis com a vida selvagem, uma vez que es-
tes procedimentos envolvem o manuseamento do animal, que lhe cria stress, o
que não é desejável na prenhez. Através do enriquecimento ambiental e do
treino, pode facilitar estas manipulações, tanto para estes casos como para ou-
tros tratamentos veterinários.

A duração da gestação é variável dependendo da espécie. Neste quadro pode


ver alguns exemplos:

Animal Gestação

Girafa 15 meses

Armadilho gigante 4 meses

Gorila 8,5 meses

Chimpanzé 8 meses

Esquilo 30 a 45 dias

Lobo e raposas 2 meses

Elefantes 22 meses

Rinoceronte 15 a 16 meses

Porco vietnamita 5 meses

Dromedário 12,5 meses

Gnu 8,5 meses

Zebras 12 meses

Grandes felinos Entre 3 e 4 meses

Panda 5 meses

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

5.1. PARTO

No final da gestação, ocorre o parto. Este processo desencadeia diversas alterações


morfológicas e fisiológicas na fêmea e no feto, resultando na saída do último.

O parto é eutócico ou fisiológico quando:

 Há abertura pélvica suficiente para a passagem de fetos;

 Há dilatação das vias genitais suficiente;

 Há contrações uterinas e abdominais corretas;

 O feto é normal em tamanho e tem uma posição correta;

 A fase de ejeção ocorre sem resultados negativos para a mãe e o feto.

5.1.1. ENDOCRINOLOGIA DO NASCIMENTO

Existem várias hormonas relacionadas com o processo de parto:

 Corticosteroides fetais:

 Estimulação da síntese e secreção de prostaglandinas e estrogénios.

 Prostaglandinas PGF2 placental:

 Ativação de contrações uterinas;

 Estimulação das hormonas do parto: relaxina, oxitocina e prolactina;

 Fim da luteólise.

 Estrogénios Placentários:

 A estimulação da síntese de recetores para oxitocina e PGF2 no


miométrio, e para relaxina no miométrio e no colo do útero;

 Estimulação da glândula mamária.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

 Progesterona da placenta e corpo lúteo:

 Força a manutenção da gestação;

 Inibição da atividade miometrial.

 Relaxina do corpo lúteo, endométrio ou placenta:

 Estimulação do relaxamento e dilatação do cérvix e articulações


pélvicas;

 Inibição de contrações miometriais prematuras;

 Ativação do desenvolvimento das glândulas mamárias.

 Prolactina da glândula pituitária:

 Atua na maturação do feto até ao parto;

 Ativação da lactogénese;

 Início do comportamento maternal: preparação da cama.

 Oxitocina do hipotálamo:

 Intensificação das contrações uterinas;

 Aumento da pressão intramamária.

 Endorfinas placentárias e glândula pituitária:

 Adaptação maternal ao stress do parto.

5.1.2. FASES DO PARTO

O parto decorre em várias fases:

 Pródromos são os sinais que anunciam o parto.

a) A fêmea está nervosa, inquieta, caminha sem parar e geralmente sepa-


ra-se do resto do grupo, algumas espécies preparam o "ninho" como
local de parto;

b) Relaxamento das articulações e ligamentos da pélvis, particularmente


da articulação sacroilíaca e dos ligamentos sacro-isquiáticos;

c) Edema da vulva associada com edema e hiperemia da mucosa vaginal;

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

d) Descarga vaginal, dependendo da espécie, pode ser mais ou menos


abundante;

e) Abdómen periforme;

f) Diminuição da temperatura cerca de 24 horas antes;

g) Presença de colostro nos seios.

 Fase de dilatação do cérvix: ocorre ao mesmo tempo que o apareci-


mento de contrações uterinas, que fazem com que os sacos fetais se
movam para o canal do parto. O tampão mucoso é removido do colo
do útero;

 Fase de expulsão: começa com a rutura dos sacos fetais e completa-


se com o nascimento do feto. O início é o aparecimento de contrações
abdominais quando o feto se aproxima da entrada da pélvis, empurra-
do pelas contrações uterinas anteriores. Quando o feto atinge o colo
do útero e a parte anterior da vagina, o reflexo de Ferguson é desenca-
deado, responsável pela libertação de oxitocina que atua no miométrio
causando novas contrações miometriais;

 Fase do parto: é a expulsão das placentas após o seu desprendimento


do útero. Em algumas espécies, a mãe come a placenta e começa a
lamber o recém-nascido.

Este tópico é complexo. Para compreendê-lo bem:


1. Leia o tema atentamente e veja palavras que
não entende.
2. Enfatize informações importantes com cores
diferentes, dependendo da importância do
conteúdo.
3. Execute um resumo sob a forma de um esquema
e memorize-o.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

Uma progenitora lémure com as suas crias.

5.1.3. PROBLEMAS DURANTE O PARTO

Podem acontecer a partir de causas de origem materna ou fetos.

De origem materna (especialmente dificuldades de expulsão por idade avança-


da, fraqueza ou outros fatores):

 Inércia uterina: significa que o parto não progride porque não há con-
trações. Pode ser devido a elementos hormonais em défice, tais como
oxitocina ou progesterona causadas por parto prematuro ou stress. Às
vezes a causa é deficiência de cálcio ou glicose. O tratamento é aplicar
as hormonas em falta ou remover manualmente o feto;

 Torção uterina: a solução é tentar reposicioná-lo à mão. Se a torção for


superior a 180 graus, será necessário fazer uma cesariana;

 Rutura uterina: é muito grave e tem sempre de se fazer cesariana;

 Obstrução do canal do parto por fratura da pélvis, quistos ou dilatação


insuficiente. Neste último caso, pode aplicar estrogénio para tentar di-
latar o colo do útero.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

De origem fetal:

 Feto muito grande, pode ser necessária uma cesariana;

 Morte fetal: remoção manual ou cesariana;

 Disposição anormal do feto. Tem de ser colocado na posição correta e pa-


ra isso existem diferentes técnicas. É importante que a saúde da fêmea se-
ja boa, que a dilatação esteja completa e se lubrifique sempre o canal do
parto. Se a saúde da fêmea não é boa, deve ser feita uma cesariana.

5.1.4. PROBLEMAS PÓS-PARTO

Preste atenção aos mais frequentes:

 Hemorragias uterinas;

 Laceração do períneo;

 Rutura uterina: é necessária uma cirurgia de emergência;

 Mastite ou infeção mamária;

 Retenção de placenta: é necessário remover a placenta e fazer uma la-


vagem uterina com antibiótico. Pode-se aplicar oxitocina para ajudar a
expulsar detritos;

 Prolapso uterino: tentar introdução manual e "enchimento" com soro


fisiológico;

 Tétano pós-parto, devido a um défice nas reservas de cálcio. Geralmente


ocorre no dia seguinte ao nascimento.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

6. INCUBAÇÃO
A incubação é o processo pelo qual o embrião, nas espécies ovíparas, se desen-
volve e se converte numa cria, e tem como objetivo fornecer aos ovos a tempe-
ratura, o arejamento e a humidade necessários. Termina com a eclosão.

6.1. AVES

Nas aves assume-se que os pais incubam os ovos, sentando-se sobre eles para
mantê-los aquecidos para que os filhotes possam desenvolver-se.

Codorniz com os seus ovos.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

O número de ovos que cada fêmea põe depende da espécie, embora geralmen-
te seja mais do que um. Além disso, quando os ovos são removidos para incu-
bação artificial ou por terem sido ingeridos ou partidos por um predador, algu-
mas aves podem realizar outra colocação. Se for realizada uma incubação artifi-
cial, o número de nascidos será mais elevado.

As aves normalmente constroem os seus ninhos em áreas ocultas e de difícil


acesso, especialmente espécies maiores. Em mudanças, as pequenas espécies
normalmente camuflam o ninho para se misturarem com o ambiente.

Ninho

Na maioria das espécies, é a fêmea que constrói o ninho, embora haja casos em
que o macho está encarregue desta tarefa.

As aves de rapina constroem os seus ninhos em locais


elevados e de difícil acesso.
As aves aquáticas do rio fazem-no nas margens,
entre canas.
As aves marinhas fazem-nos em fendas rochosas ou
em áreas próximas do mar, em buracos.
As aves arborícolas usam as copas das árvores,
buracos no tronco ou arbustos.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

O tempo de incubação dos ovos também varia em cada espécie. No entanto, há


quatro fatores essenciais para o nascimento das aves: humidade, temperatura,
arejamento e movimento (é por isso que os pais vão volteando os ovos). Podem
ser considerados pais porque, dependendo do tipo de pássaro, a incubação
pode ser feita pelo macho, pela fêmea ou ambos.

6.2. RÉPTEIS E ANFÍBIOS

A maioria das espécies de répteis reproduz-se por ovos. No entanto, 20% dos
répteis têm a capacidade de desenvolver-se dentro da mãe, nascendo total-
mente formados, sem conchas, e preparados para enfrentar uma vida indepen-
dente dos seus progenitores. Neste caso, não deve fazer nada a não ser moni-
torizar a temperatura e a humidade do terrário.

Dentro deste grupo de répteis que nascem da mãe já


formados, temos espécies como jiboias, numerosas
espécies de camaleões e alguns lagartos.

Para os restantes 80% de répteis (cobras, pitons, tartarugas, crocodilos e a mai-


oria dos lagartos), o sucesso reprodutivo dependerá em grande parte da nossa
capacidade de incubar corretamente os ovos de forma artificial.

Em condições selvagens, a grande maioria dos répteis põe os seus ovos e não
cuida deles durante o processo de incubação.

Em certas espécies, como anfíbios e répteis, os pais


não incubam ovos, mas algumas enterram-nos para
os proteger e estarem à temperatura certa.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

As progenitoras de crocodilo protegem o ninho de po-


tenciais predadores.
No caso das pitons, a mãe envolve os ovos e é respon-
sável pela manutenção da temperatura de incubação,
através de contrações musculares no seu corpo (lem-
bre-se que os répteis não conseguem regular a sua
temperatura através de processos fisiológicos).

Os ovos dos répteis variam muito em forma, tamanho e consistência. Existem


formas esféricas (como os das tartarugas marinhas), ovais (como os da maioria
das tartarugas terrestres) ou alongadas (como os das tartarugas-cobra). Quanto
aos tamanhos, pode surgir tudo, desde pequenos ovos de milímetros (como os
de algumas lagartixas), até ovos com mais de 10 centímetros de comprimento,
de pitons ou varanos.

Ovos de tartaruga terrestre.

Quanto aos anfíbios, os seus ovos têm camadas semipermeáveis de membra-


nas que os rodeiam. Por falta de uma concha dura, são essencialmente parte do
seu ambiente aquático. Os ovos de anfíbios têm um polo animal com o embrião
e um vegetal com o material de reserva. Na maioria dos casos, os ovos de espé-
cies cujos embriões são expostos à luz solar são pigmentados com melanina no
hemisfério animal.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

7. COMPORTAMENTO MATERNAL EM
MAMÍFEROS

Em quase todos os mamíferos, o instinto maternal é muito desenvolvido durante


a lactação, que é o período durante o qual a fêmea amamenta as suas crias.

O aleitamento materno pode durar 10 a 14 dias em


pequenos roedores e até 4 anos em rinocerontes e
elefantes.

Neste momento, lembramo-nos de que as fêmeas só podem ficar com os seus


descendentes durante este período de lactação ou mesmo até mais tarde, até
saberem cuidar de si mesmas.

Nos elefantes, este período pode durar até 10 anos.


As relações entre parentes na manada são muito
próximas e são mantidas ao longo dos anos.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

De qualquer forma, durante a lactação, as fêmeas cuidam das suas crias de uma
maneira muito protetora e podem atacar se se sentirem ameaçadas.

Além disso, no caso das espécies sociais, algumas fêmeas dedicam-se ao cuida-
do dos descendentes de outros, mesmo amamentando-as se ficarem órfãs ou
se a sua mãe não puder. É o conceito de enfermeiro e é possível devido à sin-
cronização sazonal do ciclo sexual dentro da mesma espécie.

Cachorros com a sua progenitora.

As crias de mamíferos carnívoros nascem frequentemente cegas e demoram


vários dias até começarem a distinguir figuras. No entanto, as crias herbívoras
são capazes de ficar de pé e andar logo após o nascimento, tornando-as menos
vulneráveis aos predadores.

Todos os descendentes de mamíferos começam a mamar quase imediatamente


após o nascimento e são principalmente guiados pelo cheiro.

O leite materno nas primeiras 48 horas após o parto


é chamado colostro e contém anticorpos e nutrien-
tes críticos para o recém-nascido.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

7.1. PATOLOGIAS NEONATAIS

As patologias neonatais mais comuns nos mamíferos:

 Infeção: os recém-nascidos são altamente suscetíveis a bactérias e po-


dem ter infeções nos pulmões, intestinos, etc. Nestes casos, o animal
não come, tem febre, entre outros sintomas. Qualquer infeção local
pode levar a uma septicémia, já que os anticorpos não impedem que a
infeção progrida. Deve ser fornecido suporte imunológico, antibióticos,
terapia de fluidos e soluções de nutrientes;

A septicémia é a presença de bactérias e toxinas no


sangue e é a principal causa de morte em animais
neonatos.
Os sintomas incluem depressão, sonolência, fraque-
za, inapetência, desidratação, envolvimento cardíaco,
permanência em decúbito e hipotermia. O sistema
respiratório pode ser afetado por causa de edema
pulmonar e dispneia, o digestivo por diarreia e o tra-
to urinário por insuficiência renal.

 Hérnias: uma hérnia é a passagem de um órgão através de um buraco


na musculatura. Podem ocorrer hérnias umbilicais, escrotais ou ingui-
nais. Se puderem ser reintroduzidas manualmente, são hérnias redutí-
veis e, por outro lado, quando é necessário recorrer à cirurgia para as
reduzir, são chamadas hérnias aprisionadas. Nos recém-nascidos é
sempre preciso verificar a sua presença e evolução;

 Úraco persistente: o úraco é um tubo que liga a bexiga à placenta. Se a


conduta não fechar durante o parto, o que é normal, o úraco é um ca-
minho de entrada de bactérias. Pode ser detetado porque a urina sai
do cordão umbilical. Precisa de ser cauterizado com nitrato de prata e
antibióticos;

 Diarreias: devem-se a bactérias ambientais e ao facto de a toma do colos-


tro ter sido mal feita. A desidratação causada pela diarreia pode ser fatal;

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Gata a amamentar as suas crias.

 Hipoxia: trata-se de asfixia pós-parto e ocorre geralmente nas espécies


que têm uma única cria e cujo parto é às vezes muito longo. Nestes ca-
sos, o cérebro é privado de oxigénio por alguns minutos e origina o
aparecimento de alterações neurológicas, que variam dependendo do
tempo e intensidade da hipoxia.

Os sintomas vão desde a depressão dos reflexos às convulsões, falta


de ar e à consciência deficiente, coma e morte. No caso de convulsões,
devem ser controladas medicamente. Uma vez controladas as convul-
sões, a hidratação e função renal devem ser restabelecidas através da
fluidoterapia e da avaliação da alimentação e função cardíaca, respira-
tória e digestiva. O prognóstico varia de acordo com a gravidade e o
tratamento administrado;

 Entrópion: é uma dobra das pálpebras no olho, fazendo com que as


pestanas sejam direcionadas para o mesmo. Causa, por vezes, úlceras
córneas. Normalmente esta alteração é uma malformação de nasci-
mento, mas também pode ser uma consequência da microftalmia (olho
menor do que o normal), desidratação, trauma ou cirurgia palpebral. A
resolução é cirúrgica.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

8. COMPORTAMENTO MATERNAL EM AVES


Quanto ao cuidado de crias assim que saem da casca, devemos distinguir:

 Aves nidífugas: não precisam de cuidados maternos, já que quando


deixam a casca estão totalmente formadas e não têm necessidade de
ser alimentadas pelos seus pais. Podem procurar comida por si mes-
mos e já têm o corpo coberto de penas e os sentidos desenvolvidos;

 Aves nidícolas: estas são as aves que ao deixarem o ovo não estão to-
talmente desenvolvidas, são cegas e não têm penas. Também não
mantêm a temperatura corporal e precisam do calor da mãe.

Preste atenção a este segundo caso: dada a dependência dos filhotes, a mãe
deixa o ninho para ir comer, embora em alguns casos seja o pai que fornece os
alimentos. As aves de rapina são um exemplo de aves nidícolas.

A duração deste cuidado da mãe para com as suas crias é variável e depende
da espécie em questão.

A monogamia é muito comum nas espécies de aves onde o cuidado dos jovens
é biparental. Isto é, quando o macho e a fêmea estão envolvidos nos cuidados
das crias. Assim, este tipo de comportamento ocorre em aves altriciais, cujos
jovens não estão totalmente desenvolvidos à nascença (ao sair do ovo, não ve-
em, não sabem como comer, não conseguem mover-se, etc.).

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

O canibalismo é um comportamento que ocorre


principalmente em aves de rapina, e consiste na ani-
quilação direta dos irmãos mais novos por um irmão
mais forte. Em alguns casos, os pais não se emocio-
nam quando testemunham esta atividade, enquanto
que noutros animais estes comportamentos ocorrem
quando os pais deixam o ninho.

Quando se trata de aves nidífugas, apesar de serem mais independentes, ficam


sempre ao lado dos pais, que seguem por todo o lado para aprenderem a obter
comida. Um exemplo destes animais são os gansos.

Em geral, as espécies de aves poligâmicas são também precoces ou nidífugas,


caracterizando-se por terem um avançado estado de desenvolvimento à nas-
cença e poderem sair do ninho, mover-se e regular a sua própria temperatura.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

CONCLUSÃO

Parabéns! Chegou ao fim da unidade didática. Os pontos estudados deram-lhe


noções básicas sobre a forma como se desenvolve o comportamento reprodutivo
em diferentes espécies: comportamento sexual, gestação e parto, incubação e
comportamento maternal.

Reflita sobre todos os aspetos estudados e procure expandir o seu conheci-


mento com a ajuda da internet.

Agora sabe como responder à pergunta do desafio nesta unidade. O veado en-
tra em cio no outono e, durante este tempo, o macho emite sons que dão o
nome a este período, que é denominado brama.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

AUTOAVALIAÇÃO

1. Todos os animais superiores (mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes)


possuem:

a) Reprodução sexual.

b) Reprodução assexuada.

c) Reprodução interna.

d) Reprodução externa.

2. Como se chama a situação em que há ligação de várias fêmeas e um


único macho num período de reprodução?

a) Poliginia.

b) Poligamia.

c) Monogamia.

d) Poliandria.

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REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

3. Qual das seguintes não é uma característica de aves nidífugas?

a) Não precisam de cuidados maternos, pois assim que saem da casca es-
tão totalmente formados.

b) Não precisam de ser alimentados pelos pais, podem procurar comida


por si mesmos.

c) Já têm os corpos cobertos de penas.

d) Todas as respostas estão corretas.

4. Qual das seguintes não é uma característica de nidificação de aves?

a) Ao deixar o ovo não estão totalmente desenvolvidas.

b) Podem procurar comida para si mesmas.

c) As crias nascem cegas.

d) Não têm penas.

5. Qual é a principal hormona responsável pela manutenção da gestação?

a) FSH.

b) LH.

c) Estradiol.

d) Progesterona.

6. No ciclo éstrico dos mamíferos, qual é o nome da fase em que os folí-


culos crescem no ovário?

a) Proestro.

b) Estro.

c) Cio.

d) Diestro.

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7. A principal diferença entre o ciclo éstrico e o ciclo menstrual é:

a) Que a menstruação ocorre todo o ano e o éstrico apenas uma vez.

b) Que na menstruação se aceita a monta todo o ano e no éstrico apenas


no estro.

c) Diferem apenas no nome das fases.

d) As hormonas envolvidas são diferentes.

8. O leite materno nas primeiras 48 horas após o parto é chamado de:

a) Colostro.

b) Calistra.

c) Calastra.

d) Calostro.

9. A fertilização, que é a ligação do óvulo e do espermatozoide, resulta na


formação de:

a) Um feto.

b) Um embrião.

c) Cachorrinho.

d) Um zigoto.

10. Na maioria das espécies de aves, quem constrói o ninho é:

a) A fêmea.

b) O macho.

c) Os dois.

d) Fêmeas que não se reproduzem em grupo.

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SOLUÇÕES

1. a 2. b 3. d 4. b 5. d

6. a 7. b 8. a 9. d 10. a

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BIBLIOGRAFIA

 Aguilar, R. Atlas de Medicina de Animales Exóticos. Buenos Aires. Editorial


Intermédico, 2010.

 Fidalgo Alvarez, L.E. Patología médica veterinaria . Universidade de Santiago


de Compostela, 2003.

 Cicment. S. e Bascuas. J.A. Cuadernos de anatomía y embriología veterinaria.


Madrid. Editora Marbán, 1989.

 Sauer, F. Aves acuáticas. Guías de la Naturaleza Blume. Barcelona. Editorial


Blume, 1983.

 Sauer, F. Aves terrestres. Guías de la Naturaleza Blume. Barcelona. Editorial


Blume, 1983.

Imagens

 Ciclo menstrual:

https://es.m.wikipedia.org/wiki/Archivo:MenstrualCycle2_es.svg.

 Monta de tartarugas terrestres:

https://pixabay.com/es/tortugas-apareamiento-reproducci%C3%B3n-
518810/.

 Dois exemplares de ofídios:

https://pixabay.com/es/serpiente-serpiente-de-hierba-2291913/.

 Ecografia gestacional (Autor: X. Compagnion. Foto de domínio público):

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Embryo_at_10_weeks.JPG.

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 Ovos de tartaruga terrestre:

https://es.m.wikipedia.org/wiki/Archivo:Testudo_hermanni_boettgeri_fe
male_deposizione.jpg.

 Restantes imagens:

https://www.shutterstock.com.

https://www.istockphoto.com/pt.

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