Você está na página 1de 72

MD_UDxxxxxx_V(11)Pt

MÓDULO VI

CONTEXTOS DE PRESTAÇÃO DE CUIDADOS DE SAÚDE

21 Cuidados na Saúde Infantil


UD005743_V(03)
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

ÍNDICE

MOTIVAÇÃO......................................................................................... 5 
OBJETIVOS .......................................................................................... 6 
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 7 
1. OS DIREITOS E DEVERES DA CRIANÇA ............................................... 9 
1.1.  CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA ............................ 9 
1.2.  CONHECIMENTO DA CARTA DE DIREITOS DA CRIANÇA
HOSPITALIZADA ....................................................................... 12 
1.3.  O INTERNAMENTO ................................................................... 15 
1.4.  OS PAIS – PARCEIROS NOS CUIDADOS ...................................... 16 
2. MARCOS DE CRESCIMENTO ESTRUTURO-PONDERAL E
PSICOMOTOR DOS 0 AOS 3 ANOS COM ESPECIAL INCIDÊNCIA
PARA O PRIMEIRO ANO DE VIDA ....................................................... 20 
2.1.  PERCENTIS ............................................................................. 22 
2.2.  OBESIDADE INFANTIL ............................................................... 24 
3. A ALIMENTAÇÃO NO PRIMEIRO ANO DE VIDA .................................... 26 
3.1.  DOS 0 AOS 4 MESES ............................................................... 26 
3.1.1.  Vantagens do aleitamento materno ............................................... 27 
3.1.2.  Contraindicações para o aleitamento materno .............................. 29 
3.1.3.  Esquema alimentar diário da criança entre os 0 e os 4 meses ...... 30 
3.1.4.  Preparação do leite para lactentes – cuidados a ter na
preparação do biberão ................................................................... 31 
3.1.5.  Alimentação da mãe ....................................................................... 32 
3.2.  DOS 4 AOS 4,5 MESES ............................................................ 32 
3.2.1.  Esquema alimentar da criança entre 4 e 4,5 meses ...................... 33 

1
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

3.3.  DOS 4,5 AOS 5 MESES ............................................................ 33 


3.4.  A PARTIR DO 5º MÊS ................................................................ 33 
3.5.  A PARTIR DO 6º MÊS ................................................................ 33 
3.6.  A PARTIR DO 9º MÊS ................................................................ 34 
3.7.  AOS 12 MESES ....................................................................... 34 
3.8.  BOIÕES DE ALIMENTOS INFANTIS - UMA ALTERNATIVA ................. 34 
4. SINTOMAS COMUNS NA INFÂNCIA ................................................... 35 
4.1.  DIARREIA ............................................................................... 35 
4.2.  OBSTIPAÇÃO .......................................................................... 36 
4.3.  TEMPERATURA/FEBRE ............................................................. 36 
4.4.  TOSSE ................................................................................... 37 
4.5.  REGURGITAÇÃO ...................................................................... 38 
4.6.  VÓMITOS................................................................................ 38 
4.7.  LESÕES CUTÂNEAS ................................................................. 39 
4.7.1.  Prevenção e tratamento da dermatite ............................................ 40 
5. ACOMPANHAMENTO DA CRIANÇA NAS ATIVIDADES DIÁRIAS ............. 41 
5.1.  ELIMINAÇÃO INTESTINAL .......................................................... 41 
5.1.1.  Cólicas ............................................................................................ 41 
5.1.2.  O que provoca as cólicas? ............................................................. 42 
5.2.  CUIDADOS DE HIGIENE E CONFORTO DO BEBÉ ........................... 44 
5.2.1.  Cuidados gerais na escolha dos produtos de higiene ................... 44 
5.2.2.  Produtos para o banho do bebé .................................................... 44 
5.2.3.  Os brinquedos para o banho .......................................................... 45 
5.2.4.  O banho do bebé ............................................................................ 46 
5.2.4.1.  Os ouvidos ............................................................................... 47 
5.2.4.2.  O nariz...................................................................................... 47 
5.2.4.3.  As unhas .................................................................................. 48 
5.2.4.4.  O cabelo .................................................................................. 48 
5.2.4.5.  A crosta láctea ......................................................................... 48 
5.2.5.  Cuidados com o cordão umbilical do bebé ................................... 49 
5.2.5.1.  Sinais de risco e infeção .......................................................... 50 
5.2.6.  A mudança da fralda ...................................................................... 50 
5.3.  DENTIÇÃO .............................................................................. 51 
5.4.  O SONO ................................................................................. 52 
5.4.1.  Sinais de sono ................................................................................ 53 
5.4.2.  Estádios do sono ............................................................................ 53 
5.4.3.  Posição para dormir ....................................................................... 54 

2
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

6. A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR.......................................................... 56 


7. AUXÍLIO AO PROFISSIONAL DE SAÚDE NO CUIDADO À CRIANÇA......... 58 
CONCLUSÃO ...................................................................................... 61 
RESUMO............................................................................................ 62 
AUTOAVALIAÇÃO ............................................................................... 63 
SOLUÇÕES ........................................................................................ 67 
PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO ................................. 68 
BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 69 

3
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

MOTIVAÇÃO

O bebé dos 0 aos 12 meses depende de ajuda quase total para a satisfação das
suas necessidades. É um ser vulnerável que inicia a descoberta de uma nova
realidade marcada pelo crescimento e desenvolvimento das estruturas cogniti-
vas e motoras.

Após o parto todas as mães se deparam com esta situação, havendo incertezas
quanto à melhor forma de cuidar do bebé, ideias falsamente pré-concebidas e
uma alteração da estrutura familiar.

Nesta perspetiva como futuro Auxiliar de Saúde tem um papel crucial a desen-
volver. Cabe-lhe a tarefa de participar na prestação de cuidados às crianças, de
modo a promover a saúde e prevenir a doença, tendo sempre presente a família
e o meio, como partes integrantes deste processo.

Para tal, tem de conhecer o ciclo evolutivo da criança, como se desenvolve, que
características deve apresentar em cada estádio de desenvolvimento, como se
devem prestar os cuidados de higiene e conforto e quais os cuidados a ter.

Muitos mitos existem acerca deste tema.

Enquanto profissional de saúde deve estar atualizado de forma a saber a razão


pela qual se prestam cuidados de determinada forma e ter a certeza que parti-
cipa na prestação de cuidados de qualidade à criança.

5
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

OBJETIVOS

 Conhecer os Direito das Crianças;


 Reconhecer as alterações na vida de uma criança internada;
 Compreender a importância dos pais e família como parceiros de cui-
dados;
 Compreender a importância da segurança da criança no internamento;
 Reconhecer os marcos de crescimento no primeiro ano de vida de uma
criança;
 Saber identificar comportamentos de risco e preventivos para a obesi-
dade infantil;
 Conhecer a alimentação correta no primeiro ano de vida;
 Identificar vantagens, desvantagens, contraindicações e mitos do alei-
tamento materno;
 Conhecer os sintomas comuns na infância;
 Saber as técnicas de prestação de cuidados adequadas às crianças;
 Saber como auxiliar os pais e outros profissionais de saúde nas ativi-
dades de vida diárias da criança;
 Explicar a importância de conhecer os principais riscos a que estão su-
jeitas as crianças em internamento e a forma de evitar riscos.

6
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

INTRODUÇÃO

A forma de percecionar a criança, assim como o seu internamento foram mu-


dando ao longo dos tempos.

A perceção da importância dos direitos da criança, da adaptação contínua de


cuidados, de instalações adequadas, assim como da formação dos profissio-
nais de saúde, de forma a serem qualificados para o trabalho que lhes compete,
é essencial.

Em pediatria os pais são os parceiros nos cuidados aos profissionais de saúde.

Cuidar de uma criança é essencialmente ter em atenção a segurança acima de


tudo. Irá perceber o quão importante é zelar pelas condições de segurança ao
redor da criança, em especial nos serviços de internamento.

Apesar da parceria com os pais, é um profissional da área da saúde, também


tornado automaticamente responsável pelo bem-estar das crianças que se en-
contram no seu serviço.

7
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

1. OS DIREITOS E DEVERES DA CRIANÇA


Atualmente a Pediatria é a especialidade que abrange o recém-nascido até aos
quinze anos de idade.

Uma criança quando acorre a um Serviço de Saúde espera ser


acolhida de forma calorosa e que o tratamento seja eficaz.
Mota (2006)
Segundo Vaz (2006) “Os clientes da Pediatria são pessoas inteiras
que sofrem, num período da sua vida, de uma série de transfor-
mações substanciais, que exigem não só conhecimento, mas o
reconhecimento dos seus direitos próprios”.

1.1. CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA

A Convenção dos Direitos da Criança foi adotada em 20 de Novembro de 1989,


pelas Nações Unidas. Este documento, explicita um conjunto de direitos das
crianças a vários níveis.

Segundo o Artº 1 da Convenção dos Direitos da Criança, “Criança


é todo o ser humano menor de 18 anos”.

9
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

O nosso país foi um dos primeiros a assinar esta Convenção.


Existe ainda o Instituto de Apoio à Criança que faz valer os direitos
da Criança a nível nacional.
Levy (2006)
Portugal assinou a Convenção em 21 de setembro de 1990.

A Convenção dos Direitos da Criança enuncia os Direitos desta que


devem ser respeitados, aceites e cumpridos por todos os Estados
Membros que a assinaram.

Segundo a Unicef, esta Convenção assenta em 4 pilares:

 Não discriminação:
A criança tem direito de desenvolver o seu potencial em qualquer parte
do mundo.
 O interesse superior da criança:
Deve ser uma consideração prioritária em todas as ações e decisões
que lhe digam respeito.
 A sobrevivência e o desenvolvimento:
Garantia de acesso a serviços básicos e igualdade de oportunidades.
 A opinião da criança:
Deve ser ouvida em assuntos que se relacionem com os seus direitos.

Esta Convenção foi um marco importante para a mudança de cuidados que


eram prestados às crianças pelos profissionais de saúde.

Visite o http://www.unicef.pt/docs/pdf_publicacoes/
convencao_direitos_crianca2004.pdf
Encontrará mais informação sobre este tema.

10
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

Todos os profissionais de saúde e auxiliares que trabalham nos Serviços de


Saúde, em especial nos Serviços de Internamento, devem ainda ter conheci-
mento da Carta da Criança Hospitalizada.

Com os avanços tecnológicos e o melhor conhecimento das necessidades afe-


tivas da criança, ela deixou de ser vista como um adulto em miniatura, perce-
bendo-se que, de acordo com a sua idade e desenvolvimento próprio, ela tem
características e necessidades diferentes, despertando os profissionais de saú-
de para uma nova abordagem no internamento da criança.

Neste sentido foram realizados esforços para que fossem criadas as condições
necessárias a um internamento adaptado às exigências e necessidades das
crianças, tendo em mente que:

As crianças têm o direito a bons cuidados de Saúde e a um aten-


dimento adequado às suas necessidades e especificações.

Existem ainda fatores que podem aumentar a vulnerabilidade de uma criança,


tais como o nível socioeconómico, cultural e o seu acesso aos cuidados de sa-
úde.

11
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

A Convenção tem 54 artigos que assentam em 4 categorias de


direitos:
 Sobrevivência;
 Desenvolvimento;
 Proteção;
 Participação.
Unicef, 1990

1.2. CONHECIMENTO DA CARTA DE DIREITOS DA CRIANÇA


HOSPITALIZADA

A Carta da Criança Hospitalizada foi assinada em 1988, em Leiden. Explica 10


dos direitos da criança hospitalizada. Destes direitos são também explicadas as
condições que uma equipa de cuidados à criança deve reunir, assim como as
condições dos hospitais e equipamentos. Ressalvam também os direitos que a
criança tem ao acompanhamento pelos pais assim como o direito destes a par-
ticiparem nos cuidados de forma informada.

Portugal é um dos países que se preocupa pela humanização do atendimento à


criança.

A carta da Criança Hospitalizada (e os seus 10 princípios) tem sido largamente


difundida pelo IAC (Instituto de Apoio à Criança). É um instrumento importante
para os profissionais de saúde, criança e família.

Visite o http://www.acs.min-
saude.pt/files/2010/10/Diptico_DCH_web.pdf
Encontrará mais informação sobre este tema.

Segundo o Alto Comissariado da Saúde, os profissionais tem ainda


de dar atenção aos adolescentes uma vez que o respeito pela sua
privacidade é imperioso.
Além da importância de saberem comunicar com a criança sobre o
seu estado de saúde, devem ainda ter em conta fatores como a
sua idade (é diferente comunicar com uma criança de 2/3 anos do
que com um adolescente) e o seu nível de compreensão e maturi-
dade.

12
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

Em relação à equipa de cuidados de saúde, a Carta da Criança Hospitalizada


define bem as características essenciais dos mesmos:

 Deve assegurar a continuidade de cuidados à criança;


 Deve respeitar a sua intimidade;
 Deve compreender a criança em todas as circunstâncias;
 Deve ter formação adequada para responder às necessidades da cri-
ança e família (psicológicas, emocionais, etc.).

Os menores devem ser informados, na medida do possível, dos


atos ou exames necessários ao seu estado de saúde, em função
da sua idade e capacidade de compreensão, com prévia e indis-
pensável informação aos seus representantes legais, que darão ou
não o seu consentimento.
DGS (Carta dos Direitos dos Doentes Internados)

Isto significa que qualquer procedimento ou situação de prestação de cuidados


deve ser explicada à criança, utilizando palavras que ela compreenda, antes de
a iniciar.

No caso de ter alguma dificuldade em estabelecer comunicação com ela, deve


pedir aos pais que o façam.

No que respeita a menores que não podem tomar decisões graves


que lhes digam respeito, compete aos seus representantes legais
expressar o seu consentimento.
Quando a saúde ou integridade física de um menor possa ficar
comprometida pela recusa do seu representante legal ou pela im-
possibilidade de obter o seu consentimento, o médico responsável
deve, ao abrigo das disposições legais, prestar os cuidados neces-
sários, desencadeando através do Tribunal, o processo de retirada
provisória do poder paternal.
Nos casos em que, face à idade e grau de maturidade do menor, é
possível obter a sua opinião, esta deve, na medida do possível, ser
tida em consideração.
DGS (Carta dos Direitos dos Doentes Internados)

Ou seja, cabe aos pais tomarem as decisões relativamente ao consentimento


para intervenções clínicas sugeridas pelo médico.

13
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

Mas se alguma decisão, segundo a opinião da equipa multidisciplinar, colocar


em risco a vida da criança, a equipa pode avançar com a intervenção clínica,
mesmo contra a vontade dos pais e, posteriormente será aberto um processo
em tribunal questionando o poder paternal.

As instalações hospitalares são outro fator muito importante para um acolhi-


mento adequado e para uma boa estadia.

Os serviços de Pediatria ao longo dos tempos têm sofrido mudanças, devido à


constante evolução do conhecimento acerca das necessidades das crianças.

Tem-se investido na construção de serviços acolhedores, alegres, confortáveis,


de forma à criança não se sentir reprimida, assustada.

Mas mais importante que um espaço físico, é o acolhimento que se faz, por
parte da equipa de profissionais, aos seus utentes, neste caso à criança e res-
petiva família.

Acolher é:
 Aceitar o outro, no que ele tem de específico, de único;
 Compreender sem que tenha necessidade de expressar;
 É acompanhar o percurso;
 Não é dom, é uma competência de uma equipa de profissionais.
IAC (2006)

Acolher os pais e a criança, é uma competência muito importante da equipa de


cuidados à criança.

As regras de acreditação dos hospitais salientam cada vez mais a


importância do acolhimento e entre as normas de qualidade estão
previstas a formação dos profissionais e o grau de satisfação dos
utentes.
IAC (2006)
Segundo o DR Nº. 120 de 24 de junho 2009, a acreditação é algo
que é digno de crédito.

Isto quer dizer que um cidadão que procure serviços de saúde num determina-
do organismo, estará mais confiante e seguro dos cuidados que lhe serão pres-
tados se esse local estiver acreditado. Ou seja, o cidadão pode esperar que os
profissionais, que trabalham nesses locais, estejam sob um comprometimento
de melhoria contínua dos cuidados que são prestados.

14
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

Os cidadãos esperam, por isso, um serviço de excelência, a nível da saúde.

O hospital deve fornecer às crianças um ambiente que correspon-


da às suas necessidades físicas, afetivas e educativas… quer em
equipamento quer em pessoal e segurança.
Carta da Criança Hospitalizada, 1988

O primeiro acolhimento é o momento em que devem ser dadas todas as infor-


mações aos pais acerca da doença da criança e todas as restrições a ela asso-
ciadas, como por exemplo a nível da dieta, da mobilidade e das atividades e
jogos que são realizados.

É neste momento que se deve dar aos pais o tempo necessário para que pos-
sam esclarecer todas as suas dúvidas, partilhar receios, de forma a que o pro-
fissional de saúde os possa orientar.

A informação aos pais deve ser dada sempre que estes a solicitarem.

1.3. O INTERNAMENTO

A hospitalização da criança constitui, em alguns casos, uma situação de crise.


O internamento pode potenciar situações de stress, o que prejudica e muito o
seu estado de saúde atual.

Só o facto de a criança ver alteradas todas as suas rotinas e hábitos é por si só


um fator que gera ansiedade e crise.

A forma como a criança reage a esta situação vai depender da sua idade, de
experiências anteriores, da sua capacidade de defesa, da gravidade da sua do-
ença e dos sintomas a ela associados, assim como o seu sistema de suporte.

Carvalho (1994) define ainda outros fatores que afetam a aceita-


ção do internamento por parte da criança:
 A natureza agressiva dos cuidados prestados;
 O nível de compreensão da criança;
 A sua perceção da doença.

A criança deve ficar internada apenas quando é estritamente necessário.

15
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

O Internamento hospitalar é uma experiência traumática para a


criança e família devido a:
 Separação do ambiente familiar e rotinas;
 Mundo desconhecido;
 Dor e sofrimento da criança;
 Limitação da privacidade e liberdade.
Jardim & Baptista (2006)

Por esta razão está contemplado na Carta dos Direitos da Criança Hospitalizada
o facto de a criança só ser internada em caso de extrema necessidade.

Existem outras unidades e outras formas de prestação de cuidados que não


exigem o internamento hospitalar da criança.

Uma das estruturas alternativas ao Internamento é o Hospital de Dia.

1.4. OS PAIS – PARCEIROS NOS CUIDADOS

Nos dias de hoje a presença da família é crucial.

A criança hospitalizada tem o direito a ter os pais, ou os seus substi-


tutos perto dela, independentemente do seu estado ou idade.
Carta da Criança Hospitalizada, 1988
Os Pais:
 São encorajados a ficar junto dos filhos;
 Têm direito a informação adequada sobre doença e trata-
mento da criança;
 Têm o direito a participar nas decisões que digam respeito à
criança.
Carta da Criança Hospitalizada, 1988

16
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

Estes direitos consagrados nesta carta são muito importantes na medida em


que a relação pais-bebé ou a vinculação é muito importante para o crescimento
afetivo das crianças nos primeiros anos de vida.

Segundo Gonçalves (2006) uma criança separada dos pais sofre


consequências a nível psicológico, a nível do funcionamento cere-
bral e ainda: embotamento afetivo, atrasos na escola, perturbação
da socialização, etc.
Os principais fatores de stress vivenciados pelas crianças são:
 Separação;
 Sensação de perda de controlo;
 Preocupação em relação a lesão corporal e dor.
Whaley & Wong (1999)

A separação dos pais, além de consequências futuras, pode levar a criança a


pensar que é um castigo e pode trazer muita ansiedade para a mesma no inter-
namento assim como outros comportamentos.

 Comportamento irritável;
 Exigência;
 Agressividade;
 Desinteresse;
 Comportamentos regressivos (demonstram comportamentos
de idades anteriores, por exemplo voltar a fazer chichi na
cama).
Gonçalves (2006)

17
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

Os pais também têm sentimentos relativos ao internamento e à situação de do-


ença e sofrimento por parte da criança.

 Ansiedade;
 Insegurança;
 Medo de errar;
 Sentimento de culpa.
Gonçalves (2006)

Os pais devem ser encarados como os parceiros dos profissionais de saúde na


prestação de cuidados às crianças.

É essencial que seja explicado aos pais a forma como podem colaborar nos
cuidados às crianças.

Se a condição da criança o permitir, os pais são incluídos na prestação de cui-


dados, na medida em que é benéfico para todos, para a criança e para os
mesmos.

Aos pais/acompanhantes cabe o papel de suporte afetivo e de in-


formar a equipa multidisciplinar quais os hábitos da criança, os seus
gostos e a sua forma habitual de prestar cuidados no domicílio.
Baptista (2006)

O facto dos pais partilharem informação cuidada acerca dos hábitos e cuidados
específicos que realizam à criança é muito importante para os médicos e enfer-
meiros. Desta forma, poderão incluir esses pormenores no tratamento e no in-
ternamento para que desta forma, os cuidados prestados sejam individualiza-
dos. Quer isto dizer que os cuidados prestados à criança devem ter em conta
os seus hábitos, as suas preferências e escolhas, de maneira a que a criança
não altere de forma drástica as suas rotinas.

São os vínculos existentes entre a criança e os pais que vão permi-


tir a não rutura total da criança com o que lhe é familiar.
Cavaco (2006)

18
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

São os pais os melhores parceiros nos cuidados à criança. Só eles as conhe-


cem na perfeição, os seus hábitos, medos, características, etc.

Para os pais é importante este facto, na medida em que lhes possibilita a manu-
tenção dos cuidados aos filhos e manutenção do vínculo afetivo.

Para que os pais possam colaborar nos cuidados com a equipa, é imprescindí-
vel a boa comunicação, o acolhimento aos pais, o bom ambiente e a abertura à
verbalização dos mesmos acerca das suas preocupações.

Em resumo, os profissionais de saúde devem encorajar os pais a participar nos


cuidados que são prestados à criança. Desta forma, estes poderão sentir-se
mais confortáveis, mais úteis e com maior controlo sobre a situação.

Os profissionais devem lembrar-se da importância de acolher, ou seja, de esta-


belecer uma relação de confiança e abertura aos pais para que estes possam
expressar os seus sentimentos e dúvidas.

A presença dos pais deve ser estimulada, porém, poderão haver


pais que, por razões familiares, de doença e/ou outras, não pode-
rão estar tão presentes quanto desejado. Não se deve culpabilizar
estes pais.

19
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

2. MARCOS DE CRESCIMENTO ESTRUTURO-


PONDERAL E PSICOMOTOR DOS 0 AOS 3 ANOS
COM ESPECIAL INCIDÊNCIA PARA O PRIMEIRO ANO
DE VIDA

Para que uma criança se desenvolva normalmente, é indispensável um normal


funcionamento do SNC. Por isso torna-se necessário conhecer e avaliar o de-
senvolvimento da criança.

No 1º mês a criança passa a maior parte do tempo a dormir. Quando está dei-
tado de cabeça para baixo, levanta a cabeça por alguns segundos e sossega
quando lhe pegam ao colo.

Aos 2 meses já consegue levantar a cabeça, mostrando o queixo, e começa a


fixar o olhar e a sorrir.

Entre o 3º e o 4º mês começa a acompanhar as pessoas e os objetos com o olhar.

Responde aos sorrisos e ri.

Alertar se aperceber que a criança:


 Não sorri;
 Não é capaz de fixar o olhar;
 Não sustenta bem a cabeça.

Com 5 meses o bebé segura a cabeça quando está ao colo e gosta que lhe de-
em atenção. Já dá gargalhadas e gritinhos de prazer quando brincam com ele.

20
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

Vira a cabeça para quem lhe fala.

Aos 6/7 meses vira-se da posição de bruços para a de costas e já tenta beber
pelo copo. Consegue apanhar os objetos que lhe interessam. Passa o tempo a
brincar com as suas próprias mãos.

Começa a conhecer as pessoas da família e demonstra alegria quando as vê.

Alertar se aperceber que a criança:


 Não mostra interesse em apanhar objetos.
 Não usa uma das mãos.

Com 8 meses o bebé já se senta sem apoio. Compreende a palavra não e fica
todo contente quando vê preparativos para ir à rua.

Depois começa a deslocar-se ou a gatinhar em direção a tudo o que o atrai.

Aos 9 meses diz palavras com duas sílabas como papá e mamã. Apoiado num
móvel, fica em pé e mantém equilíbrio durante uns segundos. Consegue agarrar
coisas pequenas entre o polegar e o indicador, pode ter um objeto em cada
mão.

Alertar se aperceber que a criança:


 Não se sustenta sentada;
 Não se interessa por olhar ou tocar coisas;
 Não palra.

Aos 10 meses já fica de pé e consegue andar pela mão. Diverte-se quando se


vê ao espelho e repete sons alegres.

Aos 11 meses gosta de comer sozinho e costuma fazê-lo com os dedos. Já não
leva tudo à boca. Quando está acordado chora se não o levantarem pois já não
se diverte deitado.

Aos 12 meses caminha sozinho procurando apoio nos móveis ou com a ajuda
de um adulto.

Consegue introduzir objetos dentro de outros. Sabe o que são beijos e expressa
já diversas emoções. Diz pelo menos três palavras diferentes. E entende muito
mais do que diz, embora por vezes se negue a obedecer.

21
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

Consulte se aperceber, se a criança:


 Não é capaz de se suster de pé;
 Não procura a comunicação com o adulto;
 Não explora os novos brinquedos.

2.1. PERCENTIS

Para avaliar o crescimento das crianças utilizam-se gráficos de percentil. Exis-


tem gráficos de percentil para cada parâmetro: peso, altura, perímetro cefálico,
gordura corporal, etc... Os mais utilizados são os de peso, altura e perímetro
cefálico, diferentes segundo se tratem de rapazes ou de raparigas.

Figura 1. Medição do comprimento do bebé.

Para procurarem em que percentil – por exemplo, de peso – se encontra a cri-


ança, deve procurar, primeiro, a sua idade, no eixo horizontal e traçar uma linha
vertical, desde esse ponto. Em seguida, procurar o peso, no eixo vertical e tra-
çar uma linha horizontal, também desde esse ponto. As duas linhas que se de-
senharam cruzam-se sobre uma das linhas de percentil do gráfico. Esse será o
percentil do peso da criança. As linhas de percentil variam de acordo com o
sexo da criança.

22
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

Figura 2. Exemplo do cálculo de percentil de peso de uma criança do sexo masculino com 7 meses de idade,
que pesa 8Kg.

Como pode ver na figura (Tabela de Percentil – DGS, 2005), esta


criança encontra-se entre o percentil 25 e o percentil 50.

Isto significa que, estando a criança no percentil 30, comparada com 100 crian-
ças normais da mesma idade, haverá apenas 30 que pesam menos enquanto os
outro setenta pesaram mais. O mesmo é válido para a altura.

As crianças excessivamente altas, gordas ou com o crânio de maiores dimen-


sões, estarão acima do percentil 95, enquanto os excessivamente baixos, ma-
gros ou com o crânio de pequenas dimensões estarão abaixo do percentil 50.

O importante não é ter um percentil alto, mas sim crescer e engordar, de forma
mais ou menos regular, em torno de um percentil, por isso as mães não devem
comparar os percentis dos seus filhos com os dos outros.

23
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

2.2. OBESIDADE INFANTIL

A família é o fator mais importante de influência social na promoção da saúde


da criança.

São os hábitos de vida diários, ensinados e vivenciados em contexto familiar,


que vão ditar se a criança adquire comportamentos de vida saudáveis, ou se,
pelo contrário, coloca diariamente a sua saúde à prova.

É neste contexto que surge a obesidade infantil.

Este problema das sociedades dos países desenvolvidos, tem origem nos maus
hábitos alimentares.

Os pais não se podem esquecer que as necessidades nutricionais


das crianças são diferentes das dos adultos.

Para que se criem hábitos de vida saudáveis, é necessário instituir regras.

24
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

 Estipular horários fixos para as refeições;


 Acompanhamento familiar sobre a alimentação da criança
durante o dia (o que come na escola, quantas vezes ao dia
faz uma refeição, variar os pratos);
 Proporcionar uma alimentação equilibrada;
 Ensinar que os legumes e a fruta são muito importantes;
 Não ceder às palavras “Não gosto”;
 Instituir 6 refeições por dia;
 Eliminar excessos (doces, fritos, sumos, fastfood);
 Promover a prática de exercício físico.

O exercício físico é muito importante para o ensino de hábitos de vida saudável,


para o bem-estar e desenvolvimento das crianças.

 Contribuiu para a formação e desenvolvimento da massa óssea, mús-


culos e articulações;
 Ajuda no controlo do peso;
 Proporciona um bom funcionamento do coração e pulmões;
 Desenvolve e coordena movimentos;
 Controla a ansiedade e a depressão;
 Permite uma maior capacidade de expressão;
 Aumenta a autoconfiança e autorrealização;
 Proporciona uma melhor interação e integração sociais;
 Favorece a adoção de comportamentos saudáveis;
 Reduz o fator obesidade.

25
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

3. A ALIMENTAÇÃO NO PRIMEIRO ANO DE VIDA


As crianças, como já foi referido anteriormente, têm necessidades nutricionais
diferentes das dos adultos.

Desde que nascem percorrem um longo percurso até se alimentarem dos mes-
mos alimentos dos adultos.

É no primeiro ano de vida que acontecem as grandes adaptações a nível da ali-


mentação. É durante estes 12 meses que a criança passa do leite materno para a
prova das sensações de paladar que a roda dos alimentos lhe proporciona.

Esta evolução deve ser feita por fases, de modo à criança se ir adaptando gra-
dualmente às novas experiências.

3.1. DOS 0 AOS 4 MESES

Nesta idade o alimento do bebé deve ser exclusivamente leite. O melhor leite
naturalmente é o materno pois é um alimento vivo, completo e natural, adequa-
do a quase todos os recém-nascidos, salvo raras exceções.

As vantagens do aleitamento materno são imensas, quer a curto prazo, quer a


longo prazo, existindo um consenso mundial que a sua prática exclusiva é a
melhor forma de alimentar as crianças até aos 4/6 meses de vida.

26
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

3.1.1. VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO

Vantagens para o bebé:

 É o alimento mais completo, digestivo e adequado para o bebé;


 As proteínas são humanas (leite homólogo), evitando assim o desenvol-
vimento de doenças alérgicas;
 O colostro é rico em elementos anti-infeciosos, ou seja contém anticor-
pos, enzimas e outros elementos vivos que previnem infeções gastroin-
testinais, respiratórias e urinárias;
 A longo prazo pode-se referir também a importância do aleitamento
materno na prevenção de diabetes e linfomas;
 Encontra-se em ótimas condições de higiene e está sempre à tempera-
tura ideal;
 É estéril e bem tolerado;
 Estimula o desenvolvimento do reflexo de sucção e posteriormente o
desenvolvimento da dentição;
 Os bebés alimentados ao peito dormem mais tempo, sofrem menos de
gases e bolçam menos.

27
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

Vantagens para a mãe:

 É o método mais económico, cómodo e seguro de alimentar os bebés


por:
 Ser fresco, não contaminado;
 Não haver erros de cálculo;
 Estar sempre pronto;
 Não custar dinheiro;
 Estimula a redução do útero ao seu estado normal – involução uterina;
 Efeito protetor do cancro da mama;
 A amamentação exclusiva protege contra a anemia;
 Diminui o risco de osteoporose na vida adulta;
 Ajuda a mulher a voltar ao peso normal;
 Permite à mãe sentir o prazer único de amamentar; a mãe que ama-
menta sente-se mais segura e menos ansiosa.

Vantagens para ambos:


 Permite estabelecer grande afetividade entre ambos – pro-
move a relação mãe/filho;
 Os bebés adoecem menos, logo os pais têm menos proble-
mas a cuidar de crianças doentes;
 Melhora a qualidade de vida, quer do bebé, quer de toda a
família.

Para que a amamentação tenha sucesso devem conjugar-se três fatores:

 A decisão de amamentar;
 O estabelecimento da lactação;
 O suporte da amamentação.

28
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

3.1.2. CONTRAINDICAÇÕES PARA O ALEITAMENTO MATERNO

Doença Materna:

 Tuberculose pulmonar ativa;


 Sida;
 Doença Neoplásica.

Doença Metabólica:

 Galactosémia;
 Intolerância à lactose;
 Fenilcetonúria.

Drogas:

 Opiáceos;
 Canabinoides.
 Metadona (algumas escolas defendem que não está contraindicada ao
aleitamento materno).

Utilização de:

 Imunossupressores;
 Sais de ouro;
 Corticoides em altas doses;
 Antitiroideus;
 Citostáticos.

A amamentação é sempre aconselhável e recomendável salvo algumas situa-


ções que nem sempre correspondem à perceção que as mães têm.

Como profissionais de saúde temos de desmistificar estas falsas perceções.


Não são contra indicações os seguintes casos:

 Mãe com infeção respiratória;


 Mãe fumadora – inibe a lactação;
 Ingestão de álcool – está contraindicada acima de 0,3mg/kg, pois os
bebés mamam menos e fazem sonos frequentes, mas curtos;
 Café – permitido em pequena quantidade;

29
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

 Mãe asmática – nenhuma droga antiasmática contraindica o aleitamen-


to materno. As teofilinas provocam alguma irritabilidade;
 Mãe diabética insulinodependente pode amamentar;
 Mãe Ag Hbs+ - compatível com aleitamento materno, deve ser adminis-
trada a vacina ao recém-nascido nas primeiras 12 horas de vida;
 Mãe com epilepsia – compatível com o aleitamento materno. O feno-
barbital provoca alguma letargia ao bebé;
 Uso de alguns antibióticos (penicilina; cefalosporinas;...);
 Uso de analgésicos (A.A.S; paracetamol;...);
 Anticoagulantes (heparina; warfarina;...).

3.1.3. ESQUEMA ALIMENTAR DIÁRIO DA CRIANÇA ENTRE OS 0 E OS 4


MESES

A duração da mamada não é importante, pois a maior parte dos bebés mamam
90% do que precisam em 4 minutos. Outros prolongam mais as mamadas por
vezes até 30 minutos ou mais. O que interessa é perceber que o bebé está a
obter leite da mama e não a fazer da mama uma chupeta.

O bebé deve ser alimentado quando tem fome, isto é, em regime livre, não se
devendo impor ao bebé um esquema rígido. Na média deve fazer 7/8 refeições
diárias.

A amamentação durante a noite é especialmente importante para


manter a produção de leite.

Deve manter-se o aleitamento materno exclusivo até aos 5/6 meses. Se tal não
for possível, quer devido à mãe (contraindicações temporárias como varicela,
medicação e contraindicações definitivas como o HIV), quer devido ao recém-
nascido (doenças metabólicas, malformações como lábio leporino e fenda pala-
tina, cardiopatias, prematuros...), deverá recorrer-se a um leite para lactentes,
com uma composição próxima do leite materno, que o substituirá ou será utili-
zado como complemento da mamada. O importante é que o alimento da crian-
ça se processe de forma correta.

30
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

Existem três tipos de leite artificial para lactentes:

 Para prematuros;
 Adaptados;
 De transição.

Os primeiros são leites de composição específica com maior conteúdo calórico,


especialmente adaptados para os primeiros meses de crianças nascidas antes
do termo da sua gestação, os leites adaptados podem ser utilizados desde o
nascimento ate ao fim do 1º ano de vida e os de transição são utilizados em
lactentes a partir dos 4/6 meses, ou seja a partir da diversificação alimentar,
pois estão mais próximos do leite de vaca total.

Não esquecer que é necessário, com esta forma de aleitamento,


complementação em vitaminas e ferro.

3.1.4. PREPARAÇÃO DO LEITE PARA LACTENTES – CUIDADOS A TER NA


PREPARAÇÃO DO BIBERÃO

 Lavar sempre bem as mãos antes da preparação do biberão;


 Proceder à desinfeção dos biberões e das tetinas através da fervura (15
minutos se forem de vidro e as tetinas 5 minutos);
 Respeitar a medida comum para todos os leites adaptados – 1 medida
de pó rasa para 30 ml de água fervida;

31
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

 A quantidade de leite a preparar tem relação com o peso da criança;


 Ter o cuidado de colocar no biberão primeiro a água fervida e depois o
pó;
 Verificar se a tetina está adequadamente aberta (ao voltar o biberão, o
leite deverá pingar gota-a-gota);
 Se estiver obstruída poderá perfurá-la com um alfinete ou uma agulha
aquecida.
 Ter o máximo de higiene no manuseamento da lata do leite;
 Limpar o biberão imediatamente após a utilização.

3.1.5. ALIMENTAÇÃO DA MÃE

As mães deverão praticar uma dieta saudável e variada, evitando comer gran-
des quantidades de qualquer alimento ou alimentos mais alergizantes que pos-
sam excitar o bebé.

Deve ser uma dieta equilibrada suficientemente rica em proteínas, evitando co-
midas muito temperadas que podem ter influências no leite e causar problemas
gástricos ao bebé. Para além disso, a mãe deve beber bastantes líquidos diari-
amente (3L).

Porém, o que é mais importante é ausência de stress, pois este é inimigo da


lactação dado que impede a ejeção do leite que fica assim retido na mama.

3.2. DOS 4 AOS 4,5 MESES

Alguns conselhos:

 Não iniciar a introdução de novos alimentos antes do 4º mês;


 Ser prudente e gradual: iniciar com pequenas doses, completar a refei-
ção com leite, introduzir um alimento novo de cada vez, de 2 em 2 dias,
esperar uma ou duas semanas para introduzir uma nova refeição;
 Nunca forçar a criança: se não aceitar um alimento espere uns dias an-
tes da nova tentativa;
 É importante ter paciência e disponibilidade nas horas de refeição da
criança.

32
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

3.2.1. ESQUEMA ALIMENTAR DA CRIANÇA ENTRE 4 E 4,5 MESES

O bebé deve fazer 5 a 6 refeições, uma de papa sem glúten uma vez por dia e
as restantes de leite.

A diversificação alimentar tem como objetivos proporcionar outras fontes de


nutrientes, aumentar o aporte de ferro, manter uma relação calórica adequada
ao peso da criança, fornecer fibras alimentares e preparar gradualmente a cri-
ança para a sua futura integração no regime alimentar da família.

3.3. DOS 4,5 AOS 5 MESES

O esquema alimentar diário do bebé deverá ser constituído por um caldo de


legumes, uma refeição de papa e três refeições de leite.

O caldo de legumes deverá conter: batata ou arroz; cenoura ou abóbora, nabo,


cebola, agrião, nabiça, espinafre, alface, feijão-verde, mas apenas um de cada
vez. Os legumes deverão ser triturados, reduzindo-os a puré com a varinha má-
gica.

3.4. A PARTIR DO 5º MÊS

Três refeições de leite, uma de farinha láctea e uma de puré de legumes com
carne, mais uma sobremesa de fruta deverão ser o esquema alimentar do bebé
neste mês de vida.

A sopa inicia-se com azeite depois com o caldo de carne magra e só no fim a
carne que deverá ser de frango (sem pele nem gordura), coelho, borrego ou
vitela.

3.5. A PARTIR DO 6º MÊS

Duas refeições de leite, uma de farinha láctea com glúten e duas de caldos de
legumes com carne mais sobremesa de fruta.

A partir do 7º/8º mês poderá introduzir-se o peixe nas refeições que deverá ser
linguado, pescada, carapau e marmota.

33
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

3.6. A PARTIR DO 9º MÊS

Deverá introduzir-se o iogurte (um por dia), apenas a gema de ovo, uma refeição
de garfo como complemento do caldo de legumes e uma sobremesa de fruta ou
sumo. O bebé deverá manter uma ou duas refeições de leite.

3.7. AOS 12 MESES

O esquema alimentar do bebé deverá ser constituído pelas refeições anteriores.

É ao 1º ano de vida que a criança deverá passar para o leite de vaca, consumir
queijo, legumes secos, compota ou marmelada e leite-creme ou pudim.

3.8. BOIÕES DE ALIMENTOS INFANTIS - UMA ALTERNATIVA

Estão indicados para os bebés a partir dos 4 meses, quando se inicia a alimen-
tação diversificada. Os boiões são géneros alimentícios à base de carne, peixes,
legumes, cereais e frutas.

Mas atenção, não se deverá fazer o uso sistemático deste tipo de alimento já
que contém sal e açúcares.

Ainda a respeito da alimentação da criança com 1 ano de idade deverá utilizar-


se com moderação os fritos, os refogados e as sobremesas com açúcar e gulo-
seimas (evitar oferecê-las no intervalo das refeições).

A pouco e pouco o regime alimentar da criança vai sendo cada vez mais diversi-
ficado, até ela poder mastigar à vontade, sem ser necessário moer os alimentos.

34
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

4. SINTOMAS COMUNS NA INFÂNCIA


Associadas a todas as novidades e experiências com que uma criança se depa-
ra ao sair da proteção do corpo materno, podem surgir algumas alterações or-
gânicas desagradáveis para o bebé e para a mãe, que fica preocupada.

Na sua maioria não traduzem nada de grave, apenas funcionam como uma
adaptação da criança ao mundo que a rodeia, à nova alimentação, à nova tem-
peratura, aos micro-organismos existentes no ar, aos materiais de novos produ-
tos em contacto com a sua pele.

4.1. DIARREIA

Pode definir-se como o aumento da frequência de fezes e alteração da consis-


tência, para líquidas. As causas mais comuns são infeções gastrointestinais ou
uma transgressão dietética (alimento excessivo ou inadequado, intolerância a
alguns alimentos).

Torna-se necessário recorrer ao pediatra se:

 A criança tiver menos de 3 meses;


 A duração superar 3/4 dias;
 Apresenta vestígios sanguíneos nas fezes;
 Há sinais de desidratação.

No caso dos lactentes maternos a alimentação deve manter-se. Em bebés que


tenham uma alimentação mais diversificada, esta deve ser à base de líquidos.

35
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

4.2. OBSTIPAÇÃO

Caracteriza-se pela diminuição da frequência ou ausência de dejeções, contudo


há que ter em conta que a frequência de fezes do bebé vai diminuindo gradual-
mente até ao 3º mês de vida. Os bebés alimentados com leite materno, muitas
vezes evacuam cada vez que comem, enquanto os que são alimentados com
leite artificial têm dejeções uma a duas vezes ao dia. Quando o bebé tem um
ano, o normal é que evacue 1 vez por dia.

As causas da obstipação, por norma, são de origem alimentar. Ao verificar-se


esta situação deve-se:

 Fazer massagem abdominal no sentido dos ponteiros do relógio;


 Administração do enema para bebés;
 Aumento de líquidos e alimentos ricos em fibra: frutas como a uva, la-
ranja, tangerina, pera, cereais e verduras (deve evitar-se a maçã e a ba-
nana que são mais adstringentes). A aplicação desta medida depende
da idade do bebé tendo em conta que a introdução de alimentos é feita
de forma progressiva.

4.3. TEMPERATURA/FEBRE

A temperatura normal do corpo da criança é entre ± 36,5º C, medição axilar e


até 38ºC medição rectal. Pode no entanto existir alguma variação durante o dia
com valores mais baixos nas primeiras horas da manhã e mais alto no fim da
tarde.

Quando a temperatura corporal aumenta para 37,5º C, considera-se que a cri-


ança está com febre. Esta reflete-se no bebé para além de estar quente ao tato
por, uma diminuição na vitalidade, um vómito aparentemente inexplicável, ou a
perda de apetite.

A febre é um dos sintomas que indica a existência de várias doenças infantis


típicas e é desta forma que o organismo tenta combater a infeção.

Quando a criança tem febre, deve-se tentar baixar a temperatura corporal para
valores normais, ao mesmo tempo que se tenta descobrir aquilo que a provoca,
para atingir este objetivo os pais devem:

 Vestir a criança com roupa ligeira, mas não a deixar com arrepios. Des-
te modo permite-se a libertação de calor em excesso;
 Proporcionar um ambiente fresco;
 Oferecer água para evitar a desidratação da criança devido ao aumento
do metabolismo basal;

36
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

 Administrar antipiréticos:
 Paracetamol 10-15 mg/kg de 8 em 8 horas;
 Ibuprofeno > 5-7 mg/kg/ 6 em 6 horas.

Passado 4 horas da administração do Paracetamol, se a febre não tiver cedido,


administrar Ibuprofeno, podendo-se voltar a administrar o Paracetamol respei-
tando o intervalo de administração.

 Se a temperatura for muito elevada (> 39.ºC), preparar um banho com


água 2ºC abaixo da temperatura corporal da criança.

Se o lactente tiver menos de 3 meses, e temperatura superior a 38.ºC, este au-


mento pode significar uma infeção grave e a criança necessita de observação
imediata pelo pediatra, mesmo que não tenha outros sintomas.

Se a criança de qualquer idade tiver febre superior a 39,5.ºC ou apresentar sin-


tomas como lesões cutâneas, rigidez da nuca, sonolência excessiva indica que
necessita de receber cuidados médicos urgentes.

4.4. TOSSE

A tosse é um mecanismo de defesa do organismo que surge prin-


cipalmente nos meses de inverno, tanto nos adultos como nas
crianças. Esta permite libertar as vias respiratórias de corpos es-
tranhos e eliminar a mucosidade dos pulmões para o exterior. As-
sim, quando se tem este sintoma, é porque o sistema respiratório
está afetado.

A tosse pode ser seca e se provocar vómitos ou impedir o descanso noturno


podem administrar-se antitússicos. Pode ainda ser produtiva quando há liberta-
ção de expetoração e se não conseguir libertar pode facilitar-se com a adminis-
tração de mucolítico ou fluidificantes, de modo a evitar a acumulação de secre-
ções a nível dos brônquios e pulmões. Esta medicação não deve ser adminis-
trada sem indicação médica, só após o pediatra ter examinado a criança.

No entanto, a tosse só é motivo de consulta urgente quando existe


alteração da coloração da pele (cianose) e a criança sente dificul-
dades respiratórias, ou então, quando está associada a ruídos
respiratórios anormais como sibilos.

37
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

Durante os primeiros tempos de vida torna-se essencial que o bebé tenha a via
nasal livre para que possa respirar sem quaisquer problemas. Este facto deve
ser motivo de mais atenção principalmente quando o bebé está a mamar ou a
tomar biberão pois poderá apenas respirar pelo nariz e se existir obstrução na-
sal, não se alimentará corretamente. A obstrução nasal surge por vezes associ-
ada à tosse e as constipações. Quando se manifesta obstrução nasal os pais
deveram proceder à sua desobstrução. Para isso utiliza-se soro fisiológico e
uma seringa (podem ser adquiridos na farmácia). Aspira-se o soro para a serin-
ga e introduz-se a ponta desta, em cada narina do bebé e administra-se uma
pequena quantidade do soro, cerca de 2 ml.

4.5. REGURGITAÇÃO

A regurgitação, mais conhecida como bolsar, é a expulsão de pequenas quanti-


dades de comida (leite), sem que haja náuseas ou contrações bruscas do ab-
dómen. Esta expulsão é perfeitamente normal que ocorra durante as primeiras
semanas, após a alimentação. A frequência de regurgitação, na maioria dos
casos, diminui à medida que a criança cresce. Cessa por volta dos 7/8 meses
de vida.

O bolsar do bebé, normalmente está associado ao excesso de ar deglutido du-


rante a mamada, que ao sair do estômago traz consigo o leite. Para evitar ou
diminuir, a mãe deve ter em atenção amamentar de forma correta e de fazer o
bebé arrotar. Os pais devem ainda ter o cuidado de manter a criança numa po-
sição vertical, de evitar abanar a criança e pressionar o abdómen quando esti-
verem a trocar as fraldas, durante cerca de 30 minutos após a amamentação.

4.6. VÓMITOS

Quando há expulsão brusca de conteúdo gástrico, podendo ser precedido de


náuseas ou não, com contrações bruscas do abdómen.

Quando os vómitos são ligeiros deve hidratar-se a criança, para evitar a desi-
dratação, que pode ser detetada através de sinais como: boca e lábios muito
secos, urina concentrada, estar muito tempo sem urinar (mais de 6 horas).

A melhor maneira de hidratar um lactente é dar, de hora a hora, pequenas quan-


tidades de água simples ou água açucarada (200 ml de água para 3 colheres de
chá rasa de açúcar). Existem atualmente, medicamentos na farmácia para esta
função que são chamados reidratação oral.

38
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

É necessário consultar um médico com urgência no caso de:


 Vómitos contínuos ou sem causa aparente;
 Vómitos com diarreia e febre se a criança tiver menos de 6
meses;
 Presença de conteúdo bilioso (verde) ou de sangue;
 Alteração do estado geral (sonolência);
 Vómitos que durem mais de 12 horas;
 Vómitos fáceis e repentinos, juntamente com rigidez na nuca;
 Vómitos em jato, após várias mamadas seguidas.

4.7. LESÕES CUTÂNEAS

A necessidade do uso das fraldas condiciona que uma das zonas mas sensíveis
do corpo do bebé seja o rabinho, cuja irritação mais frequente é a dermatite
vulgarmente chamada de “assadura” ou “rabinhos assados”.

Os sinais da dermatite podem variar desde uma simples ruborização, pele seca,
aparecimento de vesículas, até à descamação e formação de gretas. A dermati-
te pode ser dolorosa e causar muito desconforto ao bebé. Quando surgem de-
vem ser tratadas de imediato para evitar o risco de infeção.

A dermatite pode estar relacionada com:


 Ambiente quente e húmido criado pela fralda;
 Muda da fralda pouco frequente;
 Contacto prolongado da pele com a urina e as fezes;
 Diarreia (Dieta Alimentar);
 Erupção dentária;
 Aplicação de produtos de higiene que contenham perfumes
e álcool.

39
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

4.7.1. PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA DERMATITE

Como diz o velho ditado “mais vale prevenir que remediar”, e para prevenir a
dermatite devem ter-se alguns cuidados como:

 Mudar com frequência a fralda e no caso de existirem fezes


a substituição deverá ser feita o mais rápido possível, lim-
pando muito bem o rabinho do bebé e deixando secar con-
venientemente a sua pele;
 Evitar a utilização de toalhitas;
 Sempre que possível, lavar o rabinho do bebé com água e
sabão;
 Deve dar-se preferência às fraldas descartáveis e super ab-
sorventes.

No caso de a dermatite já estar instalada deve ter-se o cuidado de lavar o rabi-


nho do bebé com água morna sem sabão, secando bem, sem esfregar, não
esquecendo as pregas e as dobras.

Se possível, deixar o bebé sem fralda durante algum tempo. Em cada muda de
fralda, deverá cobrir-se toda a zona afetada com uma camada mais generosa
de pomada à base de óxido de zinco, ou vitamina A, e mudar-se a fralda o mais
frequentemente possível.

Nunca devem ser utilizados produtos de higiene com perfume ou


álcool.

40
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

5. ACOMPANHAMENTO DA CRIANÇA NAS


ATIVIDADES DIÁRIAS

5.1. ELIMINAÇÃO INTESTINAL

As primeiras deposições do bebé chamam-se mecónio. São de cor negra, muito


pegajosas, e eliminam-se aproximadamente aos três dias de vida. A partir desse
momento, modificam-se e têm um aspeto similar a maçã ralada, mais ou menos
líquidas, de cor amarela ou esverdeada, e nunca devem apresentar sangue.

A quantidade de deposições é variada, e geralmente acontece depois da ma-


mada, devido à presença do reflexo gastrocólico. Se o bebé é alimentado com
leites artificiais por algum impedimento materno, as deposições serão mais du-
ras e esbranquiçadas, similares a betume, e terão menor quantidade de evacu-
ações.

5.1.1. CÓLICAS

As cólicas começam a afligir o bebé e, consequentemente os pais, cerca de


duas a três semanas depois do nascimento. O bebé chora sem parar durante a
maior parte do tempo em que está acordado, sem nenhuma razão aparente. Os
pais aflitos procuram o médico que confirma a perfeita saúde do bebé e atribui
o choro às tão temíveis cólicas.

41
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

5.1.2. O QUE PROVOCA AS CÓLICAS?

Os bebés que sofrem de cólicas são normalmente saudáveis e bem alimenta-


dos, com menos de três meses de idade. As cólicas provocam um choro inten-
so e persistente, difícil de controlar ou acalmar o bebé. Os pais apercebem-se
que o bebé está com dores porque a sua face fica muito vermelha e muito fre-
quentemente o bebé tem gases.

Com cólicas os bebés recusam-se a comer ou então comem e,


logo de seguida, começam a chorar com dores.

Esta situação atinge o seu pico por volta das seis a oito semanas após o parto e
tende a desaparecer, tão subitamente como surgiu, por volta dos três meses de
idade. As boas notícias são que menos de 10% dos bebés sofre de cólicas e,
mesmo os que sofrem, continuam a crescer e a ganhar peso de forma saudável.

As cólicas atingem tanto as meninas como os meninos, em todos os grupos


étnicos e qualquer que seja a situação económica dos pais. Apesar de ninguém
saber ao certo o que causa as cólicas, as razões mais frequentemente aponta-
das são:

 Imaturidade do sistema nervoso central e do sistema gastrointestinal


do bebé, o que faz com que ele não esteja suficientemente preparado
para os diferentes estímulos do mundo exterior;
 Reação alérgica ao leite com que o bebé está a ser alimentado;
 Extrema sensibilidade ou reação intensa e negativa às alterações da ro-
tina do bebé, provocadas pelo nascimento.

É o caso dos bebés prematuros e dos bebés que estiveram sujeitos a um parto
difícil. A sua necessidade de comer e dormir é imprevisível.

Os pais, que se sentem impotentes para ajudar o seu bebé, se não tiverem al-
guma ajuda começam por ficar frustrados, cansados, ansiosos e sem paciência
para o próprio filho. Há mães que afirmam que durante o período das cólicas se
sentiam incapazes de gostar do bebé, porque sentiam que ele, aos poucos, lhes
estava a "arruinar a vida".

42
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

Esta situação, apesar de ser extremamente difícil de gerir, é ultra-


passável. Muitas das vezes, os pais não conseguem descobrir o
que causa as cólicas do seu bebé, até que estas acabam por de-
saparecer. Todos os bebés são diferentes e uns são mais sensíveis
às mudanças do que outros.

O bebé pode chorar menos se for embalado ao colo, numa cadeira de baloiço,
ou numa espreguiçadeira. Eles parecem gostar de movimentos suaves e contí-
nuos. Pode-se optar também por dar uma volta de carro com o bebé. Alguns
bebés calam-se se forem colocados numa sala com algum barulho ou se saírem
à rua para passear ao colo de um adulto. As massagens suaves no abdómen e
no resto do corpo podem aliviar. O bebé gosta de ser tocado e a ligeira pressão
das massagens poderá fazer-lhe bem. Isto também ajuda a descontrair a mamã
e estreita os laços afetivos entre ela e o bebé, para além de fazer sentir à mamã
que está a fazer algo de útil para o ajudar.

O bebé tem gases, especialmente depois de se alimentar, por essa


razão é de extrema importância fazê-lo eructar durante e depois
das refeições, sempre tendo cuidado para que ele não engula ar
enquanto mama (existem no mercado acessórios especiais para
estes casos).

Se o bebé está a ser amamentado através de leite materno, é aconselhável que


a mamã experimente mudar a sua própria dieta alimentar para ver se as cólicas
diminuem. Devem ser excluídos da sua alimentação as comidas picantes, feijão,
brócolos, couves e cafeína. Por outro lado alguns bebés são muito sensíveis
aos produtos lácteos que a mãe ingere.

Se o bebé estiver a ser alimentado com leite artificial, poderá experimentar dar-
lhe leite de soja ou mudar para outros tipos de leite, desde que sejam hipoaler-
génicos. É importante alimentar o bebé sempre que ele tiver fome, não tentando
forçá-lo a cumprir um horário rígido.

43
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

5.2. CUIDADOS DE HIGIENE E CONFORTO DO BEBÉ

Existem imensos produtos de higiene para bebé disponíveis, em farmácias ou


supermercados. Desde champô, sabonete, creme hidratante, toalhetes, água-
de-colónia…

5.2.1. CUIDADOS GERAIS NA ESCOLHA DOS PRODUTOS DE HIGIENE

A pele dos bebés é muito fina e sensível, tem geralmente, tendência para secar
e é facilmente irritável. Deve optar-se por produtos específicos para bebé, em
vez de usar produtos para adultos, demasiado agressivos para a sua pele.

Os sabonetes eliminam a camada de gordura cutânea, que tem uma função


protetora, circunstância que pode provocar irritações e, inclusivamente infeções
da pele.

5.2.2. PRODUTOS PARA O BANHO DO BEBÉ

Hoje em dia existe uma enorme variedade de produtos para o banho específi-
cos para o bebé e a todos os preços. A maior parte dos champôs de bebé não
arde nos olhos, mas é importante ter-se a certeza disso antes de os comprar,
pois se o bebé associar o banho com a dor, irá ser muito mais difícil convencê-
lo e a hora do banho será, para a mamã e para o bebé, um problema.

O sabonete líquido, uma vez que se torna mais fácil de usar e, porque está pro-
tegido pela embalagem, não adquire e, por conseguinte não transmite, tantas
bactérias ao bebé como o sabonete sem proteção. Mas líquido ou não, o impor-
tante é o sabonete do bebé tenha as seguintes características: deve ser neutro,
não deve ser demasiado perfumado, visto que as essências irritam e desgastam
a pele, não deve ser irritante para as mucosas, no caso de entrarem em contac-
to com os olhos, e, deve conter substâncias emolientes e protetoras da pele.

O banho é um dos aspetos mais importantes da higiene do bebé, e


deve ser motivo de diversão, de modo que a criança possa sentir o
agradável que é estar limpa e cómoda.

44
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

A esponja utilizada no banho deve ser natural, para não irritar a pele do bebé.
Deve ser enxaguada e lavada periodicamente e renovada sempre que necessá-
rio.

Usar banhos de espuma, é uma forma de divertir o bebé, cuida-lhe


da pele, deixando também um cheiro agradável.

5.2.3. OS BRINQUEDOS PARA O BANHO

Logo desde que nascem, os bebés gostam de brincar na água. Por isso mes-
mo, e para que a hora do banho nunca seja motivo para uma birra, existem os
brinquedos de plástico, de vinil, de esponja, ou de qualquer material que flu-
tue. Os bebés gostam e o banho torna-se mais fácil e divertido. Enquanto o
bebé estiver entretido a brincar, a mamã pode dar-lhe banho rapidamente e
sem choro.

No entanto, existem alguns brinquedos que não se deve dar ao bebé:

 Brinquedos muito pequenos, que sejam fáceis de perder e que o bebé


tenha tendência a pôr na boca;
 Brinquedos com pontas aguçadas que possam magoar o bebé;
 Brinquedos com buracos onde o bebé possa entalar os dedos;
 Brinquedos feitos de madeira, pois este material absorve a gordura da
água do banho, favorecendo a formação de bactérias e fungos;
 Brinquedos que possam conter a água do banho, para que o bebé não
tente bebê-la.

45
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

5.2.4. O BANHO DO BEBÉ

O banho deve ser diário, a melhor altura para dar banho ao bebé é de noite se
for um bebé irrequieto, porque assim ajuda-o a relaxar e a dormir melhor. Se
pelo contrário se tratar de um bebé sossegado o ideal é dar-se banho de ma-
nhã, dessa maneira irá espevitá-lo.

O banho é um elemento fundamental na higiene quotidiana do recém-nascido,


de maneira que será preciso ter todos os elementos e utensílios necessários
para levar a cabo este ritual diário. Para isso, convém ter-se o cuidado de esco-
lher um quarto previamente aquecido, de modo a que a temperatura seja de 23
graus e assegurar-se que dispõe de tudo quanto vai ser necessário.

 A banheira do bebé;
 Toalha;
 Sabonete de bebé;
 Esponja;
 Uma fralda limpa;
 Creme protetor;
 Termómetro;
 Roupa.

Na banheira coloca-se água – cerca de 7,5 cm de altura é o mais aconselhável –


com especial atenção à temperatura. A água não deve estar demasiado quente
nem demasiado fria, a temperatura ideal para o bebé é de aproximadamente 37
graus. Para isso a temperatura pode ser avaliada através do uso do termómetro,
ou com um simples e fácil toque do cotovelo.

O banho não deve ser demasiado longo, pois para além de ser mais cansativo,
tanto para mamã como para o bebé, ele pode vir a constipar-se.

Depois de tudo preparado despe-se o bebé e começa-se a limpeza


da região genital e das nádegas, se necessário. Se for uma meni-
na, limpa-se a vulva com um algodão embebido em água, come-
çando de cima para baixo para evitar que os germes em redor do
ânus se introduzam na vagina.

A seguir procede-se à limpeza dos olhos, para isso utiliza-se uma compressa
embebida em água ou soro fisiológico, que se deverá passar cuidadosamente
pelas extremidades das pálpebras, levando-a depois da parte externa do olho
até à parte interna. Devem ser preparadas duas compressas, uma para cada
olho.

46
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

A melhor maneira de segurar o bebé na banheira é passar-lhe as


mãos pelas costas e aguentá-lo por baixo do braço esquerdo, des-
ta forma o bebé pode apoiar a cabeça no braço adulto e brincar
com os pés na água.

Conversando um pouco com ele à medida que o colocamos na banheira, é uma


forma bastante eficaz de transmitir-lhe calma e segurança.

A operação de ensaboar deve ser efetuada de cima para baixo, lavando primei-
ro o rosto e depois o corpo. É aconselhável lavar o cabelo no início do banho,
com um champô especial e mediante movimentos circulares que alcancem a
totalidade do couro cabeludo, não havendo necessidade de esfregar com inten-
sidade. Quando se enxaguar, deve tentar evitar-se que entre água ou espuma
para os olhos.

Para lavar e enxaguar as costas do bebé, o ideal é segurá-lo pelo braço esquer-
do, de modo a incliná-lo sobre o braço e pulso direito. Convém que todas estas
operações sejam feitas de uma forma rápida, mas sem brusquidão, de maneira
a que o bebé não sinta frio nem seja magoado.

Terminado o banho, deve envolver-se o bebé numa toalha macia, previamente


aquecida e enxugá-lo cuidadosamente antes de lhe colocar uma fralda limpa. É
importante prestar especial atenção a zonas como as axilas, as nádegas e o
sulco interglúteo, dado que acumulam mais humidade. Depois de lavado, o be-
bé deve vestir uma roupa limpa.

5.2.4.1. Os ouvidos

Há que limpar exclusivamente a parte externa do ouvido, dentro do pavilhão e


por detrás do mesmo, assim como o orifício do canal auditivo na sua porção
externa. Jamais devem limpar-se os ouvidos por dentro, mesmo que seja com
um cotonete, já que isso estimula a secreção de cera, e pode lesionar o canal
auditivo. Recorda-se que o cérebro do bebé está muito próximo desta zona,
(separado apenas por uma fina membrana).

5.2.4.2. O nariz

A limpeza do nariz deve ser realizada com um algodão enrolado na ponta dos
dedos, que pode ser embebido num pouco de óleo para bebés, apenas se o
nariz estiver excessivamente seco. Não se deve introduzir demasiado o algodão
nos orifícios nasais, já que o nariz do bebé é limpo quando este espirra. Neste
caso, é igualmente pouco aconselhável a utilização de cotonetes.

47
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

5.2.4.3. As unhas

Para tratar das unhas do bebé, muito pequenas e sensíveis, todo o cuidado é
pouco, são tão finas e estão tão coladas à pele, que existe sempre o risco de
magoar o bebé. Se as tiver muito longas, utiliza-se uma pequena lima, ao fim
de alguns dias, já podem ser cortadas. Devem ser cortadas uma vez por se-
mana, com uma tesoura redonda nas pontas, com uma lâmina que corte sem
ser aguçada e cortam-se sempre de forma quadrada. Algumas pessoas prefe-
rem usar um corta unhas especial para bebé. Devem ser cortadas depois do
banho, quando estão mais moles, ou enquanto dorme, se se trata de um bebé
irrequieto.

5.2.4.4. O cabelo

A maior parte dos bebés não tem, nos primeiros meses de vida, cabelo que jus-
tifique ser todos os dias penteado, mas à medida que se vão desenvolvendo, o
seu cabelo vai crescendo e tem de ser cuidado. Por isso é aconselhável ter dis-
ponível uma escova e um pente próprios para o cabelo do bebé. A escova, na-
turalmente, terá de ser pequena, suave e macia e o pente deverá ter pontas ar-
redondadas.

O couro cabeludo do bebé pode estar coberto de eczemas seborreicos mais


vulgarmente conhecidos por crostas, como consequência da produção de se-
bo. Para eliminá-las, devem ser untadas com vaselina. Ao fim de algumas horas,
já se pode lavar a cabeça do bebé massajando com suavidade.

5.2.4.5. A crosta láctea

É uma reação à secreção láctea, mais frequente quando o bebé recebe leites
artificiais, embora também suceda com os bebés alimentados pelo peito. Apa-
rece nas sobrancelhas e na cabeça, é algo próprio dos primeiros meses que
depois desaparece. Esta descamação ou eczema está relacionada com a que o
recém-nascido apresenta em todo o corpo, mas é localizada e bastante mais
pronunciada, já que são, como o seu nome indica, crostas. O tratamento deve
ser decidido pelo Pediatra.

48
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

5.2.5. CUIDADOS COM O CORDÃO UMBILICAL DO BEBÉ


O cordão umbilical representa a ligação anatómica do bebé com a mãe. É cor-
tado à nascença e deve ser tratado com muito cuidado para que cicatrize bem
pois é um dos locais com maior risco de infeções para os recém-nascidos.

Os cuidados a ter com o cordão umbilical a partir do nascimento aplicam-se


tanto aos profissionais de saúde, que tratam do bebé nos primeiros dias, como
aos pais, já em casa.

O cordão umbilical vai secando até cair, entre o quinto e o décimo dia, deixando
uma pequena ferida que expelirá secreções ainda durante alguns dias. Por isso
é necessário cuidar do umbigo de forma especial até estar completamente cica-
trizado, razão pela qual é necessário tomar algumas precauções.

A higiene do cordão umbilical deve realizar-se cumprindo os passos seguintes:

 Higienização das mãos;


 Boa lavagem do cordão umbilical durante o banho do bebé;
 Desinfetar o coto e a mola com uma compressa estéril embebida em
álcool a 70ºC sem cetrimida (fazer esta desinfeção durante cada muda
de fralda);
 Manter o coto umbilical o mais seco possível;
 Colocar a fralda abaixo do coto umbilical fazendo uma dobra dupla.

A aplicação do álcool a 70ºC sem cetrimida, não só é um bom desinfetante,


como além ajuda a cicatrizar mais rápido.

A roupa mais apropriada para o bebé nos primeiros dias, desde que a tempera-
tura o aconselhe, será bastante leve e larga de forma a permitir que o ar seque o
cordão e o faça a cair mais depressa.

O processo de cicatrização fica completo em cerca de quinze ou vinte dias. Se


demorar muito tempo a cicatrizar, é normal que apareçam pequenas partes de
tecido agarradas ao cordão, mas não são motivo para preocupações e desapa-
recem com o tempo. Pode observar-se uma secreção sanguinolenta; se isso
ocorrer, deve continuar-se a limpar com álcool e secará sozinho. Há que desta-
car que o cordão umbilical vigia-se não só com a vista, mas também com o ol-
fato: se apresentar um mau cheiro poderá significar uma possível infeção.

49
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

5.2.5.1. Sinais de risco e infeção

Dada a fragilidade do cordão umbilical, é necessário verificar periodicamente se


aparecem alguns sinais de risco.

Os mais vulgares são:

 A criança apresentar febre ou aparentar não estar bem de saúde;


 A zona do umbigo tornar-se edemaciada e ruborizada;
 Dar-se o aparecimento de líquido purulento na base do coto umbilical.

Se forem detetados algum destes sinais, é necessário recorrer ao pediatra, uma


vez que o bebé tem uma infeção que deve ser tratada com antibióticos. Dada a
fragilidade da saúde do bebé nos primeiros dias, um tratamento precoce e uma
deteção atempada dos problemas de saúde são essenciais.

5.2.6. A MUDANÇA DA FRALDA

A mudança de fraldas efetua-se quando a criança está suja ou molhada. Muitos


bebés dormem sossegadamente sem que a fralda suja pareça incomodá-los.
Outros pelo contrário, choram desconsoladamente e sentem-se incomodados,
se não lha mudam.

Nos primeiros dias, as fraldas têm necessidade de ser mudadas frequentemen-


te. O melhor momento para mudar as fraldas é depois de mamar, já que, quan-
do comem, os bebés costumam também fazer as suas necessidades. De qual-
quer forma, se o bebé tiver tendência para vomitar, não é aconselhável pertur-
bá-lo com a mudança de fralda.

Deve-se deixá-lo repousar durante mais algum tempo depois da


refeição.
Não se deve acordar a criança para lhe mudar a fralda, se o bebé
sentir incómodos, despertará espontaneamente e manifestará a
sua incomodidade.

50
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

5.3. DENTIÇÃO

Não é necessário limpar a boca do bebé enquanto o bebé não possui dentes.
Por outro lado o que se deve observar é a possível existência de Muguet (fun-
gos), que cobrem a língua e a mucosa bocal com uma película branca. É impor-
tante detetá-los, porque se não são tratados, estes fungos passam para o intes-
tino e provocam, entre outras coisas, diarreia. Para preveni-los, é necessário
limpar os mamilos imediatamente depois de cada mamada com uma solução
preparada com um copo de água e duas colheres de bicarbonato.

Os primeiros dentes do bebé, surgem por volta dos seis meses. Os primeiros a
surgir são os incisivos centrais inferiores, aos quais se seguirão, alguns meses
mais tarde, os superiores. Por volta dos doze meses nascem os incisivos late-
rais.

Quando um dente está prestes a nascer, a gengiva fica inflamada e pode apare-
cer uma mancha avermelhada na bochecha. A criança produz excesso de sali-
va, fricciona os dois maxilares, morde tudo o que encontra ao seu alcance e
pode chorar com mais frequência.

Para aliviar esses pequenos transtornos, os pais podem:

 Oferecer aros de borracha ou de plástico, criado para esta ocasião, pa-


ra que a criança morda;
 Dar à criança, anéis cheios de água fria, pois, o frio tem um efeito anal-
gésico e anti-inflamatório;
 Aplicar uma pomada ou de um líquido anestético, que pode ser adqui-
rido na farmácia, nas gengivas.

Logo que surjam os primeiros dentes inicia-se a higiene dentária, para isso os
pais devem limpar os dentes do bebé utilizando uma compressa molhada em
água tépida. Para além da higiene, e para que os primeiros dentinhos se mante-
nham saudáveis, é necessário evitar o uso excessivo de chucha e utilizar as
chamadas chuchas “anatómicas”.

A Direção Geral de Saúde, recomenda o uso de flúor sistémico


(gotas ou comprimidos), a crianças a partir dos 6 meses, quando
se verificar baixas concentrações de flúor na água de abastecimen-
to público. Esta recomendação surge, visto que o flúor é um oligo-
elemento que intervém no metabolismo ósseo e na mineralização
dentária, protegendo o aparecimento de cárie dentária.

51
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

5.4. O SONO

Para os bebés o sono é uma necessidade tão importante como a alimentação


para o seu crescimento corporal. Embora a maior parte dos recém-nascidos
durma quando não está a mamar, pois passam pelo menos 60% do tempo a
dormir, há alguns que permanecem ativos e alerta durante períodos surpreen-
dentemente longos do dia e da noite.

Estas diferenças estão relacionadas com os próprios padrões de comportamen-


to distintos que existem nas crianças.

A hora de dormir deve ser calma, com conforto e segurança.

É conveniente manter uma rotina razoável, para que a criança durma, mas a
hora de ir para a cama têm de ser ajustada às necessidades de cada criança.

Durante os primeiros 4 meses de vida o bebé dorme entre 15 a 20 hora diárias.

A partir dos 6/7 meses, pode dormir a noite toda sem acordar, com 3 intervalos
de vigília durante o dia, intercalados com sonos prolongados.

O primeiro ano de vida da criança é marcado por vários motivos para pertur-
bação do sono: Cólicas, maior suscetibilidade a obstrução nasal, fome na ma-
drugada, erupção de dentes, sensibilidade às variações de temperatura do
ambiente e pela própria característica do sono, menos profundo que em lac-
tentes maiores.

Até aos 3 meses de vida, grande parte dos bebés nunca dormiu cinco horas
seguidas, já aos 12 meses, a grande maioria deles dorme pelo menos 5 a 6 ho-
ras seguidas durante a noite. Por volta dos dois, praticamente 100% das crian-
ças já dorme a noite toda. No geral, até 1 ano a criança dorme pelo menos duas
sestas.

52
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

5.4.1. SINAIS DE SONO

Existem diversos sinais de sono, na criança, que é importante aos pais tomarem
conhecimento para puderem detetar quando o seu bebé está com sono.

 Choro – é a forma mais comum nos primeiros meses de vida


de avisarem que querem dormir.
 Agitação – geralmente aparece de repente e às vezes pode
proceder ao choro, que aparece sempre.
 Bocejo – tal como nos adultos este também acontece nas
crianças.
 Esfregar os olhos - nas crianças com mais de 6 meses,
quando já possuem uma melhor coordenação de movimen-
tos.

5.4.2. ESTÁDIOS DO SONO

O comportamento das crianças relativamente ao sono, vai variar perante 6 es-


tádios, sendo eles:

 Sono Profundo: o bebé tem os olhos fechados, não executa qualquer


movimento, tem uma respiração regular.
 Sono leve: respiração irregular e executa pequenos movimentos espo-
rádicos.
 Sonolento: olhos abertos e fechados alternadamente.
 Vígil: olhos abertos sem movimentos amplos.
 Ativo: olhos abertos com movimentos amplos e sem choro.
 Choro: olhos abertos ou fechados com movimentos amplos.

A duração de cada um destes estádios é variável de criança para criança en-


quanto numas a sucessão é rápida noutras a duração em cada estádio é maior
e a passagem de um estádio para outro é mais lenta.

O tempo que o bebé dorme vai também depender da vida quotidiana do seu
seio familiar daí que seja possível “educar” os hábitos de sono do bebé.

53
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

5.4.3. POSIÇÃO PARA DORMIR

Por muitos anos predominou a ideia de que a posição de decúbito ventral seria
a mais confortável e segura para os bebés.

Ao longo dos anos tem havido mudanças relativamente à preferência na posi-


ção do bebé para dormir.

Em 1992, a Academia Americana de Pediatria (AAP) recomendou que todos os


lactentes saudáveis fossem posicionados em decúbito dorsal com a cabeça
lateralizada ou decúbito lateral nos primeiros 6 meses de vida.

Recentemente estabeleceu-se uma relação entre dormir em decúbito ventral e a


maior incidência de morte súbita, situação em que o bebé para de respirar. Nos
países em que houve mudança na cultura em relação à posição de dormir, co-
locando-se os bebés em decúbito dorsal, houve uma redução importante na
incidência desse problema. Em geral, deitar o bebe sobre o lado direito facilita
um pouco o esvaziamento do estômago após a mamada, principalmente se ele
costuma regurgitar muito.

O Síndroma de Morte Súbita do Lactente (SMSL)


É o nome dado à morte súbita e inesperada de um bebé, sem
explicação da causa, mesmo após investigação apropriada.
Nos países ocidentais constitui uma das causas mais frequentes
de morte no primeiro ano de vida. O fenómeno existe também em
Portugal, mas desconhece-se ainda a sua verdadeira extensão.
Embora não se saiba a causa desta síndroma, em todos os países
em que foram modificadas algumas práticas nos cuidados das
crianças registou-se uma queda importante da incidência da Sín-
drome da Morte Súbita do Lactente.
O objetivo deste documento é promover a implementação dessas
práticas nas crianças portuguesas.

Medidas a ter em conta na Redução do Risco de Síndroma de Morte Súbita do


Lactente. Promoção de comportamentos parentais.

 Coloque o bebé em decúbito dorsal para dormir.


O risco de SMSL aumenta se os bebés dormirem em decúbito ventral.
A investigação mostra que, quando são deitados em decúbito dorsal,
os bebés não regurgitam nem aspiram mais o vómito do que se estive-
rem em qualquer outra posição.
 Não fume durante a gravidez. Nem depois.

54
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

O risco de SMSL aumenta se a mãe fumou durante a gravidez e se


continua a fumar após o parto. Se o pai também fuma, o risco agrava-
se mais.
Não deixe ninguém fumar no ambiente que o seu filho respira - quarto,
casa, carro ou onde quer que ele permaneça.
 Destape a cabeça do bebé para dormir.
A roupa da cama não deve cobrir a cabeça do bebé. Não use edredões
nem peças de roupa que o possam cobrir (fraldas, gorros). Deite-o com
os pés tocando o fundo da cama de forma a que não haja risco de es-
corregar para debaixo dos lençóis.
 Não coloque o bebé na cama de adultos (para dormir).
 Se fuma, está muito cansado, tomou algo que altera o sono ou ingeriu
bebidas alcoólicas recentemente, não ponha o bebé na sua cama para
dormir.
Nunca adormeça no sofá com o seu bebé.
 Não aqueça demasiado o bebé.
O risco de SMSL pode estar associado ao excessivo aquecimento. Pa-
ra prevenir isto deve usar o bom senso e adequar a temperatura do
quarto, a roupa do bebé e a roupa da cama à estação do ano e ao lu-
gar que habita. A temperatura ideal do quarto deverá estar entre 18-
21ºC.
Vista-o com o mesmo tipo de roupa que está a usar de forma a sentir-
se confortável - não quente.
Colocando o dorso da sua mão na nuca ou na barriga do bebé poderá
avaliar facilmente se ele está muito aquecido.
Se o bebé tem febre precisa de menos roupa e não de ser agasalhado.
 O bebé acordado pode estar noutras posições.
Quando está acordado pode ser colocado em decúbito ventral para
brincar. Isto fortalece os músculos do pescoço e das costas.
 O colchão da cama do bebé.
Não deve ser um colchão muito mole para evitar que o corpo, princi-
palmente a face se “afunde” e leve à dispneia.

55
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

6. A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR
O brincar é uma atividade muito importante para o desenvolvimento da criança.

Como já leu anteriormente, o internamento é gerador de uma situação de stress


e pode levar a vários comportamentos na criança. A doença é por si só um fator
que pode gerar sentimentos de medo, ansiedade, insegurança, etc.

Com a ajuda da brincadeira a criança hospitalizada pode aperceber-se do que


se passa consigo. Através da brincadeira e do faz de conta pode inteirar-se e
preparar-se para a vivência do internamento, mas de uma forma lúdica.

A brincadeira, a existência de bonecos com balões de soro, roupas


para vestir e fantasias (médicos e enfermeiros) permite preparar a
criança - através do brincar – para o internamento e para as situa-
ções com que terá de lidar.
Santos (2006)

O brincar terapêutico é uma forma da criança lidar melhor com as suas preocu-
pações e permite também aos profissionais aperceberem-se dos medos, senti-
mentos e necessidades da criança.

Através do brincar pode comunicar-se com a criança de uma forma mais próxi-
ma. Comunicamos ao seu nível, o que lhe permite uma melhor expressão dos
seus sentimentos.

56
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

Os hospitais e serviços de saúde devem ter espaços indicados para


as atividades das crianças, para brincar (lazer) para efetuar as suas
atividades de educação e/ou outras.
Alto Comissariado da Saúde

Nos hospitais dos dias de hoje há uma maior consciência para o sofrimento da
criança.

Em vez de salas frias e brancas dos hospitais, uma sala de brincar num hospital
tem um ambiente adequado à criança, especialmente pensado nela.

Existem muitas atividades que são realizadas com as crianças, atividades orga-
nizadas por educadoras de infância e terapeutas, como os teatros, visita dos
palhaços, brinquedos apelativos das pediatras, livros, com o objetivo de os abs-
trair do contexto em que estão envolvidos.

Estas atividades e brincadeiras são de acordo com as idades das crianças e


interesses, assim como, tendo em conta as limitações das crianças devido à
doença (por exemplo crianças em isolamento).

Segundo Marçal (2006) um ambiente hospitalar adequado permite:


 Vivência de experiências positivas de descobertas e de ale-
grias;
 Segurança e controlo à criança (permite ter o controlo nas
brincadeiras, nas cores da sala, nos sons, nas atividades
etc.);
 O envolvimento da criança permitindo o seu desenvolvimento;
 Respeitar e promover o papel dos pais (permite que desen-
volvam sentimentos de competência e controlo);
 Proporcionar aos trabalhadores áreas de trabalho que pro-
movem um trabalho competente.

O brincar é muito importante para o desenvolvimento da criança, assim como


para lidar com situações decorrentes do seu estado e do seu internamento. Os
profissionais podem usá-la para comunicar com a criança.

57
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

7. AUXÍLIO AO PROFISSIONAL DE SAÚDE NO


CUIDADO À CRIANÇA

Durante o internamento, as crianças poderão ser sujeitas a procedimentos des-


conhecidos e muitas vezes dolorosos. É imprescindível que os profissionais
esclareçam a criança e os pais acerca dos procedimentos que irão ser realiza-
dos.

Os enfermeiros e médicos comunicam com a família e criança dando informa-


ções sobre os procedimentos que irão efetuar. As informações à criança de-
pendem da sua idade, do seu desenvolvimento, das experiências anteriores,
etc.

Perante a execução de alguns procedimentos, terá que ajudar os


enfermeiros de acordo com as indicações que lhe forem dadas.

Além disso, na prestação de cuidados e no auxílio das atividades de vida diárias


das crianças internadas também poderá ter um papel muito importante.

Como estudou anteriormente, neste contexto os pais são estimulados a perma-


necer junto dos seus filhos, sendo-lhes permitido acompanhá-los durante todo
o internamento.

São eles que devem prestar a maioria dos cuidados à criança.

58
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

Estará disponível para o que for necessário, prestará cuidados àqueles que os
pais não puderem estar presentes, esclarecerá dúvidas de procedimentos e
localização de material e, como em qualquer outro serviço, proporcionará a lim-
peza e higiene das unidades dos doentes, reporá material. Deve ter os cuidados
com a roupa já descritos e providenciar a recolha e separação dos lixos.

59
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

CONCLUSÃO

 Esta unidade didática proporciona-lhe um desenvolvimento pessoal a


nível de conhecimentos em Saúde Infantil, preparando-o para atuar
melhor como futuro Auxiliar de Saúde no contexto de um serviço de
prestação de cuidados a crianças.
 Deverá conhecer estes conceitos e procedimentos de forma a atuar de
acordo com eles e a ser um veículo de informação atualizada.
 Só assim poderá ser um profissional consciente, ciente da qualidade
dos seus cuidados, tornando-o numa mais-valia para o serviço onde
desempenhar as suas competências.

61
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

RESUMO

O objetivo desta unidade didática é que o formando, como futuro Auxiliar de


Saúde, aprenda os conceitos e atitudes adequadas no contexto da prestação
de cuidados de saúde na área de saúde infantil, participando ativamente na
mudança de atitudes negativas, estimulando as positivas de modo a reduzir os
fatores de risco ou suscetibilidade a doenças nas crianças.

Perceber a importância de incrementar a vontade, a capacidade para a família


de ser responsável pela sua saúde e do seu filho, controlar todos os fatores de
risco que envolvam a mãe e filho e conhecer o desenvolvimento sadio do bebé,
reconhecendo como contribuir para ele, são fatores essenciais a qualquer pes-
soa que se relacione com crianças e respetivas famílias, que participe nos seus
cuidados, de forma a que orientações dadas sejam as mais corretas.

Tendo conhecimento de qual a alimentação adequada para as crianças e por-


quê (leite materno, leite artificial, introdução de novos alimentos, contraindica-
ções para o aleitamento),como prestar os cuidados de higiene e conforto (troca
de fralda, procedimento para o banho), reconhecer as alterações na criança a
nível da dentição, eliminação intestinal e sono, poderá ajudar o enfermeiro na
mudança de comportamentos por parte de pais inexperientes, contribuindo pa-
ra a segurança do bebé e a aprendizagem de boas práticas.

62
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

AUTOAVALIAÇÃO

1. Em relação aos direitos da criança, assinale a resposta correta:

a) A convenção dos direitos da criança foi criada pela AMI.


b) A criança é todo o ser humano menor de 21 anos.
c) A criança deve ser ouvida em assuntos que se relacionem com os seus
direitos.
d) A criança é todo o ser humano menor de 16 anos.

2. Em relação à carta da criança hospitalizada, assinale a resposta correta:

a) Explica o direito dos pais a participarem nos cuidados à criança.


b) Indica quais as condições que os centros de saúde devem ter.
c) Explica quando os pais não podem estar com a criança.
d) Explica quais os profissionais que não podem cuidar da criança.

3. Assinale a resposta correta:

a) Portugal assinou a convenção dos direitos da criança em 1998.


b) A pediatria é a especialidade que abrange o recém-nascido até aos 18
anos de idade.
c) Quando a criança vê alteradas as suas rotinas e hábitos, é o modo de fi-
car tranquila.
d) O internamento pode potenciar situações crise e stress a uma criança.

63
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

4. Em relação à convenção dos direitos da criança, assinale a resposta


correta:

a) Os 4 pilares são a discriminação, o interesse da criança, a sobrevivência


de desenvolvimento e a opinião dos pais da criança.
b) Os 4 pilares são a não discriminação, o interesse superior da criança, a
sobrevivência e o desenvolvimento e a opinião da criança.
c) O documento explicita um conjunto de deveres das crianças a vários ní-
veis.
d) Segundo o documento, criança é todo o ser humano menor de 16 anos.

5. São medidas a ter em conta na Redução do Risco de Síndroma de


Morte Súbita do Lactente (escolha a opção errada):

a) Colocar o bebé em decúbito dorsal para dormir.


b) Não fumar durante a gravidez.
c) Destapar a cabeça do bebé para dormir.
d) Se uma pessoa está muito cansada, tem medo de não acordar com o
choro, deve deitar-se com a criança na sua cama.

6. Assinale a resposta correta:

a) A perceção da doença não causa ansiedade à criança.


b) A separação do ambiente familiar e rotinas pode ser uma experiência
traumática para uma criança.
c) A criança deve ficar sempre internada.
d) Uma das estruturas alternativas ao internamento é o hospital noturno.

7. Assinale a resposta correta:

a) A segurança não é prioritária quando se trabalha com crianças.


b) As necessidades de segurança das crianças dependem da sua idade,
estado de desenvolvimento, e tipo de instituição de saúde onde se en-
contram.
c) O acidente na criança deve-se a um acontecimento provocado pela
mesma.
d) Os acidentes não dependem da idade e/ou desenvolvimento da criança.

64
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

8. A convenção dos direitos da criança foi um marco importante para a


mudança de cuidados, porque:

a) Defende a sobrevivência das crianças.


b) Defende os pais das crianças.
c) Enuncia os direitos que devem ser respeitados, aceites e cumpridos por
todos os estados membros.
d) Criou o Instituto de Apoio à Criança.

9. Assinale a resposta correta:

a) A vinculação entre pais e bebé é muito importante para o crescimento


afetivo das crianças nos primeiros anos de vida.
b) A separação dos pais produz tranquilidade na criança internada.
c) Só os enfermeiros conhecem os hábitos, medos, características da cri-
ança.
d) O acolhimento da criança e pais é pouco importante no momento do in-
ternamento.

10. Assinale a resposta correta:

a) A presença dos pais junto da criança internada deve ser desencorajada.


b) Os pais não devem ser incluídos na prestação de cuidados à criança.
c) Devem ser os profissionais de saúde a indicar quais os hábitos da criança.
d) Cabe aos pais informar o pessoal quais os hábitos, gostos da criança.

11. Quem deve prestar a maioria dos cuidados à criança internada:

a) Os pais, sempre que possível.


b) Os enfermeiros.
c) Os médicos.
d) Os auxiliares.

65
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

12. A brincadeira no contexto de um internamento de uma criança:

a) É totalmente desaconselhada.
b) Só deve ser realizada a horas do dia previamente definidas.
c) Permite preparar a criança para o internamento e para as situações com
que terá de lidar.
d) Só os pais devem perder tempo com isso.

13. De acordo com o padrão de sono esperado de uma criança:

a) A partir dos 6/7 meses, pode dormir a noite toda sem acordar, apenas
com 1 sono prolongado após o almoço (sesta).
b) Por volta dos 2 anos, praticamente 100% das crianças ainda não dorme
a noite toda.
c) Aos 12 meses é esperado que a criança acorde de 3/3h durante a noite.
d) Durante os primeiros 4 meses de vida o bebé dorme entre 15 a 20 hora
diárias.

14. São sinais de que o cordão umbilical está com uma boa evolução cica-
tricial:

a) A criança apresentar febre ou aparentar não estar bem de saúde.


b) A zona do umbigo tornar-se edemaciada e ruborizada.
c) Dar-se o aparecimento de líquido purulento na base do coto umbilical.
d) Apresentar um aspeto seco e enrugado ao fim de aproximadamente 3
dias.

15. Apesar de ninguém saber ao certo o que causa as cólicas nos bebés,
as razões mais frequentemente apontadas são:

a) Imaturidade do sistema nervoso central e do sistema gastrointestinal do


bebé, o que faz com que ele não esteja suficientemente preparado para
os diferentes estímulos do mundo exterior.
b) O facto de não arrotar após a mamada.
c) O facto de não beber água.
d) O facto de ter que evacuar várias vezes por dia.

66
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

SOLUÇÕES

1. c 2. a 3. d 4. b 5. d

6. b 7. b 8. c 9. a 10. d

11. a 12. c 13. d 14. d 15. a

67
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

 Oncologia Pediátrica.
http://www.oncologiapediatrica.org/index.php?site/ver_artigo/270.
 Unicef, Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança
relativo à venda de crianças, prostituição e pornografia infantis
http://www.unicef.pt/docs/pdf/protocolo_facultativo_venda_de_criancas.
pdf
 Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança relativo
ao Envolvimento de Crianças em Conflitos Armados
http://www.unicef.pt/docs/pdf/protocolo_facultativo_criancas_em_confl
itos_armados_pt.pdf
 Unicef – Slide Show – Direitos das Crianças.
http://www.unicef.pt/slideshow/slide1.html.
 Um mundo para as crianças - Relatório da Sessão Especial da Assem-
bleia Geral das Nações Unidas sobre a Criança - As metas das Nações
Unidas para o Milênio.
http://www.unicef.pt/docs/pdf_publicacoes/um_mundo_para_criancas.pdf

68
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

BIBLIOGRAFIA

 http://www.unicef.pt/artigo.php?mid=18101111&m=2.
 Unicef (1990), “A Convenção sobre os Direitos da Criança”, Adotada
pela Assembleia Geral nas Nações Unidas em 20 de novembro de 1989
e ratificada por Portugal em 21 de setembro de 1990.
http://www.unicef.pt/docs/pdf_publicacoes/convencao_direitos_crianc
a2004.pdf
 Alto Comissariado da Saúde. O respeito dos direitos da criança no
Hospital. Disponível em: http://www.acs.min-
saude.pt/files/2010/10/Diptico_DCH_web.pdf.
 Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Disponível em:
http://www.unicef.pt/docs/os_objectivos_de_desenvolvimento_do_mile
nio.pdf.
 A carta da criança hospitalizada (1988). Disponível em:
http://www.spp.pt/UserFiles/File/Pais/carta_crianca_hospitalizada_spp.pdf
 DGS, “Carta dos Direitos dos Doentes Internados”, Disponível em:
http://www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i006779.pdf.
 Instituto de Apoio à Criança (2006). Acolhimento e estadia da criança e
do jovem. Fundação GlaxoSmithKline das ciências da Saúde.
 Levy, M. A convenção dos Direitos da Criança/Idade Pediátrica. In: Ins-
tituto de Apoio à Criança (2006), Acolhimento e estadia da criança e do
jovem. Fundação GlaxoSmithKline das ciências da Saúde.
 Capela, S. O serviço de Pediatria na Estrutura Hospitalar. In: Instituto de
Apoio à Criança (2006), Acolhimento e estadia da criança e do jovem.
Fundação GlaxoSmithKline das ciências da Saúde.

69
Unidade didática 21
CUIDADOS NA SAÚDE INFANTIL

 Vaz. A. Os amigos de Alice. In: Instituto de Apoio à Criança (2006), Aco-


lhimento e estadia da criança e do jovem. Fundação GlaxoSmithKline
das ciências da Saúde.
 Gonçalves, M. O bebé, a criança e o adolescente no hospital. In: Institu-
to de Apoio à Criança (2006), Acolhimento e estadia da criança e do jo-
vem. Fundação GlaxoSmithKline das ciências da Saúde.
 Jardim, H & Batista, N. O Hospital de Dia. In: Instituto de Apoio à Crian-
ça (2006), Acolhimento e estadia da criança e do jovem. Fundação Gla-
xoSmithKline das ciências da Saúde.
 Martins, V. A família na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais. In:
Instituto de Apoio à Criança (2006), Acolhimento e estadia da criança e
do jovem. Fundação GlaxoSmithKline das ciências da Saúde.
 Brito, I. O acolhimento e a hospitalização da Criança Pequena. In: Insti-
tuto de Apoio à Criança (2006), Acolhimento e estadia da criança e do
jovem. Fundação GlaxoSmithKline das ciências da Saúde.
 Santos, L. Actividade Lúdica – Espaço, Objectivos e que profissionais In-
tervêm. In: Instituto de Apoio à Criança (2006), Acolhimento e estadia da
criança e do jovem. Fundação GlaxoSmithKline das ciências da Saúde.
 Instituto de Apoio à Criança (2006), Acolhimento e estadia da criança e
do jovem. Fundação GlaxoSmithKline das ciências da Saúde.
 Whaley & Wong (1999). Nursing care of infants and children. 6th ed.
St.Louis: Mosby.
 DR Nº. 120 de 24 de junho 2009.
 Opperman, C (2001). Enfermagem pediátrica contemporânea. Lusoci-
ência.
 Almeida, F & Sabatés, A. Enfermagem pediátrica: a criança, o adoles-
cente e a sua família no hospital. Editora Manole.
 DGS (2005), “Saúde Infantil e Juvenil - Programa-tipo de Actuação”, Di-
visão de Saúde Materna, Infantil e dos Adolescentes, Revoga a Circular
Normativa n.o 9/DSI, de 06.10.92 Lisboa.
http://www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i008188.pdf.
 Imagens fotográficas provenientes da Thinkstock e iStock, by Getty
Images.

70
Unidade didática 21

Você também pode gostar