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GABRIELA CHAMUSCA
Professora autora/conteudista
JOYCE MORAES CAMARNEIRO
É vedada, terminantemente, a cópia do material didático sob qualquer
forma, o seu fornecimento para fotocópia ou gravação, para alunos
ou terceiros, bem como o seu fornecimento para divulgação em
locais públicos, telessalas ou qualquer outra forma de divulgação
pública, sob pena de responsabilização civil e criminal.
SUMÁRIO
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
INTRODUÇÃO
Obter uma boa nutrição é condição fundamental para promover o bem-estar físico, mental e
social da gestante e do bebê, garantindo, em condições normais de saúde, uma boa qualidade de
vida, além do aumento da expectativa de vida.
Além do prazer que proporciona, o alimento é fonte de energia e nutrientes essenciais para o bom
desenvolvimento corporal, para o crescimento e para a manutenção da saúde do indivíduo. E, como
cada nutriente tem uma função específica no organismo, a alimentação deve ser a mais variada
possível, para que o corpo receba todos os elementos necessários para seu bom funcionamento
fisiológico. As fases da vida possuem diferentes necessidades nutricionais, que dependem de
diversos fatores, como idade, sexo, atividade física, gravidez e amamentação.
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1. ASPECTOS GERAIS DA GESTAÇÃO
A epigenética é o estudo da variação herdável que ocorre sem mudança na sequência do
DNA. Na gestação, a placenta, um órgão altamente especializado que garante o crescimento e o
desenvolvimento normal do feto, provê o contato entre mãe e concepto. Ela garante o aporte de
nutrientes, a troca de gases e a transferência de produtos residuais do metabolismo fetal, que serão
posteriormente excretados pela mãe. Embora essas sejam suas principais funções, a placenta
também é responsável por proteger o feto do ataque do sistema imune materno e pela secreção de
hormônios e fatores de crescimento associados à gestação que asseguram o sucesso da gravidez.
Falhas nessas mudanças fisiológicas ou alterações de qualquer evento nessa sucessão podem
conduzir a diversas complicações obstétricas para a mãe e/ou para o feto.
As interações entre o feto e a mãe durante a gestação são possíveis pelo desenvolvimento de
regiões especializadas da placenta, as interfaces materno-fetais, onde as células dos dois indivíduos
são colocadas em próxima associação para interagir uma com a outra. Ocorrem mudanças em
longo prazo no estado fisiológico, metabólico ou anatômico mesmo sem associação a mudança
na sequência de um gene específico. Dessa forma, qualidade e quantidade alimentar funcionam
como mecanismo de adaptação ao que pode ocorrer na vida adulta.
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O período gestacional pode ser contado em semanas, dias, meses solares, meses lunares ou
trimestres. A gestação a termo dura 40 semanas ± 2 semanas (38 a 42 semanas), ou 280 dias, ou
nove meses e uma semana, ou 10 meses lunares (28 dias cada), ou três trimestres. Considera-se
o primeiro trimestre até 13 semanas, o segundo, da 14ª à 28ª semana, e o terceiro, a partir da 29ª
semana (ZUGAIB; RUOCCO, 2005).
Define-se a idade gestacional (IG) como o tempo transcorrido entre o primeiro dia da data da
última menstruação (DUM) e a data atual (dia em que o cálculo está sendo realizado), medido em
semanas e dias (seis semanas e três dias, por exemplo) ou por meses. É muito comum que a idade
gestacional calculada pela DUM e a estimada pelo exame de ultrassonografia sejam divergentes.
Porém este último método é mais preciso para a avaliação da idade gestacional quando efetuada
precocemente. Se a idade calculada pela DUM situar-se dentro da margem de erro da estimativa
ultrassonográfica (aproximadamente uma semana no primeiro trimestre da gravidez, ± 2 semanas
no segundo trimestre e ± 3 semanas no terceiro trimestre), ela é aceita como correta. Caso contrário,
utiliza-se a idade calculada pela ultrassonografia como o período para a gestação.
Quando uma gestante está com 10 semanas de gestação, contando o tempo transcorrido entre
a DUM e a data atual, ela provavelmente engravidou há cerca de oito semanas, já que a ovulação
ocorreu supostamente 14 dias após a menstruação, quando ocorre o início do desenvolvimento
do embrião.
Exemplo:
Uma gestante cuja data da última menstruação (DUM) foi 20 de janeiro irá completar cada mês
todo dia 20. Em 20 abril, portanto, faz três meses de gestação e entra no quarto mês até chegar 20
de maio, quando fará quatro meses, entrando então no quinto.
Outras terminologias usadas para idade gestacional são gravidez a termo (gestação que está
entre 37 semanas completas e 42 semanas incompletas), gravidez pós-termo (a partir de 42 semanas
completas), gravidez pré-termo ou prematura (entre a 21ª semana até 37 semanas incompletas
com feto pesando mais de 500 g) e período de abortamento espontâneo, quando ocorre perda do
feto e a gravidez é interrompida de forma natural até a 20ª semana, com fetos pesando menos de
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500 g ou 25 cm. Quando os fetos morrem no útero da mãe com mais de 20 semanas completas e
pesando 500 g ou mais, são considerados natimortos.
O aborto é a expulsão ou extração do embrião ou feto com menos de 500 g. A maior parte deles
acontece antes da 12ª semana de gestação. É considerado precoce quando ocorre antes da nona
semana e tardio entre a 13ª e a 20ª semana.
Como dito, depois da 20ª semana, o feto é considerado natimorto. A morte fetal entre a 20ª e
28ª semana (fetos com 500 g a 1.000 g) é considerada intermediária, e, a partir da 28ª semana ou
acima de 1.000 g, tardia.
Se o período foi no início, meio ou final do mês, considerar como data da última
menstruação os dias 5, 15 ou 25, respectivamente; proceder, então, à utilização de
um dos métodos acima descritos.
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c) Quando a data e o período da última menstruação são desconhecidos:
Para facilitar o entendimento, Martinelli, Bittar e Zugaib (2001) disponibilizam uma tabela de
valores em relação à idade gestacional.
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FIGURA 2 - Curva de valores de altura uterina: percentis 10, 50 e 90
40
35
Altura uterina (cm)
30
25
20
15
20 25 30 35 40 45
Idade gestacional (semanas)
Fonte: Martinelli, Bittar e Zugaib (2001).
O manual técnico Assistência pré-natal (BRASIL, 2000, p. 23) complementa com a seguinte
explicação:
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Quando não for possível determinar a idade gestacional clinicamente, deve-se solicitar o exame
de ultrassonografia obstétrica assim que for possível.
Exemplo:
Data da última menstruação: 20 jan. 2005
Cálculo: dia – 20 + 7 = 27; mês – jan + 9 meses = outubro
Data provável do parto: 27 out. 2005
A origem do contexto emocional da gestação parece estar vinculado principalmente aos fatores
hormonais e socioculturais. A progesterona leva à depressão do sistema nervoso central (SNC),
deixando a mulher mais introspectiva. As catecolaminas regulam a depressão e a euforia, e os
corticosteroides são responsáveis pelas variações emocionais de depressão, euforia, paranoia e
cognição.
Nos dias de hoje, os aspectos emocionais nessa fase importante para a mulher devem ser bem
avaliados pela equipe médica que a acompanha, visto que a saúde tanto dela quanto da criança
sofrem influências por conta do não reajustamento de tais conflitos. Como diz Elisabeth Badinter
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(1985, p. 22), “O amor materno é apenas um sentimento humano. E como todo sentimento, é incerto,
frágil e imperfeito”.
Medos, mudanças nos vínculos afetivos (relação marido-esposa) e ansiedade são características
frequentes na vida da gestante. É sabido o quanto tais alterações afetam de forma negativa não só a
saúde da gestante, mas também o desenvolvimento psicomotor da criança. Episódios hipertensivos,
crescimento intrauterino retardado, prematuridade, complicações no parto e com o recém-nascido
são algumas das consequências já encontradas. Por causa disso, a relação médico-paciente deve
visar a prevenção, o alívio e a elaboração psíquica dos problemas mais emergentes.
Esse momento pode coincidir com o surgimento dos primeiros sintomas decorrentes das
alterações hormonais, como náuseas, vômitos, oscilações de humor (aumento da irritabilidade) e
maior sensibilidade. Estes, se intensificados, tanto em quantidade quanto em duração, podem ser
sugestivos de fatores psicológicos envolvidos. Aqui, há necessidade de uma avaliação profissional
para que se possa compreender o significado simbólico do sintoma para a mulher que o vivencia.
Todo esse cuidado visa preservar o desenvolvimento do vínculo mãe-bebê.
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da presença do filho) e seu impacto. Cada mulher atribui características interpretativas para cada
movimento fetal. Há algumas que os identificam como uma conversa ou um sentimento de alegria,
enquanto outras interpretam como uma agressão. Interpretações “negativas” constroem um vínculo
negativo entre a mãe e o feto, o que requer um acompanhamento psicológico para revertê-las em
uma reconstrução positiva.
O puerpério também é um período crítico de risco emocional, sendo que 85% das mulheres no
pós-parto têm algum tipo de sintoma de depressão. Geralmente, os sintomas iniciam-se no primeiro
dia pós-parto e duram até duas semanas. Em algumas mulheres (10-20%), os sintomas não passam,
levando à depressão pós-parto, que se estende até os seis primeiros meses.
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Muitas mulheres temem a dor do parto e buscam o tipo que pode amenizá-las, diminuí-las ou
evitá-las completamente. A tolerância à dor costuma variar entre as mulheres e apresenta muitas
formas de ser tolerada – farmacológicas ou não. Vários fatores podem capacitar a intensidade de
sensibilidade individual da dor, como as experiências anteriormente vividas, a ignorância e o medo
do parto, fatores socioculturais e o próprio ambiente e equipe escolhidos.
a) Cesárea ou cesariana
A cirurgia consiste em incisão transversa da parede abdominal, seguida por separação longitudinal
da bainha do músculo reto abdominal e incisão transversa do útero em sua porção inferior (incisão
em “biquíni”). O feto é retirado, e o cordão umbilical é clampeado e cortado, a placenta é retirada, o
útero e parede abdominal são suturados após a curetagem do espaço uterino, e então se fecha a
ferida cirúrgica. Em situações de extrema urgência, quando o feto está em posição transversa ou
em casos de placenta prévia, a cirurgia é feita com incisão longitudinal na parede anterior do útero,
caracterizando a cesariana clássica.
Nesse tipo de parto, as complicações são mais comuns, e a recuperação da mãe é mais
demorada. É feita uma incisão de 10 cm acima dos pelos pubianos, e sete camadas são cortadas
até chegar ao útero.
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FIGURA 6 – Cesárea
Placenta
Útero Cérvix
Um corte é feito no abdômen e outro é feito no útero Um doutor ou uma parteira posiciona a cabeça do
bebê e guia o corpo enquanto ele emerge
A remoção manual pode envolver um doutor Os cortes no útero e na pele são então fechados
colocando a mão dentro do útero e gentilmente com pontos
removendo a placenta da parede uterina
Fonte: Graphic_BKK1979/iStock
b) Parto normal
A grande vantagem desse parto é a recuperação mais rápida da mulher, além do menor risco de
complicações para a mãe. O parto normal ocorre em hospital, clínica, maternidade ou casa de parto,
seguindo as normas e os protocolos da instituição, que geralmente adotam tricotomia (raspagem dos
pelos púbicos), enema (lavagem intestinal), posição deitada (litotomia), uso de ocitocina sintética,
anestesia epidural, episiotomia, monitoração de pressão arterial, frequentes exames de toque na
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parturiente e monitoração dos batimentos cardíacos fetais. O uso da anestesia ocorre se as dores
forem intensas. A lavagem intestinal e a tricotomia não são mais consideradas necessárias.
No período do trabalho de parto, a dilatação do colo do útero será avaliada. Se o espaço para o
bebê passar for insuficiente, é realizada uma episiotomia. Esta é uma intervenção sugerida apenas
para partos que por algum motivo precisam ser rápidos, mas em alguns protocolos hospitalares
apresenta-se como profilática por evitar a ruptura perineal espontânea, aumentando o canal do
parto e facilitando o nascimento.
A episiotomia pode ser feita por incisão mediana, médio-lateral ou lateral realizada no ápice da
contração uterina, e sua sutura (episiorrafia) é feita com analgesia local após a saída da placenta.
A técnica apresenta algumas desvantagens: a cicatriz no períneo prejudica a ação de contratilidade
dos músculos do assoalho pélvico, favorecendo a incontinência urinária de esforço, além de gerar
dispaurenia (dor durante a relação sexual).
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O grande tabu criado em cima do parto normal relaciona-se à sensação de dor que a mulher
pode sentir por horas e mais horas. Porém muitas são as técnicas utilizadas para o alívio:
No Brasil, parto sem dor é o parto feito com a aplicação de anestesia peridural ou
raquianestesia. A maneira mais moderna e eficaz de tirar a dor do período de dilatação
é a anestesia peridural, pois alivia ou quase anula a dor, mas as contrações se mantêm.
Entretanto, o parto sem dor pode começar no pré-natal onde a mãe deve receber as
informações necessárias de como reconhecer as contrações verdadeiras, a hora de
ir para o hospital e o que acontecerá com ela no hospital.
d) Parto de cócoras
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de cócoras só pode ser realizado se o feto estiver na posição cefálica (com a cabeça
para baixo). A participação do companheiro, a ausência de métodos invasivos para
alívio da dor, a liberdade de movimentos dada à mulher no momento do nascimento
da criança e a recuperação imediata são as principais vantagens do parto de cócoras.
a b
e) Parto a fórceps
O parto por fórceps de alívio ou fórceps baixo é realizado com um par de colheres metálicas
inseridas no canal do parto que buscam a cabeça do feto para acelerar o período expulsivo durante
uma emergência no parto ou sofrimento fetal comprovado. A anestesia e a episiotomia médio-lateral
participam da técnica, que substitui o uso de fórceps alto, que desconsiderava a posição da cabeça
do feto, aplicando forças que ele pudesse não suportar.
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na vagina materna e colocada sobre o crânio do feto, geralmente sem o uso de episiotomia. O ar é
bombeado, criando vácuo entre a taça e o crânio fetal. Em seguida, aplica-se tração na mangueira
para trazer a cabeça do feto através do canal FIGURA 11 - Parto por vácuo
de parto durante as contrações uterinas. Essa
técnica apresenta-se menos traumática ao canal
de parto materno quando comparada ao uso
de fórceps de alívio, por diminuir a incidência
de lesão perineal e de episiotomia. No recém-
nascido, a sucção pode ocasionar hematomas
na cabeça, além da possibilidade de aumentar
a ocorrência de distocia de ombros.
Fonte: http://graphicwitness.medicalillustration.
com/generateexhibit.php?ID=27773.
g) Parto humanizado
O parto normal humanizado é procurado por mulheres que buscam um atendimento focado
em suas necessidades fisiológicas e emocionais durante o trabalho de parto, estendendo-as para
o recém-nascido. Ele é feito com base em evidências científicas e recomendações da Organização
Mundial da Saúde e com apoio de um plano de parto, que é entregue à equipe médica antes do
início do trabalho de parto.
Como no parto natural, é respeitado o tempo que for necessário para o trabalho de parto, e a
busca por posições que favorecem a abertura pélvica é incentivada, por livre escolha da parturiente.
Métodos não farmacológicos para diminuição da dor são privilegiados (banhos quentes ou banheira
com água aquecida, massagens, uso de bolas fisioterápicas, entre outras), e o parto ativo é incentivado.
Nesse tipo de parto, que pode ser hospitalar ou domiciliar, evidencia-se a busca por diminuir
quaisquer intervenções desnecessárias, favorecendo técnicas menos controladoras e invasivas
nos modelos predominantes nos hospitais em geral. Conforme o trabalho de parto se desenvolve,
é esperado que o nascimento ocorra por via vaginal de acordo com a fisiologia materna, porém,
em algumas circunstâncias, isso acontece por meio de intervenções cirúrgicas com o objetivo de
acelerar ou tornar o parto possível.
h) Parto Leboyer
O parto Leboyer foi difundido nos hospitais da França e batizado com o nome do médico que
o preconizou. Tem como objetivo promover ao feto um parto calmo, em silêncio e com pouca
iluminação. O recém-nascido pode ficar próximo à mãe, com aleitamento seguido ao parto e
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alojamento conjunto. A parturiente permanece em posição deitada de costas (litotomia), e a
episiotomia é comumente utilizada.
i) Parto na água
No parto na água, é utilizada uma banheira ou piscina portátil com água a 36 °C cobrindo toda
barriga, para alívio das dores do trabalho de parto, relaxamento muscular e o próprio nascimento do
feto. A parturiente pode alcançar relaxamento por causa da temperatura da água e sentir o corpo
mais leve por ação da flutuabilidade da água, e o recém- FIGURA 12 - Parto na água
nascido é acolhido na água, que é um ambiente familiar
para ele. O local costuma estar calmo e tranquilo, com
poucas luzes e sons, e pode ser hospitalar ou domiciliar.
Esse tipo de parto não é recomendado em trabalho de
parto prematuro, presença de mecônio, sofrimento fetal,
mulheres com sangramento excessivo, diabetes, HIV
positivo, hepatite-B, herpes genital ativo, bebês com mais
de 4.000 g ou que precisem de monitoramento contínuo.
Fonte: ideabug/iStock
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2. CUIDADOS NA GESTAÇÃO E DIREITOS DA GESTANTE E DO BEBÊ
Sobre as medidas preventivas, o ideal é que a futura mãe, antes mesmo de engravidar, passe
por uma avaliação médica (chamada de consulta pré-concepcional) para verificar suas atuais
condições de saúde. Nela, o médico deve enfatizar os perigos quanto ao uso de drogas, álcool,
cigarro e contato com substâncias teratogênicas. Nesse momento, a mulher também deve receber
as instruções básicas a respeito de sua alimentação antes mesmo de engravidar (principalmente no
caso de estar acima do peso), uso profilático e necessário de vitaminas e minerais (como o ácido
fólico três meses antes da concepção para garantir um perfeito desenvolvimento do tubo neural
do feto) e prática correta de exercícios físicos.
Sabe-se que, na ausência da APN, a mortalidade perinatal é cinco vezes superior àquela encontrada
nas unidades de atendimento pré-natal regular. A participação de uma equipe multidisciplinar
qualificada, humanizada e precoce é fundamental para o seu sucesso. Ressalva-se a importância
das condutas acolhedoras e sem intervenções desnecessárias, o fácil acesso a serviços de saúde
de qualidade, com ações que integrem todos os níveis de atenção, desde o atendimento ambulatorial
básico ao atendimento hospitalar de alto risco.
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A APN deverá ter como atribuições:
A APN deve se iniciar assim que a gravidez for diagnosticada – o mais precocemente possível.
A gestante deve fazer no mínimo seis consultas no período gestacional, preferencialmente, uma
no primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro. O acompanhamento deve ocorrer até o
final da gestação. As consultas devem ser feitas em postos de saúde ou visitas domiciliares, se
forem pelo sistema público de saúde, ou hospitais e consultórios médicos, se na rede particular.
Elas devem ser seriadas e com intervalo de quatro semanas. Após a 36ª semana, a gestante deverá
ser acompanhada a cada 15 dias para avaliação de pressão arterial, presença de edemas, altura
uterina e movimentos e batimentos cardiofetais. Frente a qualquer alteração, ou se o parto não
ocorrer até sete dias após a data provável, a gestante deverá ter uma consulta médica assegurada.
Na primeira consulta, deve ser realizada uma anamnese completa para avaliar os hábitos de
vida e alimentares, dados socioeconômicos e os antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos
e obstétricos. A idade gestacional e a data provável do parto serão determinadas a partir da data da
última menstruação (para mulheres com ciclos regulares entre 28 a 30 dias e que sabem ao certo
o dia) ou pelo exame de ultrassom para mulheres com ciclos longos e irregulares.
Avaliação nutricional, exame físico geral e gineco-obstétrico devem ser feitos para se determinar
adequação do peso corporal, pressão arterial, avaliação das mamas e da pelve (tamanho do útero,
presença de cistos e miomas e malformações uterinas), edemas (inchaços) e pedido de exames de
sangue e urina. A gestante deverá receber também orientações para o pré-natal (consultas, exames,
vacinas, atividades educativas, cuidados gerais). As consultas posteriores são importantes para
acompanhamento da gestação e controle dos problemas encontrados na primeira consulta ou na
consulta pré-concepcional.
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FIGURA 13 - Proporção de mulheres que realizaram nenhuma, uma a três, quatro
a seis e mais de sete consultas de pré-natal, segundo faixa etária
70
60
50
40
%
30
20
10
0
< 14 15 a 19 20 a 34 35 e +
Nenhuma 4,6 3,4 2,6 3,1
1 a 3 vezes 17,4 12,9 8,6 8,2
4 a 6 vezes 42,9 40,9 33,4 29,14
7e+ 35,1 42,8 55,4 59,6
Fonte: IMS (2006 apud ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2012).
Além desses exames, a gestante poderá fazer ainda teste de Coombs (que detecta anticorpos
livres no plasma contra as hemáceas), exame parasitológico de fezes, colpocitologia oncótica,
bacterioscopia do conteúdo vaginal, teste de tolerância oral a glicose, sorologia para hepapite B e
C, toxoplasmose, citomegalovírus e rubéola e dosagem hormonal (TSH, T3, T4).
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Outro exame imprescindível, embora não obrigatório, é a ultrassonografia. A grávida não precisa
fazer um ultrassom todo mês em todas as consultas do pré-natal, mas pelo menos três ou quatro
são necessários:
• No início (até 8 semanas ± 2), para avaliar se o embrião está dentro do útero, o número de
embriões, os batimentos cardíacos e os sinais vitais e para determinar a idade gestacional e
a data provável do parto.
• Entre 11 e 14 semanas, ultrassom morfológico do primeiro trimestre, com translucência nucal,
para avaliar o desenvolvimento e a formação de órgãos e membros e possíveis alterações
cromossômicas.
• Entre 20 e 24 semanas, ultrassom morfológico do segundo trimestre, para avaliar se há
malformações fetais pela análise minuciosa de todos os órgãos e sistemas fetais.
• Por volta da 32ª semana para avaliar posição do feto, crescimento e vitalidade, e também as
condições da placenta e do líquido amniótico.
1. Gestação na adolescência
Há um número crescente de gestantes no Brasil com idade menor de 19 anos, segundo dados
do Ministério da Saúde (2006b). Normalmente, são adolescentes pertencentes à classe de baixa
renda. As chances de ocorrer uma gestação de alto risco nesse grupo refere-se, principalmente, a
adolescentes com intervalo menor que cinco anos entre a menarca e a gestação, já que ainda não
estão totalmente preparadas fisiólogica ou emocionalmente. Complicações como pré-eclampsia,
recém-nascidos de baixo peso, anemia, deficiências nutricionais, tabagismo e instabilidade emocional
são os principais riscos encontrados nessa população.
Assim como as de pouca idade, as gestantes acima de 35 anos têm maiores chances de apresentar
riscos durante a gestação. Problemas como deslocamento placentário (e, por consequência, aborto),
hipertensão e diabetes são frequentemente vistos. Os riscos são ainda maiores nas acima de 40
anos, em que as anomalias genéticas do cromossomo 21, conhecidas como Síndrome de Down,
têm mais chances de ocorrer.
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3. Baixo peso
Considera-se de baixo peso a gestante que ganhou menos de 7 kg durante a gestação. Com
pouco peso adquirido, a formação da placenta é menor, o que causa menor transporte de oxigênio e
de nutrientes para o feto. Dessa forma, sequelas na formação do tubo neural, assim como deficiência
imunológica e na formação de enzimas, são comuns.
4. Sobrepeso e obesidade
O ganho de peso excessivo na gestação também é um fator de risco, não só para o feto como
para a mãe. Diabetes gestacional, hipertensão e defeitos do tubo neural são as complicações mais
comuns. Caso a gestante tenha uma alimentação hipercalórica acelerada, as concentrações de
glicose elevam-se, assim como as de insulina, estimulando maior produção das células de gordura
(lipogênese). Como resultado, o bebê pode nascer com alto peso (acima de 4 kg considera-se alto
risco), além de a mãe estar mais susceptível a complicações na hora do parto, sendo mais comum
a cesariana, nesses casos.
5. Paridade
Estudos mostram que quanto mais filhos a mulher tiver, maiores são os riscos que podem
ocorrer na gravidez. Dentre eles, destacam-se o distúrbio hipertensivo específico da gravidez (DHEG),
principalmente se associado a outros fatores de risco, como idade e peso, e a obesidade (quanto
maior a paridade, maior é o IMC - índice de massa corporal).
6. Tabagismo e álcool
O cigarro, por si só, apresenta inúmeros malefícios sobre o organismo humano, e esses efeitos
podem ser ainda piores na gestação. Retardo no crescimento intrauterino (RCIU), baixo peso ao
nascer e aumento do risco de prematuridade e mortalidade perinatal são comuns. Pode-se dizer
que o feto da gestante fumante é um perfeito fumante passivo involuntário. O monóxido de carbono
e a nicotina passam pela placenta, afetando negativamente o desenvolvimento fetal. O monóxido
de carbono “rouba” a hemoglobina de mãe e feto, reduzindo o fluxo de oxigênio para ambos. Já
a nicotina aumenta a produção das catecolaminas por agir no sistema cardiovascular da mãe,
causando taquicardia, vasoconstrição periférica e redução do fluxo sanguíneo placentário.
O consumo de álcool pela gestante deve ser evitado, pois sabe-se da influência de qualquer
bebida alcoólica sobre a saúde do feto, principalmente no sistema nervoso central (retardo mental,
microcefalia, distúrbios na coordenação motora, hipotonia, hiperatividade, nariz pequeno, retardo
no crescimento pré e pós-natal, entre outras sequelas). É a chamada síndrome fetal alcoólica (FAS),
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muito encontrada nos filhos de mães alcoólatras. Já o consumo ocasional e em baixas doses (uma
taça de vinho), sempre acompanhado de alimentos, não apresenta risco à saúde da mãe e do feto.
Porém ainda não se definiu a dosagem segura para o consumo de álcool em gestantes.
7. Drogas
As drogas ilícitas, como a cocaína, podem causar várias alterações em mãe e bebê. Aumenta o
risco de desenvolver anemias, bacteremia, endocardite, hepatite, flebite, pneumonia, tétano, e há maior
risco de infecção pelo vírus HIV. As complicações fetais mais comuns são hipóxia fetal, aumentando
a ocorrência de partos prematuros em 30%, crescimento fetal retardado, em 19%, e deslocamento
placentário, em 15% das mulheres usuárias de cocaína na gestação, além de risco aumentado de
malformações quando essa droga é utilizada no primeiro trimestre. Os problemas continuam na
infância, e os filhos dessas usuárias têm distúrbios neurocomportamentais (hiperatividade, tremores)
e deficiência no aprendizado.
Idade < 15 anos ou menarca há menos de dois anos; idade > 35 anos; altura < 1,45 m; peso pré-
gestacional < 45 kg ou > 75 kg (IMC < 19 e IMC > 30 kg/m²); anormalidades estruturais nos órgãos
reprodutivos; situação conjugal insegura; conflitos familiares; baixa escolaridade; condições
ambientais desfavoráveis; dependência de drogas lícitas ou ilícitas; exposição a riscos ocupacionais
(esforço físico excessivo, carga horária, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, estresse).
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Grupos de fatores de risco que surgem na gestação transformando-a em uma gestação de alto risco
Doença obstétrica na gravidez atual: desvio quanto ao crescimento uterino; número de fetos e volume
de líquido amniótico; trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada; ganho ponderal inadequado;
pré-eclampsia e eclampsia; diabetes gestacional; amniorrexe prematura; hemorragias da gestação;
insuficiência istmo-cervical; aloimunização; óbito fetal.
Fonte: Ministério da Saúde (BRASIL, 2000b apud ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2012).
Enjoos, náuseas e vômitos: sintomas típicos do início da gestação. Cerca de 70% das mulheres
apresentam náuseas (sensação de enjoo), e 50% efetivamente relatam vômitos. Esses sintomas
costumam desaparecer após a 14ª semana da gestação, ou seja, no início do segundo trimestre.
O fato de a gestante não conseguir se alimentar nesse período em função do desconforto gástrico
não influenciará negativamente a saúde do feto, mesmo com a perda de peso (o que é comum). O
que justifica o surgimento de tais sintomas é a alteração do padrão da produção de estrogênio e
progesterona, decorrente da gestação.
Pirose (azia): sintoma típico após a gestante se alimentar, em função de o aumento do volume
uterino pressionar a parede do estômago e facilitar a passagem do suco gástrico em direção ao
esôfago. Por consequência, a sensação de “queimação” ou azia pode ocorrer em muitas gestantes.
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dificuldade em evacuar e facilidade em formar hemorroidas. O uso de laxante deve ocorrer apenas
com a prescrição do médico ou nutricionista.
Disbiose intestinal: ocasionada pela ingestão elevada de açúcares, proteínas e gorduras e baixa
de fibras e água. Além disso, alguns fatores externos, como estresse, hipocloridria, intoxicação por
agrotóxicos, processados, industrializados e metais pesados, uso abusivo de álcool e de cigarro,
assim como uso indiscriminado de alguns fármacos, como antiobióticos, anti-inflamatórios,
antiácidos e corticoides, aumentam o risco de disbiose. Na gestação, a disbiose pode resultar no
rompimento da camada de células responsável pela absorção de nutrientes. O aumento no espaço
entre as células do revestimento permite que macromoléculas, fungos e bactérias caiam na corrente
sanguínea, provocando intoxicações.
Diante desse quadro, o organismo tem mais dificuldade de absorção e seletividade na utilização
de macronutrientes e micronutrientes essenciais ao bom desenvolvimento fetal e à qualidade de
vida do bebê.
Ressalto que as primeiras bactérias que irão colonizar o intestino da criança estão diretamente
correlacionadas àquelas do canal do parto, oriundas das fezes maternas e do meio ambiente do
nascimento. Toda a microbiota intestinal é construída de forma simbiótica, em equilíbrio com o
estilo de vida.
Pica: refere-se à condição que algumas gestantes relatam a “vontade” de ingerir substâncias
não alimentícias, como gelo, terra, tijolo, cravo e sabão. Ainda não se sabe o porquê de esse sinal
acontecer em algumas mulheres. Pesquisadores acreditam as que têm esse sintoma apresentam
algum tipo de carência nutricional.
Outras queixas, sinais e sintomas comuns na gestação normal são: gastrite, dificuldade de
digestão, eructações, refluxo, aumento ou diminuição do apetite, sede, alteração do paladar e
sensibilidade olfativa, desejos e aversões alimentares, sialorreia (salivação excessiva), fraquezas,
tonturas, desmaios, epistaxe (sangramento nasal), dor abdominal, cólicas, flatulência, corrimento
e infecções vaginais, queixas urinárias, falta de ar e dificuldade para respirar, dornas mamas, dor
lombar, cefaleia, sangramento nas gengivas, varizes, câimbras, cloasma gravídico (manchas no
rosto) e estrias.
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2.4. Cuidados na gestação
Vacinação: toda gestante deve ser vacinada. Muitas vezes, a mulher não se vacinou antes da
concepção e deve aproveitar o momento gestacional para se imunizar. Alguns tipos de vacinas
beneficiam o neonato por meio da transferência de anticorpos via transplacentária e via leite
materno, o que melhora a resistência imunológica do lactente.
De rotina, as vacinas obrigatórias são dupla adulto - dT (difteria e tétano), caso a gestante não
tenha tomado ou se tomou a última dose há mais de cinco anos, e da gripe (Influenza), que pode ser
tomada em qualquer fase da gestação. Outras vacinas, como contra a hepatite tipo B, podem ser
administradas, dependendo da situação e de indicação médica. As vacinas contra rubéola, sarampo,
caxumba, varicela, HPV, rotavírus e febre amarela são proibidas, pois podem causar malformações
e afetar o desenvolvimento fetal.
Cuidados com a pele: a gestante deve dar preferência para sabonetes neutros e suaves. É
importante usar cremes hidratantes para aumentar a elasticidade da pele e evitar o aparecimento
de estrias, que ocorrem em 90% das mulheres no sexto e sétimo meses da gravidez. A utilização de
fotoprotetores (fator de proteção 15) também é essencial, já que na gravidez ocorre hiperpigmentação
da pele, causada pelo excesso de depósito de melanina (aumento de 70%) na epiderme, favorecendo
o aparecimento de manchas – principalmente a partir da 20ª semana de gestação.
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gengiva pode estar associada ao parto prematuro e ao baixo peso de nascimento (≤ 2.500 g). A
gestante deve, portanto, fazer um acompanhamento com o cirurgião-dentista durante a gravidez.
Objetivos Educar a gestante sobre as doenças bucais, sua prevenção e suas implicações
sistêmicas e sobre o desenvolvimento dental da criança.
Primeiro Exame odontológico para conhecer as condições bucais, conscientizando sobre a
trimestre importância da higiene bucal e sobre as alterações que podem ocorrer durante a
gravidez. Salientar a importância de escovar os dentes após as refeições, uso diário de
fio dental e uso de pasta dental fluoretada.
Procedimentos de rotina, incluindo profilaxia dental devem ser realizados.
Procedimentos eletivos devem ser evitados nesse período porque os órgãos e sistemas
do feto estão se desenvolvendo, estando mais susceptíveis a influências externas.
Também existe um risco maior de aborto espontâneo nesta etapa.
Segundo Reforçar e motivar a gestante para os cuidados com a higiene bucal, checando os
trimestre cuidados domésticos praticados.
Monitorar alterações na cavidade bucal.
Uso de medicamentos: 50% das malformações congênitas provocadas por agentes ambientais
têm origem no uso inadequado de medicamentos durante a gestação, seja por ação direta da
droga no feto ou por sua passagem para o leite materno. Muitos medicamentos apresentam papel
importante na teratogenicidade, ou seja, na má formação do feto (anormalidades estruturais e
funcionais). Portanto, a automedicação não deve ser realizada em momento algum durante o período
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gestacional. A FDA (Food and Drug Administration), em 1980, classificou os medicamentos para
utilização na gestação em cinco grupos (CARMO;NITRINI, 2004):
Categoria A
Categoria B
Categoria C
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Categoria D
Categoria X
Exercício físico: a prática de exercício na gravidez deve ser analisada. O exercício moderado é
recomendado com orientação médica e supervisão de instrutor especializado. Ele não aumenta o
risco de aborto espontâneo, parto prematuro ou contratilidade uterina. Alguns trabalhos mostram
que as mulheres que fazem exercício na gravidez têm mais possibilidade para o parto vaginal,
menor tempo de trabalho de parto, menor necessidade de anestesia e fórceps e menor risco de
complicações nas cesáreas.
Os maiores riscos do exercício na gestação são a hipertermia e a desidratação, que podem ser
evitadas com uma boa reidratação. A hipertermia materna pode induzir efeitos teratogênicos no
feto, com alguma malformação, principalmente no primeiro trimestre da gestação.
Os benefícios do exercício nesse período estão associados com bem-estar físico e mental
(diminuição do estresse, aumento de elasticidade e flexibilidade, melhor recuperação no pós-parto
e melhor controle do peso corporal). Bebês nascidos de mulheres que fizeram atividade física na
gestação, principalmente durante o terceiro trimestre, têm uma redução de 200-400 g no peso
de nascimento. Em algumas situações, o exercício na gravidez pode ser contraindicado: anemia,
arritmias, bronquite, asma, sangramento vaginal, hipertensão, crescimento intrauterino retardado,
placenta prévia, incompetência istmocervical, gestação múltipla, trabalho de parto pré-termo e
perda de líquido amniótico.
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QUADRO 4 - Contraindicação para a prática de atividade física durante a gravidez
Absolutas Relativas
Redução da lombalgia.
Prevenção de varizes.
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Fisioterapia: avaliação postural, cinesioterapia, massagem perineal, massagem terapêutica e
relaxamento são indicados na gestação. A fisioterapia ajuda a diminuir dores lombares e pélvicas,
câimbras, incontinência urinária e queixas respiratórias e sexuais comuns na gestante. A massagem
perineal, indicada a partir da 34ª semana de gestação, diminui a necessidade de episiotomia e o
índice de lacerações perineais, cesáreas e fórceps.
Acupuntura: visa aliviar as dores e proporcionar melhor qualidade de vida à gestante, levando
ao equilíbrio físico e emocional. É um método seguro para a grávida e para o feto, não tem efeitos
colaterais e é efetiva. As indicações são: analgesia, relaxamento muscular, sedativo, antidepressivo,
antiemético, anti-inflamatório, imunidade, dispneia, insônia, desconfortos gástricos, entre outros.
Adoçantes artificiais: o risco desses produtos dá-se pelo consumo indiscriminado e excessivo.
O uso deve ser bem avaliado e apenas ocorrer com indicação. O ganho de peso excessivo e a
presença de diabetes são situações em que o uso deve ser considerado. Sacarina deve ser evitada.
Estudos mostram que ela tem alto potencial carcinogênico e é altamente permeável na placenta.
Dessa forma, esse adoçante pode permanecer acumulado nos tecidos fetais. O sorbitol também
não é recomendado por aumentar a excreção de cálcio, facilitando a formação de cálculo renal. A
estévia não é recomendada pela ADA (American Dietetic Association) devido à falta de dados da sua
segurança. O ciclamato monossódico apresenta resultados controversos. Estudos experimentais
mostram haver ação transplacentária (passagem da mãe para o feto), alterações cromossômicas
e diminuição de peso dos embriões. O aspartame (quando a mãe não apresentar fenilcetonúria), o
acessulfame-K e a sucralose parecem ser bem tolerados pelo feto.
Cafeína: o consumo de café e bebidas à base de cafeína (refrigerantes à base de cola e guaraná
e chás preto, mate, branco e verde), se feito de forma moderada (até três xícaras ao dia = 300 mg/
dia), não apresenta riscos de aborto, restrição de desenvolvimento fetal ou malformação congênita
associada ao consumo excessivo dessa substância. Apesar dessa dosagem segura, vale ressaltar
que o excesso de cafeína interfere na absorção do ferro, diminuindo-a em 35%.
Dirigir veículos: o Código de Trânsito brasileiro não proíbe a gestante de dirigir, mas alerta que
os cuidados devem ser redobrados, já que qualquer infração pode ser um fator de risco grande para
a saúde da mãe e do feto. Ajustar o cinto de segurança ao tamanho da barriga, dar preferência para
o cinto de três pontos, evitar longos percursos por causa do inchaço dos pés e dirigir em baixa
velocidade são alguns dos cuidados necessários. Segundo a Associação Brasileira de Medicina
de Tráfego (Abramet, 2003), a gestante deve evitar dirigir a partir da 36ª semana de gestação, após
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longo período de jejum, quando estiver muito quente e sem hidratação adequada, quando os pés
estiverem muito inchados e na presença de intercorrências como náuseas, câimbras, risco de
abortamentos e hemorragias.
Viagens aéreas: toda gestante pode viajar de avião desde que não apresente nenhum problema
de saúde previamente identificado. Se a gravidez for de até 27 semanas, ou até 25 semanas no
caso da gemelar, não é necessário apresentar nenhum atestado médico para viajar. Com 28 a 36
semanas, a gestante deverá preencher uma declaração de responsabilidade fornecida pela companhia
aérea e apresentar um atestado médico que autorize a viagem. A partir de 37 semanas, a viagem
aérea poderá ocorrer apenas na presença do médico responsável por ela. No pós-parto, não existe
restrição para a mãe, mas o recém-nascido só poderá viajar após sete dias do nascimento. Alguns
cuidados são importantes: usar meias elásticas, deixar as pernas para cima, não ficar muito tempo
sentada, fazer alimentação branda e evitar alimentos e bebidas que aumentam a flatulência, beber
bastante líquido.
Toda gestante tem direito a pré-natal de qualidade, parto humanizado e assistência de qualidade
para ela e para o bebê. As gestantes devem conhecer e exigir seus direitos. Esses direitos são
ligados à saúde na gravidez, às leis trabalhistas e aos direitos sociais.
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3. ALTERAÇÕES METABÓLICAS NA GESTAÇÃO
As 40 semanas que envolvem o período gestacional diferem em seus aspectos fisiológicos,
metabólicos e nutricionais, e muitas são as alterações que ocorrem na dinâmica do corpo da mulher.
Por esse motivo, ajustes no metabolismo proteico, dos carboidratos e lipídeos são necessários
para garantir o maior aporte de calorias e nutrientes necessários ao desenvolvimento fetal, sem
prejudicar a saúde da mãe. Vale ressaltar que a maioria das mudanças ocorridas nessa fase tendem
a desaparecer após o parto.
A gestante, desde o início da gestação, deve estar com bom estado nutricional para seguir com
uma gestação sem riscos. Mulheres que na fase pré-gestacional estão com baixo peso ou sobrepeso
e obesidade merecem atenção especial.
• Taxa metabólica basal: aumenta de 15% a 20% a partir do terceiro mês, pois há um considerável
aumento das funções renais e cardíacas.
• Metabolismo dos carboidratos: aumento considerável da glicemia, pois há grande utilização
de glicose pelo feto.
• Metabolismo dos lipídios: ocorre aumento de ácidos graxos livres no sangue, assim como de
lipídios séricos em geral.
• Metabolismo de proteínas: há uma importante diminuição da concentração de aminoácidos
e proteínas no sangue, causando edema.
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O pâncreas da mãe tem função moduladora do aporte de glicose ao feto. É possível observar
hiperplasia das células pancreáticas por estímulo dos esteroides sexuais, provocando hiperglicemia.
Na fase catabólica materna, o metabolismo materno é incentivado pelos hormônios da placenta,
gerando resistência à ação da insulina, aumento da glicemia e hiperestimulação pancreática.
A produção de glicose pelo fígado materno tem aumento de 16% a 30% em relação aos valores
não gravídicos. Apesar de a produção e utilização da glicose estar acelerada no final da gravidez, é
observada hipoglicemia materna por provável aumento do consumo fetal, mediado pela placenta.
Oxigênio, gás carbônico, vitaminas lipossolúveis, ácidos graxos, hidratos de carbono com baixo
peso molecular (inferior a 1.000), eletrólitos e água atravessam a placenta por difusão simples, com
passagem dos nutrientes do meio mais concentrado para o meio menos concentrado.
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TABELA 2 - Componentes extras de consumo de oxigênio na gravidez
Aumento do consumo de O2
Fonte de Aumento nas semanas de
Custo estimado Consumo (ml/min)
energia extra gestação
Semanas de gestação
Débito 10 20 30 40 (ml O2/min) 10 20 30 40
Débito Aproximadamente
cardíaco 1,0 1,5 1,5 1,5 20 L a 4,5 L/min; 4,5 6,8 6,8 6,8
(litros/min) aumento pro rata
Respiração 1,0/litro de
0,75 1,50 2,25 3,00 0,8 1,5 2,3 3,0
(litros/min) ventilação
Musculatura
140 320 600 970 3,7/kg 0,5 1,2 2,2 3,6
uterina (g)
Placenta (g)
3,3/100 g de peso
Úmida 20 170 430 650 0 0,5 2,2 3,7
seco
Seca 2 17 65 110
Feto (g) 5 300 1500 3400 3,65/kg 0 1,1 5,5 12,4
Mamas (g) 45 180 360 410 3,3/kg 0,1 0,6 1,2 1,4
Rins (mEq
de Na 7 7 7 7 1,0 mEq 7 7 7 7
reabsorvido)
Total ml/min 12,9 18,7 27,2 37,9
Fonte: Adaptado de Hytten (1980).
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TABELA 3 - Custo energético cumulativo da gravidez
80.000
70.000
60.000 Manutenção
50.000
(Kcal)
40.000
30.000
20.000 Gordura
10.000
Proteína
0 10 20 30 40
Semanas de gravidez
Fonte: Hytten (1980).
Segundo a Food and Agriculture Organization (FAO, 2004), o custo energético não é homogêneo
durante os três trimestres gestacionais. O aumento da taxa metabólica basal (TMB) intensifica-se
na ordem de 5%, 10% e 25% no primeiro, segundo e terceiro trimestres, respectivamente. O custo
energético total foi estimado em 77 mil calorias, com custo estimado de 85 kcal/dia (primeiro
trimestre), 285 kcal/dia (segundo trimestre) e 475 kcal/dia (terceiro trimestre). Essa elevação ocorre
principalmente devido a aumento do peso, maior produção hormonal e aumento do consumo de
oxigênio. O acúmulo estimado de proteína também foi menor, em torno de 600 g.
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TABELA 4 - Depósito tecidual estimado na gestação, em mulheres com ganho
de peso gestacional médio de 12 kg, por trimestre gestacional
Depósito de
0 1,3 5,1 597
proteínaª
Depósito de
5,2 18,9 16,9 3.741
gorduraª
ª Depósito de proteína e gordura estimado a partir de estudos longitudinais de composição corporal durante a
gestação, com valor energético estimado de 5,65 kcal/g de proteína depositada e 9,25 kcal/g de gordura depositada.
Fonte: Accioly, Saunders e Lacerda (2012).
A gestante deverá repor essa energia com a dieta para atender às necessidades de calorias e
nutrientes, preservando o estado anabólico e o balanço nitrogenado positivo do período gestacional.
Caso contrário, haverá catabolismo proteico e da gordura para suprir a energia necessária e
disponibilizar aminoácidos para síntese materna e crescimento fetal.
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As proteínas poderão ser utilizadas como fonte FIGURA 16 – Proteínas
energética, quando os estoques de glicogênio
hepático estão depletados, sendo degradadas em
aminoácidos, que irão produzir glicose e ácidos
graxos quando há baixo consumo energético ou
proteico e aumento de cortisol e ACTH ou quando
são consumidas em grandes quantidades. Podem
também produzir glicose e gordura induzidas
pela insulina, considerada o principal hormônio Fonte: bit245/iStock
anabólico.
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3.3. Metabolismo lipídico
O metabolismo lipídico também se modifica durante a gestação. O objetivo é poupar a glicose
para o consumo fetal acelerado e para o sistema nervoso materno. Hormônios como adrenalina,
glucagon, hPL, estrogênio e progesterona agem mobilizando a gordura corporal, promovendo lipólise e
cetogênese. Para o metabolismo da mãe, aumentam as concentrações plasmáticas de ácidos graxos,
triglicerídios, colesterol, lipoproteínas, apolipoproteínas,
FIGURA 18 – Lipídeos
lipídeos totais e fosfolipídeos circulantes principalmente
na segunda metade da gestação. A concentração de
colesterol aumenta 50%, e a de triglicerídios tende a
triplicar na circulação materna. A fração LDL tem seu
pico na 36ª semana da gestação, e a HDL, por volta da
25ª semana, com consequente queda até a 32ª semana.
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4. NECESSIDADES NUTRICIONAIS DA GESTANTE
O estado nutricional adequado na gestação diminui o risco de morbimortalidade da mãe e do
bebê. A gestante tem necessidades nutricionais específicas, e a alimentação equilibrada garante
o sucesso e o bom prognóstico da gravidez.
Um ótimo estado nutricional está relacionado com manutenção da saúde materna, controle
do peso corporal, manutenção dos estoques maternos, reserva de gordura para lactação, melhor
prognóstico no parto e no pós-parto, diminuição das complicações pré e pós-parto, maiores chances
de nacimento de bebês saudáveis com peso, crescimento e desenvolvimento normais e diminuição
da morbidade e da mortalidade infantil.
O estado nutricional precário pode levar a alterações fetais (retardo do crescimento intrauterino,
mortalidade fetal, baixo peso de nascimento, parto prematuro, malformações fetais e complicações
no parto) e maternas (desnutrição, obesidade, anemias, diabetes gestacional, hipertensão, pré-
eclampsia e eclampsia).
Os requerimentos nutricionais nessa fase são mais qualitativos do que quantitativos, pois a
proporção de aumento para proteínas, vitaminas e minerais é significativamente mais elevada
quando comparada com a energia. Se a gestante apresentar menores reservas nutricionais, há um
maior risco de o feto e o recém-nascido apresentarem déficit do desenvolvimento neurocognitivo,
malformações congênitas, prematuridade, ganho de peso ou comprimento insuficientes, levando
ao nascimento de crianças pequenas para a idade gestacional (PIG).
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4.1. Recomendações energéticas
A gestante deve atender a suas necessidades energéticas e nutricionais e ter um equilíbrio
entre a ingestão de alimentos e o gasto calórico para satisfazer as necessidades fisiológicas do
período gestacional, visando à manutenção da nutrição e da saúde maternas e ao crescimento e
desenvolvimento intrauterino ideal do feto.
Caso o aumento da demanda energética não seja suprido, alterações hematológicas e imunológicas
podem comprometer o desenvolvimento do feto. O oposto também é válido, ou seja, se a gestante
ingerir muito além das calorias necessárias, obesidade e alterações nas taxas de glicose no sangue
irão ocorrer, prejudicando a saúde fetal.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1973, considerou um aumento de 150 kcal para o
primeiro trimestre e 350 kcal para o segundo e o terceiro (FAO, 1973). Em 1985, a revisão da OMS
(FAO, 1985) recomendava aumento de 285 kcal/dia na ingestão calórica durante todo o período
gestacional e 200 kcal/dia para as gestantes com atividade física reduzida.
Posteriormente, foi observado que o aumento efetivo da ingestão calórica deveria ocorrer a partir
do segundo trimestre. Até então, o importante não é o consumo das calorias totais, e sim a condição
nutricional da mãe antes da gestação. No entanto, a partir desse período, deve haver aumento das
calorias ingeridas. O National Reserch Council (1989) recomendou adicionar 300 calorias por dia a
mais à dieta normal no segundo e terceiro trimestres.
Em 2002, o Instituto de Medicina dos Estados Unidos reavaliou a necessidade calórica adicional
da gestação e propôs aumento de 340 kcal/dia no segundo trimestre e um adicional de 450 kcal/
dia no terceiro (IOM, 2002a). Novos estudos da FAO (2004) recomendam a adição de 85 kcal, 285
kcal e 475 kcal/dia no primeiro, segundo e terceiro trimestres, respectivamente. Caso a gestante
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comece o acompanhamento nutricional no segundo trimestre, a recomendação é somar o custo
dos dois trimestres e adicionar 360kcal/dia.
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GE = gasto energético.
TMB = taxa metabólica basal.
NAF = nível de atividade física.
CG = custo energético da gestação.
P = peso.
PPG = peso pré-gestacional.
Estilo de vida Indivíduos que não caminham longas distâncias, geralmente usam veículo para
sedentário ou leve transporte, não praticam exercício ou esportes regularmente e gastam a maior
parte do tempo de lazer sentados ou parados, com pouco deslocamento.
Indivíduos com ocupação que envolve mais gasto energético que os descritos para
Estilo de estilos sedentários.
vida ativo ou
Pessoas com atividade ocupacional sedentária e que praticam regularmente
moderadamente
atividades físicas moderadas a vigorosas, durante parte da rotina diária. Por
ativo
exemplo, indivíduos que praticam diariamente 1 h de exercício moderado, tais como
corrida, ciclismo ou atividade aeróbica.
Estilo de vida Indivíduos que realizam trabalhos intensos ou atividades de lazer intensas por
vigoroso ou várias horas. Mulheres com ocupação não sedentária que dançam ou nadam uma
moderadamente média de 2 h por dia, ou trabalhadores rurais que usam equipamentos manuaus por
vigoroso várias horas ao dia e caminham longas distâncias, muitas vezes carregando peso.
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e) EERpré-gestacional para mulheres de 19 a 50 anos
EER=354- (6,91 x idade em anos) + ATF x (9,36 x peso em kg + 726 x estrutura em
metros) para 30 anos; < 30 = + 7 kcal/ano; > 30 = - 7 kcal/ano
ATF = 1,00 (sedentária)
1,12 (pouco ativa)
1,27 (ativa)
1,45 (muito ativa)
EER = requerimento energético estimado.
ATF = atividade física.
CG = custo energético da gestação.
CGM = custo médio energético da gestação.
IG = idade gestacional.
Os carboidratos são uma importante fonte de energia obtida pelos seres humanos em suas
dietas. Esse nutriente é amplamente consumido por todas as células dos órgãos e tecidos humanos.
Preferencialmente, é consumido por células metabolicamente ativas, como neurônios, fibras
musculares (esquelética e cardíaca) e hemácias. Além disso, são macronutrientes poupadores de
proteínas e ativadores metabólicos para os lipídios. Os carboidratos também desempenham papel
importante na síntese de nucleotídeos presentes no DNA/RNA.
a) Monossacarídeos
Moléculas formadas por um único monômero (molécula básica considerada como carboidrato
e formadora de moléculas maiores). Os monossacarídeos presentes na dieta são glicose, frutose e
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galactose. Apesar de a glicose ser o carboidrato consumido em maior quantidade e estar presente
em basicamente todos os alimentos que são fonte desse macronutriente, dificilmente é encontrada
na sua forma isolada nos alimentos, pois geralmente é formadora de moléculas maiores. A frutose
é amplamente encontrada nas frutas e no mel. A galactose também é uma molécula formadora de
outras moléculas e é encontrada nos laticínios e em alguns vegetais, como o feijão.
b) Dissacarídeos
• Maltose: formada por duas moléculas de glicose. A maltose geralmente é formada a partir
da hidrólise parcial do amido, mas também está presente em alguns cereais, como o malte.
• Sacarose: molécula formada a partir da ligação entre glicose e frutose. A sacarose é encontrada
na cana-de-açúcar e, portanto, é componente do açúcar de mesa refinado. Também é encontrada
no mel e em algumas frutas.
• Lactose: dissacarídeo formado pela ligação de glicose e galactose. É o carboidrato encontrado
no leite e derivados.
c) Oligossacarídeos
d) Polissacarídeos
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Classificação pelo tempo de digestão e absorção
Cereais refinados passam por um processo de beneficiamento onde a casca e a parte fibrosa são
retiradas do grão integral. Por isso, o grão refinado é facilmente mastigado, e o amido, rapidamente
hidrolisado pelas enzimas digestórias, possuindo rápida absorção. Dessa forma, alimentos ricos
em amido que são ingeridos ou produzidos por cereais refinados são considerados carboidratos
simples. Também entram nessa classificação tubérculos sem casca ou com pouca quantidade de
fibras na sua composição. Exemplos: pão branco, macarrão, arroz, batata cozida sem casca.
Fontes alimentares
As principais fontes alimentares dos carboidratos compreendem o grupo dos cereais e tubérculos,
as leguminosas, as raízes, as frutas e os açúcares.
• Cereais - 70-80% (arroz, trigo, milho, centeio, cevada, aveia, quinoa, chia, amaranto).
• Leguminosas - 60-65% (feijão, ervilha, soja, grão-de-bico, lentilha).
• Raízes e tubérculos - 20-30% (batata, mandioca, batata-baroa, batata-doce, yacon, inhame, cará).
• Frutas - 5-10% / 10-20% / +20%.
• Vegetais - 5-10% / até 5% (legumes/verduras).
• Açúcares - 80-100% (açúcar, xarope, mel, melado).
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Recomendações nutricionais
A ingestão diária de carboidratos para indivíduos saudáveis deve alcançar 45% a 75% do valor
calórico total, dependendo do indivíduo e do estado fisiológico e patológico.
Essa distribuição de carboidratos na dieta pode variar de acordo com a referência, como descrito
na tabela:
Os carboidratos são a principal fonte de energia para o feto, por isso, a gestante deve aumentar o
consumo deles. As DRIs (2002a, 2005) recomendam o acréscimo de 45 g/dia, mantendo a distribuição
de 45% a 65% do total calórico da dieta.
A gestante deve consumir os alimentos fonte de carboidrato em todas as refeições, a cada três
horas, para manutenção da glicemia. Ela deve dar preferência ao consumo de alimentos complexos
e de baixo índice glicêmico, evitando a hiperglicemia, o pico de insulina e o efeito rebote.
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função protetora, pois atua como isolante térmico e físico, e aquela localizada na região abdominal
promove a proteção das vísceras.
Os lipídios podem ser classificados de acordo com sua estrutura química da seguinte forma:
Ácidos graxos
Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos compostos de radical carboxila e uma cadeia carbônica
de quantidade de carbonos variável, ao longo da qual estes podem fazer ligações simples ou duplas
com outros carbonos. Podem ser classificados pelo grau de saturação com o hidrogênio, pela
posição da primeira dupla ligação e pelo tamanho da cadeia de carbonos.
Os ácidos graxos que apresentam apenas ligações simples ao longo da cadeia carbônica são
denominados saturados (caproico, caprílico, cáprico, láurico, mirístico, palmítico, esteárico). Os que
possuem uma ligação dupla ao longo de sua cadeia são denominados monoinsaturados (oleico).
Aqueles que possuem duas ou mais ligações duplas em sua cadeia carbônica são denominados
poli-insaturados (linoleico, linolênico, aracdônico, eicosapentaenoico, docosa-hexanoico).
Classificação dos ácidos graxos de acordo com a posição da primeira dupla ligação
Dependendo da posição da primeira dupla ligação, os ácidos graxos possuem funções diferentes
e podem ser do tipo ômega 3, 6 ou 9.
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Classificação dos ácidos graxos pelo tamanho da cadeia
Essa classificação é proposta pois se sabe que o metabolismo do ácido graxo varia de acordo
com o seu tamanho. Temos como exemplo os de cadeia média, facilmente digeridos, absorvidos
e transportados pelo sangue sem a necessidade de lipoproteínas.
Gorduras trans
Os ácidos graxos trans são obtidos por meio do processo de hidrogenação dos ácidos graxos
poli-insaturados para obtenção de margarinas, cremes vegetais e gordura vegetal hidrogenada.
Atualmente, discutem-se os malefícios da ingestão crônica de gordura trans pelo organismo, a
partir de muitos estudos publicados. Alguns dos efeitos nocivos da ingestão dessas gorduras são:
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Fontes alimentares
Gordura saturada
As principais fontes alimentares de gordura saturada são os alimentos de origem animal. Estes
também se destacam por serem fontes de colesterol na nossa alimentação. Há apenas alguns
alimentos de origem vegetal ricos em gorduras saturadas (coco, cacau e óleo de palma). Dentre
as existentes, destacam-se na nossa alimentação como principais componentes lipídicos o ácido
palmítico (16:0) e o ácido esteárico (18:0), presentes na carne de vitela, frango (principalmente na
pele) e porco e no leite de vaca.
Gorduras insaturadas
Os alimentos ricos em gordura do tipo insaturada são geralmente de origem vegetal: soja,
azeitona e sementes em geral. Entretanto, podemos encontrar gordura insaturada, especialmente o
ácido linolênico, um ácido graxo poli-insaturado do tipo ômega-3, em peixes provenientes de águas
geladas e profundas, como o salmão e o atum. As fontes alimentares de gordura insaturada podem
ainda ser divididas em dois subgrupos: alimentos fontes de ácidos graxos monoinsaturados (oliva,
abacate, óleo de canola e palma, nuts e açaí) e poli-insaturados (óleos vegetais – girassol, soja,
milho, canola, açafrão, algodão, gergelim).
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Ácidos graxos do tipo trans
FIGURA 19 – Gordura trans
Como já mencionamos, os ácidos graxos trans são
obtidos pelo processo de hidrogenação dos ácidos graxos
poli-insaturados. Portanto, as principais fontes alimentares
dessas gorduras são as margarinas e os alimentos
industrializados que levam no seu preparo gordura vegetal
hidrogenada (bolachas, sorvetes, chocolate, tortas, empadas,
bolos industrializados, salgadinhos etc.). Fonte: gemredding/iStock
Colesterol
O colesterol está presente apenas nos alimentos de origem animal, como carnes, leite e ovos.
Porém sua quantidade pode variar de acordo com cada alimento, a região de proveniência e a forma
de criação dos animais.
Recomendações nutricionais
A ingestão diária de lipídios para mulheres adultas deve estar entre 15% e 35% do valor
calórico total da dieta (VET). Essa distribuição pode variar de acordo com a referência, como
descrito na tabela:
Ela deve evitar o consumo de alimentos que contenham gordura do tipo trans.
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4.2.4. Recomendações de proteínas
As proteínas podem ser classificadas de acordo com sua estrutura ou função biológica. Pela
classificação estrutural, são divididas em dois grupos: simples e conjugadas. As proteínas simples
são aquelas formadas apenas por aminoácidos e podem ser fibrosas (colágeno, elastina, actina,
miosina) ou globulares (caseína, anticorpos, enzimas, hormônios, albumina, mioglobina, globulinas).
As conjugadas são aquelas que apresentam na sua estrutura, além de aminoácidos, uma substância
não proteica, como lipoproteínas, glicoproteínas e fosfoproteínas.
De acordo com sua função biológica, podem ser divididas em diferentes grupos:
Os aminoácidos
Como dito anteriormente, as proteínas são formadas a partir da combinação de aminoácidos. Nos
alimentos, são encontrados 20 tipos de aminoácidos que serão utilizados para a síntese protéica.
O que vai diferenciar uma proteína da outra é a sequência de organização deles.
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Os aminoácidos são classificados em essenciais ou não essenciais. Dos 20 aminoácidos
encontrados nos alimentos, 8 são essenciais, ou seja, não são sintetizados: triptofano (Trp), lisina
(Lis), treonina (Tre), fenilalanina (Fen), metionina (Met), leucina (Leu), isoleucina (Iso) e valina (Val).
Estes três últimos também são chamados de BCAA (branched-chain amino acids – aminoácidos
de cadeia ramificada).
Os outros 12 aminoácidos não essenciais, produzidos no organismo, são: glicina (Gli), alanina
(Ala), serina (Ser), cisteína (Cis), tirosina (Tir), histidina (His), aspartato (Asp), asparagina (Asg), arginina
(Arg), prolina (Pro), glutamato (Glu) e glutamina (Gln). São FIGURA 20 – Aminoácidos
essenciais a arginina em crianças e a histidina em lactentes.
• Leite/iogurte = 3 g.
• Queijos = 10 g.
• Carnes = 20-30 g.
• Ovo = 12 g (1 unidade = 6 g).
• Gema = 16 g (1 unidade = 2,4 g).
• Clara = 11 g (1 unidade = 3,85 g).
• Leguminosas = 7 g.
• Arroz/macarrão = 5 g.
• Pão = 10 g.
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Qualidade das proteínas
Os alimentos proteicos de origem animal (carnes, ovos, laticínios) são de alto valor biológico
(proteína completa), pois fornecem todos os aminoácidos essenciais em quantidade e qualidade
adequadas. Os de origem vegetal (cereais, leguminosas) são de baixo valor biológico (proteína
incompleta), fornecendo apenas alguns aminoácidos essenciais e sendo, portanto, deficientes em
outros (principalmente lisina e metionina). Porém as proteínas vegetais podem tornar-se completas,
de alto valor biológico, ao serem combinadas (exemplo: cereais + leguminosas, cereais + oleaginosas).
Dessa forma, para a dieta vegetariana obter todos os aminoácidos essenciais, ela deve conter 60%
de cereais, 35% de leguminosas e 5% de vegetais.
Recomendações nutricionais
A FAO (1985) recomenda a ingestão de 0,75 g/kg (ou 1 g/kg/dia, corrigidos pela digestibilidade).
A RDA (NCR, 1989) e as DRIs (2002a, 2005) recomendam 0,8 g/kg/dia.
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A distribuição percentual ideal de proteína em relação ao VET é de 10% a 15%, segundo a WHO/
FAO (2003), e 10% a 35%, pelas DRIs (2002a, 2005). Essa distribuição pode ser mantida para as
gestantes.
Em gestantes, a ingestão protéica deve aumentar, em razão da sua alta contribuição para a
formação e o crescimento dos tecidos maternos e fetais. A síntese proteica aumenta 1%, 15% e 25%
no primeiro, segundo e terceiro trimestres, respectivamente.
Do consumo total de proteína da dieta, pelo menos 50% deve ser das de alto valor biológico.
O termo “vitamina”, que significa amina vital (ou amina da vida), foi proposto por Casimir Fuks em
1912. As vitaminas são compostos orgânicos necessários em pequenas quantidades e desempenham
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funções vitais específicas nas células e nos tecidos. São nutrientes reguladores essenciais ao
organismo, e sua ausência ou deficiência resulta em enfermidades carenciais específicas.
Necessidades
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1998, substituindo as dez antigas recomendações (RDAs) do National Research Council. Elas
representam o conjunto de quatro valores de referência de ingestão de nutrientes criados tanto
para o planejamento quanto para a análise de dietas de indivíduos ou grupos saudáveis. São eles:
ingestão dietética recomendada (RDA), ingestão adequada (AI), necessidade média estimada (EAR)
e ingestão máxima tolerada (UL).
A necessidade média estimada (EAR) é o valor estimado de nutriente suficiente para atender
aos requerimentos nutricionais de 50% da população. É o menor nível contínuo de ingestão para
manter adequada a nutrição de um indivíduo. A medida é utilizada na avaliação da adequação da
ingestão de nutrientes em indivíduos e grupos e no planejamento de dietas para grupos.
A ingestão dietética recomendada (RDA) é calculada a partir da EAR (RDA = EAR + 2DP = 1,2EAR)
e deve atender aos requerimentos nutricionais de quase a totalidade (97% a 98%) dos indivíduos
saudáveis. Essa medida é utilizada no planejamento de dietas para indivíduos.
A ingestão adequada (AI) é utilizada no lugar da RDA quando não há suporte científico suficiente
para calcular a EAR. Portanto, baseia-se na observação ou na determinação experimental da
estimativa de ingestão de nutrientes por um determinado grupo de indivíduos saudáveis. Ou seja,
é uma sugestão de consumo (meta da ingestão). É utilizada no planejamento e na avaliação de
dietas para indivíduos e grupos quando a EAR não é conhecida.
A ingestão máxima tolerada (UL) é a quantidade máxima diária segura de ingestão. É o valor mais
elevado de ingestão diária de um determinado nutriente para que não cause prejuízo à saúde dos
indivíduos e da população em geral. É determinada a partir do aparecimento de efeitos adversos. É
calculada a partir do Noael (no observed adverse effect level) e do Loael (lowest observed adverse
effect level), que representam o maior nível de ingestão de um nutriente que não resultou em
nenhum efeito adverso e a ingestão mais baixa na qual um efeito adverso tenha sido identificado,
respectivamente. A utilização da UL não reverte obrigatoriamente em benefícios para a saúde, dessa
forma, não é um nível de ingestão recomendado. É usada na avaliação da adequação da ingestão
de nutrientes em indivíduos e grupos.
As recomendações são diferenciadas por idade, sexo e estado fisiológico. Porém as necessidades
nutricionais, que representam os valores fisiológicos individuais requeridos para satisfazer as funções
fisiológicas normais e prevenir sintomas de deficiências não podem ser avaliadas somente por
esses fatores. Outros, como peso, aporte calórico da dieta, enfermidades, exercício físico, fatores
ambientais e estilo de vida, também seriam necessários na avaliação.
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Tabela 7 - Recomendações dietéticas diárias de vitaminas e minerais para gestantes
Ferro (mg/d) 27 27 27
Zinco (mg/d) 13 11 11
Selênio (µg/d) 60 60 60
Niacina (mg/d) 18 18 18
Vitamina C (µg/d) 80 85 85
Vitamina E (µg/d) 15 15 15
Vitamina D (µg/d) 15 15 15
Vitamina K (µg/d) 75 90 90
Fonte: Adaptado das DRIs (IOM1997, 1998, 2000, 2001, 2005, 2011).
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Mulher Gestante EAR UL
C (mg) 75 85 70 2000
D (mcg) 15 15 10 100
E (mg) 15 15 12 1000
K (mcg) 90 90
B3 (mg) 14 18 14 35
B5 (mg) 5 6
Biotina (mcg) 30 30
Fonte: Adaptado das DRIs (IOM1997, 1998, 2000, 2001, 2005, 2011).
Vitamina A
• visão;
• crescimento e desenvolvimento ósseo e dentário;
• manutenção da integridade do tecido epitelial;
• proteção da pele, mucosas e olhos;
• imunidade;
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• reprodução;
• síntese de corticosteroides;
• cicatrização.
Sua absorção é relativamente rápida, e 70-90% do total ingerido é absorvido, enquanto a pró-vitamina
tem absorção de 20-50%. Forma química, tamanho da partícula do alimento, presença de gordura e
quantidade de fibras no alimento (pectina) vão influenciar a absorção. Alguns fatores, como vitamina
E, proteínas, gorduras (3 g a 5 g por refeição) e cozimento, podem aumentar a biodisponibilidade
da vitamina A. Por outro lado, oxidação, luz, calor, altas temperaturas, hipercozimento, idade e
desidratação podem diminuir sua biodisponibilidade. Os vegetais amarelados têm absorção quatro
vezes maior que os verde-escuros.
Após a absorção no intestino delgado, a vitamina A liga-se a proteínas para ser transportada no
plasma. A utilização do retinol ocorre em fígado, rins, intestino, pele, entre outros, e o ácido retinoico
é o principal metabólito.
Na gestação, ocorre aumento da proteína de ligação ao retinol (RBP, sigla retinol-binding protein)
de para favorecer a tranferência para o feto. A transferência da vitamina A da mãe para o feto ocorre
principalmente a partir do terceiro trimestre da gestação. Isso implica baixo acúmulo da vitamina
A no recém-nascido.
Alguns estudos mostram que a deficiência e o excesso de consumo podem estar associados
a defeitos congênitos e podem levar a abortos espontâneos e morte fetal, quando consumida em
doses maiores que 25 mil UI (7.000 mcg). Outros achados relacionados à deficiência de vitamina
A materna são de parto prematuro, sepse puerperal, anemia ferropriva e cegueira noturna, o que
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aumenta o risco de infecções, diarreia, náuseas, vômitos, dor abdominal, pré-eclampsia, eclampsia
e morte no primeiro ano após o parto.
Vitamina D
A investigação da natureza química da vitamina D foi iniciada em 1924 por Steenbock e Hess,
mas ela só foi isolada em 1930. Pode ser sintetizada na pele e é essencial apenas em locais com
baixa exposição solar. Sua maior importância é a manutenção do cálcio e fósforo no soro.
As formas químicas naturais são o ergocalciferol (D2) e o colecalciferol (D3). Nos alimentos
fortificados, o ergosterol é utilizado. A forma ativa é o di-hidroxicalciferol – 1,25(OH)2D3. É sintetizada
na pele na forma de 7-de-hidrocolesterol e colecalciferol.
• imunidade;
• reprodução;
• secreção de insulina ;
• absorção e reabsorção tubular renal de cálcio e fosfato ;
• crescimento e desenvolvimento ;
• formação de ossos e dentes.
Após a absorção, é metabolizada no fígado e, no rim, será hidroxilada até formar 1,25 (OH)2D3. A
depleção de cálcio aumenta a produção de vitamina D pelo rim. É excretada pela bile e pelos rins.
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A deficiência de consumo na gestação pode afetar FIGURA 23 – Fonte de vitamina D
o crescimento fetal e causar hipocalcemia e tetania no
recém-nascido. Na gestante, pode levar a ganho de peso
insuficiente e osteomalacia.
Vitamina E
A vitamina E foi descoberta inicialmente por Herbert Evans e Karen Bishop em 1922. Evans, Oliver
Emerson e Glady Emerson isolaram-na em 1936, e somente em 1938 foi identificada quimicamente
e denominada tocoferol por Fernholtz. Apresenta-se de diferentes formas químicas: tocoferóis (a,
b,g, δ), tocotrienóis (a, b, g, δ), acetato e succinato de tocoferol e tocoferil (forma oxidada).
Quanto à sua biodisponibilidade, não há diferença entre suas formas na absorção. A gordura
aumenta a absorção, enquanto a vitamina A e o farelo de trigo (pectina) diminuem. Os ácidos
graxos poli-insaturados aceleram a depleção de vitamina E. Ésteres de vitamina E são hidrolisados
no intestino e, após a absorção, unem-se a uma proteína ligadora: a-TPP. É transportada por QMs,
VLDL e HDL.
A deficiência causa diminuição da vida média do eritrócito e desordens do SNC. Ela é comum
nas doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, câncer e catarata. Em superdoses, possui efeitos
tóxicos e prejudica a função imune. A hipervitaminose prolonga o tempo de coagulação sanguínea
e promove aumento de triglicerídeos.
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As principais fontes são germe de trigo, óleos, gema de ovo, fígado, vegetais verde-escuros,
gordura dos laticínios, manteiga, nozes, sementes e peixes. É estável ao calor e ácidos e destruída
por gorduras rançosas, oxigênio, chumbo, ferro e irradiação UV.
Vitamina K
A vitamina K foi descoberta em 1935 por Dam, mas só foi isolada em 1939. Suas formas químicas
são a filoquinona (K1), proveniente dos alimentos, a menaquinona (K2), proveniente das bactérias
intestinais, e a menadiona (K3), forma sintética da vitamina.
Funções da vitamina K:
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Vitamina C
O ácido ascórbico foi isolado em 1928 por Albert Szent-Gyorgyi. Pode ser encontrado na natureza
em duas formas biologicamente ativas: ácido ascórbico e de-hidroascórbico.
As principais fontes são: acerola, salsa, caju, goiaba, pimentão, couve, agrião, morango, kiwi,
manga, amora, espinafre, limão e laranja. É rapidamente perdida em cocção dos alimentos, oxidação
e armazenamento. A elevada quantidade de flavonoides presente nas frutas diminui as perdas.
Vitamina B1
A tiamina foi inicialmente descoberta por Eijkman em 1897, mas só foi isolada em 1926 por
Jansen e Donath. Suas formas químicas são tiamina monofosfato (TMM) – 10%, tiamina pirofosfato
(TPP) – 80% e tiamina trifosfato (TTP) – 10%.
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Atuação da vitamina B1:
É absorvida por transporte passivo e ativo (no jejuno e no íleo, sódio dependente ou não). É
levada ao fígado e captada pelos eritrócitos por difusão facilitada e outras células por transporte
ativo. Está presente em músculo esquelético (50%), coração, rim, fígado e cérebro. Seus metabólitos
são excretados na urina e em pequena quantidade pela bile.
As principais fontes são fígado de porco, vísceras, leguminosas, pães e cereais integrais, germe
de trigo e batatas. É instável a calor, oxigênio, UV e enxofre e estável ao calor em solução ácida.
Vitamina B2
É absorvida pela porção proximal do intestino delgado por um transportador saturável dependente
de sódio, circula pelo plasma por meio da albumina e outras proteínas e é excretada pelos rins.
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As fontes são leite e derivados, vísceras, carnes, vegetais folhosos verdes, leguminosas,
oleaginosas, cereais e pães enriquecidos e ovos. Estável a calor, oxigênio e meio ácido e instável
à luz (UV) e álcalis. Oxida-se rapidamente pela exposição ao oxigênio.
Vitamina B3
É absorvida pelo intestino delgado por difusão passiva, 30% é ligada a proteínas, é metabolizada
no fígado e excretada pelos rins.
Encontrada em fígado e vísceras peixes, carnes, aves, cereais integrais, ovos, amendoim e
amêndoa, leite, leguminosas, grãos enriquecidos e pimentão. Estável a calor, luz, oxidação, ácido
e álcalis.
Vitamina B6
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Em gestantes, vem sendo muito utilizada na hiperêmese gravídica, quando as náuseas e vômitos
são persistentes. Está associada a melhora do índice de Apgar (teste de avaliação do recém-nascido).
A deficiência na gestação talvez esteja envolvida com oaixo peso ao nascimento e pré-eclampsia.
A concentração fetal é duas a cinco vezes mais alta que a materna.
Vitamina B9
Fonte: 4nadia/iStock
A gestação aumenta as necessidades de ácido fólico, importante para síntese protéica, divisão
celular e formação do tubo neural, principalmente no primeiro trimestre. A formação do tubo neural
depende de um perfeito fechamento para formação da calota craniana e da coluna vertebral,
prevenindo os defeitos do tubo neural (DTN), como anencefalia, espinha bífida, lábio leporino, fendas
palatinas e alterações na síntese de DNA e cromossomiais.
As gestantes são propensas a desenvolver deficiência pela alta demanda desse nutriente
para o crescimento fetal, o que pode levar à anemia megaloblástica. A deficiência de folato pode
também estar associada a aborto espontâneo, pré-eclampsia, restrição de crescimento intrauterino,
hemorragia e malformações cardíacas e do trato genitourinário.
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A absorção ocorre no intestino delgado. O folato monoglutâmico é mais bem absorvido que a
forma poliglutâmica, e o transporte no plasma é feito por glicoproteínas. O folato é levado para as
células de medula espinhal, fígado, fluido cerebrospinal e túbulo renal. Os metabólitos são excretados
na urina e pequena porcentagem na bile.
É encontrada em vegetais verde escuros, fígado, vísceras, carne bovina magra, trigo, ovos, peixes,
feijões secos, lentilhas, aspargos, brócolis, couve, espinafre, levedura, batata, laranja e banana.
Estável à luz solar em solução e instável ao calor em meio ácido.
Vitamina B12
• Metionina sintase: permite entrada do folato na célula, síntese de DNA e RNA nas células
(forma metil).
• Metilmalonil CoA mutase: converte ácido propiônico em ácido succinato (metabolismo de
lipídios) (forma adenosil).
Suas funções incluem formação de metionina, síntese de purinas, pirimidinas e DNA, duplicação
e diferenciação celular, catabolismo de aminoácidos, crescimento, formação e maturação dos
eritrócitos, síntese de proteínas, síntese da bainha de mielina, maturação das células epiteliais do
TGI, síntese de colina e oxidação de ácidos graxos.
A absorção depende do fator intrínseco produzido pelo estômago. É absorvida no íleo; nas
células intestinais, liga-se ao TC II, responsável pelo seu transporte no plasma. Metade da vitamina
B12 está no fígado. É excretada por apoptose celular em trato digestório, rim e pele. É reciclada,
podendo ser novamente reabsorvida.
Encontrada no fígado, rim, leite e derivados, carnes e ovos. Destruída por ácidos, álcalis, calor,
luz e oxigênio.
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Vitamina B5
Gema de ovo, rim, fígado e leveduras são fontes excelentes, enquanto brócolis, carne bovina
magra, leite desnatado, batata-doce e melaço, satisfatórias. Parte é perdida no congelamento e no
cozimento.
Vitamina B7
As melhores fontes são rim, fígado, gema de ovo, soja e leveduras. Leite materno, nozes, peixe e
farinha de aveia são fontes satisfatórias, e carnes, vegetais, frutas e leite de vaca, pobres. A avidina
presente na clara de ovo crua impede sua absorção.
Cr (mcg) 25 30
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Mulher Gestante EAR UL
Fl (mg) 3 3 10
Fe (mg) 18 27 22 45
Mo (mcg) 45 50 40 2.000
Se (mcg) 55 60 49 400
Zn (mg) 8 11 9,5 40
Cálcio (Ca)
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uterinas prematuras e parto prematuro. Alguns estudos mostram o papel do cálcio na prevenção
das síndromes hipertensivas da gestação.
A suplementação com cálcio na gestação parece não alterar a massa óssea materna, mas pode
aumentar a densidade óssea fetal.
Outros fatores que inibem a absorção são ácido oxálico, ácido fítico, fósforo, fibras, gorduras
e proteínas. Estimuladores da absorção de cálcio são lactose, lactoalbumina, ácido ascórbico e
clorídrico. Sódio, cafeína, álcool e proteínas aumentam a excreção urinária, e a deficiência de magnésio
causa hipocalcemia. O excesso de cálcio diminui a biodisponibilidade de magnésio, ferro e zinco.
As principais fontes alimentares são leites e derivados, sardinhas, mariscos, ostras, peixes,
couve, folhas de mostarda, tofu, leguminosas, vegetais verde-escuros, algas, brócolis e gergelim.
Fósforo (P)
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É o mais abundante ânion dentro das células, responsável por ativação e inativação de diversas
enzimas, formação de ossos e dentes, ativação da vitamina D nos rins e componente dos fosfolipídios,
ácidos nucleicos, membranas celulares, creatina fosfato e do ATP.
O desequilíbrio da relação Ca/P (1:1) com diminuição do cálcio pode estar relacionado com as
câimbras da gestação.
As fontes alimentares são queijos, gema de ovo, leite, carnes, peixes, aves, cereais integrais,
leguminosas e nozes. O fósforo das carnes é o mais biodisponível.
Magnésio (Mg)
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A absorção está diminuída na presença de grandes quantidades de fosfato, consumo elevado de
zinco, fibras dietéticas e utilização de anticoncepcionais orais, álcool e diuréticos. Ela é aumentada
por carboidrato e lactose. A depleção de vitamina B6 causa balanço negativo de magnésio.
As principais fontes são cereais integrais, queijo tofu, nozes, carnes, leite, vegetais verdes,
leguminosas, chocolate, castanhas, frutas, banana, batata, coco, maçã, brócolis, abacate e algas.
Ferro (Fe)
O conteúdo corporal do ferro é de 3-5 g, dos quais 60-70% estão em hemoglobina, mioglobina e
enzimas e 30-40%, em fígado, medula óssea, baço e plasma. Ele é armazenado no fígado na forma
de ferritina (Fe++) e transportado no sangue pela transferrina (Fe+++).
As necessidades de ferro na gestação são maiores para suprir as necessidades para o crescimento
fetal, que armazena 290 mg ou mais, e da placenta (25 mg). A necessidade de ferro total da gestação
é de aproximadamente 1.000 g. Elas são menores no primeiro trimestre e começam a aumentar no
início do segundo até atingir no terceiro a necessidade de 6,3 mg/dia.
A placenta e o feto captam 15% a 20% do ferro plasmático diariamente. A deficiência pode levar
à anemia, que é comum após a 20ª semana gestacional.
O ferro heme é o mais biodisponível e mais facilmente absorvido pelo corpo; o não heme pode
ser encontrado na forma de cátion +2. Fitatos, oxalatos, fosfatos, proteínas do leite e da soja,
antiácidos, polifenóis, cálcio, zinco, sais de ferro, cafeína e cádmio diminuem a absorção do ferro
não heme. Ácidos, cobalto, cobre, níquel e manganês aumentam a absorção. É transportado por
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transferrinas e lactoferrinas e estocado na ferritina e na hemossiderina. A excreção é de 0,9 mg a
1,5 mg/dia em urina, pele, bile e principalmente fezes.
A deficiência leva à anemia ferropriva, caracterizada por uma anemia microcítica e hipocrômica
com diminuição da hemoglobina (< 85%). Na gestação, pode afetar o sistema imunológico, o
crescimento e o desenvolvimento fetal, aumentar a taxa de mortalidade do neonato ou levar a
prematuridade, principalmente em casos graves.
As melhores fontes são fígado, carnes, aves e peixes, fontes de ferro heme. Gema de ovo,
leguminosas, cereias integrais, farinhas enriquecidas, vegetais verde-escuros, mel, melado e caldo
de cana são fontes de ferro não heme, que precisa da vitamina C para ser absorvido.
Zinco (Zn)
O zinco é necessário para a atividade de mais 300 enzimas, entre elas metaloenzimas,
pteroilpoliglutamato hidrolase (enzima que converte o folato para sua forma biodisponível de
monoglutamato) e retinal redutase (conversão do β-caroteno a vitamina A).
Está envolvido em respiração celular, síntese e degradação do DNA e RNA, síntese proteica,
manutenção da integridade da membrana celular, regulação da expressão gênica, síntese da
porção heme da hemoglobina, função digestiva, metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídios,
antioxidante, ligação do T3 no receptor, síntese e aumento da sensibilidade à insulina, imunidade,
cicatrização, formação de espermatozoides, olfato, paladar, visão e atividade cerebral.
Sua biodisponibilidade é de 20% a 30%. Fatores como glicose, proteína, amido, quitosana, lactose
e vinho aumentam a absorção. Já cobre, ferro, fósforo, cádmio, chumbo, fibras, fitato, redução de
piridoxina e proteína, álcool, sal, açúcar e diuréticos diminuem.
Alguns fatores, como gravidez, estresse, vegetarianismo, uso de DIU, cromo, cálcio e ferro podem
causar sua deficiência. A deficiência grave na gestação está associada a abortos e malformações.
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As principais fontes são ostras, mexilhão, germe de trigo, cereais integrais, carne de boi, amêndoas,
peru, sardinha, frango, nozes, castanhas e ovos.
Selênio (Se)
sua absorção.
Cobre (Cu)
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As principais fontes são fígado, levedura de cerveja, ostras, mariscos, avelã, nozes, semente de
abóbora, sardinha, oleaginosas, chocolate, cereais, frutas secas, aves. Os aminoácidos aumentam a
absorção de cobre, e fitatos, zinco, molibdênio, manganês, mercúrio, chumbo e cádmio diminuem.
Iodo (I)
O iodo é constituinte dos hormônios tireoidianos tri-iodotironina (T3) e tiroxina (T4). A deficiência
causa o bócio, aumento da glândula tireoide, e diminuição do metabolismo.
Sua importância na gestação está relacionada com os hormônios tireoidianos, já que eles são
essenciais para o crescimento e o desenvolvimento, desde a concepção até os dois anos de idade. A
deficiência fetal é resultante da deficiência materna e aumenta a incidência de natimortos, abortos
espontâneos e anormalidades congênitas.
As fontes alimentares incluem sal de cozinha iodado, frutos do mar, peixe e água.
Cromo (Cr)
Tem importante ação no metabolismo de glicose, lipídios e proteínas a partir das seguintes ações:
potencializa a ação da insulina, aumenta a tolerância à glicose, manutenção das concentrações
de glicose, formação do complexo GTF, estimula o transporte de aminoácidos, síntese proteica,
diminuição do colesterol e triglicerídios séricos, aumento do HDL e redução do LDL.
As melhores fontes são óleo de milho, mariscos, cereais integrais, levedo de cerveja, carnes,
fígado, ostras, batata, ovos, maça, brócolis e castanhas.
Manganês (Mn)
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Participa de ativação de enzimas, antioxidante, desenvolvimento dos ossos, formação do colágeno,
formação de protrombina, síntese de colesterol e ácidos graxos, síntese de neurotransmissores,
síntese proteica e metabolismo glicídico.
Molibdênio (Mo)
É absorvido por transporte ativo e passivo, transportado para o fígado e rins e eliminado pelo
rim como molibdato. O cobre é seu antagonista.
As principais fontes são leguminosas, grãos de cereais, vegetais de folha verde escura, vísceras,
couve-flor, espinafre, lentilha, ervilha, alho, leite e feijão.
Vanádio (V)
Encontrado em azeitona, pão, grãos, nozes, óleos, ervilha, beterraba, cenoura, rabanete, fígado,
peixes e carnes.
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Boro (Bo)
O boro participa do equilíbrio do cálcio, preserva a massa óssea, normaliza a pressão arterial e
aumenta a concentração sérica de testosterona. A deficiência causa osteoporose e perda óssea.
Sódio (Na)
O sódio representa 2% do conteúdo mineral total do organismo (90 g a 100 g). É o principal
cátion no líquido extracelular e participa da manutenção do equilíbrio hídrico, osmótico e ácido-
básico, além de transmissão nervosa, contração muscular, absorção de glicose e outros nutrientes
e transporte de aminoácidos.
É encontrado em sal de cozinha comum, frutos do mar, alimentos de origem animal, leite, ovos,
algas, azeitona, queijos, enlatados, conservas, refrigerantes, aditivos alimentares. É abundante na
maioria dos alimentos, exceto frutas.
A deficiência causa hiponatremia (< 135 mmol/L), que pode ser consequência de aumento da
água corporal total, redução da diurese, perda de sódio (principalmente pelo suor) ou ingestão
inadequada. A hipernatremia é consequência da ingestão elevada de sódio ou da baixa ingestão
de líquidos, levando a aumento da pressão sanguínea, remoção de cálcio do osso e estresse.
Cloro (Cl)
O cloro é o principal ânion no líquido extracelular. Funciona como tampão, ativador de enzimas
e componente do ácido clorídrico. As principais fontes são sal de cozinha, frutos do mar, leite,
carnes e ovos.
Potássio (K)
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As fontes alimentares incluem frutas, leite, carnes, cereais, vegetais, leguminosas, algas, ervilha,
pistache, nozes, batata, banana, laranja, água de coco, frutos do mar, brócolis, repolho e espinafre.
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CONCLUSÃO
A gestação é uma fase em que ocorrem várias mudanças metabólicas, fisiológicas, psicológicas
na vida da mulher. As necessidades energéticas e nutricionais devem ser ajustadas a fim de
atender à recomendação, pois isso repercutirá no desenvolvimento do feto. É preciso ter atenção
aos cuidados de suplementação, avaliação nutricional e riscos gestacionais, prescrevendo dietas
personalizadas individualmente.
Atender às necessidades nutricionais que são aumentadas nesse período faz toda a diferença
para a saúde da mãe e do feto. As mulheres precisam comer o suficiente durante a gestação a
fim de suportarem o esforço adicional que esse período representa para o corpo, satisfazendo as
necessidades nutricionais dela e do bebê.
Se a alimentação da mãe não satisfizer as necessidades de seu filho, ele irá utilizar o suprimento
de nutrientes dela, provocando a diminuição de reservas. Isso expõe a mãe a um risco grande de
contrair doenças e pode afetar o desenvolvimento da criança.
As gestantes devem ser informadas sobre alimentação, atividade física, sintomas gestacionais
e motivadas e incentivadas ao melhor tipo de parto, recebendo apoio em grupos de gestantes, bem
como dos profissionais que as estão acompanhando.
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GLOSSÁRIO
Anamnese – Histórico dos antecedentes de uma doença (doenças anteriores, caracteres hereditários,
condições de vida etc). Fonte: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/
anamnese/
Incompetência istmocervical – Encurtamento do canal cervical, que faz com que o colo dilate e
afine apenas com a evolução da gestação e o peso do bebê, sem que exista contração uterina.
Fonte: https://alomae.prefeitura.sp.gov.br/incompetencia-istmo-cervical-o-que-e/
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