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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS


COLEGIADO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DISCIPLINA DE ZOOLOGIA IV

Alunos: Ana Bilenki, Carla Zayra Fernandes, Celi Rieper, Fernanda Golec, Janine de Paula
Gorgueira, Jordani Gelinski Borges, Luana Costa, Maria Eduarda Borille, Mathias Vinícius e
Vitória Volinkevicz.

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: RÃ-TOURO (Lithobates catesbeianus)


Relatório de aula prática como
requisito para obtenção de nota,
do Curso de Ciências Biológicas
da Universidade Estadual do
Paraná – UNESPAR, Campus de
União da Vitória.
Professor: Huilquer Vogel

UNIÃO DA VITÓRIA
2023
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………….. 4
MATERIAIS E MÉTODOS……………………………………………………………….. 5
RESULTADOS……………………………………………………………………………… 7
CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………………………………………….... 13
REFERÊNCIAS…………………………………………………………………………… 14
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Local da coleta da Rã-touro............................................................................ 5


Figura 2. Puçá utilizado para captura............................................................................. 6
Figura 3. Local da análise da Rã-touro...........................................................................6
Figura 4. Materiais utilizados para a aula prática...........................................................7
Figura 6. Vista Frontal (Cabeça).................................................................................... 9
Figura 7. Vista Dorsal (Superior)................................................................................. 10
Figura 8. Vista Ventral (Inferior).................................................................................. 11
Figura 9. Sistema esquelético da Rã-touro...................................................................12
Figura 10. Confecção autoral do sistema esquelético da Rã-touro.............................. 13
Figura 11. Rã-touro em biscuit.....................................................................................13
INTRODUÇÃO

Rã-Touro (Lithobates catesbeianus) é um ranídeo naturalmente distribuído no leste da


América do Norte, pelos entremeios da Nova Escócia e o Estado da Flórida (FROST, 2008).
Quando a espécie foi introduzida no país se adaptou às condições climáticas, visando que os
anfíbios são animais de sangue frio, se adequaram à temperatura corporal e seu metabolismo
de acordo com a temperatura do ambiente, o que favoreceu de forma significativa o seu
desempenho reprodutivo e produtivo, contribuindo também para que os animais antecipassem
sua maturidade sexual (FERREIRA et al., 2002).
As rãs possuem um porte avantajado e crescimento corpóreo no decorrer de quase
todo período de vida. Quando é adulta, pode apresentar medida rostro-cloacal de cerca de 150
mm e a sua maturidade sexual é atingida por volta de 100 mm, aproximadamente um ano
após metamorfoseada (HOWARD, 1981). Ocupa geralmente corpos d’água permanentes,
onde se alimenta e se reproduz em taxas elevadas, apresentando uma temporada reprodutiva
anual prolongada, com presença de comportamentos territorialistas agressivos desenvolvidos
pelos machos. O grupo apresenta hábitos alimentares generalistas e como predadora, regula a
ocorrência e demografia de populações sinantrópicas em seu ambiente natural. Sua história
natural é regulada por uma série de fatores bióticos e abióticos que interferem diretamente em
sua ecologia, como disponibilidade de recursos alimentares, índices de precipitação e neve, e
temperaturas máximas e mínimas (GOVINDARAJULU et al., 2006).
As rãs desempenham uma grande importância dentro da cadeia alimentar,
contribuindo para o controle de insetos e servindo de alimento para alguns répteis, aves e
mamíferos, sendo insubstituíveis dentro do ciclo de vida de muitas espécies (URIBE et al.,
2010). Esses organismos são dependentes de água, pois realizam seu equilíbrio hídrico, suas
atividades fisiológicas (excreção e troca de pele) e as suas atividades reprodutivas (amplexo
nupcial e desova) no ambiente aquático. A característica que difere a Rã-touro dos demais é a
presença de membranas interdigitais nos membros posteriores. A Rã-touro também apresenta
características produtivas superiores às demais, sendo com melhores índices de prolificidade
e precocidade (FERREIRA et al., 2002).
O Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas dispõe na grade curricular de ensino
a disciplina de Zoologia, onde possui a unidade de estudo sobre os anfíbios. Ao promover
aulas práticas sobre o tema, é possível que os licenciandos adquiram um aprendizado muito
maior do que apenas na teoria, pois ocorre na prática a visualização da morfologia interna e
externa do animal, além da compreensão da sua fisiologia. Estudar a anatomia e a fisiologia
desses animais é crucial por diversas razões, a compreensão das mesmas fornece informações
valiosas sobre processos biológicos fundamentais, que se tornam muito importantes em
diversos pontos, como, adaptabilidade, sistema de proteção respiratória, sistema circulatório,
sistema nervoso, otólito e sua capacidade de regulação de temperatura (GRAUINGER, 2016).
Perante ao que foi mencionado, o presente estudo objetiva descrever a anatomia
externa da espécie Lithobates catesbeianus e destacar quais as principais funções de cada
estrutura identificada.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo contou com a análise de um exemplar de Rã-touro (Lithobates


Catesbeianus). A coleta ocorreu na estação da piscicultura: Centro de Pesquisa e Extensão
em Aquicultura Ildo Zago (CEPEA), nas latitudes e longitudes 26°13’16” S 51°07’47°W, no
Bairro São Gabriel no município de União da Vitória, PR (Figura 1).

Figura 1. Local da coleta da rã-touro.

Fonte: Autores, 2023.

O animal foi coletado pelo professor da disciplina, o mesmo realizou busca ativa com
a ajuda de um puçá (Figura 2), também conhecido como gererê, coador ou sarrico, um
petrecho de pesca confeccionado com rede e ensacador, instalado em uma armação em forma
de aro.
Figura 2. Puçá utilizado para captura.

Fonte: Google, 2023.

Após a coleta, o animal foi disponibilizado para aula prática no laboratório da


Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) – Campus de União da Vitória, Praça Coronel
Amazonas, s/n° Paraná (Figura 3).

Figura 3. Local da análise da Rã-touro.

Fonte: Facebook Unespar, 2023.

A aula prática com a rã-touro ocorreu no dia 16 de novembro de 2023. Os materiais


utilizados para o manuseio da Rã-touro foram: luva (a), tesoura pequena (b), pinça (c), bisturi
(d) e escova de dente (e) (Figura 4). O primeiro contato com a rã foi para a observação da
anatomia externa, após foi seguido com cortes para observação da anatomia interna.
Figura 4. Materiais utilizados para a aula prática.

Fonte: Autores, 2023.

RESULTADOS

Os resultados aqui apresentados, estão relacionados à identificação e descrição da


morfologia externa da espécie Lithobates catesbeianus, comumente conhecida como
Rã-touro. Para isto, realizou-se a consulta bibliográfica, bem como, o uso do material
trabalhado em sala de aula, disponibilizado pelo professor da disciplina de Zoologia IV.

Planos corporais

Figura 5. Diferentes planos da Rã-touro.

Fonte: Autores, 2023.


Corpo geral

A rã apresenta simetria bilateral, com lado direito e esquerdo equivalentes. Sua pele é
lisa e sem verruga, com ausência de cristas dorso-laterais.
A coloração dorsal dos adultos varia de esverdeada a amarelada ou
azeitona-enegrecida. Na região ventral, a coloração é geralmente esbranquiçada ou amarelada
acompanhada de manchas escuras, a cabeça geralmente tem um tom mais claro de verde, com
suas pernas sendo escuramente manchadas ou atadas. A coloração geral varia muito de
acordo com o habitat/localização (GOVINDARAJULU et al., 2006).
Os machos da Rã-touro possuem uma esponja ou calo nupcial no polegar, a região
gular com tonalidade amarelada mais forte e um diâmetro do tímpano maior do que as
fêmeas. A membrana timpânica é o ouvido do animal, essa membrana é plana, serve para
receber as ondas sonoras, é muito maior que o tamanho do olho em machos, e nas fêmeas é
menor ou igual (ROSSIN, 2020).
Os olhos são proeminentes com íris de coloração castanhas. Em adultos, os olhos são
protegidos por pálpebras móveis e membrana piscante. Há uma película chamada de terceira
pálpebra, a membrana nictitante, que encontra-se internamente e é transparente, ela se move
para cima do globo ocular para conservá-lo úmido no ar e para proteger dentro da água. A
córnea do olho da rã é convexa e o cristalino é biconvexo. A estrutura do olho da rã é
complexa, justamente pela necessidade de enxergar tanto debaixo d'água quanto em terra. No
geral, os anfíbios podem enxergar muito longe e têm visão em cores (TRACY; ROBERT,
1977).
As fossas nasais são compostas de órgãos olfatórios que consistem em sacos
olfatórios emparelhados, na qual se abrem nas narinas externas e internas, para o ambiente e
para a cavidade orofaríngea, respectivamente. Na água, as narinas estão fechadas, os órgãos
do olfato não funcionam (ROSSIN, 2020).
Na abertura vocal, as papilas na língua, palato e mandíbulas funcionam como órgãos
do paladar. A língua é bem desenvolvida para capturar a presa, sendo composta da presença
de um muco lubrificante para auxiliar a passagem do alimento no tubo digestivo. Os dentes
são pequenos, finos e cônicos, fixados no maxilar superior (dentes maxilares). A cabeça e o
tronco, ligam-se largamente (TRACY; ROBERT, 1977).
.
Figura 6. Vista Frontal (Cabeça).

Fontes: Autores, 2023.

As rãs perdem as suas caudas aos poucos à medida que desenvolvem-se, restando apenas
um pequeno vestígio dessa fase, o uróstilo, que desenha-se como uma espécie de saliência na
parte inferior da espinha dorsal (com uma estrutura óssea) e que não apresenta qualquer
função na fase adulta. A prega supra timpânica se encontra logo acima do tímpano, iniciando
pelo olho e passando pelo tímpano, estendendo-se em direção aos membros anteriores
(TRACY; ROBERT, 1977).
O corpo da rã é coberto por uma pele lisa e nua com um grande número de glândulas
multicelulares que secretam muco. O muco lubrifica a pele, ajudando a reter água e
promovendo as trocas gasosas (respiração cutânea) entre o sangue e o ar. Isso ocorre na
região hilário (papo), onde acontece a hematose, graças à grande vascularização nesta região
e aos movimentos oscilatórios quando a rã infla e esvazia o papo periodicamente. Além disso,
o muco protege contra microorganismos prejudiciais. As glândulas mucosas secretam fluido
aquoso e incolor que mantém a pele úmida, brilhante e viscosa. A cor da pele deve-se a
grânulos de pigmento na epiderme e a célula de pigmento ou cromatóforos na derme
(TRACY; ROBERT, 1977).
Figura 7. Vista Dorsal (Superior).

Fonte: Autores, 2023.

A parte inferior da rã-touro (Figura 8) é composta de uma coloração branca ou


amarela, variando de acordo com o dimorfismo sexual. As fêmeas e machos diferem entre si,
as fêmeas possuem a coloração branca e os machos a coloração amarela, ficando bem
evidentes na época de acasalamento (DUELLMAN, W. E. & TRUEB, L., 1994).
Na região gular inferior encontra-se o papo e abdômen. O papo é a estrutura que o
macho, na época reprodutiva, usa para coaxar. Na região interna do abdômen estão presentes
os órgãos. Nos machos, na parte inferior dos membros anteriores, encontram-se os calos
sexuais, ou verrugas núpcias, que são adquiridas no período reprodutivo para facilitar a
preensão das fêmeas (GRAUINGER, L., 2016).
Figura 8. Vista Ventral (Inferior).

Fonte: Autores, 2023.

Esqueleto

De forma geral o corpo dos adultos é dividido em: cabeça, tronco e membros (Figura
9). Apresentam 4 membros locomotores, os posteriores são mais desenvolvidos e longos,
para realizar o salto de forma satisfatória. Não apresenta pescoço, seu tronco está diretamente
ligado à cabeça (ROSSIN, 2020).
Membros anteriores são compostos pelo braço, antebraço, pulso e mão, com 4 dedos
em ponta e sem unhas. Os machos, de algumas espécies, possuem certas calosidades nos
dedos, que tem serventia principalmente na época da reprodução, para segurarem as fêmeas
durante o abraço nupcial (ROSSIN, 2020).
Os membros posteriores são formados pela coxa, perna, tornozelo e pé com 5 dedos
terminados em ponta, sem unhas e com a membrana interdigital larga e fina a liga-los,
formando verdadeiros pés-de-pato ou nadadeiras, o que as toma excelentes nadadoras
(ROSSIN, 2020).
Tanto as pernas posteriores e anteriores são divididas em artelhos longos e tarsos
(conhecidos como calcâneo e astrágalo), que ajudam a compor os seus calcanhares de uma
forma especializada para dar funcionalidade no salto desses animais. Em rãs adultas, o
esqueleto é ossificado, as extremidades de alguns ossos mantêm a cartilagem da fase larval
(quando o esqueleto é cartilaginoso) (ROSSIN, 2020).
.
Figura 9. Sistema esquelético da rã-touro.

Fonte: Autores, 2023.

Após a limpeza do esqueleto, ele foi montado com o auxílio de algodão, palito e uma
cola instantânea de alta resistência.
Figura 10. Confecção autoral do sistema esquelético da rã-touro.

Fonte: Autores, 2023.

Modelo Didático

Foi elaborado um modelo didático, com biscuit, para a exemplificação da morfologia


externa da rã-touro.

Figura 11. Rã-touro em biscuit.

Fonte: Autores, 2023.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Brasil abriga uma rica diversidade de anfíbios, estes que desempenham um papel
crucial nos ecossistemas nacionais, sendo importantes indicadores de saúde ambiental destes
locais. As vastas e variadas paisagens do país, fornecem habitats para inúmeras espécies de
anfíbios, tornando-o uma das regiões mais biodiversas do mundo para esses animais.
Os anfíbios são encontrados em uma ampla gama de ambientes, incluindo florestas
tropicais, savanas, áreas úmidas e áreas costeiras. Eles contribuem para a ciclagem de
nutrientes, controlam populações de insetos e servem como predadores e presas em teias
alimentares.
Os Amphibia incluem as Cecílias, Cobra-cega, as Salamandras e os Sapos, Rãs e
Pererecas. Há, portanto, apenas três Ordens viventes, com cerca de 4.800 espécies atuais.
Embora existam variações na forma do corpo e nos órgãos de locomoção, pode-se dizer que a
maioria dos anfíbios atuais, notadamente da Ordem Anura, tem uma pequena variabilidade no
padrão geral de organização do corpo, conforme demonstrado no presente estudo.
Alguns acham que Sapos, Rãs e Pererecas são nojentos e tem pavor só de olhar. Outros
gostam de apreciá-los, mas a distância. E há quem curta observá-los, escutá-los, pegá-los na
mão e estudá-los. Este é o caso dos acadêmicos do curso de Ciências Biológicas, que tem a
oportunidade durante a graduação, de conhecer de forma teórica e de forma real estes animais
incríveis, com cores diversas e vocalizações que parecem uma sinfonia ensaiada.
Diante disso, nota-se a extrema importância de aulas práticas, principalmente envolvendo
a Ordem Anura. As vivências que as saídas de campo, após aporte teórico, proporcionam,
têm sido fundamentais no ensino de Biologia há décadas. Essas experiências práticas,
oferecem aos alunos uma oportunidade única de entender conceitos biológicos em um
contexto do mundo real, promovendo uma compreensão mais profunda da anatomia,
fisiologia e princípios ecológicos dos grupos estudados.

REFERÊNCIAS

BRAGA, L.G.T.; LIMA, S.L. Influência da temperatura ambiente no desempenho da rãtouro,


Rana catesbeiana (Shaw, 1802) na fase de recria. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.
30, n.6, p. 1659-1663, 2001.
FERREIRA, C. M.; PIMENTA, A. G. C.; PAIVA NETO, J. S. Introdução à ranicultura.
2002.

DUELLMAN, W. E. & TRUEB, L. 1994. Biology of Amphibians. McGraw-Hill,


Baltimore and London.

FROST, D.R. Amphibian species of the world: an online reference. American


Museum of Natural History, Nova York, 2008.

GOVINDARAJULU, P.; PRICE, W.S.; ANHOLT, B.R. Introduced bullfrogs in western


Canada: Has their ecology diverged? Journal of Herpetology, 2006.

GRAUINGER, L. Anatomia comparada dos vertebrados. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan. 2016.

HOWARD, R.D. Sexual dimorphism in bullfrogs. Eco

POUGH, F.H.; HEISER, J.B.; McFARLAND, W.N. A vida dos vertebrados. São Paulo:
Atheneu, 1996.

logy, 1981.

ROSSIN, Gabriel Furtado. Noções sobre Anatomia e Fisiologia da Rã-touro. Passei Direto,
São Paulo, 15 de novembro de 2020. Disponível em: Noções sobre Anatomia e Fisiologia da
Rã - Ranicultura (passeidireto.com). Acesso dia 14 de dezembro de 2023.

TRACY I. S.; ROBERT L.U. Zoologia Geral, 1977.

URIBE, G. V.; BÉJAR, L. M.; MORA, R. I.; LAGUNAS, R. B. Manual de producción de


rana toro. Morelia: Centro de Investigación y Desarrollo del Estado de Michoacán, 2010.

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