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Imperatriz – MA
2019
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Imperatriz – MA
2019
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 4
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 5
2.1 Aspectos morfológicos, anatômicos e químicos de Graphidaceae .................... 5
2.2 Graphidaceae para Brasil e Nordeste ................................................................. 5
3. OBJETIVOS ............................................................................................................... 9
3.1 Geral ....................................................................................................................... 9
3.2 Específicos.............................................................................................................. 9
4. METODOLOGIA....................................................................................................... 9
4.1 Local de coleta ....................................................................................................... 9
4.2 Coleta ................................................................................................................... 10
4.3 Herborização ....................................................................................................... 10
4.4 Análises morfológicas e anatômicas .................................................................. 10
4.5 Análises químicas ................................................................................................ 11
4.6 Identificação dos espécimes ................................................................................ 11
4.7 Descrições e ilustrações....................................................................................... 11
5. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ..................................................................... 11
6. RECURSOS .............................................................................................................. 12
6.1 Permantes ............................................................................................................ 12
6.2 Consumo .............................................................................................................. 12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 13
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1. INTRODUÇÃO
Os liquens são organismos formados pela simbiose entre um fungo (micobionte),
pertencente ao grupo Ascomycota ou Basidiomycota, e espécies de algas e/ou
cianobactérias, (fotobionte), estabelecendo uma unidade com morfologia estável,
complexa e peculiar, denominada de talo liquênico (ALEXOPOULOS et al. 1996; WILL-
WOLF et al. 2004; NASH 2008; KIRK et al. 2008).
Cerca de 20% de todos os fungos são liquenizados, o que representa quase metade
de todos os Ascomycota, em torno de 13.500 espécies, havendo apenas cerca de 20
espécies de Basidiomycota liquenizados (KIRK et al., 2001). Em contrapartida, existem
poucos basidiomicetos e deuteromicetos (fungos imperfeitos) liquenizados
(HONNEGER, 1991; NASH III, 1996). Estão presentes em aproximadamente, 8% da
superfície terrestre como a forma de vida dominante (ODUM, 2008).
Os fungos liquenizados possuem uma grande e específica quantidade de caracteres
morfológicos, anatômicos e químicos que os diferenciam em várias ordens dentro do
Reino Fungi, muitas das quais exclusivas, decorrentes da simbiose com algas ou
cianobactérias, e que são de grande importância taxonômica (NASH III, 1996).
Os liquens produzem importantes metabólitos secundários, denominados ácidos
liquênicos que podem ser utilizados como compostos com atividades antitumorais,
alergênicas, antifúngicas, antimicrobianas e propriedades inibidoras do crescimento de
plantas (AHMADJIAN 1993; NASH 2008; ALEXOPOULOS et al. 1996; FLEIG et al.
2008).
A produção dessas substâncias, permite ao liquen sobreviver em ambientes mais
inóspitos. Devido a isso, estes organismos são encontrados desde os trópicos até as
regiões polares, onde são frequentemente a vegetação predominante, inclusive em
desertos e regiões neotropicais (GORIN et al., 1993). Vale destacar ainda que, os fungos
liquenizados conseguem sobreviver em condições de vida muito adversas devido à sua
capacidade de dessecamento rápido, oferecendo resistência a condições ambientais
extremas de temperatura e luz (RAVEN, 1996).
Além da variedade de adaptação dos liquens aos diferentes tipos de ambientes,
eles também são encontrados nos diferentes tipos de substrato, habitando em rochas,
solos, muros, vidros, troncos vivos, ou em decomposição (SEAWARD 1977; HALE
1983; NASH 1996). São definidas ainda, três categorias morfológicas do talo liquênico:
folioso, fruticoso e crostoso (NASH 2008; GOWARD et al. 1994), as quais variam desde
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Aspectos morfológicos, anatômicos e químicos de Graphidaceae
A família Graphidaceae apresenta talo crostoso cujo fotobionte é uma alga verde
(Chlorophyta) (KIRK et al., 2001). Ela possui cerca de 1000 espécies e ocorre
principalmente em regiões tropicais e subtropicais do mundo, frequentemente sobre
troncos e ramos de árvores e arbustos e raramente sobre folhas, rocha ou solo (STAIGER,
2005; STAIGER; KALB; GRUBE, 2006).
O talo pode ser contínuo, formando uma crosta sem interrupções e bem
delimitada, ou descontínuo, com uma superfície quebrada, porém rimoso (quando essa
superfície não está separada em placas) ou areolado (com a presença de placas poligonais
arredondadas, colocadas lado a lado irregularmente) (MARCELLI, 2006). Além disso,
pode haver a existência de córtex superior, onde a superfície do talo é compacta e
ligeiramente brilhante, ou a superfície apresenta aspecto áspero e farinhoso, quando o
córtex superior é ausente (LÜCKING; ARCHER; APTROOT, 2009).
A coloração do talo varia entre branco, cinza pálido até verde oliva e marrom
escuro (WIRTH; HALE, 1978). Vale destacar que as colorações claras se dá pela presença
de cristais de oxalato de cálcio presentes entre e acima da camada de algas, ao passo que,
quando estes cristais se encontram abaixo da camada algal a tonalidade do talo é verde
oliva. (LÜCKING; ARCHER; APTROOT, 2009). Raramente ocorre a formação de
propágulos simbióticos e poucas espécies apresentam sorédios ou isídios, como é o caso
de Graphis lueckingii Dal-Forno e Eliasaro) e Graphis isidiata (Hale) Lücking),
respectivamente (LÜCKING; ARCHER; APTROOT, 2009; DAL-FORNO;
ELIASARO, 2010a).
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espécies para Sergipe, Menezes (2013) no estado do Ceará cita 81 espécies e Leite (2013)
identificou 34 espécies da família Graphidaceae para o estado da Paraíba.
Contudo, para o Estado do Maranhão, apenas o trabalho de Nunes (2015) foi
realizado, onde foram identificadas 20 espécies pertencentes a nove gêneros.
3. OBJETIVOS
3.1 Geral
Realizar um levantamento de fungos liquenizados da família Graphidaceae em
São João do Paraíso, no Maranhão.
3.2 Específicos
Elaborar chaves de identificação para os táxons encontrados;
Contribuir com levantamento de dados sobre fungos liquenizados no estado do
Maranhão;
Descrever e ilustrar todos os táxons em formato de flora.
4. METODOLOGIA
4.1 Local de coleta
A Cidade de São João do Paraíso está a aproximadamente 114km de Imperatriz e
encontra-se inserida na Mesorregião Sul maranhense, na microrregião Porto Franco
compreendendo uma área de 2.053,8 km², com uma população de aproximadamente
10.814 habitantes e uma densidade demográfica de 5,27 habitantes/km² (IBGE, 2010).
Limita-se ao Norte com os municípios de Sítio Novo, Lajeado Novo e Porto Franco; ao
Sul com São Pedro dos Crentes e Estreito; a Leste com Sítio Novo e a Oeste com Porto
Franco (Google Maps, 2011).
O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é tropical (AW’) subúmido
com dois períodos bem definidos: um chuvoso, que vai de novembro a abril, com médias
mensais superiores a 203 mm e outro seco, correspondente aos meses de maio a outubro.
(JORNAL DO TEMPO, 2011).
O relevo da região é formado pela depressão de Balsas, formado por um conjunto
de morfoesculturas rebaixadas, modeladas no sentido Leste-Oeste. É dominada por
chapadas com formas amplas e baixas, com maiores altitudes a Oeste, nas cabeceiras dos
rios, com cotas máximas alcançando os 350 metros (FEITOSA, 2006). Os cursos d’água
da região fazem parte da bacia hidrográfica do Tocantins e a vegetação da região é
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composta pelo cerrado que se caracteriza por apresentar troncos e galhos retorcidos e
suberizados (IMESC, 2008).
4.2 Coleta
A coleta dos exemplares deverá ser realizada com cuidado para que o material não
seja danificado e impossibilite a sua identificação. As amostras serão retiradas de todos
os tipos de substratos como troncos, galhos e rochas. Devem ser utilizados instrumentos
como facas e martelo.
O material coletado será posto em envelopes de papel com identificação parcial
dos caracteres morfológicos; para isso se faz necessário uma lupa de mão para auxiliar
nessa pré-identificação, além da identificação das características do local, data, número
da coleta e dados sobre o substrato onde o exemplar foi coletado.
4.3 Herborização
Após a coleta o material deverá ser posto para secar e, para eliminação de ovos
e pequenos animais que podem ser encontrados nos exemplares, serão submetidos a
baixas temperaturas em freezer por pelo menos duas semanas.
4.4 Análises morfológicas e anatômicas
A morfologia dos fungos liquenizados deverá ser feita com auxílio de microscópio
estereoscópico para observação detalhada de estruturas de importante valor taxonômico,
tais como: talo: presença ou ausência de córtex; cor; ascoma: apotécio ou lirela, solitária
ou em estroma; simples ou ramificada; tamanho; cor; disco exposto ou oculto; presença
e tipo de cobertura talina (lateral ou total), presença de pruína.
Para observação das estruturas anatômicas o material deverá ser cortado à mão
livre e os cortes observados ao microscópio óptico para identificação das estruturas
internas como: Talo: altura, presença de cristais. Ascoma: proeminente, erumpente,
séssil ou imersa; lábios inteiros ou crenados; lábios convergentes ou divergentes.
Excípulo: altura e carbonização (total, apical ou lateral). Himênio – incluindo epitécio e
hipotécio, quando presentes – (altura; largura; inspersão; cor). Paráfises: ramificação;
forma; espessura; cor; ápice liso ou espinhoso. Perifisóides: presença ou ausência; apíce
liso ou espinhoso. Ascósporos: septação; número de células; tamanho; forma; cor; reação
I; número por asco; relação entre o comprimento e a largura (número de vezes que é mais
longo do que largo).
Além disso, os cortes também receberão KOH a 10%, para análise da inspersão
do himênio e melhor observação das paráfises e perifisóides.
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5. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
MESES
Coleta/herborização X X
Revisão bibliográfica X X X X
Análises morfológicas E X X X
anatômicas
Análises químicas X X X
Ilustrações X
Elaboração do TCC X X X X
Defesa do TCC X
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6. RECURSOS
Os recursos necessários para o desenvolvimento do projeto estão disponíveis no
Herbário e no Laboratório de Microbiologiada Universidade Estadual da Região
Tocantina do Maranhão – UEMASUL.
6.1 Permantes
Microscópio estereoscópio
Microscópio óptico
6.2 Consumo
Lâminas de vidro
Lamínulas
Lâminas de inox
Envelopes de papel
Conta gota de plástico
Hidróxido de potássio a 10%
Hipoclorito de sódio a 40%
Iodo
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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