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Rafael Schmitz
Curitiba
2018
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3
5 APLICAÇÕES .................................................................................................................................... 15
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Os primeiros relatos da existência dos anéis de crescimento foram feitos na Grécia
antiga, há muito tempo. Já no século XVI, Leonardo da Vinci reconheceu a relação entre
os anéis de crescimento e o clima em árvores de espécies pertencentes à família
Pinaceae na região de Toscana (Itália), relatando que a espessura do anel indicaria anos
de maior ou menor seca (BOTOSSO; MATTOS, 2002).
2.1 Formação
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FIGURA 1 – Fotomacrografia da seção de (A) Cedrela fissilis (cedro), (B) Ocotea porosa
(embuia) e (C) Aspidosperma polyneuron (peroba-rosa), explicitando os limites de anéis
de crescimento e diferenciações anatômicas entre as espécies.
FIGURE 1 – Section’s photomacrography of (A) Cedrela fissilis, (B) Ocotea porosa and (C)
Aspidosperma polyneuron, explaining the tree rings limits and anatomical differences
among species.
A B C
Fonte: Adaptado de Baptista-Maria (2002).
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3 FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA DENDROCRONOLOGIA
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que os mesmos tipos de condições limitantes afetaram os mesmos tipos de processos da
mesma maneira no passado como no presente; somente as frequências, intensidades e
localidades das condições limitantes que afetam o crescimento podem ter mudado
(FRITTS, 1976).
O crescimento dos anéis de uma árvore é mais influenciado pelo fator ambiental
mais limitante, por exemplo, a precipitação em regiões secas, ou ainda a temperatura em
maiores latitudes. Os mesmos fatores podem limitar de alguma forma todos os anos,
mas o grau e duração de seus efeitos limitantes variam de um ano para o outro. Se um
fator muda, de tal forma que não é mais limitante, a taxa de crescimento da planta irá
aumentar até que outro fator se torne limitante (MATTOS; SALIS, 2007).
3.3 Sensibilidade
Quanto mais uma árvore tiver sido limitada por fatores ambientais, mais esta
exibirá variação na largura de anel para anel. Em dendrocronologia, refere-se a essa
variabilidade na largura do anel como sensibilidade e à falta de variabilidade de largura
como complacência (FIGURA 2).
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FIGURE 2 – Reference to the sensitivity of tree rings. (A) Complacent rings; (B) sensitive
rings.
A B
Tais flutuações na largura do anel podem ser expressas como uma estatística
chamada sensibilidade média. Esta é uma medida das diferenças relativas na largura
entre anéis adjacentes, ou seja, refere-se variação percentual média de cada valor de anel
medido para o próximo. A sensibilidade média é calculada conforme a equação a seguir:
t=n−1
1 2(xt+1 − xt )
msx = ∑ | |
n−1 (xt+1 + xt )
t=1
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datação, causados por anéis falsos ou ausentes (FIGURA 3). O resultado é uma série de
crescimento com resolução de calendário anual (STOKE; SMILLEY, 1968).
FIGURE 3 – Synchronism problems in the tree rings pattern among samples (A); and ring
widths synchronously matched after crossdating-check, identifying missing rings and
intra-annual bands (false rings) (B).
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indevidamente observados, examinando cuidadosamente a estrutura do anel; e
finalmente chegar a uma cronologia regional correta (FRITTS, 1976).
3.5 Repetição
𝑛 (𝑟𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 á𝑟𝑣𝑜𝑟𝑒𝑠 )
𝐸𝑃𝑆 =
[1 + (𝑛 − 1)(𝑟𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 á𝑟𝑣𝑜𝑟𝑒𝑠 )]
Valores de EPS> 0,85 podem ser um indicativo de que o número de amostras que
integram a cronologia é grande o suficiente para capturar uma porcentagem adequada
do sinal teórico presente em uma cronologia infinitamente replicada (WIGLEY et al.,
1984).
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3.6 Padronização
As larguras dos anéis podem variar não apenas com as flutuações nas condições
ambientais, mas também com mudanças sistemáticas na idade das árvores, altura ao
longo do tronco, condições e produtividade de um local (FRITTS, 1976). Por esse motivo,
a padronização é um procedimento importante na dendrocronologia quando o objetivo
é estudar a variabilidade da largura do anel associada a determinado fator do ambiente.
4 OBTENÇÃO DE DADOS
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árvore não precisa ser abatida, sendo uma importante opção para estudo de espécies
nativas/protegidas. O trado deve ser cuidadosamente introduzido paralelamente ao solo,
buscando atingir a medula da árvore (FIGURA 4).
FIGURE 4 – Sampling of wood using Pressler's borer (50cm in length; 4mm in diameter).
(A) Insertion of the increment borer in the tree; (B) sample extraction.
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A Figura 5 apresenta um exemplo de amostra seca, colada em suporte e polida,
pronta para a próxima etapa do processo, que consiste na marcação e medição dos anéis
de crescimento.
FIGURE 5 – Sample ready for demarcation of the tree rings with the help of a
stereoscope.
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por algum motivo (e. g. mal posicionamento do trado, medula muito excêntrica,
dimensões elevadas da árvore (maior que o comprimento do trado)). Nestes casos,
amostras de uma mesma árvore podem apresentar quantidades diferentes de anéis
amostrados e a idade da árvore terá de ser estimada.
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A partir desse ponto, o primeiro exame dos dados é feito graficamente, buscando
sincronizar as curvas de incremento das diferentes amostras (dentro da árvore e entre
árvores da espécie). O software COFECHA (HOLMES, 1983) pode ser utilizado como um
auxiliador da datação nesta etapa, ajudando a identificar períodos que podem conter
anéis falsos ou ausentes.
5 APLICAÇÕES
Jenkins et al. (2013) estudaram eventos extremos de secas na Amazônia, por meio
de uma cronologia de largura de anéis de Cedrela odorata. Primeiramente eles
observaram a relação dos anéis versus eventos conhecidos de seca até o ano de 1973
(período de registros de precipitação). Verificado um padrão de respostas dos anéis da
espécie a essa variação, foi possível estender a análise dos eventos até o ano de 1819
(período da cronologia dos anéis de crescimento). Assim, puderam constatar que vem
acontecendo um aumento na frequência de secas extremas desde a virada do século XXI.
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(2013) relacionaram eventos de El Niño e o crescimento, averiguando diferentes
respostas relacionadas ao sexo das árvores.
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