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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DA


BAHIA BACHARELADO ODONTOLOGIA

ITILA MAYKELY SANTOS


LANNA BENEDICTIS BRAGA
LUANNA FERNANDA APOLONIO DA
SILVA

Periodontite: Estágios e graus

ALAGOINHAS
2023
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ITILA MAYKELY SANTOS


LANNA BENEDICTIS BRAGA
LUANNA FERNANDA APOLONIO DA
SILVA

Periodontite: Estágios e graus

Trabalho elaborado como modo avaliativo


da disciplina de Fundamentos em
Periodontia sob orientação do Prof. André
Baqueiro da Silva. No semestre letivo de
2023.2.

ALAGOINHAS
2023
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 4
2. CARACTERÍSTICAS CLINICAS ................................................................... 4
3. ESTÁGIOS E GRAUS ........................................................................................ 5
4. DIAGNÓSTICO ................................................................................................... 6
5. TRATAMENTO ................................................................................................... 8
6. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 10
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1. Introdução
A periodontite é uma doença infecciosa e inflamatória que acomete os tecidos de
proteção e suporte dos dentes. Origina-se de inflamação gengival e leva à reabsorção do osso
que fica ao redor das raízes dentárias. A evolução deste processo pode ocasionar a perda
dentária, dependendo do nível de perda óssea atingido. O fator etiológico primário é a
infecção por bactérias periodontopatogênicas como Aggregatibacter actinomycetemcomitans,
Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythia, Treponema denticola, Campylobacter rectus,
Prevotella intermedia e Eikenella corrodens. Além destas, outras bactérias também estão
associadas à periodontite, porém em menor grau. O fator microbiológico pode ser agravado
pela má higiene bucal e hábitos nocivos à saúde como o tabagismo. Fatores e doenças
sistêmicas, como o diabetes, HIV, desordens imunológicas e gravidez também podem
interferir na condição periodontal e vice-versa. As bactérias periodontopatogênicas secretam
produtos como enzimas, endo e exotoxinas que, dependendo da susceptibilidade e resposta
imunológica do hospedeiro, provocarão danos maiores ou menores ao periodonto. Até o
presente, o diagnóstico da periodontite é clínico, fato que permite apenas a avaliação
pregressa da doença. Estudos recentes sugerem o desenvolvimento de técnicas que permitam
o diagnóstico das fases ativas da periodontite além da identificação do risco ao seu
desenvolvimento. (NAIFF, Priscilla Farias; ORLANDI, Patrícia Puccinelli; SANTOS, 2012).

2. Características Clínicas
A periodontite, lesão inflamatória de caráter infeccioso que envolve os tecidos de
suporte dos dentes, leva à perda de inserção conjuntiva, osso alveolar e de cemento
radicular. Apresenta as mesmas características clínicas da gengivite, acrescendo perda
de inserção conjuntiva, presença de bolsa periodontal e perda óssea alveolar
(AMERICAN ACADEMY OF PERIODONTOLOGY, 1999). Nas bolsas periodontais, a
localização ou distribuição dos patógenos pode relacionar-se à destruição periodontal.
Noiri et al. (2001) relataram a presença de espécies bacterianas do tipo Prevotella
nigrescens na porção média das bolsas periodontais (tecido epitelial), presença de
Fusobacterium nucleatum e Treponema denticola (em áreas de placa não aderida),
Eikenella corrodens (relacionadas a áreas de placa aderida) e Actinobacillus
actinomycetemcomitans, na porção apical da bolsa.A microbiota predominante na porção
apical da bolsa periodontal diferiu marcadamente da microbiota do sulco gengival
saudável, podendo-se observar que bactérias Gram-positivas correspondiam a 25,1% e
85,0%, respectivamente. Quanto à presença de bactérias anaeróbias observou-se
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respectivamente 89,5% e 24,3% das bactérias isoladas. De todos os bacilos Gram-


positivos, 78,4% (bolsas profundas) e 19,9% (sulco saudável) foram anaeróbios. Pode-
se ter como hipótese que a inflamação gengival iniciada pela placa supragengival pode
produzir condições de meio ambiente favorável para a colonização de bactérias Gram-
negativas (SLOTS, 1977). Bolsas periodontais profundas não são pré-requisitos de meio
ambiente ecológico para o estabelecimento de Porphyromonas gingivalis, uma vez que é
alta a sua ocorrência em sujeitos sem doença periodontal (DAHLÉN et al., 1992).

3. Estágios e Graus
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4. Diagnóstico
Diversos sistemas foram criados ao longo dos anos para facilitar o diagnóstico da doença. Em 1982 foi
desenvolvido, por iniciativa da Organização Mundial da saúde (OMS), um sistema de índices para
avaliação da necessidade de tratamento periodontal, chamado de Índice das Necessidades de
Tratamento Periodontal Comunitário (CPITN), que se resume em: (Lindhe J; Karring T; Lang NP,
2005)
1. Divisão da dentição em seis sextantes (um total de duas regiões anteriores e 4 regiões posteriores
– mandíbula e maxila) – Se apenas um dente estiver presente no sextante, ele será incluído no
sextante contíguo.
2. A sondagem periodontal é realizada ao redor de todos os dentes do sextante, onde cada valor da
sondagem é anotado.
3. O registro da condição periodontal é feito da seguinte forma:
• Código 1 – sextante sem bolsas, cálculos ou restaurações com sobre contorno, mas ocorre
sangramento após sondagem delicada em um ou vários dentes.
• Código 2 – sextante sem bolsas maiores que 3mm, porém apresentam nas regiões subgengivais
cálculos dentais e fatores de retenção de placa.
• Código 3 – sextante cujos dentes tem bolsas de 4-5mm de profundidade.
• Código 4 – sextante cujos dentes tem bolsas de 6mm ou mais de profundidade.
4. As necessidades de tratamento se baseiam no código mais severo da dentição3:
• N 0 – gengiva sadia.
• N 1 – indica necessidade de melhora na higiene oral.
• TN 2 – indica necessidade de raspagem, remoção de excesso das restaurações e melhora na higiene
oral (código 2 e 3).
• TN 4 –indicação de tratamento complexo (código 4). Este sistema apesar de não ter sido criado com
propósitos epidemiológicos tem sido bastante utilizado em todo o mundo, principalmente pelos países
em desenvolvimento.
Segundo a AAP (American Academy of Periodontology), a avaliação do paciente periodontal
deve começar com uma anamnese minuciosa sobre histórico médico e odontológico, alguns pontos
importantes que devem ser verificados são eles:
1. A queixa principal do paciente (motivo pelo qual procurou atendimento odontológico) deve ser
verificada e avaliada. Informação sobre tratamentos anteriores e exames anteriores podem ser de
grande valia.
2. Diabetes, paciente gestante, hipertensão, tabagismo, abuso de drogas e medicamentos, doença
cardiovascular, etc. Caso o dentista julgue necessário uma avaliação mais detalhada de
determinada condição, deve encaminhar o paciente para o médico especialista.
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A avaliação também inclui um exame clinico e radiográfico cuidadoso. No exame clínico deve-
se observar. (American Academy of Periodontology, 2011):
1. Estruturas extra orais e articulação temporomandibular;
2. Tecidos e estruturas intra orais;
3. Condição dos dentes presentes, quais dentes estão ausentes, condição dos dentes restaurados,
dentes com mobilidade, sinais de hábitos parafuncionais, presença de cárie e próteses;
4. Presença e distribuição de placa e cálculo;
5. Exame dos tecidos periodontais e periimplantares;
6. Avaliar e anotar a profundidade de sondagem, localização da margem gengival, verificação do
nível clinico de inserção e presença de sangramento a sondagem;
7. Verificação de mucosa, inserção dos freios, tecido queratinizado e presença de retração gengival;
8. Presença de lesão de furca;
9. Solicitação e análise de exame radiográfico (verificação das estruturas, dentes e análise óssea).

5. Tratamento
Para que o tratamento tenha sucesso, é necessário o exame preciso e o diagnóstico assertivo;
porém, no estágio inicial do plano de tratamento existem alguns fatores que fazem com que nem
sempre seja possível prever todos os aspectos da terapia corretiva (Lindhe J; Karring T; Lang NP,
2005).
Para minimizar os imprevistos, deve-se estabelecer um risco para cada elemento. Com base nos
resultados dos exames e do diagnóstico, pode-se estimar os riscos de cada um dos dentes. Para isso,
são observados três pontos principais: quais elementos têm prognóstico bom, quais elementos têm
prognóstico duvidoso e no caso de quais elementos não é aconselhável tratamento (Lindhe J; Karring
T; Lang NP, 2005).
Os dentes com bom prognóstico requerem terapia relativamente simples e podem ser considerados
pilares para função. Os dentes duvidosos necessitam de terapia abrangente e, dentre as situações que
podem ser consideradas como prognóstico duvidoso, há: envolvimento de furca, defeitos ósseos
angulares, perda óssea horizontal (mais que dois terços da raiz), tratamento endodôntico incompleto,
patologia periapical, presença de pinos/núcleos volumosos e cáries radiculares extensas (Lindhe J;
Karring T; Lang NP, 2005).
Já os dentes que se enquadrarem como “não aconselhável tratamento” podem ser extraídos durante a
terapia inicial e, dentre as situações quando não se aconselha tratamento, há: abcessos periodontais
recorrentes, perda de inserção até o ápice, perfuração no terço apical da raiz, fratura longitudinal da
raiz e fratura oblíqua no terço médio da raiz1 (Lindhe J; Karring T; Lang NP, 2005).
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A estratégia de tratamento da doença periodontal deve incluir a eliminação da infecção oportunista,


assim como a definição de parâmetros a ser atingidos. Dentre eles, há: (Carranza FA, Newman MG,
Takei HH, Klokkevold PR, 2007)
1. Redução ou resolução do sangramento à sondagem.
2. Redução da profundidade de sondagem.
3. Tratamento das exposições de furca.
4. Estética e função satisfatória.

Segundo a AAP (American Academy of Periodontology), o tratamento da doença periodontal


deve incluir:

1. Orientação de higiene bucal e ações educativas aos pacientes, visando ao aconselhamento e ao


controle dos fatores de riscos (stress e tabagismo).

2. Controle das inter-relações entre doença periodontal e doenças sistêmicas.

3. Remoção de placa, cálculo, bactérias supra e subgengival e raspagem e alisamento radicular


meticuloso. Algumas vezes, será necessário incluir a etapa cirúrgica.

4. Os colutórios podem ser utilizados para reduzir, alterar ou eliminar a quantidade de microrganismos
patogênicos ou para alterar a resposta do hospedeiro.

5. Cirurgias ressectivas para reduzir ou eliminar bolsas periodontais e para criar um formato gengival
que propicie boa higienização.

6. Procedimentos regenerativos e reconstrutivos, incluindo uso de membrana, enxertos ósseos ou


combinação de ambos, regeneração óssea, dentre outros.

7. Cirurgia plástica periodontal, para correção de retração, deformidades dos tecidos moles ou melhora
a estética gengival.

8. Terapia oclusal, que pode incluir ajustes, esplintagem e movimentação para manter um equilíbrio
oclusal.

9. Cirurgias pré-protéticas, incluindo aumento de coroa, cirurgias mucogengivais, cirurgia a retalho,


dentre outras.

10. Exodontia seletiva de dentes, raízes e implantes.

11. Planejamento para colocação de implantes, controle e tratamento da peri-implantite.


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12. Procedimentos para facilitar o tratamento ortodôntico, incluindo frenectomia, fibrotomia e


ancoragem temporária.

13. Avaliação pós-tratamento e controles periodontais.


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REFERÊNCIAS

NAIFF, Priscilla Farias; ORLANDI, Patrícia Puccinelli; SANTOS, MC dos.


Imunologia da periodontite crônica: uma revisão de literatura. Scientia Amazonia,
v. 1, n. 2, p. 28-36, 2012.

ETO, Fábio Shigueo; RASLAN, Suzane A.; CORTELLI, José Roberto.


Características microbianas na saúde e doença periodontal. Revista biociências, v.
9, n. 2, 2003.

PAPAPANOU, P.N. et al. Periodontitis: consensus report of Workgroup 2 of the


2017 World Workshop on the Classification of Periodontal and Peri-Implant
Diseases and Conditions. J. periodontol., Chicago, v.89, suppl.1, p.S173-S182,
2018.
Lindhe J, Karring T, Lang NP. Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia Oral. 4.ed.
Rio de Janeiro; 2005.

American Academy of Periodontology. Comprehensive Periodontasl Therapy: A Statement


by the American Academy of Periodontology. J. Periodontol. 2011;82(7):943-49.

Carranza FA, Newman MG, Takei HH, Klokkevold PR. Periodontia Clínica. 10.ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan; 2007

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