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Um olhar multidimensional para a Década do Oceano

Brenda Gulfier Sanchez Llonch


Agatha Todam
Bianca Barbosa de Oliveira
João Pedro Alonso Panho
Maithê Kapor de Brito
Priscila Saviolo Moreira
Camila Negrão Signori

4. Conservação
Ambiental
Um olhar multidimensional para a Década do Oceano

Brenda Gulfier Sanchez Llonch


Agatha Todam
Bianca Barbosa de Oliveira
João Pedro Alonso Panho
Maithê Kapor de Brito
Priscila Saviolo Moreira
Camila Negrão Signori

Série: Educação Ambiental Marinha

4. Conservação
Ambiental
Instituto Oceanográfico, USP - São Paulo, 2022.
Revisão Diagramação
Cláudia Guimarães Maithê Kapor de Brito
Gabriela Carvalho
Mariana Rodrigues dos Santos A diagramação foi feita com a plataforma Canva, e algumas
imagens utilizadas são de seu banco de imagens livres.
Monique Lima
É proibida a comercialização deste livro.
Priscila Silveira Correa A versão online deste livro está disponível no site:
Sueli Aparecida Rodrigues https://www.eamarinha.com/

Realização:

Instituições parceiras:

Apoio:
O Projeto - EAMar
O EAMAR é um projeto de educação ambiental, criado por
alunos da graduação do Instituto Oceanográfico da USP que,
de forma interativa e dinâmica, visa a abordar e apresentar os
ecossistemas marinhos e processos oceânicos, incluindo curi-
osidades e problemáticas que envolvem o oceano.
A primeira versão do projeto foi desenvolvida por alunos da
empresa júnior do IO USP, IO Júnior Consultoria e Educação
Ambiental, ainda sob a presidência do oceanógrafo Leonardo
Takase (in memoriam), e promoveu ações em escolas da capi-
tal e de Ubatuba, trabalhando com alunos do Ensino Funda-
mental e Ensino Médio.
Já a versão atual, teve o projeto adaptado por equipes do
Laboratório de Oceanografia Microbiana do IO USP e do
Parque Estadual da Ilha Anchieta, além do apoio financeiro do
programa "Aprender na Comunidade", da Pró-Reitoria de
Graduação da USP, e da Sociedade Brasileira para o Progres-
so da Ciência.
2021 marca o início da Década das Nações Unidas da
Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (dora-
vante Década do Oceano), liderada pela Comissão Oceano-
gráfica Intergovernamental da UNESCO (COI-UNESCO) e
segue até 2030.
Sem dúvida, é um momento singular de difusão da
Oceanografia, de desenvolvimento da Cultura Oceânica entre
jovens estudantes e de articulação entre todos os setores da
sociedade em prol de uma relação mais sustentável com o
paci
oceano.
O projeto é direcionado a alunos do 2º ano do Ensino
Médio das escolas públicas de Ubatuba e, através da capaci-
tação de professores como mediadores do conhecimento, bus-
ca o desenvolvimento do protagonismo de todos os envolvidos
nas questões ambientais relacionadas ao oceano e, principal-
mente, desses alunos, como jovens cientistas.
Serão trabalhadas, aqui, as cinco principais áreas da
Oceanografia (Biológica, Física, Química, Geológica e So-
cioambiental), de forma expositiva, educativa e prática.
Também faz parte deste trabalho o projeto "Ciência Ci-
dadã" que, através do engajamento de professores e alunos,
tem por objetivo, utilizando método científico, estudar a erosão
de praias, através do monitoramento fotográfico da linha de
costa.
Considerações iniciais
Este livro é um produto do projeto EAMar, produzido no
ano de 2021 por alunos de graduação do curso de Bacharela-
do em Oceanografia, do Instituto Oceanográfico da Universi-
dade de São Paulo e tem, por finalidade, oferecer material di-
dático como suporte para professores e alunos participantes
do projeto EAMar.
É o quarto livro da série "Educação Ambiental Marinha", e
o conteúdo, aqui presente, traz uma introdução ao estudo do
oceano e à ciência oceanográfica e tem, como principal objeti-
vo, disseminar os princípios da cultura oceânica, contribuindo,
dessa forma, com a Década do Oceano.
Na página seguinte, você encontrará os objetivos de
aprendizagem de cada capítulo, as competências da BNCC,
os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, e os
princípios da cultura oceânica atingidas pelo conteúdo do livro.
E nas páginas finais, um glossário explicando o significado das
palavras destacadas com o símbolo *, além das referências
bibliográficas utilizadas.
Caso encontre qualquer erro, informe-nos pelo e-mail:
eamar.iousp@gmail.com, para que seja verificado e corrigido,
a fim de oferecermos um ebook de educação ambiental mari-
nha completo e coerente.
Que seu mergulho nesse mar de conhecimento seja ex-
tremamente agradável e te inspire a conhecer mais e mais so-
bre essa imensidão azul chamada OCEANO.
Boa leitura!
Objetivos de aprendizagem de cada tópico:
1. Existem ações possíveis e necessárias que ajudam a mitigar os
efeitos danosos antrópicos à saúde do oceano.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU atingidos:

Competências da BNCC:
1. Conhecimento;
2. Pensamento científico, crítico e criativo;
7. Argumentação;
10. Responsabilidade e Cidadania.

Princípios da Cultura Oceânica abordados:

6. O oceano e a humanidade estão fortemente


interligados.

Fonte das imagens: ONU (org.). Cultura Oceânica para todos: kit pedagógico. Paris: Comissão Oceanográfica Intergovernamental, 2020.
Conservação Ambiental

SUMÁRIO

1. Conservação Ambiental 2.2 Década da Ciência Oceânica


1.1 O que é conservação? ..... 09 para o Desenvolvimento Susten-
1.2 Por que conservar o ocea- tável ............................................ 35
no? ......................................... 09 2.3 Cultura Oceânica .................. 37
1.3 Preservação ou conserva- 2.4 Dia Mundial do Oceano ........ 38
ção? ....................................... 10 2.5 Leis Internacionais ................ 39
1.4 O papel do Parque Esta- 2.5.1 Mar territorial ........................ 40
2.5.2 Zona contígua ...................... 41
dual Ilha Anchieta (PEIA) -
2.5.3 Zona Econômica Exclusiva .. 41
Ubatuba/SP ............................ 11 2.5.4 Plataforma continental ......... 41
1.5 A economia e a conserva- 2.5.5 Alto-mar ................................ 42
ção ......................................... 14 2.6 Proibição da caça às baleias 43
1.6 Os benefícios das unida- 2.7 Acordo de Paris .................... 47
des de conservação (UCs) .... 15 2.8 Organizações Não Governa-
Saiba mais sobre o PEIA ..... 19 mentais Internacionais
(ONGs) ................................. 49
2. Ações mundiais
2.1 Objetivo do Desenvolvi- 3. Ações locais .............................. 52
mento Sustentável 14 da Or-
ganização das Nações Uni- 4. Ações pessoais .........................59
das (ONU) .............................. 31
Conservação Ambiental 09

1. Conservação
Ambiental
4.1. O que é conservação? com a economia e apresen-
Conservação ambiental e tando as ações de uma uni-
sustentabilidade são temas dade de conservação no li-
amplamente debatidos nas toral de São Paulo.
últimas décadas, em função Assim, entende-se por
da necessidade de preserva- conservação o conjunto de
ção da vida no planeta. diretrizes, planejadas para o
Tal questão envolve, so- manejo e utilização dos re-
bretudo, o oceano, já que ele cursos naturais, de modo a
corresponde mais de 70% da permitir a preservação da di-
superfície terrestre e afeta di- versidade biológica e garan-
retamente toda a biodiversi- tir a proteção de áreas ex-
dade do planeta, incluindo a postas a ações naturais e an-
humana. trópicas.
Apesar do conceito de
conservação do oceano ser 4.2. Por que conservar o
conhecido de todos nós, mui- oceano?
tos não têm, ainda, a real di- O respeito à vida e à
mensão dessa necessidade. natureza, por si só já é moti-
Assim sendo, o que se vo suficiente para conservar
busca é aprofundar o tema, o oceano, porém há outros,
trabalhando sua definição, igualmente importantes:
mostrando sua importância, a. A maior parte da água das
tratando da diferença entre chuvas é proveniente dos
conservação e preservação oceanos. É ele que fornece a
ambiental, apontando os be- água “doce” consumida e uti-
nefícios que traz, sua relação lizada nas atividades diárias;
k
EAMar 10
b. Cerca de 40% do oxigênio f. Possui maior diversidade
produzido anualmente no pla- (em relação à terrestre), já
neta é proveniente das ativi- que os principais grupos de
dades de organismos fotos- organismos vivem exclusiva-
sintéticos no oceano. mente no oceano (Figura
Foi o acúmulo do oxigê- 4.1);
nio na atmosfera que possibi- g. Fornece diversos serviços
litou o surgimento e manuten- ecossistêmicos à população,
ção da vida na Terra; dentre os quais pode-se des-
c. É responsável por equili- tacar os alimentos, medica-
brar o clima e o tempo glo- mentos, minérios, energia,
bais, ao regular o fluxo de via de transporte de bens e
chuvas, de estiagem, a umi- pessoas, além de proporcio-
dade relativa do ar e absorver nar recreação, segurança na-
a maior parte da radiação cional e ser um importante
solar e metade do dióxido de patrimônio cultural. duzir
carbono (CO2) e metano
(CH4) da atmosfera;
d. Metade da produtividade
primária do planeta ocorre
nas camadas do oceano ilu-
minadas pelo sol. São nelas
que estão os organismos es-
senciais à vida e são a base
da teia trófica marinha; Fig. 4.1 - Representação da grande diversidade
encontrada no oceano.
e. É o maior reservatório de
carbono em ciclo rápido do 4.3. Preservação ou conser-
planeta, elemento que auxilia vação?
o processo de sintetização de Apesar de serem cons-
conchas, esqueleto e recifes tantemente utilizados como
de corais; sinônimos, os termos preser-
va
Conservação Ambiental 11
vação e conservação apre- Lei Federal 9.985/2000, que
sentam significados diferen- apresenta as diretrizes e pro-
tes. cedimentos para criação e
Enquanto preservação gestão de áreas protegidas.
está associada à ideia de Nessa normativa, as UCs
“ações para garantir a inte- são classificadas de acordo
gridade e perenidade de al- com a necessidade ou desti-
go”, a conservação está a- nação dos recursos: proteção
trelada a “medidas perma- integral (forma indireta), ou
nentes que impedem a dete- uso sustentável (forma dire-
rioração com o passar do ta).
tempo”. O Parque Estadual da
Em outras palavras, pre- Ilha Anchieta (PEIA), com
servar a natureza é mantê-la área de 828 hectares e locali-
intocável, sem interferir em zado no município de
suas características próprias; Ubatuba (SP), é classificado
enquanto conservá-la é utili- como uma unidade de pro-
zar, de forma responsável teção integral e de domínio
(sustentável), os recursos público.
que ela oferece. Assim sendo, tem autori-
zação para realizar atividades
4.4. O papel do Parque voltadas a pesquisas científi-
Estadual Ilha Anchieta cas e de cunho educacional,
(PEIA) - Ubatuba/SP bem como recreação e turis-
Como já mencionado no mo ecológico, sempre visan-
capítulo 6 do Módulo 2, as do a uma maior conscientiza-
Unidades de Conservação ção sobre a necessidade de
(UCs) brasileiras são regula- conservação dos ecossiste-
das pelo Sistema Nacional de mas naturais.
Unidades de Conservação A Fundação Florestal é o
(SNUC), fundamentado na órgão gestor das UCs no es-
kak kak
EAMar 12
tado de São Paulo e a res- e os programas de gestão.
ponsável pelo PEIA. O zoneamento divide a
Atualmente, tem sob sua UC em áreas, com objetivos
jurisdição cerca de 160 UCs, específicos e regras de uso,
sendo 113 da própria institui- possuindo, então, áreas mais
ção e as demais oriundas do restritivas e menos restritivas.
Instituto Federal. A Figura 4.2 exemplifica
Importante citar, também a divisão do PEIA.
alguns dos principais objeti-
vos do parque (PEIA):
- Proteção e conservação dos
ecossistemas naturais;
- Proteção e conservação do
patrimônio histórico-cultural;
- Desenvolvimento de pesqui-
sas científicas;
- Promover atividades de e-
ducação ambiental;
- Promover atividades de re-
creação que tenham contato
com a natureza.
Toda UC deve possuir um
plano de manejo, ou seja,
um documento técnico que a- Fig. 4.2 - Zoneamento do Parque Estadual Ilha
presente a caracterização da Anchieta. (Fonte: GUILLAUMON ET AL, 1989.)

área e, apoiado nos objetivos


da unidade, estabelecer os O zoneamento do PEIA
critérios de zoneamento e as segue os critérios de classi-
normas que devem regula- ficação e caracterização esta-
mentar o uso da área, a ge- belecidos por GUILLAUMON
rência dos recursos naturais ET AL (1989):
kak
Conservação Ambiental 13
Menos Restritivo
Zona de uso intensivo: Caracteriza-se por áreas com
diversas alterações antrópicas, mas
de significativa beleza cênica, ideais
para atividades de recreação e edu-
cação ambiental. São locais onde a
visitação é mais intensa.
Fig. 4.3 - Ruínas do antigo presídio da Ilha
Anchieta que compõem a zona de uso inten-
sivo.

Zona de uso extensivo: É onde se encontra a maioria


das trilhas e praias do PEIA. São
permitidas algumas atividades no
local, porém de forma restritiva.

Fig. 4.4 - Praia do Sul da Ilha Anchieta que


faz parte da zona de uso extensivo.

Zona de recuperação: São áreas que sofreram interfe-


rências antrópicas no passado, e
hoje são voltadas a projetos de re-
cuperação ecológica e florestal.
Trata-se de zona temporária, ou
seja, uma vez recuperada, converte-
Fig. 4.5 - Área de recuperação, como é se em outra zona.
possível observar pela vegetação.

Zona intangível: São áreas que apresentam carac-


terísticas primitivas e, são locais de
menor interferência humana possí-
vel. Seu acesso é altamente restrito,
só permitido para atividades de pes-
quisa e fiscalização, desde que
aprovado pela gestão da unidade.
Mais Restritivo
EAMar 14
Já os programas e ações dolescentes, têm acesso a
de gestão são definidos a informações relevantes sobre
partir dos objetivos propostos a importância dos ecossiste-
e, embora sejam uma forma mas marinhos e terrestres,
de organização individual de suas relações e como con-
trabalho, apresentam correla- servá-lo para as futuras gera-
ção e interdependência. ções.
Programas de gestão de-
senvolvidos pelo parque: 4.5. A economia e a conser-
-Programa de Gestão Or- vação
ganizacional; As atividades voltadas ao
-Programa de Pesquisa; oceano, como pesca (Figura
-Programa de Proteção e 4.6), extração de fontes ener-
Monitoramento; géticas, turismo, entre outras,
-Programa de Uso Público; desempenham papel crucial
-Programa de Educação na economia mundial.
Ambiental; Exemplo disso é Miami
-Programa de Interação So- Beach (Flórida - EUA). Ali, a
cioambiental (voluntariado e praia, principal atração turísti-
conselho consultivo). ca da região, teve, em 2017,
Para mais detalhes sobre um faturamento em torno de
o PEIA e seus projetos, 11 bilhões de dólares.
consulte o Saiba mais sobre Considerando esse aspec-
o PEIA ao fim deste tópico. to, conservar a praia, além de
Por fim, sempre bom re- movimentar a economia local
forçar que o trabalho do PEIA de maneira significativa, é
é indispensável para a con- vantajoso para a saúde dos
servação ambiental da Ilha ecossistemas.
Anchieta. É através de suas Outro exemplo importante
ações que milhares de pes- diz respeito à valorização do
soas, sobretudo crianças e a- bem-estar humano e dos ser-
dolesce
Conservação Ambiental 15
viços ecossistêmicos mari-
nhos.
No estudo intitulado “A
importância ecológica, econô-
mica e social do oceano”
(1990), Robert Costanza esti-
mou um investimento anual
de US$21 trilhões referentes
a esses bens e serviços, o Fig. 4.6 - Exemplo de atividade econômica
voltada ao oceano. (Fonte: Kit Pedagógico
que corresponde a cerca de Cultura Oceânica. p.17.)
60% do valor econômico total
da biosfera. vado é fonte de diversos ser-
No Brasil, segundo dados viços ecossistêmicos que
do cadastro das famílias ex- proporcionam benefícios, tan-
trativistas e do livro “Quanto to materiais, quanto imateri-
vale o verde: a importância e- ais.
conômica das unidades de É verdade que o valor
conservação brasileiras”, or- econômico que advém da ex-
ganizado por Carlos Eduar- ploração direta dos recursos
do Frickmann Young e Ro- naturais é facilmente percebi-
drigo Medeiros, as unidades do e amplamente incentivado
de conservação, sozinhas, por muitos setores da socie-
movimentam, anualmente, dade. Porém, o meio ambien-
entre 67 e 76 bilhões de reais te preservado, carrega um
e abrem mais de 300 mil va- valor intrínseco que, ao longo
gas no mercado de trabalho. do tempo, supera os ganhos
devastadores da exploração
4.6. Os benefícios das uni- e degradação.
dades de conservação Serviços ecossistêmi-
(UCs) cos, ambientais ou naturais
O meio ambiente preser- são benefícios diretos ou in-
vA dir
EAMar 16
diretos que as pessoas rece- patógenos.
bem dos ecossistemas. Serviços de suporte: os
Essa classificação é uti- relacionados à formação de
lizada desde a década de 80, habitats e processos básicos
mas foi a Avaliação Ecossis- da natureza.
têmica do Milênio (AEM) que Serviços culturais: inclu-
popularizou o conceito e sua em os valores simbólicos e
relação com o bem-estar hu- estéticos, como a identidade
mano. local; tradições e paisagens;
Como mencionado no os serviços de recreação e
Módulo 1, os serviços ecos- turismo e os efeitos cogniti-
sistêmicos oceânicos são vos, como a inspiração artís-
muitos e estão categorizados tica o potencial para a produ-
em quatro grandes grupos: ção de conhecimento e forne-
Serviços de provisão: in cimento de materiais para
incluem o abastecimento de pesquisa e educação.
recursos, como: alimento; á- Cabe frisar a importância
gua; madeira; recursos medi- das UCs, tanto para garantir
cinais. São materiais que be- a saúde dos ecossistemas
neficiam, por exemplo, a ati- marinho e terrestre (permitin-
vidade pesqueira, a aquicul- do, assim, a continuidade dos
tura, a medicina. serviços), quanto para os que
Serviços de regulação e são, de alguma maneira, in-
manutenção: incluem a puri- fluenciados por elas.
ficação da água; a regulari- A Figura 4.7 ilustra os be-
zação da qualidade do ar; a nefícios que áreas marinhas
proteção costeira; a regulari- protegidas proporcionam à
zação climática local e global; manutenção da biodiversida-
a nutrição do oceano; a ma- de e do ciclo de vida.
nutenção do ciclo de vida e a De acordo com dados de
regularização biológica de pesquisa do Ibope, realizada
kalska pel
Conservação Ambiental 17

Fig. 4.7 - Diagrama ilustrando exemplos de indicadores de regulação e manutenção do ciclo de


vida em recifes rochosos (recebem impactos antropogênicos) e em áreas protegidas efetivas.
Elaboração: Vinícius Giglio. (Fonte: Relatório técnico da proposta de criação do Parque Estadual
Marinho Tartaruga-de-Pente.)

em 2018 e publicada em car- Importante lembrar, tam-


ta aberta dirigida a governan- bém, que são esses parques
tes e sociedade, 90% dos en- e reservas que possibilitam
trevistados afirmaram sentir maior desenvolvimento eco-
necessidade de buscar maior nômico de locais remotos,
contato com a natureza. garantindo, assim, melhor
Nesse sentido, a melhor qualidade de vida e regulari-
forma de viabilizar tal prática dade quanto ao abastecimen-
é através do acesso consci- to de água.
ente da população a respeito E, um dos aspectos fun-
da importância de conserva- damentais para a humanida-
ção de parques e reservas. de: minimizam os efeitos das
São eles que permitem e pro- mudanças climáticas.
movem o turismo lazer, práti- Portanto, é necessário
ca de esportes, a aquisição que cada um faça a sua parte
de conhecimento (pesquisas no que diz respeito à conser-
científicas). vação do oceano. Afinal, é
ele
EAMar 18
ele o responsável pelo surgi-
mento e desenvolvimento da
vida no planeta e a nós com-
pete assegurar a vida desse
oceano, através de ações in-
dividuais e coletivas que ge-
renciem, efetivamente, os re-
cursos por ele disponibiliza-
dos.
Conservação Ambiental 19

Saiba mais sobre o


Parque Estadual da Ilha Anchieta
Conforme mencionado no 65.796, de 16 de junho de
tópico 4.1.4., o PEIA apre- 2021)​ e possibilita, através
senta programas de gestão do suporte da equipe técnica
que permitem a organização do parque, maior conheci-
dos trabalhos no parque. A mento da área.
seguir, apresentaremos al- Além disso, é responsável
guns deles: por acompanhar, sempre que
KPrograma de Gestão Or- possível, as atividades de
ganizacional: Gerencia a campo e as pesquisas em
parte administrativa da unida- andamento, além de estimu-
de. lar o desenvolvimento de no-
vos projetos junto a institutos
KPrograma de Pesquisa: de pesquisa.
Organiza as informações de Atualmente estão cadas-
pesquisas cadastradas junto tradas no banco de dados do
ao Instituto de Pesquisa Am- PEIA, 278 pesquisas, dividi-
biental do Sistema Ambiental das em grandes temas, con-
Paulista (Decreto Estadual nº forme mostra o gráfico:
2021)

Fig. A - Grá-
fico apresen-
tando o nú-
mero de pes-
quisas ca-
dastradas no
banco de da-
dos do Par-
que Estadual
Ilha Anchieta
por grandes
temas.
EAMar 20
KPrograma de Proteção e As expedições de manejo
Monitoramento: Esse pro- têm, como objetivo geral, fa-
grama incorpora diversos te- zer o levantamento das áreas
mas, entre eles, ações de fis- de incidência de colônias das
calização, projetos de reflo- espécies Tubastraea cocci-
restamento e de manejo de nea e Tubastraea tagusensis
espécies exóticas, como (Coral-Sol), no entorno do
exemplo, o coral sol (espécie Parque Estadual Ilha Anchie-
marinha, oriunda do Oceano ta. E, como objetivo específi-
Pacífico e portanto, estran- co, adotar medidas mitigado-
geira ao litoral brasileiro. Es- ras de controle e prevenção,
sa espécie é classificada co- através do manejo das colô-
mo altamente invasora, já nias destas espécies. Tam-
que compete fortemente com bém buscam avaliar a neces-
as nativas). sidade de novas expedições.
O manejo do coral sol, é Importante ressaltar que o
realizado pela equipe do par- manejo de espécies exóticas
que, muitas vezes em parce- só pode ser feito por pessoas
ria com o ICMBIO do Núcleo qualificadas e com a aprova-
de Gestão Integrada de Alca- ção do órgão competente.
trazes.

Fig. B.a e B.b - A imagem à direita apresenta uma colônia de Tubastrea coccinea (coral sol) e a
imagem à esquerda, o mergulhador manejando colônias. As imagens são dos costões da Ilha
Anchieta.
Conservação Ambiental 21
KPrograma de Uso Público:
desenvolve diversas ações
relacionadas à visitação do
parque, como atendimento
aos visitantes, monitoramen-
to da visita, credenciamento
de operadores e monitores
autônomos, até mesmo a
manutenção das áreas de vi-
sitação.
O parque possui capaci-
dade de receber 1.020 visi-
tantes por dia na zona de uso
intensivo e é regido pela Por-
taria Normativa FF/DE nº
267/2017 que estabelece as
regras específicas de visita-
ção e regulamenta o acesso
ao aquário natural, de modo
Fig. C.a e C.b: Visita ao aquário natural, antes e
a garantir a expectativa dos depois da normatização. Segundo dados, cerca
visitantes ao visualizar a vida de 45.000 pessoas visitam o PEIA anualmente.
Em 2019, excepcionalmente, a unidade passou
marinha ali existente, sem, a maior parte do ano fechada, devido à pande-
contudo, causar dano ao lo- mia provocada pelo corona vírus.

cal (excesso de pessoas em sensibilizar a sociedade


um mesmo período provoca quanto à importância da con-
suspensão de sedimentos). servação dos ambientes na-
turais. A maioria deles desen-
KPrograma de Educação volvido em parceria com ou-
Ambiental: o PEIA conta tras instituições, como é o
com uma série de projetos e caso do próprio EAMar, liga-
ações que contribuem para do ao Instituto Oceanográfico
quanto São
EAMar 22
da USP. No final do projeto, os alu-
A seguir, outras iniciati- nos, divididos em grupos,
vas: produzirão um vídeo sobre o
1. Roteiros de estudo do mei- tema trabalhado que, poste-
o e monitoramento de trilhas: riormente, fará parte de um
realizado por monitores autô- concurso, envolvendo as vá-
nomos cadastrados na unida- rias cidades participantes.
de. Importante salientar que a
2. Trilha das Mudanças Cli- TMCG no PEIA foi precurso-
máticas Globais (TMCG): ra do desenvolvimento e dis-
realizado em parceria com o seminação dessas ativida-
"Projeto Ecossistemas Cos- des, atendendo, até hoje, 14
teiros" (https://ecosteiros.ib.u- escolas de Ubatuba, 105 pro-
sp.br) do Instituto de Biociên- fessores e 1.630 alunos par-
cias da USP, promove a for- ticipantes que, desde o início
mação de monitores ambien- da premiação, sempre foram
tais que, posteriormente, de- os vencedores do concurso.
senvolverão atividades com
professores e alunos do 9⁰
ano da Rede Pública de Ensi-
no.
O programa consta de ca-
pacitação de professores,
disponibilização de atividades
para sala de aula e uma ati-
vidade de campo, nas trilhas
do PEIA, onde os alunos,
acompanhados de monitores,
participarão de gincana sobre
o ciclo do carbono e mudan-
ças climáticas globais.
Conservação Ambiental 23
EAMar como uma das etapas
de execução do projeto, po-
rém o público alvo passou a
ser professores e alunos do
2º ano do Ensino Médio, da
Rede Pública
No último ano de execu-
ção, o programa contou com
o apoio de uma bolsista do
Fig. D.a e D.b: Monitor e alunos participantes
do projeto "Trilha das Mudanças Climáticas
Laboratório de Oceanografia
Globais", em parceria com Projeto "Ecos- Microbiana do Instituto Ocea-
sistemas Costeiros".
nográfico da Universidade de
3. Tenda Oceano: Projeto de- São Paulo.
senvolvido em parceria entre
o parque e alunos de gradua-
ção do Instituto Oceanográ-
fico da Universidade de São
Paulo.
Desde sua criação, em
2016, 17 alunos do IO já
participaram do projeto, aten-
dendo 9.395 visitantes, con-
tribuindo, dessa forma, para
aumentar o conhecimento so-
bre o oceano e disseminar a
Fig. E.a,- "Tenda Oceano" montada no Parque
cultura oceânica. O evento Estadual Ilha Anchieta.
que ocorre geralmente nos
meses de janeiro e fevereiro, 4. Onda Sustentável: Projeto
tem, como público alvo, os vi- que tem como objetivo traba-
sitantes do parque. lhar as temáticas do lixo no
A Tenda foi incorporada mar, a destinação de resídu-
ao os
EAMar 24
duos e o consumo conscien- reflexões e discussões sobre
te. temas ligadas ao projeto, a
Tudo começou com o pro- partir de atividades lúdicas e
jeto piloto de 2019, no âmbito práticas realizadas na própria
do Programa Bandeira Azul, escola (em 2 momentos) e
coordenado pelo PEIA, con- em visita ao PEIA.
juntamente com Marina A última atividade foi rea-
Kauai, de Ubatuba. Segue, lizada com 111 alunos de
até hoje, mas ampliado com quinto ano de escolas de
a participação de diversas Ubatuba e teve, como um
instituições privadas, públicas dos resultados mais marcan-
e do terceiro setor, ligadas ao tes do "Onda Sustentável", a
Comitê Gestor Bandeira Azul. produção de um vídeo-mani-
Em suas diversas fases, o festo protagonizado pelos
projeto capacitou 41 educa- alunos, que pode ser visuali-
dores para atuar em 4 esco- zado no link:
las municipais do entorno do https://www.youtube.com/wat
PEIA. A proposta é fomentar ch?v=KJpP3sUi07k&t=71s
o
Fig. F - Logomarca do projeto
"Onda Sustentável".

Fig. G - Atividades do projeto "Onda Sustentável" no PEIA. (Imagens: Rodrigo Apoena -


OkArte Digital.)
Conservação Ambiental 25
5. Conservação em Prosa: é Universidade de São Paulo),
um Podcast que aborda infor- tem por objetivo transformar
mações sobre pesquisas ci- o conteúdo das pesquisas ci-
entíficas realizadas em uni- entíficas, realizadas nas uni-
dades de conservação, mas dades de conservação cos-
com uma linguagem mais a- teira e marinha, em um en-
cessível a alunos do Ensino redo didático que servirá de
Fundamental II e Médio. A ferramenta para professores
primeira temporada, iniciada da rede pública trabalharem
em 15 de outubro de 2021, a cultura oceânica em sala
em comemoração do "Dia do de aula, contribuindo, tam-
Professor", tem a intenção de bém, com a Década do
levar o oceano para a sala de Oceano.
aula, através de 17 episódi- Maiores informações po-
os, disponibilizados quinze- dem ser obtidas no site a
nalmente. seguir:
A iniciativa envolve pes- http://catedraoceano.iea.usp.
soas que trabalham na área br/conservacao_em_prosa
de Ciências do Mar e que
buscam, através das pesqui-
sas realizadas ou atuando na
gestão, levar informações, e
assim, contribuir para a for-
mação de futuros cidadãos,
cada vez mais conscientes
sobre o oceano e sua impor-
tância para a humanidade.
O projeto, que conta, além
do PEIA, com a Cátedra
UNESCO para Sustentabili- Fig. H - Logomarca do projeto Conservação
em Prosa (podcast).
dade do Oceano (sediada na
USP
EAMar 26
6. Educomunicação através
das redes sociais: O PEIA
utiliza também mídias e mei-
os de comunicação em mas-
sa como elemento de educa-
ção. Para isso, o parque con-
ta com um perfil no Instagram
@nossailhaanchietaquerida,
para divulgar seus atrativos,
programas e projetos desen-
volvidos, além de dar desta-
que a temas e datas relevan-
tes para a proteção socioam-
biental do território do parque
e do oceano.

KPrograma de Interação
Socioambiental (voluntaria-
do e conselho consultivo):
esse programa está vincula-
do a ações que potencializam
a inserção regional do parque
no seio da comunidade, a-
traindo, assim, a sociedade
para participar ativamente da
gestão da unidade. Para atin-
gir esse objetivo, conta com:
1. Conselho Consultivo: 18
cadeiras, sendo 9 represen-
tantes do poder público e 9
Fig. I.a, I.b, I.c - Exemplos de postagens no
representantes da sociedade Instagram do PEIA.
USP
Conservação Ambiental 27
civil organizada. Mantém reu- Voluntariado: tem como ob-
niões ordinárias a cada 2 me- jetivo possibilitar a atuação
ses; ou extraordinárias, agen- de voluntários para auxiliar o
dadas a qualquer momento. processo de gestão e manejo
2. Câmaras Técnicas (CT): do parque, fortalecendo o
grupos permanentes que a- modelo de gestão participati-
profundam a discussão de va, estimulando o exercício
determinados temas que pos- da cidadania e contribuindo
teriormente serão levados ao para a conservação do patri-
Conselho Consultivo para as mônio ambiental e cultural.
tomadas de decisão. Há três formas de fazer
3. Grupos de Trabalho (GT): voluntariado no PEIA: indivi-
são formados temporaria- dualmente, em turmas e à
mente, a partir de um objetivo distância.
definido. 1. Individual: No período de
Interessados em acompa- baixa temporada, é possível
nhar essas reuniões: fazer ser voluntário no PEIA, exe-
contato com o parque através rcendo atividades específi-
do e-mail: cas, previamente combina-
pe.ilhaanchieta@fflorestal.sp. das com a gestão do Parque.
gov.brUSP

Fig. J - A
imagem apre-
senta o es-
quema das
funções do
Conselho do
Parque Esta-
dual Ilha An-
chieta.
EAMar 28

Fig. K - Turma de voluntários e funcionários diante de placa na entrada do parque.


(Imagem: Rodrigo Apoena.)

Para isso, o candidato deverá Demandas específicas


encaminhar proposta, deta- também podem ser propos-
lhando a atividade que pre- tas diretamente pela gestão
tende desenvolver. Depois de que se encarregará de divul-
analisada, aprovada e verifi- gar, por meio de editais, os
cada a adequação à necessi- critérios e as datas para a se-
dade da unidade, o voluntário leção dos interessados.
poderá iniciar o trabalho pre- 3. Turmas: É o tipo de volun-
sencial pelo período de, no tariado mais comum no PEIA.
mínimo, 30 dias. Ocorre nos meses de janeiro,
2. À distância: Para algumas fevereiro e julho e conta com
demandas, não é necessário atividades específicas, pre-
o trabalho presencial. O pro- estabelecidas pela gestão.
cesso de encaminhamento e Para participar, o interes-
análise é o mesmo que a do sado deverá fazer sua inscri-
voluntariado individual deven- ção por e-mail e aguardar o
do, também, estar alinhada à retorno da unidade que fará
necessidade da unidade. uma seleção, caso o número
de
Conservação Ambiental 29
de vagas seja menor que o superação destes.
de inscritos. O enfoque do trabalho,
Os voluntários passam ini- coletivo e voluntário, é a con-
cialmente por um período de servação dos atributos natu-
capacitação antes de partici- rais e histórico-culturais da
par das atividades presenci- região, a difusão das informa-
ais. ções da UC para visitantes, a
As turmas, que atuarão no realização de atividades de
parque por um período de 30 educação ambiental e de mo-
dias, são formadas por pes- nitoramento de aspectos rela-
soas de diferentes cursos e cionados à visitação. Enfim,
áreas, já que um dos objeti- sempre uma experiência
vos do projeto é a troca de enri-quecedora.
saberes e experiências. Há ainda os benefícios
Em casos específicos, imateriais, as transformações
também podem ser formadas que ocorrem no íntimo do ser
turmas para atuar por perío- humano, depois que confron-
dos curtos, em épocas de ta a natureza que o cerca
grande demanda da Unidade, com seus valores e suas ne-
como eventos e feriados (por cessidades. O que se tem é
exemplo, carnaval). A partici- um novo ser, alguém que se
pação no programa traz uma posiciona de forma diferente,
série de contribuições. Além com maior consciência da
de ter contato com uma ex- responsabilidade de estar no
periência profissional diferen- mundo e seu papel para com
ciada, em meio um cenário o outro.
inspirador, os voluntários têm Já para a gestão, além do
a oportunidade de vivenciar o cumprimento da missão insti-
cotidiano de uma UC, enten- tucional, o programa contribui
dendo, na prática, os desafi- significativamente para o a-
os e como a gestão atua na tendimento das demandas no
superação tocante
EAMar 30
tocante ao uso público do es-
paço, principalmente na tem-
porada do verão. Tem a fun-
ção, entre outras, de auxiliar
as atividades de educação
ambiental a partir da obser-
vação do ecossistema em ca-
minhadas pelas trilhas; moni-
torar a visitação pública; ad-
ministrar o acesso aos atrati-
vos; monitorar os resíduos
sólidos gerados nas visitas.
Ou seja, realizar atividades
que contribuem de forma di-
reta e indireta para a conser-
vação da biodiversidade pre-
sente no território da UC.
Os interessados devem
fazer contato com o parque
através do e-mail
pe.ilhaanchieta@fflorestal.sp.
gov.br
Conservação Ambiental 31

2. Ações Mundiais
2.1 Objetivo do Desenvol-
vimento Sustentável 14 da
Organização das Nações
Unidas (ONU)
É verdade que o planeta
enfrenta, há séculos e em vá-
rios setores, sérios proble-
mas que afetam tanto o ser
humano (por exemplo, pobre-
za, desigualdade social, de Fig. 4.8 - Símbolos dos 17 Objetivos do
gênero), quanto a natureza, Desenvolvimento Sustentável da Organização
das Nações Unidas (ONU). (Fonte:
com a degradação do meio http://alertablu.cob.sc.gov.br/c/ods. Acesso em
30 de setembro de 2021).
ambiente.
Tentando minimizar ou um apelo global para a ado-
mesmo sanar essa situação, ção de ações que visem a e-
foi realizada, em setembro de quilibrar a balança que tem a
2015, a "Cúpula para o De- prosperidade humana de um
senvolvimento Sustentável", lado e a proteção do meio
na sede da ONU. ambiente de outro.
Ficou estabelecida ali, a Os ODSs foram desenvol-
chamada “Agenda 2030 para vidos com base nos Objeti-
o Desenvolvimento Susten- vos de Desenvolvimento do
tável” (Figura 4.8) a ser im- Milênio (ODM), criados no
plementada pelos 193 países ano 2.000, com duração de
membros da organização. 15 anos.
Composta por 17 objeti- Os ODMs conseguiram su-
vos e 169 metas, a Agenda é cesso em algumas de suas
um props
EAMar 32
propostas, como a redução res e os recursos marinhos”
da extrema pobreza, garantia e, para que esse propósito
de educação primária iguali- seja alcançado, propõe 10
tária para meninas e meni- metas, que devem ser cum-
nos, e a redução de 40% em pridas por todos os Estados-
novas infecções por HIV. Em membros signatários:
função disso, serviu de inspi- 14.1 Até 2025, prevenir e re-
ração para o desenvolvimen- duzir significativamente a po-
to da nova Agenda. luição marinha, especialmen-
O oceano, o responsável te a proveniente de ativida-
pela existência de vida huma- des terrestres, incluindo detri-
na no planeta e pela regula´- tos marinhos e poluição por
ção climática, tem sido alvo nutrientes.
de preocupação devido a im- 14.2 Até 2020, gerir de forma
pactos ambientais que vem sustentável e proteger os e-
sofrendo. cossistemas marinhos e cos-
A causa principal são a- teiros para evitar impactos
ções antrópicas, promovidas adversos significativos, inclu-
pelo homem, como, intensas sive por meio do reforço da
explorações dos recursos na- sua capacidade de resiliên-
turais, poluição, desmata- cia, e tomar medidas para
mento, ocupação urbana de sua restauração, a fim de as-
áreas preservadas. segurar oceanos saudáveis e
Dentre todos os objetivos, produtivos.
discutidos e assumidos nas 14.3 Minimizar e enfrentar os
cúpulas, um é nosso foco de impactos da acidificação dos
estudos, o ODS 14 “Vida na oceanos, inclusive por meio
água” (Figura 4.9). de reforço da cooperação ci-
Apregoa que devemos entífica em todos os níveis.
“conservar e usar de forma 14.4 Até 2020, efetivamente,
sustentável os oceanos, ma- regular a coleta, e acabar
res com
Conservação Ambiental 33
com a sobrepesca, a pesca i- mento especial e diferencia-
legal, a não reportada, a não do, mais adequado aos paí-
regulamentada, e as práticas ses em desenvolvimento e
de pesca destrutiva, e, no lu- menos desenvolvidos, deve
gar, implementar planos de ser parte integrante da nego-
gestão com base científica, ciação sobre os subsídios à
para restaurar populações de pesca da Organização Mun-
peixes no menor tempo pos- dial do Comércio.
sível, pelo menos a níveis 14.7 Até 2030, aumentar os
que possam produzir rendi- benefícios econômicos para
mento máximo sustentável, os pequenos estados insula-
como determinado por suas res em desenvolvimento e os
características biológicas. países menos desenvolvidos,
14.5 Até 2020, conservar pe- a partir do uso sustentável
lo menos 10% das zonas dos recursos marinhos, inclu-
costeiras e marinhas, de a- sive por meio de uma gestão
cordo com a legislação nacio- sustentável da pesca, aqui-
nal e internacional, e com ba- cultura e turismo.
se na melhor informação ci- 14.a Aumentar o conheci-
entífica disponível. mento científico, desenvolver
14.6 Até 2020, proibir certas capacidades de pesquisa e
formas de subsídios à pesca, transferir tecnologia marinha,
que contribuem para a sobre- tendo em conta os critérios e
capacidade e a sobrepesca. orientações sobre a Transfe-
Retirar os subsídios que rência de Tecnologia Marinha
contribuem para a pesca ile- da Comissão Oceanográfica
gal, a não reportada e a não Intergovernamental, a fim de
regulamentada. melhorar a saúde dos ocea-
Abster-se de introduzir no- nos e aumentar a contribui-
vos subsídios como esses, ção da biodiversidade mari-
reconhecendo que, um trata- nha para o desenvolvimento
ta d
EAMar 34
dos países em desenvolvi-
mento, em particular os pe-
quenos Estados insulares em
desenvolvimento e os países
menos desenvolvidos.
14.b Proporcionar o acesso
de pescadores artesanais de
pequena escala aos recursos
marinhos e aos mercados.
14.c Assegurar a conserva-
ção e o uso sustentável dos Fig. 4.9 - Símbolo de representação do ODS 14
“Vida na Água”. (Fonte: http://www.agenda2030
oceanos e seus recursos pela .org.br/ods/14/. Acesso em 30 de setembro de
implementação do direito in- 2021).

ternacional, como refletido na como área protegida.


UNCLOS [Convenção das A criação da área de Pro-
Nações Unidas sobre o Direi- teção Ambiental do Arquipé-
to do Mar], que provê o arca- lago de São Pedro e São
bouço legal para a conserva- Paulo, em Pernambuco, é
ção e utilização sustentável outro exemplo.
dos oceanos e dos seus re- Em outros locais do mun-
cursos, conforme registrado do houve, também, um au-
no parágrafo 158 de “O Fu- mento de 12% dessas áreas
turo Que Queremos”. de conservação, se compara-
Algumas dessas metas fo- das a 2015.
ram parcialmente cumpridas. Apesar desses pequenos
Pode-se citar como exem- avanços, ainda há um longo
plo, o aumento de 17% das caminho a ser percorrido pa-
Águas Juridiscionais Brasilei- ra que todas as metas sejam
ras (AJB). Ou seja, águas do alcançadas.
mar que estão sob domínio Enquanto governantes
brasileiro e são classificadas deixam de priorizar o meio
como área protegida. kak
Conservação Ambiental 35
ambiente, colocando-o em pecífico e de grande relevân-
segundo plano, os efeitos das cia. Desde 1960, mais de 30
mudanças climáticas se agra- foram realizadas, sempre
vam severamente. Espécies com o objetivo de trazer a a-
caminham para a extinção e tenção e reunir esforços dos
a poluição marinha aumenta membros signatários da
rapidamente, fazendo com ONU, em prol de um tema
que a biodiversidade siga em comum.
constantemente ameaçada. Além de promover a
conscientização da socieda-
4.2 Década da Ciência de, esses eventos abrem es-
Oceânica para o Desenvol- paço para a elaboração e
vimento Sustentável execução de ações coorde-
Para garantir o cumpri- nadas que visam à solução
mento das metas estipuladas de um dado problema.
pelo ODS 14 até 2030, a Dentre os motivos que
ONU determinou, em 2017, a culminaram com a criação
criação da "Década da Ciên- desse período tão importante,
cia Oceânica para o Desen- pode-se destacar a necessi-
volvimento Sustentável", po- dade de ampliar o conheci-
pularmente conhecida como mento sobre o oceano e seus
“Década do Oceano” (2021 ecossistemas, incentivando,
- 2030). assim, o desenvolvimento de
Os anos de 2018 a 2020 pesquisas e a conservação
foi dedicado à preparação dos espaços, além da imple-
das nações para tornar viável mentação de gestão susten-
o desenvolvimento da “ciên- tável dos recursos oceânicos.
cia que precisamos, para o E, permeando tudo, a ne-
oceano que queremos”. cessidade de trazer o mar pa-
Essa não é a primeira dé- ra dentro da sociedade, tra-
cada dedicada a um tema es- duzindo informações técnicas
me ka
EAMar 36
e científicas em uma lin- ter acesso aberto a dados, in-
guagem didática e acessível. formações e tecnologias;
Afinal, só se dá importân- 7. Um oceano conhecido e
cia àquilo que se entende e é valorizado por todos.
esse conhecimento que vai Por se tratar de metas
fazer a diferença em momen- bastante ambiciosas, é im-
to de ter de optar por de- prescindível o empenho tanto
terminada ação cotidiana. da união de nações, quanto
Para alcançar o propósito da sociedade, para que as
estabelecido pela década, fo- ações relacionadas aos 7 ob-
ram elencados 7 objetivos: jetivos propostos pelos gesto-
1. Um oceano limpo: identifi- res dos países tenham êxito
car e remover as fontes de e tempo suficientes para re-
poluição; verter a situação degradante
2. Um oceano seguro: pro- em que se encontra o ocea-
teger a população dos riscos no.
oceânicos; O Projeto EAMar é a con-
3. Um oceano saudável e tribuição do Instituto Oceano-
resiliente: ter todos os ecos- gráfico da Universidade de
sistemas marinhos mapeados São Paulo e do Parque Es-
e protegidos; tadual da Ilha Anchieta para a
4. Um oceano produtivo e Década do Oceano.
sustentavelmente explora- Com o intuito de apresen-
do: garantir os benefícios e o tar à sociedade, a cultura o-
bem-estar das gerações pre- ceânica e a educação ambi-
sente e futura; ental adquiridas na acade-
5. Um oceano previsível: ter mia, o EAMar elaborou um
conhecimento para compre- projeto que utiliza material di-
ender as condições oceâni- dático acessível (criado pela
cas do presente e do futuro; equipe) para capacitar pro-
6. Um oceano transparente: fessores da Rede Pública de
kak ensi
Conservação Ambiental 37
Ensino do município de governamental.
Ubatuba (SP), a fim de que Em 2017, durante a "Con-
eles mesmos possam levar o ferência das Nações Unidas
oceano para a sala de aula. para o Oceano", a Comissão
Oceanográfica Intergoverna-
4.3 Cultura Oceânica mental (COI - UNESCO)
“Conhecer e compreender a lançou o manual “Cultura
influência do oceano em nós Oceânica para todos: kit
e nossa influência no oceano pedagógico” (Figura 4.10),
é a chave para viver e atuar fornecendo métodos, ferra-
de forma sustentável” mentas e recursos inovado-
Essa é a verdadeira es- res para que profissionais da
sência e o propósito da cha- educação possam apresen-
mada Cultura Oceânica, ex- tar, de forma didática, os sete
pressão criada por um grupo princípios da Cultura Oceâ-
de cientistas e professores nica:e
norte-americanos que perce-
beu que, apesar de o oceano
ter sido essencial para a
existência da vida humana, e
cobrir 71% do planeta, faltam
recursos pedagógicos para a
integração do ensino de
Ciências do Mar no currículo
escolar.
Tal assunto, inicialmente
abordado em 2002, foi, com o
passar do tempo, adquirindo Fig. 4.10 - Capa de Kit Pedagógico,
definições e conceitos funda- desenvolvido pela Comissão Oceanográfica
Intergovernamen-tal (COI-UNESCO). (Fonte:
mentais, e dada a sua rele- https://www.batepapocomnetuno.com/post/desc
omplicando-a-cultura-oce%C3%A2nica. Acesso
vância, tornou-se pauta inter-
em 30 de setembro de 2021).
governamental.
EAMar 38

1. A Terra tem um Oceano global que é muito diverso.

2. O Oceano e a vida marinha têm forte atuação na di-


nâmica da Terra.

3. O Oceano exerce influência importante no clima.

4. O Oceano permite que a Terra seja habitável.

5. O Oceano sustenta imensa diversidade de vida e de


ecossistemas.
6. O Oceano e a humanidade estão fortemente interliga-
dos.

7. Há muito por descobrir e explorar no Oceano.


Fonte das imagens: ONU (org.). Cultura Oceânica para todos: kit pedagógico. Paris: Comissão Oceanográfica Intergovernamental, 2020.

A Cultura Oceânica obje- Foi assim que, incentivado


tiva, através da aproximação pelo ideal do "Cultura Oceâ-
comunidade científica - socie- nica para Todos" e apoiado
dade - governantes, contribuir nos 7 princípios norteadores,
para o desenvolvimento da teve início o Projeto EAMar.
de consciência coletiva sobre
a importância do oceano para 4.4 Dia Mundial do Oceano
a vida do planeta, facilitando, A preocupação acerca da
tomadas de decisão mais conservação do oceano, da
assertivas e responsáveis a biodiversidade marinha e de
respeito da utilização dos re- ambientes costeiros e as
cursos naturais, garantindo, discussões que permearam a
dessa forma, a sustentabili- "Conferência das Nações
dade ambiental. Unidas sobre o Meio Ambien-
te
Conservação Ambiental 39
te e Desenvolvimento" (Eco- da superfície do planeta, ab-
92), ocorrida no Rio de Ja- sorve 30% do dióxido de car-
neiro, em 8 de junho de 1992, bono produzido pelo homem
estimularam a adoção dessa e, segundo dados das Na-
data para comemorar o Dia ções Unidas, mais de 3 bi-
Mundial dos Oceanos. Essa lhões de pessoas dependem
decisão foi tornada oficial, pe- da biodiversidade que ele
la ONU, em 2008. oferece para sua sobrevivên-
Inspirado por um evento cia.
organizado pelo International Mas a comemoração da
Centre for Ocean Develop- data é, também, um grito de
ment e Ocean Institute of alerta para o que está acon-
Canadá (“Oceans Day at tecendo e um pedido de aten-
Global Forum - The Blue ção ao impacto das ações do
Planet”), o "Dia Mundial dos homem sobre o meio.
Oceanos" é marcado por di-
versos eventos e atividades, 4.5 Leis Internacionais
tais, como, palestras com es- Como abordado anterior-
pecialistas, mostras culturais mente, no primeiro módulo, o
e exposições relacionadas ao oceano possui uma larga ex-
tema, além de mutirões de tensão distante da costa, que
limpezas de rios, praias e en- não é propriedade de ne-
torno. nhum país.
A cada ano é escolhido Para garantir a conserva-
um tema específico. O de ção e proteção de toda essa
2021 foi: “Oceanos: vida e imensidão azul, no dia 10 de
meios de subsistência”. dezembro de 1982, em uma
Nada mais acertado, afi- conferência da ONU, na Ja-
nal, seja no singular, ou no maica, foi assinada a "Con-
plural, ele é a origem da vida venção das Nações Unidas
na Terra, cobre três quartos sobre o Direito do Mar"
keka kaksas
EAMar 40
(CNUDM), um tratado multi- 12 milhas náuticas).
lateral que define conceitos O governo local detém o
relacionados a assuntos do direito soberano de aplicar
mar, tais como, mar territorial, leis e regulamentações quan-
zona econômica exclusiva, to ao uso e exploração des-
plataforma continental, e alto sas áreas, da mesma forma
mar. que tem sobre rios e lagos.
Também estabelece prin- Apesar das restrição, em-
cípios gerais de exploração barcações estrangeiras po-
de recursos naturais e deter- dem usufruir dessas regiões
mina o poder de cada estado sem, contudo, ameaçar a se-
costeiro sob o mar adjacente gurança local e descumprir
(porção de água mais próxi- as normas estabelecidas pelo
ma da sua costa). estado costeiro.
Na ocasião, foi criado,
também o "Tribunal Interna-
cional do Direito do Mar" que
julga os conflitos relativos à
interpretação e aplicação do
CNUDM.
A seguir, os conceitos pre-
viamente mencionados no
tratado.

4.5.1 Mar territorial


O mar territorial (Figura
4.11) é caracterizado por
uma faixa de água que co-
meça no litoral de um estado
Fig. 4.11 - Conceitos estabelecidos pela
e se estende até uma distân- Convenção das Nações Unidas sobre o Direito
do Mar. (Fonte: encurtador.com.br/suAIQ.
cia de 22 km (equivalente a Acesso em: 29 de setembro de 2021)
kak
Conservação Ambiental 41
4.5.2 Zona contígua sos naturais abundantes no
A zona contígua, faixa de entorno.
12 milhas náuticas, situada Apesar de diversas reivin-
para além do mar territorial. dicações, o único continente
Embora o estado não tenha que não possui ZEEs é a
soberania sobre a área, de- Antártica, já que um tratado,
tém o controle da fiscalização assinado em 1959, proíbe a
das regulamentações. exploração econômica preda-
tória exclusiva na região.
4.5.3 Zona Econômica Ex- A ZEE brasileira (Figura
clusiva (ZEE) 4.12) possui uma área de 3,6
A "Convenção das Na- milhões de Km², que equivale
ções Unidas sobre o Direito à superfície da floresta
do Mar" determinou que paí- Amazônica.
ses costeiros têm direito à Nessa região, a pesca e
uma área, localizada a 200 extração de petróleo são ati-
mi
milhas náuticas da costa (e- vidades econômicas relevan-
quivalente a 370 Km), deno- tes, uma vez que abriga uma
minada Zona Econômica considerável biodiversidade
Exclusiva (ZEE). E sobre ela marinha e 80% da produção
o estado detém o direito de petrolífera nacional, com ex-
utilização dos recursos natu- tração diária de aproximada-
rais marinhos, e é responsá- mente dois milhões de barris.
vel por sua gestão ambiental.
Um fato comum é ocorrer 4.5.4 Plataforma continental
disputas por ilhas localiza- A plataforma continental,
das no meio do oceano. Na previamente apresentada no
maioria das vezes, o motivo é tópico “2.2: Fundo marinho e
por se encontrarem em pon- o relevo do oceano”, do se-
tos geopoliticamente estraté- gundo módulo, consiste em
gicos e apresentarem recur- uma zona de transição entre
riktor a
EAMar 42
presentando maior facilidade
de exploração comercial e
científica, sendo, portanto,
imprescindível uma legisla-
ção vigente que garanta a
sua conservação.
A CNUDM define plata-
forma continental de maneira
um pouco distinta da que foi
descrita, apoiada em uma vi-
são geopolítica, que leva em
conta a relação entre espaço
geográfico e poder político.
Assim sendo, sua extensão
pode ir além do estipulado
geologicamente, variando en-
tre 370 e 650 Km.
Porém, como muitos paí-
ses possuem plataformas
mais extensas que o permi-
Fig. 4.12 - Zona Econômica Exclusiva do Brasil,
tido, a própria convenção ins-
incluindo as principais ilhas e arquipélagos e
área reivindicada junto à ONU. (Fonte: creveu regras que flexibilizam
encurtador.com.br/luEVW. Acesso em 30 de
setembro de 2021).
a expansão do território ma-
rinho.
a região continental e o fundo Portugal e Brasil foram
marinho. Possui declividade dois dos países que deram
suave que chega, aproxima- entrada a esse pedido, mas
damente, a 200 metros de ainda aguardam aprovação
profundidade. da ONU.
É considerada uma região
de maior acessibilidade, a- 4.5.5 Alto-mar
pre voo
Conservação Ambiental 43
A CNUDM define alto-mar gurança das regiões sob ju-
como todas as porções oceâ- risdição dos Estados não po-
nicas não incluídas nos ma- dem atacar navios estrangei-
res territoriais ou nas ZEEs ros, quando se encontram em
(Figura 4.13). alto-mar.
Embora essas zonas não A exceção se dá, quando
estejam sob jurisdição de ne- confirmadas as ilegalidades
nhum Estado, são permitidas descritas acima, ou quando a
algumas atividades, como na- perseguição tem início em
vegação, sobrevoo, pesca, domínios de mar territorial,
pesquisa científica, instalação sobre o qual o Estado detém
de cabos e dutos e a constru- propriedade.
ção de ilhas artificiais. Quanto à regulamentação
As únicas exigências es- das atividades de pesca em
tipuladas para que a utiliza- alto-mar, é importante lem-
ção ocorra de forma pacífica brar que existem tratados
são: mais específicos que levam
Garantia de segurança para em conta o status de conser-
navegação local: avalia, en- vação das espécies poten-
tre outras coisas, as condi- cialmente ameaçadas, como
ções dos navios, qualificação atuns e baleias.
da tripulação; A CNUDM, entretanto,
Assistência: prestada por exige apenas que os Estados
capitães das embarcações, colaborem para uma gestão
em caso de perigo e quando sustentável dos recursos ex-
requisitada; plorados e visem à conserva-
Proibição de transporte de ção dessas regiões.
escravos, tráfico de drogas
e pirataria. 4.6 Proibição da caça às
Os navios de corporações baleias
militares que promovem a se- Por décadas, muitas espé-
k k
EAMar 44

Fig. 4.13: Áreas em azul escuro correspondem às regiões de alto-mar e as em azul claro, às ZEE. (Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:International_waters.svg. Acesso em 30 de setembro de 2021.)

cies de baleias estiveram Por esse motivo, em 1946,


ameaçadas ou em extinção a "Comissão Baleeira Inter-
devido à caça exploratória nacional" (CBI), ligada à
para fins comerciais ou de ONU, criou a chamada "Con-
lazer (Figura 4.14). Só em venção Internacional para a
águas Antárticas, mais de 1,3 Regulamentação da Pesca
milhão de cetáceos foram da Baleia", com o intuito de
capturados sem a existência proteger as espécies de ca-
de qualquer normativa que ças predatórias excessivas,
regulasse essas atividades. conservar espécies potencial-
mente ameaçadas e estipular
normas para regulamentação
da prática, além de avaliar e
gerir seus estoques.
Com essa normativa em
atuação, alguns locais passa-
ram a ser considerados "san-
tuários", com atividades de
Fig. 4.14 - Navio carrega Baleia Jubarte,
pesca e caça proibidas.
capturada para fins comerciais. (Foto:
Reuters/Masashi Kato) Fora dessas zonas, foi
instiii
Conservação Ambiental 45

Fig. 4.15 - Os países que assinaram a Convenção Internacional para a Regulamentação da


Pesca da Baleia, representados na cor azul escura. (Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Comiss%C3%A3o_Baleeira_Internacional. Acesso em 30 de
setembro de 2021).

instituído um limite para a bia a captura de animais para


quantidade e tamanho dos in- fins comerciais, em 1986, foi
divíduos passíveis de serem constatado um aumento sig-
capturados. nificativo nos estoques de es-
Também foram criadas pécies em risco de extinção
normas visando a garantir a em diversas localidades.
conservação, o desenvolvi- Segundo Grant Adams,
mento e a utilização sustentá- John Best e André Punt, o
vel dos recursos advindos aumento da população de ba-
das baleias. leias Jubarte (Megaptera
Ao todo, 42 países assi- novaeangliae, Figura 4.15),
naram o tratado, dentre eles, no Atlântico Sul, foi grande,
Brasil, República Popular da passando de 450 indivíduos
China, Rússia, Dinamarca, para 25 mil.
Coreia do Sul, Costa Rica, Em águas brasileiras, o
Finlândia, Japão, entre outros censo realizado pelo Instituto
(Figura 4.15). Baleia Jubarte estimou que,
Anos após a implemen- em 60 anos, a população
tação da normativa que proi- desta espécie teve um au-
bi ment
EAMar 46
dos: a morte de 1.400 golfi-
nhos nas Ilhas Faroe (territó-
rio autônomo da Dinamarca),
no dia 12 de setembro de
2021 (Figura 4.16).
Trata-se de prática tradi-
Fig. 4.16 - Família de baleia-jubarte nadando em cional, conhecida como Grind
alto-mar. (Fonte: https://noticiaalternativa.com.br/
baleias-jubarte-canto/. Acesso em 30 de (Grindadráp na língua local),
setembro de 2021). realizada há centenas de
mento de 400 para 17 mil in- anos (provavelmente desde o
divíduos. século 9), permitida e regu-
Apesar dos resultados lamentada, apesar de a Di-
bastante satisfatórios, em namarca ser membro da
2018, o Japão (membro sig- "Convenção Internacional pa-
natário da Convenção), anun- ra a Regulamentação da Pes-
ciou sua saída, a fim de re- ca à Baleia".
tomar a captura comercial de Para os defensores, a prá-
baleias. tica faz parte importante de
O país alegou usar a sua identidade cultural, além
captura desses mamíferos de ser uma “forma susten-
para fins científicos, porém fi- tável” de coletar alimentos na
cou evidente que a quantida- natureza.
de de indivíduos superava a Estima-se que, em média,
que era necessária para as 600 baleias-piloto sejam aba-
pesquisas. Além disso, após tidas anualmente, enquanto o
o suposto “uso científico”, a número de golfinhos-de-cara-
carne era encaminhada aos branca (também capturados
mercados locais. nesse evento), é menor (35
Recentemente uma maté- indivíduos em 2020).
ria veiculada pelos principais A quantidade exorbitante
jornais e revistas chocou a to- de indivíduos mortos na caça
do kak
Conservação Ambiental 47
de setembro de 2021 que a- tantes, são algumas das a-
balou o mundo, surpreenden- ções antrópicas responsáveis
do, inclusive, os moradores por intensificar o nível de mu-
locais, acende um sinal de a- danças climáticas e acarretar
lerta preocupante: mesmo consequências desastrosas à
com regulamentação vigente, atmosfera e ao oceano.
possivelmente, está havendo Esse problema não é re-
uma diminuição drástica do cente, vem desde a época da
estoque de cetáceos, afetan- Revolução Industrial, mais ou
do, consequentemente, a menos há 180 anos. E, de lá
sobrevivência da espécie. para cá, os efeitos e as con-
sequências só têm aumenta-
do, em uma velocidade as-
sustadora.
Atualmente, a China é o
país que mais emite CO2 no
mundo (Figura 4.17), sendo
seguida pelos Estados Uni-
dos, em segundo lugar, e a
Fig. 4.17 - Baleias-piloto sofrem massacre em
caça anual nas Ilhas Faroé. (Fonte: Índia, em terceiro.
https://www.ecycle.com.br/mar-de-sangue- Dada à situação alarman-
baleias-piloto-sofrem-massacre-em-caca-anual-
nas-ilhas-faroe/. Acesso em 30 de setembro de te e ao atual cenário de abu-
2021). sos nada promissor, apresen-
4.7 Acordo de Paris tado nos relatórios do "Painel
Como já mencionado em Intergovernamental sobre
outros módulos, a emissão Mudanças Climáticas"
excessiva de gases de Efeito (IPCC), é necessário enxer-
Estufa (dióxido de carbono gar o problema, admitir que
(CO2) e metano (CH4)); o ele causa danos e elencar
desmatamento e a poluição ações, visando a minimizar
de recursos hídricos impor- essas emissões até um ponto
tam e,
EAMar 48
máticas" (COP-21), em 2015.
Em uma primeira etapa,
estipula que, a partir de 2020,
os países signatários se com-
prometam, voluntariamente e
em contexto de desenvolvi-
mento sustentável, a tomar
medidas de redução das
emissões de gases estufa, a
fim de manter o aquecimento
global abaixo de 2°C (em tor-
no de 1,5°C).
Estabelece, também, a
importância de traçar objeti-
vos específicos, de acordo
com as necessidades e a ca-
Fig. 4.18 - Ranking, por país, de emissão de pacidade de cada país.
dióxido de carbono (CO) em 2019. (Fonte: Our
World in Data, Global Carbon Atlas.) Propõe ainda que a exe-
cução desses objetivos sejam
tolerável. monitoradas a cada cinco
Uma das ações realizadas anos.
há algumas décadas diz res- Segundo o acordo, o Bra-
peito à criação de tratados in- sil se comprometeu a, até
ternacionais que controlem 2025, reduzir em 37% (em
as emissões dos GEEs. relação aos níveis de 2005)
O mais recente e ainda as emissões de gases, po-
em vigor é o "Acordo de dendo se estender para 47%
Paris", negociado e assinado em 2030.
por 195 países, durante a 21ª Outras proposições são:
"Conferência das Nações -Aumentar o uso de fontes
Unidas sobre Mudanças Cli- alternativas de energia;
men
Conservação Ambiental 49
-Aumentar a participação de de forma independente, cri-
bioenergias sustentáveis na ando legislações que priori-
matriz energética brasileira zam a conservação ambien-
para 18%, até 2030; tal, reforçando o desejo de
-Utilizar tecnologias limpas que o país volte a ser signa-
nas indústrias; tário.
-Melhorar a infraestrutura dos
transportes; 4.8 Organizações Não Go-
-Diminuir o desmatamento; vernamentais Internacio-
-Restaurar e reflorestar até nais (ONGs)
12 milhões de hectares. Organizações Não Gover-
Apesar de alegar o cum- namentais (ONGs), são insti-
primento dos objetivos acima, tuições empresariais autôno-
não é o que o atual governo mas, fundadas por pessoas
tem feito. Faltam ações de físicas, pertencentes ao ter-
proteção, enquanto o país ar- ceiro setor (ramo dissociado
de com as queimadas, se a- do governo ou entidade priva-
foga nas águas das enchen- da).
tes e compactua com o des- Sem fins lucrativos, atuam
monte das instituições de nas mais variadas causas fi-
proteção ao meio ambiente. lantrópicas e ambientais (co-
Além disso, com atitudes mo: saúde, trabalho, direito
tomadas por membros do go- dos animais, proteção de mi-
verno, o país perde o prota- norias, reforma agrária) e têm
gonismo conquistado no A- como principal foco as áreas
cordo de Paris de 2015 e fica vulneráveis e invisibilizadas
de fora da lista de nações das comunidades.
que integram a "Cúpula de Por não visarem ao lucro,
Ambição Climática 2020". como as instituições priva-
Contudo, diversos esta- das, são mantidas através de
dos e municípios têm agido doações de terceiros e venda
mo ga
EAMar 50
de produtos próprios, além de na Austrália, Canadá, Holan-
contar, normalmente, com o da, Inglaterra, França, África
trabalho voluntário de civis do Sul e Brasil.
engajados nessas causas. Fundada em 2001 por um
Dentre as diversas ONGs grupo internacional de insti-
internacionais que lutam pela tuições líderes em conserva-
conservação dos oceanos, ção, que inclui Pew Charita-
três se destacam: a Sea ble Trusts, Rockefeller Bro-
Shepherd, a Oceana e a The thers Fund, Sandler Founda-
Ocean Cleanup. tion, entre outras, a Oceana
Com o intuito de criar a busca proteger a biodiversi-
primeira ONG dedicada ex- dade e aumentar a abundân-
clusivamente ao ambiente cia do oceano, através de
marinho, Paul Watson (ex- mudanças em políticas públi-
membro do Greenpeace), cas dos países que detêm a
fundou, em 1977, no estado maior parte dos recursos ma-
do Oregon (EUA), a Earth rinhos mundiais.
Force Society, posteriormen- Para tal, investem em
te denominada Sea campanhas estratégicas que
Shepherd Conservation contribuem para a proteção e
Society (SSCS). restauração da biodiversida-
Tem por missão defender, de marinha.
conservar e proteger a biodi- Além de campanhas, tam-
versidade e ecossistemas bém apoiam e realizam pes-
marinhos, desde a menor até quisas científicas que bus-
a maior das criaturas, além cam solucão para vários fato-
de garantir o cumprimento res problemáticos relaciona-
das leis e regulamentações dos aos oceanos.
internacionais de conser- Outro exemplo de institui-
vação. ção não governamental volta-
Atualmente possui sedes da à conservação oceânica é
jaj
Conservação Ambiental 51
a The Ocean Cleanup (OC). ondas e correntes.
Fundada em 2013 pelo Em 2019, a OC lançou em
empresário Boyan Slat, a or- Vancouver, no Canadá, o
ganização trabalha de manei- System 001/B. A ação foi
ra distinta das mencionadas considerada bem sucedida e
anteriormente. satisfatória, uma vez que,
Com foco em poluição além dos detritos maiores,
marinha devido ao plástico, conseguiu captar, de forma
desenvolveu uma tecnologia eficiente, microplásticos (pe-
inovadora para a retirada daços de, aproximadamente,
desse material de rios e do 1 mm) que poluíam o oceano.
oceano. O grande objetivo da equi-
O equipamento consiste pe é limpar a "Grande Ilha de
de uma barreira semicircular Lixo do Pacífico". Os idealiza-
(Figura 4.18) posicionada es- dores do projeto acreditam, a
trategicamente em locais on- partir de estudos prévios, que
de se encontram os giros a instalação de 60 barreiras
oceânicos. Os detritos são serão suficientes para retirar
empurrados para esse siste- metade dos detritos do local.
ma com o fluxo dos ventos,
kak

Fig. 4.19 - Sistema 002 do Ocean Clean Up sendo testado para captura de plástico na Grande Ilha de Lixo
do Pacífico. (Foto: theoceancleanup.com)

Observação: O EAMar não possui qualquer ligação com as instituições citadas neste tópico.
EAMar 52

3. Ações Locais
Visando a uma gestão conforme a biologia da espé-
sustentável e à conservação cie em questão (motivado pe-
dos recursos naturais mari- la reprodução/recrutamento),
nhos mais efetiva, além das ou causado por fenômenos
globais, devemos considerar, naturais e acidentais.
também, ações de cunho lo-
cal e/ou regional.
Como exemplo, podemos
citar as relacionadas a ativi-
dades pesqueiras, em que
políticas públicas, leis ambi-
entais, fiscalização e existên-
cia de órgãos protetores po- Fig. 4.20 - Pescadores de Florianópolis/SC
dem diferir conforme a cida- realizando atividade de pesca fora do período de
defeso. (Foto: Cassiano Psomas no Unsplash.)
de, o estado ou até mesmo o
país. Outro ponto crucial para
Uma das leis brasileiras, as atividades pesqueiras é a
utilizada nacionalmente pelo moratória.
setor pesqueiro, é a prática Quando o estoque da es-
de defeso (Figura 4.19). pécie-alvo encontra-se abai-
Consiste em paralisar, xo do esperado, a captura é
temporariamente, as ativida- proibida até que haja a recu-
des de pesca de recursos- peração, em níveis mais sus-
alvo em uma dada área, a fim tentáveis.
de recuperar o estoque, evi- O Instituto Brasileiro do
tando seu colapso. Meio Ambiente e dos Recur-
Esse período é estipulado sos Naturais Renováveis
conforme a biologia da espé- pller
Conservação Ambiental 53
(IBAMA) é o órgão responsá- do reprodutivo, e medidas de
vel por regulamentar esses regulação para diferentes
períodos, definir as espécies- modalidades de pesca, a in-
alvo protegidas e áreas de a- terdição de áreas propícias
tuação, através de publica- para reprodução e recruta-
ção de portarias e normativas mento das espécies em seu
específicas. entorno, favorece a manuten-
Caso ocorra o descumpri- ção do ecossistema local e a
mento dessas portarias por recuperação dos estoques
parte dos pescadores, são a- pesqueiros.
plicadas multas, detenções e Um exemplo de área de
apreensão dos petrechos uti- interdição é o setor Itaguaçu
lizados. da APA Marinha do Litoral
As Áreas de Proteção Centro, determinado pelo zo-
Ambiental Marinhas (APAs) neamento dessa UC.
também contribuem ampla- Todo esse setor coincide
mente para a conservação também com o entorno do
dos recursos naturais e cultu- Parque Estadual Marinho
rais, especialmente dos re- Laje de Santos, uma UC de
cursos pesqueiros. proteção integral, portanto,
Há, no litoral do estado de também restrita a atividades
São Paulo, três APAs Ma- de extração de recursos.
rinhas, a APAM do Litoral Outro exemplo é o entor-
Norte, Litoral Centro e Litoral no marinho do Parque Esta-
Sul, constituindo um mosaico dual Ilha Anchieta, um polígo-
de UCs de uso sustentável e no de interdição de pesca de
tem por objetivo de conciliar a 1.713 ha, determinado pela
utilização dos recursos dispo- Portaria SUDEPE N-56 de
níveis para proteção à socio- 1983.
biodiversidade. Essas áreas tornam-se
Além do defeso no perío- ambientes propícios para a
tellll kaka
EAMar 54

Fig. 4.21 - À esquerda, área interditada para a pesca no entorno do Parque Estadual Ilha Anchieta. À
direita, esquema representando como essas zonas de interdição beneficiam a pesca e a biodiversidade.
(Fonte: Fundação Florestal).

reprodução e o desenvolvi- cursos naturais e poluem ou


mento de uma diversidade de degradam o ambiente, devem
espécies, como tartarugas, indenizar ou apoiar a ma-
corais, algas, peixes. (Figura nutenção e implementação
4.20). de áreas de conservação, a
Além da pesca, existe fim de reparar os danos cau-
também um mecanismo legal sados.
para diminuir impactos ambi- O Projeto de Monitora-
entais e aumentar a conser- mento de Praias (PMP), con-
vação da natureza, denomi- duzido pelo IBAMA em par-
nado Compensação Ambi- ceria com a Petrobras, é um
ental. condicionante do processo de
Trata-se de um acordo fir- licenciamento do Pré Sal, que
mado entre o responsável le- avalia a interferência das ati-
gal de um empreendimento e vidades de produção e es-
o órgão ambiental competen- coamento de petróleo sobre
te. Trabalha com a ideia de os organismos e ecossiste-
“poluidor-pagador”. mas marinhos.
Empresas que utilizam re- É essencial para prever e
t mit
Conservação Ambiental 55
mitigar possíveis impactos comprovadas de proteção ao
através de inspeções das meio ambiente terrestre.
praias, resgate e atendimento Para o ambiente marinho,
de animais vivos ou mortos. já estão previstos também
A maior área de atuação projetos de PSA, visando, por
do PMP encontra-se na Bacia exemplo, ao fortalecimento
de Santos, com seus 2.788 de comunidades pesqueiras
km de extensão. Vai da cida- e à retirada de lixo do mar.
de de Laguna (SC) até Con- No Estado de São Paulo,
ceição da Barra (ES), pas- também foi elaborado o Pla-
sando pelos estados do Para- no Estratégico de Monitora-
ná, São Paulo e Rio de Janei- mento e Avaliação do Lixo
ro. no Mar (PEMALM), desen-
Outro mecanismo legal de volvido a partir de parceria
conservação é o de Paga- entre o Fundo Brasileiro para
mento por Serviços Am- a Biodiversidade (FUNBIO), a
bientais (PSA) que, ao con- Cátedra da UNESCO para a
trário do anterior, consiste na Sustentabilidade do Oceano,
ideia de “protetor-recebedor”. (no âmbito do Instituto de Es-
É uma lei que visa à tudos Avançados e do Institu-
conservação e recuperação to Oceanográfico da Universi-
dos recursos hídricos e da dade de São Paulo), a Secre-
biodiversidade e vem sendo taria de Infraestrutura e Meio
aplicada por meio de políticas Ambiente do Estado de São
públicas de estados e órgãos Paulo e a Embaixada da
ambientais. Noruega.
No estado de São Paulo, O plano foi elaborado a
a Fundação Florestal costu- partir de diversas oficinas
ma executar projetos de pa- participativas com atores-
gamento de créditos ambi- chave (unindo ciência, ges-
entais para fomentar ações tão) e atores sociais, e tinha
come mam
EAMar 56
por objetivo, criar uma base favorece a conservação do
de informações, qualificada local e garante a segurança
para identificar indicadores dos visitantes.
das causas do lixo no mar e Na mesma cidade, tam-
seu acompanhamento bém foi submetida, em 2018,
O Plano está disponível, a lei da Taxa de Preserva-
na íntegra, no site: ção Ambiental (Lei comple-
https://www.pemalm.com/. mentar 09 de 19 de dezem-
Em escala municipal, tam- bro de 2018), ainda em dis-
bém existem leis e fiscaliza- cussão e regulamentação.
ção diferenciadas que prote- Conforme proposta, a taxa
gem o meio ambiente, de será cobrada de veículos que
acordo com suas peculia- desejam visitar locais consi-
ridades. derados patrimônios naturais,
Na cidade de Ubatuba históricos e culturais.
(SP), por exemplo, há uma A intenção é mitigar possí-
norma que estipula a quan- veis impactos socioambien-
tidade máxima de visitantes à tais, causados por intensa vi-
Ilha das Couves (58 hectares sitação, principalmente em
de patrimônio histórico-cultu- meses de temporada de ve-
ral inserido na Área de Prote- rão (quando a população de
ção Ambiental Marinha do Ubatuba chega a 750 mil,
Litoral Norte (APAMLN - aproximadamente oito vezes
Figura 4.21)). maior que a residente).
Tal medida foi necessária O dinheiro provindo dessa
após registro de cerca de 2 taxa, pretende mitigar os sé-
mil visitantes no local, sem rios problemas oriundos da
qualquer fiscalização por par- flutuação populacional, ao di-
te do órgão responsável. recionar recursos para a me-
Limitar a quantidade de lhoria da destinação de resí-
pessoas é uma medida que duos sólidos, fiscalização am-
mam bi
Conservação Ambiental 57

Fig. 4.22 - À esquerda, vista aérea da Ilha das Couves, em Ubatuba-SP. À direita, uma das praias
presentes da ilha. (Fontes: Wikipedia Commons e guia.melhoresdestinos.com.br.)

biental, infraestrutura turísti- tém a diversidade biológica


ca, educação ambiental, sa- dos manguezais locais (Fi-
neamento básico, entre ou- gura 4.22).
tros. Em Ubatuba, a Associa-
Por fim, é importante des- ção Coco & Cia é uma enti-
tacar a necessidade de coo- dade que trabalha com a re-
perativas sustentáveis, tan- ciclagem de resíduos sólidos
to para o meio ambiente (cerca de 30 toneladas de
quanto para a sociedade. material por mês), gerando
Por exemplo, a Coope- emprego e renda para os ca-
rostra, criada em 1997 na tadores.
cidade de Cananéia (SP), Essa ação tem reflexo na
criou alternativas para manter economia de dinheiro público,
suporte financeiro a famílias na diminuição da quantidade
de coletores de ostra, durante de resíduos mal destinados,
o período de defeso, respei- além de minimizar o impacto
tando, assim, a reprodução do descarte de materiais no
das espécies. meio ambiente.
Além disso, implementou A associação também
criadouros, estação de trata- participa de diversas ações
mento e tecnologias que não de capacitação, conscientiza-
prejudicam o estoque e man- ção e educação ambiental,
da cop
EAMar 58
como o projeto Onda
Sustentável, já mencionado
no item 4.1.4 (Figura 4.23).
Outro projeto que atua na
temática de combate ao lixo
no mar é o Tamoio, de
Ubatuba. Uma entidade da Fig. 4.24 - Atividade da rede sobre o lixo no mar,
realizada com escolas municipais de Ubatuba.
sociedade civil organizada, (Imagem: Projeto Onda Sustentável.)

que promove a instalação de


barreiras de contenção em
rios, as chamadas ecobar-
reiras, que impedem a che-
gada de resíduos sólidos ao
mar (Figura 4.24).
O grupo faz a manutenção
e limpeza dessas barreiras,
continuamente, além de ou-
tras ações, como a instalação
de lixeiras na orla.

Fig. 4.25 - Barreira de contenção de resíduos do


projeto Tamoio de Ubatuba. (Fonte:
Fig. 4.23 - Viveiro de ostras com animais coletados. https://www.facebook.com/photo/?
Posteriormente serão enviados à sede da fbid=4374713029282855&set=g.17984809269686
cooperativa. (Fonte: sosriosdobrasil.blogspot.com) 23)
Conservação Ambiental 59

4. Ações Pessoais
Apesar de grande parte cimento tenha maior alcance,
das mudanças necessárias compartilhe com outras pes-
para a conservação do ocea- soas.
no depender de ações gover- Caso opte por aprofundar
namentais, nós, cidadãos, ainda mais esse conhecimen-
podemos e devemos contri- to, as Ciências Marinhas são
buir para que medidas mais áreas de estudo recentes e
efetivas sejam utilizadas, a em expansão. Vale a pena
fim de melhorar a relação en- consultar informações sobre
tre o ser humano e o meio a profissão (Figura 4.25).
em que vive, visando à pre- As universidades públicas
servação dos ecossistemas que ministram curso de ba-
marinhos e dos organismos charelado em Oceanografia
que neles habitam. ficam nos estados de Porto
Partindo da premissa do Alegre, Santa Catarina, Para-
ditado popular: “só cuidamos ná, São Paulo, Rio de Janei-
daquilo que, de fato, conhe- ro, Espírito Santo, Bahia, Ma-
cemos”, a primeira sugestão ranhão, Pernambuco, Ceará
é: conheça o oceano! e Pará.
Busque informações em Existem outras modali-
fontes confiáveis, como, li- des, tais como Biologia Mari-
vros físicos ou digitais, arti- nha, Engenharia de Pesca,
gos de revistas especializa- Engenharia Oceânica, além
das, documentários, blogs e de cursos profissionalizantes,
podcasts de divulgação das que podem ser escolhidos de
ciências oceânicas. acordo com a afinidade de
E, para que esse conhe- cada pessoa.
c
EAMar 60
É, também, muito impor- gativos causados pela ação
tante que, cada vez mais, humana.
pessoas sejam encorajadas a É importante também re-
ter contato direto com a ciên- duzir a pegada ecológica (Fi-
cia, através da participação gura 4.26), ou seja, o impacto
em atividades de campo e de que o padrão de consumo do
laboratório. ser humano causa no equi-
líbrio ecológico.
Para isso, basta mudar al-
guns hábitos cotidianos:
-Diminuir a quantidade de li-
xo gerado diariamente e,
quando não for possível evi-
Fig. 4.26 - Cientistas marinhos fazendo tar, optar pela reciclagem;
anota-ções de campo em um mergulho. -Dar preferência a roupas de
(Fonte: https://www.cursoseprofissoes.
com/quanto-ganha-o-biologo-marinho/quanto- tecidos naturais (algodão),
ganha-biologo-marinho/)
uma vez que tecidos sintéti-
Outra alternativa é partici- cos (poliéster) liberam, nas
par voluntariamente, ou apoi- lavagens, fibras de microplás-
ar financeiramente um dos ticos que são transportadas
projetos de conservação e e- até o oceano;
ducação ambiental existente -Diminuir a aquisição com-
no país. pulsiva por roupas “da moda”
Visitar parques, Unidades ou escolher peças atempo-
de Conservação, museus a- rais, de segunda mão, trocar
quários, e ter contato direto com colegas e familiares, ou
com as atividades ali propos- doá-las;
tas, faz a diferença para que -Evitar materiais plásticos de
um outro olhar enxergue a uso único como pratinhos, ta-
necessidade de proteger lheres, copos descartáveis,
mais áreas dos impactos ne- sacolas e também produtos
ga com
Conservação Ambiental 61
com embalagens plásticas; mentais que priorizam a
Usar, sempre que possível, conservação ambiental é
meios de transporte não po- sempre uma atitude a ser
luente, como bicicletas; seguida.
-Diminuir o consumo de Incentivar o comércio local
proteína animal; de peixes e frutos do mar,
Adquirir produtos só quando principalmente de pequenos
se tem real necessidade, ou produtores, além de melhorar
dar preferência a marcas a economia da região, auxilia
comprometidas com o meio a atividade de exploração
ambiente e, sempre que pos- mais sustentável dos recur-
sível, optar por pequenos co- sos marinhos.
merciantes locais. Por fim, e não menos im-
É importante ressaltar que portante, é a adoção do em-
cada indivíduo possui suas preendedorismo sustentá-
particularidades, mas mesmo vel ou empreendedorismo
diante da impossibilidade de orientado à sustentabili-
executar todas as mudanças, dade, conceito usado para
qualquer esforço é válido. definir empresas que com-
Além disso, cobrar e apoi- binam a geração de bens e
ar autoridades governa- produtos a desenvolvimento
kallllkak e

Fig. 4.27 -
Atitudes
individuais
para reduzir
a pegada
ecológica.
(Fonte:
Home
Hunting)
EAMar 62
responsável, tanto do meio um grave problema, atrelado
social, quanto ambiental. ao descarte inadequado de
Nesse tipo de negócio, a petrechos de pesca que, ao
preocupação com o meio am- serem levados pelo oceano,
biente e o bem estar das pes- ferem, mutilam ou matam mi-
soas permeia toda a cadeia lhares de animais.
produtiva, desde a aquisição Pensando em alternativas
da matéria-prima, até o desti- viáveis, os idealizadores da
no final do produto. empresa passaram a confec-
Diminuir a poluição e con- cionar bolsas e sacolas (Figu-
sumo de água durante a pro- ra 4.27) a partir de redes a-
dução, priorizar uso de maté- bandonadas nos mares e
rias primas recicláveis e reno- praias.
váveis, consumir produtos Esse aproveitamento do
certificados com “selos ver- que foi descartado, não só
des”, que realizam logística contribuiu para minimizar
reversa de embalagens ao lo- capturas acidentais e mortes
cal de destino adequado, são de organismos, como tam-
algumas das ações adotadas bém promoveu o envolvimen-
por essas empresas. to da tradicional comunidade
Outro ponto crucial para o de redeiros de Ilha Grande
sucesso desses negócios é a (RJ) na confecção dos pro-
adoção de ideias inovadoras, dutos, garantindo, também,
como transformar um proble- auxílio financeiro a essas
ma do oceano em comércio. pessoas.
E foi, justamente, a preo- Além da venda de bolsas,
cupação com a pesca fan- a Marulho contribui para a di-
tasma o motivo da criação da vulgação científica, por meio
Marulho. de publicações de assuntos
Tal atividade, como já ex- voltados à educação ambien-
plicado no tópico 3.1.5, gera tal, atualidades e problemáti-
lal e cas
Conservação Ambiental 63
cas
e envolvendo o oceano.
Apresenta, também, algumas
histórias vividas com os re-
deiros.
Então, o que fica de lição é
a constatação de que, mes-
mo pequeno, todo esforço é
válido quando se carrega o
desejo de preservar o ocea-
no.
Afinal, devemos ser gratos
e mostrar respeito a esse ser
que possibilitou ao planeta a
existência da vida (qualquer
que seja ela), tornando-se, de-
pois, seu mantenedor, objeto
de estudos e promotor de uma
gama enorme de lazer e Fig. 4.28 - Redeco, apelido carinhoso dado às
diversão. bolsas criadas pela Marulho, a partir de redes
de pesca descartadas no mar. (Fonte:
Tudo pode se tornar real, https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-
inclusive a conservação dessa noticias/2021/06/24/casal-de-oceanografos-
se-une-a-pescadores-para-dar-novo-destino-
imensidão azul. Só é preciso a-redes.htm)
dar o primeiro passo.
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