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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CRISE CLIMÁTICA:

UMA ABORDAGEM EMERGENTE PARA A TRANSIÇÃO


ECOSSOCIAL

A IMPLEMENTAÇÃO DE AÇÕES PARA A EXTENSÃO DA


CULTURA/LITERÁCIA OCEÂNICA (ODS 14) NA COSTA NORDESTE DO
ESTADO DO PARÁ NA DÉCADA DO OCEANO (2021-2030)
LUCÍLIO LOPES MOTA
luciliolmota@gmail.com

Resumo:
A problemática ambiental vem causando imensos transtornos para a natureza e
principalmente para a vida humana, através da crescente crise climática ambiental. Os países
estão aumentando a sua escala de preocupação, pois a devastação vem crescendo desde a
escala local até a global. Além do mais, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou
2021 até 2030 a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, ou
popularmente denominada “Década dos Oceanos”. Durante séculos, os oceanos ocupam
papel central na vida humana. A degradação começa, sobretudo, em pequenas atitudes
cotidianas do nossas: no plástico descartável que consumimos, no lixo que não reciclamos. O
oceano será a bola da vez, e não apenas por um ano, mas por uma década a fim de tornar de
vez um tema comum a todos, independentemente de se morar no litoral. A educação é o
processo de transformação a partir do qual os indivíduos são capazes de atuar observando e
cumprindo seus deveres de não degradar e não desperdiçar os recursos ambientais hídricos ao
seu redor, como o oceano Portanto, as Metas do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável
(ODS) 4, 13 e 14 serão balizadas e atreladas ao tema gerador oceano possibilitando na região
a disseminação da temática e a mitigação climática e o desenvolvimento local, social,
produtivo área costeira que vive desse ecossistema.

Palavras-chave: ODS 14, oceano, mitigação

1. Introdução
Hoje estamos completamente integrados aos estudos e debate sobre as alterações
climáticas globais, de conservação da biodiversidade e preservação da própria vida no
planeta. Se fôssemos fiéis à nossa natureza, o planeta deveria se chamar oceano e não Terra.
Afinal, 71% da sua superfície é recoberta por água, 97% dela encontrada nos mares, na sua
versão salgada, pois apenas 3% de toda água do planeta é doce e está presente nos rios, lagos,
aquíferos ou em geleiras (NASTARI, 2021).
São muitas ações cotidianas que sem percebermos estamos afetando diretamente os
mares e oceanos, como mostram vários estudos, entretanto chegou a década para a ciência
poder virar o jogo. Já que, diariamente são eliminados gases pelo escapamento dos nossos
carros, naquilo que comemos e consumimos se torna uma lista interminável, que muito se
torna em microplásticos que contaminam cadeias de peixes nas costas dos oceanos, como
constatado na costa paraense (MARTINELLI FILHO, MONTEIRO, 2021).
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O Projeto de Pesca Sustentável da Costa Amazônica(PeSCA)1 demostra que a


situação dos recursos pesqueiros no Brasil através de dados, ainda que, no âmbito da décima
Conferência das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP 10) o mesmo tenha se
comprometido a conservar, até 2020 10% das suas áreas marinhas e costeiras, entre 2010 e
2014 nenhuma Área de Monitoramento Permanente(AMP) da costa oceânica foi criada.
Portanto, as Metas e sub metas do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS)
14, ficam comprometidas e desequilibradas ecológica, biológica e climaticamente de forma
local e global. Este Objetivo foi intitulado conservação e uso Sustentável dos Oceanos, dos
mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável, da organização das
Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, 2017).
Entretanto, as metas não foram feitas para serem disseminadas e executadas de forma
separadas, assim neste trabalho atrelaremos o objetivo 4, intitulado educação de qualidade, já
que irei executar a temática na sala de aula e em consequência o Objetivo 13: Ação contra a
mudança global climática, já que os oceanos e mares, assim as áreas litorâneas e costeiras
sofrem com o degelo e o aquecimento global.
A Área Costeira Amazônica prolonga-se por mais de 1,5 mil km de extensão passando
pelos Estados do Amapá, do Pará e do Maranhão. E é formada por sedimentos recentes com o
predomínio de restingas, lagunas e mangues. A Costa Amazônica é marcada pela foz do Rio
Amazonas, com canais, pequenos lagos, manguezais e ilhas, entre elas a Ilha de Marajó
(SOUZA-FILHO, 2005).
Trata-se de uma região de rica biodiversidade costeira e marinha, que abriga a maior
extensão contínua de manguezais do planeta e também espécies de fauna e flora ameaçadas
de extinção, com grandes bacias sedimentares (PRATES; GONÇALVES; ROSA, 2012).
Essa grande diversidade merece um olhar e uma escuta atentos, que possibilitem a construção
de diálogos, bem como intercâmbios de conhecimentos e ações para o fortalecimento de
relações sustentáveis com os ecossistemas em questão.

Os oceanos começaram a ganhar grande importância a partir de 2017, quando a


Organização das Nações Unidas (ONU) fez o lançamento da Década do Oceano, o qual era
uma proposta que entre os anos de 2021 e 2030 Trabalhar a Ciência Oceânica para o
Desenvolvimento Sustentável. Como aconteceu em décadas anteriores, onde a ONU
trabalhou outras temáticas como o racismo e a biodiversidade, a preocupação dos países
membros se voltaram para um objetivo comum: o oceano.

Seria uma espécie de cooperação global para a sociedade em geral sobre o tema, já
que pela primeira vez o oceano ganhou importância e a sua preservação e o contrário
prejudica a todos. Temos uma década para mitigar o que a anos foi de danos.

A política educacional brasileira, nos últimos anos, tem sido palco de diversas
discussões que buscam superar as lacunas identificadas nas formas tradicionais de ensino e
que não atendem a heterogeneidade dos alunos e nem as demandas da educação no atual
contexto. Apesar do amplo discurso de mudança, para Martins (2010) ainda é alarmante o
1
O projeto estudou as cadeias de valor da pesca artesanal de camarão e caranguejo na costa
amazônica do Brasil no contexto social, econômico e produtivo.
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estado da educação no Brasil, uma vez que erros e acertos tem feito com que o país
permaneça estacionado numa situação preocupante com relação aos níveis de aprendizado
escolar. Assim umas das formas de mitigar e disseminar a ODS 14 seria através da educação.
Além disso, a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei N° 9795/99) prevê, em seu
artigo segundo que a educação ambiental é um componente essencial e permanente da
educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e
modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. Portanto, podendo ser
elaborada e executada no ambiente escolar e externo a ele, ou seja, na comunidade.

Nesse contexto, propomos a metodologia do tema gerador, divulgado na percepção de


Paulo Freire em sua obra literária intitulada de “Pedagogia do Oprimido” e que busca romper
com um ensino pautado na transmissão passiva do conhecimento, a qual ele chama de
“educação bancária”. O discurso freiriano adota como pilar em suas práticas de ensino,
portanto, a troca de saberes para construção do conhecimento.
Para Freire (2013) o tema gerador compreende temáticas significativas para
sociedade, onde a partir da contextualização e da análise crítica da realidade é possível que os
indivíduos adotem uma nova postura frente as situações. Neste sentido, buscamos
desenvolver uma proposta educacional com base em ações pedagógicas de áreas de
abrangência do tema gerador: o oceano, pois a degradação é evidente, no entanto, sabemos
pouco sobre esse ambiente que recobre mais de 70% do planeta Terra, se utilizando também
do kit pedagógico da UNESCO nas intervenções. Cerca de Oitenta por cento (80%) das águas
oceânicas nunca observadas, mapeadas ou exploradas, como demonstra relatório da Agência
de Administração Atmosférica e Oceânica do estados Unidos (NOAA). Portanto isto precisa
ser disseminado não só entre a comunidade acadêmica, mas a comunidade escolar e em geral.

As principais razões visa a conservação, sustentabilidade e o desenvolvimento dos


oceanos de forma mitigadora, protegendo os ecossistemas costeiros e marinhos para que a
década decretada tenha um olhar para o evolução da ciência oceânica. Estimulando na criação
de zona econômica exclusiva ajudando na cadeia produtiva da região. O oceano é o grande
unificador e é nossa responsabilidade preservá-lo para as gerações atuais e futuras.

Além disso, o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 14 que trata da vida na água,


engloba a conservação e o uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos
para o desenvolvimento local, social, produtivo, podendo levar a implementação de um plano
de gestão para a adjacências. Pormenorizando assim ações nas áreas de costeiras da região
nordeste paraense.

1.1 A importância da costa oceânica do nordeste paraense

O oceano é parte do entendimento dessa mitigação do meio ambiente e amparou na


virada do milênio um movimento que pretendia entender quais eram as lacunas de
conhecimento, os temas, os princípios, os conceitos que precisavam permear o ensino formal,
para que a sociedade como um todo tivesse a oportunidade de conhecer a importância do
oceano e também criar uma rede integrada de pessoas preocupadas, interessadas em
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promover uma mudança na condição que o oceano enfrentava, especialmente as tendências


de degradação que a gente vivencia (ODS, 2017). 

Segundo Moraes (1999), o litoral brasileiro possui 7.367 km de linha costeira, sem
levarmos em conta as reentrâncias convergentes (baias, rios, lagos) que ampliam
enormemente essa porção para algo em torno de 8.500 km. Por essa e outras razões, o país
abriga uma variedade de ecossistemas integrados a sistemas ambientais e sociais de alta
importância para a complexidade do estudo do oceano e sua mitigação.

O Pará é o segundo maior estado brasileiro em extensão, e ocupa uma área de


1.247.955 km². Sua costa, junto ao litoral do estado do Maranhão, é considerada a segunda
maior área contínua de manguezais do mundo, sendo estimada em 1,38 milhões de hectares,
ao longo de 6,8 mil km de costa (KRAUSE et al., 2001). O Pará é o maior produtor de
pescado marinho da Região Norte do Brasil, com produção de peixes e crustáceos que chega
a 65.460 toneladas, 90,8% da produção nacional (IBAMA, 2007).

1.2 O oceano como tema gerador

A teoria sobre o tema gerador teve origem nas práticas em sala de aula do professor
Paulo Freire. Segundo Costa e Pinheiro (2013) Freire concebeu esta teoria metodológica para
alfabetizar jovens e adultos em idade atrasadas, ou seja, distorção idade ano, cujo a temática
tinha como ponto de partida o conhecimento da realidade social dos mesmos, ou seja, trazer
para dentro do contexto escolar a complexidade de realidades e fatores que os discentes
vivenciavam no cotidiano, como por exemplo, as atividades agrícolas exercidas.

Em sua maior obra literária intitulada de “Pedagogia do Oprimido” o tema gerador,


conhecida mundialmente e que ajudou a alfabetizar milhares de pessoas, na concepção de
Freire (2013), é uma metodologia de ensino de diálogo e conscientizadora, onde o professor é
o mediador, intermedia o diálogo entre o aluno, tema e realidade. Fazendo ponderações, cuja
função é problematizar e conduzir as discussões, possibilitando ao indivíduo(aluno) pensar o
mundo de forma crítica, de modo que o mesmo se torne um transformador da realidade.

Desse modo, o tema gerador é, portanto, um meio de colaborar para transformação da


realidade social, sem abrir mão de trabalhar conteúdos curriculares. Para isso, Freire propõe
que ocorra previamente uma investigação temática para escolha de temas que estejam de
acordo com a realidade e necessidades da comunidade escolar (MIRANDA; PAZINATO;
BRAIBANTE; 2017, p.74).

Delizoicov (1991) propõe a aplicação do tema gerador através dos três momentos
pedagógicos:

O primeiro momento é o estudo da realidade (ER), etapa em que o professor é


responsável por apresentar o tema e estimular seus alunos para que expressem suas opiniões.
Nesse momento prevalece a fala do aluno, cabendo ao professor por meio de uma sondagem
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inicial coletar informações dos conhecimentos prévios dos alunos, para que a partir daí se
identifique situações significativas e se possa problematizar o tema gerador.

O segundo momento é a organização do conhecimento (OC), onde predomina a fala


do professor. Nesta etapa é fundamental que o professor e ou professores selecionem, a partir
da problematização, os conhecimentos que serão necessários para que os alunos
compreendam os temas em estudo e então proponha atividades para que esses conhecimentos
sejam abordados de modo a contemplar o objeto de conhecimento das áreas disciplinares de
cada ano.

O terceiro e último momento é a aplicação do conhecimento (AC) que consiste na


síntese da fala do professor e dos alunos. Nesse momento, os alunos, a partir das atividades
propostas pelo professor, são capazes de analisar situações abordadas desde a
problematização inicial com os conhecimentos trabalhados na etapa de organização do
conhecimento.

A educação ambiental à luz do tema gerador “Oceano” configura-se como um recurso


valioso sendo indispensável para manutenção do homem no planeta Terra. Pesquisas
mostram a pequena expressão nos currículos escolares no Brasil e o raro conhecimento sobre
tal assunto por parte do alunado e da população.

Para (Pazoto; et al, 2021) a imensidão azul (oceano), no entanto, fez pagar um alto
preço, porque se associou comum a vasta população de resiliência que se achou infinita, que
se achou capaz de resistir a tudo. Como se a capacidade de recursos fossem ilimitados. Assim
essa visão de infinidade seja ainda muito comum, hoje é crescente a noção de que, apesar de
sua resiliência, o oceano já dá sinais de que não é capaz de suportar todas as agressões
resultantes de atividades humanas.

Segundo Turra (2021) a Cultura Oceânica foi criada nos Estados Unidos, o
movimento se expandiu pela Europa, Irlanda e veio para o Brasil e outros países, sendo
facilitado pela Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura. Procurando compreender o sistema que se deseja preservar e entender, os porquês
dessa preservação e seu uso sustentável, a cultura oceânica conta com sete princípios
essenciais. Cada princípio se torna importante, pois possui relação com a vida no planeta e
sua relação com o ser humano em suas atividades cotidianas, as quais são mutáveis, sendo
assim, agindo diretamente nos ecossistemas oceânicos.
Turra (2021) lembra que a base nacional curricular comum (BNCC) não traz uma
ênfase ao oceano para que se tenha claramente os temas oceânicos sendo utilizados no
currículo. É necessário gerar material que ampare os educadores, para que eles possam
utilizar exemplos para trabalhar temas dos mais variados. Ele ainda lembra, um dos trabalhos
que buscam disseminar esse cuidado é feito a partir da cultura oceânica. Originada nos
Estados Unidos, também conhecida como alfabetização oceânica, literacia oceânica e
mentalidade marítima.
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Para TURRA; et al (2021) um oceano limpo, previsível, seguro, transparente e


inspirador e envolvente precisa de uma ciência interdisciplinar e de pessoas verdadeiramente
engajadas.
De acordo com Dumpe Junior (2016) o documento “Transformando Nosso
Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, nos mostra as seguinte
diretrizes:

A agenda 2030 é um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade, que


busca fortalecer a paz universal com mais liberdade, e reconhece a que a
erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza
extrema, é o maior desafio global para o desenvolvimento sustentável. A Agenda
consiste em uma Declaração de dezessete Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) e 169 metas, uma seção sobre meios de implementação e de
parcerias globais, e um arcabouço de acompanhamento e revisão. (DUMPER
JUNIOR, 2016, P.1).

Os ODS aprovados foram construídos sobre as bases estabelecidas pelos Objetivos de


Desenvolvimento do Milênio (ODM), de maneira a completar este trabalho e responder aos
02 novos desafios. Os objetivos são integrados e indivisíveis e mesclam de forma equilibrada,
as três dimensões do desenvolvimento sustentável: econômico, social e ambiental.
Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável são de
natureza global e são universalmente aplicáveis, e dialogam com as políticas e ações nos
âmbitos regional e local. A atuação dos governantes e gestores locais, como protagonistas da
conscientização e mobilização em torno dessa agenda, é fundamental para a disseminação e o
alcance das metas estabelecidas pelos ODS (UNESCO,2017).

2. Objetivos
2.1 Objetivo geral
Implantar a cultura oceânica e o efeito climático, por meio do tema gerador aqui
proposto, oceano. Para atingir o objetivo, serão criados materiais didáticos sobre a
importância da conservação dos oceanos, atrelando ao clima e a didática pedagógica, com
caráter regional da costa oceânica do nordeste paraense.
Construindo esse movimento global de cultura oceânica, instalando as metas da
década do oceano (2021-2030), aproveitando a disseminação do kit pedagógico da cultura
oceânica da UNESCO e utilizando como base para a elaboração de material regional
específico, para a criação de livreto especifico sobre o estuário costeiro do nordeste paraense.

Segundo Jacobi (2003) a EA deve ser acima de tudo um ato político em


busca de transformação social. E, muito embora a educação não atue de forma
direta sobre os problemas sociais, para Lima e Layrargues (2014) ela é capaz de
atribuir indiretamente consciência ao indivíduo sobre as relações sociais, à relação
entre a sociedade e o ambiente.
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2.2 Objetivos específicos


Fortalecer as articulações dos agentes públicos municipal, estadual e federal e privados
para a conservação e preservação do oceano e a cultura oceânica para o futuro.
Contribuir para a conservação e preservação das áreas costeiras do nordeste paraense.
Promover a disseminação na região do debate sobre a importância da preservação dos
recursos dos oceanos;
Conscientizar os extrativistas que vivem diretaemnte da renda do oceano de sua
fundamental conservação.

3. Metodologia

Para (Earle, 2017) a despeito da falta de atenção ou interesse que o oceano desperta
no nosso cotidiano, ele é fundamental para as nossas vidas. É só pensar no que aconteceria se
ele desaparecesse. Primeiro de tudo, podemos imaginar uma grande mudança da paisagem
que predomina na Terra, que se tornaria bem semelhante à de Marte, ou seja, um mundo
marrom, com montanhas, longas planícies e depressões profundas. Sem o oceano
perderíamos grande parte da biodiversidade do planeta.

Para Gouve et al. (2015), essas discussões surgem da preocupação ambiental atrelado
a fatores de escassez, degradação e desperdício, além de englobar, aspectos de cunho cultural,
social, político e econômico. Nesse sentido é necessário desenvolver uma consciência
ambiental sobre o oceano, com valores, hábitos e atitudes, que reflitam no compromisso de
sua proteção responsável.

Nesta parte apresentamos as etapas necessárias para o desenvolvimento da pesquisa.


Desse modo, elencamos itens que descrevem e possibilitam a interpretação, bem como a
compreensão do trabalho investigativo para orienta e alcançar respostas para as seguintes
questões: implantar a cultura oceânica, através do tema gerador oceano na zona costeira do
nordeste paraense, aproveitando a própria especificidade do meio ambiente da região para
criar materiais didáticos sobre a importância da conservação dos oceanos, disseminando
assim a cultura oceânica para as regiões costeiras homogêneas da costa oceânica do nordeste
paraense.
Considerando que a proposta deste trabalho estar associada a análise dos eventos
pedagógicos da escola atrelado a preservação e conservação do oceano, destacamos como
metodologia de trabalho a pesquisa qualitativa no universo escolar da disciplina de
Geografia. O público alvo são os alunos do 6° ao 9° ano do ensino fundamental. No primeiro
momento serão esclarecidos a historicidade das conferências ambientais sobre as várias
temáticas, para entrar na década do oceano e sua importância.
Serão esclarecidos os objetivos do desenvolvimento sustentável e suas metas e as
referidas importâncias para as populações atuais e futuras. Por seguinte daremos ênfase na
ODS 4, 13 e 14 e enfatizaremos suas correlações com realidade dos discentes, ou seja, com a
zona costeira, ou seja, fomentando as ideias geradoras críticas dos alunas em um primeiro
momento.
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Quanto à sua natureza, classifica-se a pesquisa como aplicada. Em virtude de, a partir
deste estudo, busca-se reflexões acerca das questões ambientais do oceano do ponto vista do
aluno e do professor, bem como, criar recursos (livreto) que auxiliem na melhoria da prática
docente possibilitando uma aprendizagem significativa para os educandos. Segundo Silveira
e Córdova (2009) a pesquisa aplicada “objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática
dirigido à solução de problemas específicos”
O estudo de caso seria o método utilizado para a busca dos procedimentos quanto as
respostas da pesquisa, já que para Fonseca (2002) ele é definido com um único indivíduo, um
grupo, ou uma instituição, por exemplo a escola. Nesta tipologia de pesquisa busca-se
compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes (FONSECA, 2002, p.33).
Para André (2005) o estudo de caso possui potencial de contribuir com a análise de
problemas no campo educacional, porque permite ao investigado descobrir, expandir ou
confirmar o que já sabia.
Para Goldember (2012), as abordagens qualitativas de pesquisa se fundamentam numa
perspectiva que valoriza o papel ativo do sujeito no processo de produção de conhecimento e
que concebe a realidade como uma construção social.
A pesquisa qualitativa é necessária pois iremos verificar a dimensão ambiental dos
alunos relativo ao oceano e sua preservação. Para tanto, todo processo de investigação
começa com uma fase exploratória onde o pesquisador deve reunir o maior número de
informações possíveis com o fim de delimitar com maior precisão seu objeto de pesquisa, as
fontes de coleta de dados, as formas de análise dos resultados, enfim, o percurso
metodológico como um todo.
Segundo Souza e Kerbauy (2017) a pesquisa qualitativa se pauta em interpretações
das realidades sociais, como seus hábitos, atitudes e opiniões. Assumindo-se as
particularidades de cada método de pesquisa, para as autoras, ambos se complementam e são
necessárias para compressão mais completa da realidade investigada.

4. Resultados esperados e discussões


A aprovação de um Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações
Unidas único, foi uma grande conquista para a comunidade, no caso do trabalho, ODS 4, 13 e
14. No entanto, se quisermos alcançar para “conservar e usar de forma sustentável os
oceanos, mares e recursos marinhos e diminuir as condições climáticas e ter uma educação de
melhor qualidade temos que implementar políticas globais necessárias para sustentar
ecossistemas saudáveis, sociais, econômicos, culturais. Precisamos construir atores
responsáveis para com o oceano, o clima, a educação escolar formal e não formal se torne
pilares desse processo.
Entretanto, o mundial parte do local, assim, ao longo da última década, foram
produzidos vários relatórios nacionais que documentam a importância do oceano, costas e
mares para a economia, meio ambiente e qualidade de vida. Eles enfatizam a necessidade de
aumentar a cultura oceânica a fim de melhorar a estabilidade econômica e a segurança
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nacional, e permitir que a sociedade entenda questões críticas relacionadas ao oceano,


abrangendo ecologia, comércio, exploração de energia, mudança climática, biodiversidade, o
oceano e a saúde humana, e o desenvolvimento de um futuro sustentável, as mudanças
climáticas.
A comunidade internacional deve fazer da educação um dos pilares de sua ação para o
oceano, para a mitigação climática. Porque se queremos protegê-lo melhor, devemos ensiná-
lo melhor.
Para se alcançar o objetivo ambicioso de incluir a educação oceânica nos currículos
escolares, assim como o clima, a UNESCO tem um repositório comum de conteúdo
educacional para formuladores de políticas e desenvolvedores de currículos que visa
fundamentalmente possibilitar os meios e os caminhos necessárias para integrar a educação
oceânica em todos os níveis da cadeia educacional: desde a elaboração de currículos
nacionais até a preparação das aulas pelos professores, criando temas geradores, por exemplo,
isto se, chama, autonomia pedagógica, mencionada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional nº 9394/96.

5. Considerações finais
A educação é o processo de transformação a partir do qual os indivíduos são capazes
de atuar observando e cumprindo seus deveres de não degradar e não desperdiçar os recursos
ambientais hídricos ao seu redor, como o oceano.
O oceano é somente um, mas o estado de desenvolvimento dos países é muito
diferente e as agressões diferem de um país para o outro, para isso temos que ter políticas
públicas educacionais mais efetivas para disseminar as ODS 4, 13 e 14 de forma mais ampla
para mitigar as ações inadequadas aos mares e oceanos e ao clima, indo de encontro as sub
metas das campanha.

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TURRA, A. ; BIAZON, T. O. Uma década para garantir o futuro do oceano. Jornal da


USP, São Paulo, 06 jan. 2021.

TURRA, A. ; RACHED, M. ; BIAZON, T. O. Os desafios para uma Década do Oceano.


Ciência Hoje, Rio de Janeiro, , v. 373, p. 1 - 1, 01 fev. 2021.

___________________. O Oceano que queremos. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, , v. 373, p.


1 - 1, 01 fev. 2021.

Agradecimentos

Agradeço aos professores Adriana, Anderson e Fábio.


EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CRISE CLIMÁTICA:
UMA ABORDAGEM EMERGENTE PARA A TRANSIÇÃO
ECOSSOCIAL

Nesta seção apresentar as referências citadas no texto seguindo as orientações da


ABNT (Universidade de São Paulo, 2020)

Universidade de São Paulo. Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica. Diretrizes


para apresentação de dissertações e teses da USP: parte I (ABNT)/Agência USP de
Gestão da Informação Acadêmica; Vânia Martins Bueno de Oliveira Funaro,
coordenadora; Vânia Martins Bueno de Oliveira Funaro ... [et al.].-4. ed. São Paulo: AGUIA,
2020. 75p.: il. (Cadernos de estudos; 9). Disponível em:
http://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/view/459/413/2006. Acesso
em: 09 jun. 2022.

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