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trata porém é de transformá-lo”) mas também é articulada com a tese 2 (“A questão de
saber se cabe ao pensamento humano uma verdade objetiva não é uma questão
teórica, mas prática”), das teses de Karl Marx sobre Feuerbach. Os praticistas, para
Bloch, são aqueles indivíduos que “[…] introduzem na essência luminosa do marxismo
se associa à ignorância.” Logo, Bloch destrói a miséria daqueles que pensam que Marx,
acesso à verdade (MARX, 1988; MARX, 1968). Por conseguinte, aqueles que
Ernst Bloch, apesar de sua vital contribuição, comete alguns equívocos neste texto. O
primeiro deles, mesmo que de maneira lacônica, é a adesão à maneira como Lênin
define o marxismo em seu livro As três fontes e as três partes constitutivas do marxismo:
ideias são concebidas como coisas que aparecem isoladas das relações sociais, sem
por Kautsky, evidenciando as relações entre estes dois – ainda que eles possuíssem
e não uma coisa autônoma das relações dos seres humanos, para Kautsky (s/d) e Lênin
pensamento francês: “Marx teve de genial o fato de ter sido o primeiro a pôr em
desenvolvimento de sua teoria não pode ser pensado de maneira isolada das outras
consiste em um dos motivos pelos quais Marx não deve ser visto como um “gênio”, tal
demonstrando a sua crítica radical não a uma filosofia específica, mas a totalidade da
p. 216).
realidade. O primeiro marxista a colocar essa questão foi Karl Korsch em seu livro
Comunista: “As proposições teóricas dos comunistas não se baseiam, de modo algum,
mundo. São apenas a expressão geral das condições efetivas de uma luta de classes
que existe, de um movimento histórico que se desenvolve diante dos olhos” (MARX &
Engels”, mas sim como uma perspectiva cujo conteúdo deve ser compreendido a partir
sua relação com a teoria e os limites de sua prática individual ante aos processos
O que reconhece nas teses sobre Feuerbach é que a dimensão futura é a mais
que deixa as coisas estarem como estão. Ou ainda pior: que crê não poder deixar de
mudar as coisas, porém apenas no livro, e o próprio mundo nada percebe desse fato.
Ele nada percebe, já porque, justamente em falsas descrições, o mundo pode ser
mudado com tanta facilidade que o real nem mesmo ocorre no livro. Cada passo para
fora seria prejudicial ao livro bem bolado que habita seguro em sua área reservada e
perturbaria a vida própria das ideias inventadas. Mas também livros e doutrinas
executado com êxito “em termos de obra”. Sendo assim, eles até temem uma
porque nesse caso a obra – e mesmo que ela estabeleça princípios para o futuro,
como a de Feuerbach – não mais poderia planar tão autarquicamente através das
épocas. E se vem a somar-se a isso, como outra vez em Feuerbach, ainda uma
O ponto de vista [Standpunkt] pode até ser novo, mas ele limitou-se a ser um mero
ponto de mirada; desse modo, o conceito não trouxe nenhuma instrução para a
intervenção. Por isso, Marx assenta de forma concisa e antitética a famosa tese 11: “Os
filósofos não fizeram mais que interpretar o mundo de diferentes formas; trata-se,
Como foi observado no início, frases curtas às vezes parecem poder ser abrangidas
mais rapidamente do que de fato o são. E às vezes é próprio de frases famosas, muito
contra a vontade delas, que elas não mais provocam a reflexão ou que são engolidas
ainda muito cruas. De vez em quando elas causam então incômodos, neste caso hostis
tese 11? Como ela deve ser compreendida dentro do sentido filosófico sempre preciso
de Marx? Ela não deve ser entendida, ou melhor, mal-usada em nenhum mistura com o
verdade nada mais seria que a utilidade comercial das concepções. Em conformidade
que esta está direcionada a um êxito prático e de fato se mostra apropriada a trazer
“american way of life”, de certo modo ainda tem uma aparência humana comum,
ainda é, por assim dizer, humano, sendo até adornado como otimista e promotor da
ainda possível naquela época, quando sobretudo por causa da tendência de toda
negócios de nível superior atinge, por assim dizer, um “êxito humanitário”. Porém, a
existência de um homem de negócios humano é tão ou mais improvável do que a de
todo, como aquilo que ele de fato é: como derradeiro agnosticismo de uma sociedade
ao diabo, que estava dentro dela desde o princípio. As ideias passaram, então, a
guerra, a situação dos negócios; até que, por fim, apareceu na íntegra o pragmatismo
vergonhoso dos nazistas. Certa era o que trazia proveito ao povo alemão, significando:
ao capital financeiro alemão; verdade era o que promovia, o que aparecia favorecer a
causa dela mesma e evitou-se dizer que era por causa de uma mentira em função de
dos “praticistas”. No que diz respeito aos “praticistas” do movimento socialista, é óbvio
que moralmente eles, com toda certeza, nada têm em comum com os pragmatistas;
Contudo, ao deixarem a cabeça de lado, logo, nada menos que toda a riqueza da
teoria marxista, juntamente com a apropriação crítica do legado cultural feita por ela,
acaba por surgir, por ocasião do “trial and error method”, do diletantismo, do
consequência dessa falsificação, como quer que seja, não compreendida; todavia, o
desconhecimento de uma consequência não protege da imbecilização. Os “praticistas”,
que no máximo dão crédito de curto prazo à teoria, mesmo sendo ela complicada,
também vive da própria antifilosofia inativa. Desse modo, porém, pode reportar-se
em blasfêmia. Por essa razão, deve ser continuamente enfatizado que, em Marx, um
pensamento não é verdadeiro por ser proveitoso, mas proveitoso por ser verdadeiro. Lênin
socialismo francês”. E poucas linhas antes, ele declara: “Toda a genialidade de Marx
avançado da humanidade já havia feito”. Em outros termos: a práxis real não pode dar
teoria em progresso. Por isso, sempre que houve falta de teóricos socialistas, surgiu o
perigo de que precisamente o contato com a realidade fosse prejudicado, este que
nunca deve ser interpretado de modo esquemático nem simplista, se é que se quer
uma práxis socialistas bem-sucedida. Por mais que o anti pragmatismo dos maiores
portas abertas, estas podem reiteradamente ser fechadas, por uma falsa
interpretação interesseira da tese 11. Por uma interpretação que, de modo grotesco,
crê poder detectar no triunfo máximo da filosofia – que ocorre na tese 11 – uma
presta-se um desserviço àquela dimensão futura que ruma ao nosso encontro, não
– a ratio vigia a práxis nesse trecho do caminho, assim como ela vigia cada trecho do
avançadas da humanidade.
Até aqui sobre a compreensão errônea, sendo de menor importância onde ela ocorre.
O errôneo igualmente precisa ser elucidado, justamente porque a tese 11 é a mais
importante – corruptio optimi pessima. Ao mesmo tempo, essa tese é a que recebeu a
aspecto literal, bem mais do que nas demais. Qual é, portanto, o teor literal da tese
11? Qual é a aparente oposição entre conhecer e transformar? Não existe oposição;
até mesmo a partícula, “porém”, que aqui não é adversativa, mas ampliativa, falta no
conhecimento, a mesma bandeira que Marx estampou – claro que com ação, não com
obra principal é pura instrução para o agir; no entanto, ela se chama O Capital, e
feito heróico rápida ante rem, mas situa-se in re, na análise cuidadosa, na investigação
filosófica das inter relações dentro da mais complicada realidade, tomando o rumo da
primeira parte da frase distancia-se, portanto, dos filósofos que “não fizeram mais
segunda parte da frase: o de uma filosofia nova, uma filosofia ativa, tão inevitável
quanto útil para a mudança. Sem dúvida, Marx proferiu palavras cortantes contra a
filosofia, mas não o fez contra a filosofia contemplativa pura e simplesmente, sempre
do seu tempo, que era antes uma não-filosofia. A polêmica mais dura encontra-se,
p. 216).
Os nomes Kuhlmann (um teólogo petista daquela época) e até Stirner mostram muito
claramente qual o endereço ou a que tipo de filosofia era dirigida essa poderosa
invectiva; ela era dirigida contra a fanfarronice filosófica. Ela não era dirigida contra a
que fossem; Marx teria sido o último a sentir falta de um “estudo do mundo real” no
Hegel concreto, no enciclopedista mais erudito desde Aristóteles. Essa acusação foi
feita a Hegel por cabeças fundamentalmente diferentes das de Marx e Engels; como se
posse de uma herança do modo criativo e real. Antes disso, a Introdução à Crítica à
Filosofia do Direito de Hegel, de 1844, já havia esclarecido esse ponto, afirmando que a
filosofia não poderia ser suprimida sem ser realizada, não poderia ser realizada sem
ser suprimida. A primeira parte, com o acento na realização, é dito aos “práticos”: “Por
isso, o partido política prático da Alemanha exige com toda razão a negação da filosofia.
Seu engano não reside na exigência, mas em deter-se na simplesmente exigência, mas
em deter-se na simples exigência, que ele não coloca nem pode colocar seriamente
em prática. Acredita colocar em prática aquela negação pelo fato de voltar as costas à
filosofia e de resmungar, olhando para o lado oposto, uma tantas frases banais e mal-
humoradas a respeito dela. A estreiteza de seu horizonte visual não inclui também a
prática alemã e as teorias que estão a serviço dela. Exigis que se tome como ponto de
partida os germes reais da vida, mas esqueceis que o germe real da vida do povo
alemão só se alastrou, até agora, dentro do seu crânio. Numa palavra: não podereis
suprimir a filosofia sem realizá-la. A segunda parte, com o acento na supressão, é dita
aos “teóricos”: “A mesma injustiça, só que com fatores inversos, cometeu o partido
político teórico, que partia da filosofia. Este via na luta atual apenas a luta crítica da
filosofia com o mundo alemão, sem imaginar sequer que a filosofia anterior pertencia ela
mesma a este mundo e era seu complemento, ainda que seu complemento ideal. Sendo
crítico em relação à parte contrária, não adotava uma postura crítica para consigo
filosofia. Reservamo-nos uma descrição mais detalhada desse partido (ela ocorreu
em A Sagrada família e na Ideologia Alemã, com uma crítica pesadíssima à contemplação
reduzida a isto: ele acreditava poder realizar a filosofia, sem suprimi-la” (MEGA, I, 1/1, p. 613).
Marx ministra, portanto, aos dois partidos daquele tempo um antídoto para o seu
uma supressão mais radical da filosofia. Contudo, também a “negação” da filosofia (ela
possível ou futura. A “negação” refere-se à filosofia que tem a verdade como fim em si
de modo meramente antiquário; ele não se refere a uma filosofia que transforma o
contemplação, tanto “estudo do mundo real” que a filosofia alemã clássica figura, de
forma não totalmente inapta, entre “as três fontes e os três componentes do
marxismo”. O singelamente novo na filosofia marxista consiste na alteração radical de
mundo não seria mais uma filosofia. Justamente o ato de sê-lo como nunca leva ao
filosofia, da filosofia que, com bastante fôlego e com um legado cultural pleno, é
megalomania, pelo anarquismo, sim, até pela doença mental delirante que Hegel
Marx, Engels, Lênin. Os “praticistas” das mãos vazias, os esquemáticos com seu
tesouro de citações não foram capaz de transformá-lo, nem aqueles empiristas que
saber incessante a respeito da conjuntura; pois, mesmo que a filosofia não seja uma
ciência própria acima das demais ciências, ela é, isto sim, a ciência e a consciência
mas lida com o que ainda não veio a existir unicamente no gigantesco contexto do
situação analisada, tendência dialética, das leis objetivas, da possibilidade real. Por
interpretar, mas reconhecível em termos marxistas. E sob esse aspecto, Marx também
cidade Introdução (MEGA I, 1/1, P. 621) e tem, como se sabe, o seguinte teor: “A filosofia
concebido não apenas como classe, mas igualmente, conforme ensina Marx, como o
sintoma mais agudo da auto-alienação humana, sem dúvida é um ato de longo prazo:
a supressão total desse gênero coincide com o último ato do comunismo. No sentido
“Apenas neste ponto a sua (do homem) existência natural tornou-se para ele a