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Ciência Política

Material teórico
O Marxismo e a Política como Práxis

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Rodrigo Medina Zagni
O Marxismo e a Política
como Práxis

Nessa unidade, vamos tratar do tema “O marxismo e a


política como práxis”.
Trata-se não só de uma das mais expressivas correntes
teóricas dentro das Ciências Humanas, não apenas da
Sociologia; mas indubitavelmente da mais significativa força
política que ascendeu da nova ordem industrial da primeira
para a segunda metade do século XIX, configurando-se no
século seguinte como um riquíssimo e criativo campo de
debates sobre os mais variados aspectos da vida social.
Sendo assim, este é um conteúdo fundamental para entender uma das mais influentes
correntes teóricas na Sociologia e que repercutiu em praticamente todas as áreas do saber,
buscando a transformação da realidade social na perspectiva daqueles que, até então, não
eram considerados agentes da própria história: os oprimidos.
Para realizar a unidade, primeiro acesse o item Documentos da Disciplina, onde você
encontrará o Referencial Teórico, ou seja, o texto que servirá de base para todas as demais
atividades da unidade. Leia então o texto que trata do marxismo.
Em seguida, para verificar se houve uma suficiente compreensão do conteúdo,
responda as perguntas das Atividades de Aplicação, que tratam de categorias fundamentais
sobre o assunto abordado.
Foram disponibilizados ainda Materiais Complementares, para o caso de você desejar
se aprofundar em algumas questões trabalhadas no conteúdo.
Finalmente, realize a Atividade de Reflexão da unidade. Nela você deverá produzir um
texto analítico a partir da análise de um trecho do capítulo: “Marx... Um fantasma ronda a
Europa”, extraído do livro “O mundo de Sofia”, de Joisten Gaader.
Bom estudo! Lembro que estou a sua inteira disposição e que pode me contatar a
qualquer tempo neste ambiente web-class.

Atenção

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
Contextualização

O marxismo é, como corrente política, como campo teórico e como


ferramenta conceitual, tanto para as Ciências Humanas como para a prática social,
uma das mais expressivas colaborações intelectuais já dadas para a compreensão e
transformação da realidade social.

O impacto que o pensamento marxista tem nas ciências sociais é


equiparável, em importância e significados, a uma revolução. Pode-se dizer então,
segundo afirma o Prof. Osvaldo Coggiola, que o séc. XIX não foi apenas o século
da dupla revolução: política e econômica, como disse Eric Hobsbawn; houve
também uma revolução intelectual operada a partir da Alemanha, e cujo nome era
o Marxismo.

Revolução tem aqui o sentido de transformação. Isso porque, nas ciências


em geral, Marx não demonstrava estar preocupado apenas em compreender as
dinâmicas desenvolvidas pelas sociedades; mas dava a essa compreensão uma
função: transformar a própria realidade.

Com isso, a Sociologia ganhava uma nova função e seus artífices uma
tarefa, segundo a práxis definida por Marx: compreender as sociedades seria o
primeiro passo para o que de fato importava, transformá-las!
Sendo assim, embrenhemo-nos pelo denso universo conceitual do marxismo, pois
há muito para ser transformado!
Material Teórico

As Origens do Marxismo
Pode-se dizer que no final da primeira metade do séc. XIX, particularmente
no ano de 1848, com a publicação do “Manifesto do Partido Comunista”, dos
alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), desenvolveu-se o
que, posteriormente, seria nominado como marxismo.

A obra é uma espécie de divisor de águas no pensamento de Marx,


marcando o fim de um longo período de reflexões filosóficas (desde a elaboração
de sua tese de doutoramento: "Diferenças da filosofia da natureza em Demócrito e
Epicuro", defendida em 1841 na Universidade de Berlim); para uma etapa de
estudos políticos.

Portrait of Karl Marx Friedrich Engels Working in His Office


Karl Marx (1818-1883), German Título original: Illustration of Friedrich
political philosopher, Engels (1820-1895), German socialist
author of Das Kapital. philosopher. Undated.
IMAGEM: © Bettmann/CORBIS IMAGEM: © Bettmann/CORBIS
DATA DA FOTOGRAFIA ca. 19th DATA DE CRIAÇÃO ca. 1880's
century COLEÇÃO Bettmann
COLEÇÃO Bettmann

Nesta segunda fase, Marx resolveu um antigo problema na cisão entre


idealistas (que pensavam modelos ideais de sociedade, por exemplo), e
materialistas (alicerçados nas condições materiais de transformação das
sociedades), propondo aquilo que definiu como práxis: a ação transformadora da
realidade, rumo à concretização da idealidade. Obviamente, o ideal vicejado por
Marx só se constituiria, em sua teoria, diante das possibilidades materiais de tornar-
se real.
Com base nisso, Marx, nesta fase, centrou
seus esforços na crítica política ao modelo de
sociedade vigente ao seu tempo, perscrutando suas
raízes mais longínquas na História da humanidade
para defender um modelo de sociedade que
superaria os antagonismos de suas precedentes,
levando o Homem ao desenvolvimento máximo

A Revolução de 1949 implantou um sistema de suas potencialidades.


comunista autônomo na nação chinesa.

Dessa forma, lançou as bases


do marxismo, que constituiu um dos
mais significativos cabedais teóricos da
contemporaneidade. Serviu tanto
como instrumento para organização da
classe trabalhadora e para o
surgimento dos partidos políticos de
esquerda em todo o mundo, como
para influenciar revoluções sociais
como a Revolução Chinesa e a Russa,
por exemplo; e, ainda, para conformar
uma intelectualidade engajada com a 300 × 213 - 19k - jpg -
www.algosobre.com.br/.../revolucao_russa_01.jpg
transformação da realidade social em Veja abaixo a imagem
nome dos menos favorecidos, aquela em: www.algosobre.com.br/index.php

que se denomina: marxista.

A europa do séc. Xix

O chamado renascimento histórico na


Europa se deu após um longo período sob o
domínio da Igreja Católica na Idade Média, quando
as artes, as ciências e o conhecimento em geral
foram libertados da autoridade religiosa e dos
dogmas que impregnavam toda espécie de
conhecimento.

Martín Lutero
A “reforma”, introduzida por Martin Lutero na Alemanha no século XVI e
por Calvino na Suíça naquele mesmo conturbado século, tomava a Europa inteira
no XVII com a expansão do Calvinismo a partir da Inglaterra e da Holanda e, já no
século XIX, encontrava-se bem difundida em toda a Europa, ruindo as bases de
sustentação da Igreja Católica que já havia perdido sua dimensão de dominação
política.

O homem deixava de perceber-se como uma


criatura apática, temerosa e insignificante diante do Deus
cristão e sujeito a inevitabilidades do destino, que até ali
lhe exercera coerção de tal forma que pensava não
poder mudar seu próprio destino.

Alcançou-se um estágio de profundo


antropocentrismo – o homem passava a se perceber
como o centro do universo, com tudo orbitando em
torno de sua existência -, desprendendo-se dos dogmas
religiosos, anticientifistas, característicos do homem
teocentrista – para quem o Deus cristão seria o centro Augusto Comte
de tudo. (1798-1857).

Este novo estágio alcançado pelo homem, apesar de representar seu


distanciamento das crenças e manifestações lúdico-religiosas, corroborou para um
avanço significativo do espírito crítico, do qual derivam as ciências em geral.

Esse é o passo que leva ao cientificismo, cuja expressão máxima é a teoria


“positivista”, postulada por Augusto Comte, que deu às ciências objetividade e
direção rumo ao humano, não de uma forma subjetiva, mas científica, apesar de
todos os seus antagonismos.

O novo modelo racional, obra deste novo estágio alcançado pelo


pensamento crítico, baseava-se não mais nos dogmas religiosos; mas, neste novo
estágio, a teorização seria resultado da prova, ou seja, toda tese deveria ser
submetida a uma experimentação na qual a observação e a tangibilidade seriam
fundamentais, sendo, somente a partir daí, edificado o “conceito científico”. Isso foi
responsável pelo surgimento de diversas ciências como a Antropologia, a
Sociologia, a Psicologia e a História, dentre outras. A política como ciência, depois
de sistematizada por Maquiavel, ganha seu grau epistemológico a partir deste
século.
AS MENTALIDADES E A PERCEPÇÃO DO HOMEM SOBRE O
CONHECIMENTO
Período medieval TEOCENTRISMO Deus é a medida de
(476 a 1453 segundo a todas as coisas
periodização tradicional)

Renascimento e período ANTROPOCENTRISMO O Homem é a medida


moderno (séc. XVI ao de todas as coisas
XVIII)

Séc. XIX CIENTIFICISMO A ciência é a medida de


todas as coisas

Contudo, os mais significativos antecedentes para que se compreenda,


contextualizadamente, o desenvolvimento do marxismo são as revoluções liberais
do final do séc. XVIII: a Revolução Francesa e a Revolução Industrial.

Ambas as revoluções consolidar-se-iam ao tempo de Marx.

As transformações decorrentes da
Revolução Francesa de 1789, decorrentes do
agigantamento da burguesia, fariam varrer a
Europa. Também o vendaval revolucionário
de 1848, desencadeado na França, a partir
das universidades, convulsionaria as principais
capitais europeias. Ainda, a Revolução
Industrial já consolidara um novo espaço
urbano em torno das fábricas, dos bairros
operários, do surgimento do proletariado
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zado em torno do movimento
operário, dos sindicatos e das ligas e
partidos políticos para os oprimidos.
Das fileiras do movimento operário
organizado, em torno de suas
reivindicações, surgiria o marxismo.

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Veja abaixo a imagem
em: www.tijolaco.com/?p=7019
A Reflexão sobre 1848 em Marx

O ano de 1848 foi extremamente


significativo por conta das revoluções que se
operaram na Europa, por meio das quais se
expressaram aspirações nacionalistas e
democráticas ainda decorrentes da consolidação de
uma nova burguesia, fruto da riqueza provinda da
industrialização.

Trata-se do mesmo ano de publicação do


“Manifesto do Partido Comunista”, registro
histórico de sua época e testemunha da
organização do movimento operário, dos sindicatos
à criação de projetos políticos para os explorados
No dia 21 de fevereiro de 1848 nessa nova ordem econômica: o capitalismo
foi publicado pela primeira vez o industrial.
Manifesto do Partido

Teoria e Doutrina

As principais obras escritas por Marx foram: “A ideologia alemã” (1846); “O


manifesto comunista” (1848), junto de Engels; “O 18 Brumário de Luis Bonaparte”
(1851) e “O Capital” (1867).

Do conjunto da obra, é fundamental disponibilizarmos de início algumas


definições que, no conjunto da teoria marxista, permitem a compreensão de
conceitos importantes.

Definições no Marxismo Clássico:


Trabalho ação do Homem sobre a natureza para garantir os meios de
sobrevivência
Cultura produto do trabalho
Força de trabalho capacidade do Homem para o trabalho
Meios de produção matérias-primas e ferramentas para o trabalho (terra,
fábrica, minas etc.)
Força produtiva meios de produção + força de trabalho
Relações sociais de se dão entre os donos dos meios de produção e os donos da
produção força de trabalho
Modo de produção forma de organizar o processo produtivo; é a estrutura
de bens de consumo econômica da sociedade
Modo de produção totalidade da vida social gerada por essa organização:
econômica + jurídico-política + ideológica

Colocando essas categorias num esquema explicativo, podemos entender as


relações que as definições do marxismo clássico mantêm entre si.

HOMEM NATUREZA

> <

Necessidade de Meios naturais


sobrevivência disponíveis
RELAÇÃO
DESIGUAL

Força produtiva

(meios de produção + força de trabalho)


HOMEM NATUREZA

INTERVENÇÃO / TRABALHO / CULTURA

Relações Sociais de Produção

Modo de Produção de Bens de Consumo

Modo de produção

Novo Homem
O Materialismo em Marx

O princípio fundamental do
marxismo é o materialismo, ou seja, a
única realidade é a matéria e suas forças,
em transformação contínua. Sendo assim,
a matéria, para Marx, não consiste em uma
composição estática, inerte, mas em
constante movimento e transformação.

De fato, o princípio já estava na


filosofia pré-socrática (estudada pelo
“jovem Marx”), no materialista Heráclito
de Éfeso (540 a.C. - 470 a.C.) e seu
célebre exemplo de que um homem nunca
Heráclito de Éfeso ( Johannes Moreelse) se banha no mesmo rio duas vezes, pois, na
segunda vez, nem as águas do rio são as
mesmas, nem o homem permanece o
mesmo. Para ele, tudo flui.

Materialismo Econômico

Para Marx, a base econômica é determinante para o


desenvolvimento das sociedades.

Sua visão contrapõe-se à de Georg Wilhelm Friedrich


Hegel (1770-1831, foi professor e reitor da Universidade de
Berlim, onde Marx estudou), para quem “as ideias determinam
todas as condições da sociedade”; para Marx e Engels “a
economia determina inclusive as ideias”, sendo assim, para o
marxismo “a economia molda a sociedade”. G.W.F. Hegel.

Marx entendia que as relações econômicas de produção de determinada


sociedade permitiriam compreender todos os seus demais aspectos. Para isso,
focou sua análise nos modos de produção, a partir dos quais se conformariam os
demais aspectos da vida social, de forma adaptativa ao sistema econômico vigente.

O estudo dos processos tecnológicos empreendidos nas atividades


produtivas, a divisão do trabalho decorrente da organização da produção, a
estratificação social resultante da divisão do trabalho, a distribuição dos bens e
produtos, seu consumo, a própria organização social, a remuneração da mão-de-
obra, o regime de propriedade e as leis que legitimam essas relações, são
elementos fundamentais para a compreensão das sociedades.

Segundo esta visão, a


estrutura econômica exerceria um
papel determinante no processo de
transformação das sociedades
humanas. Dela adviriam mudanças
no cotidiano dessas sociedades,
moldando seus aspectos político-
ideológicos e culturais, pois se
constituiria, fundamentalmente, das
próprias formas de relação de
produção que as regeriam.
Revolução Industrial.

A transformação das sociedades estaria, portanto, intrinsecamente


relacionada com o movimento de suas estruturas econômicas, ou seja, com a
forma como o Homem interfere na natureza para atender a suas necessidades de
sobrevivência.

Materialismo Histórico

Para Marx, as sociedades, ao longo da História, também estariam em


perene transformação, conforme vimos, determinadas pelas mudanças em sua
base econômica. Essas transformações se dariam por meio de uma marcha triática,
ou seja, a partir de três elementos: tese, antítese e síntese.

Essa formulação advém de uma reapropriação que Marx fez da dialética


proposta por Hegel, daí dizer-se: da dialética hegeliana.

O movimento se daria da seguinte forma: tudo o que existe na natureza


constitui tese; porque tudo está em movimento (como vimos), tudo o que existe em
natureza se transforma, em especial, em direção ao seu oposto (exemplo: a
madeira se transforma naturalmente de forma a deixar de ser madeira, quando
começa a se decompor), a esse contrário, que nega a tese, chamamos de antítese
(anti+tese); o choque da tese com seu contrário (ou suas contradições, como no
exemplo dado, de a madeira naturalmente se decompor), teria como resultado a
síntese, ou seja, algo novo (uma matéria nova, no exemplo dado, produto da
decomposição da madeira).

Essa mesma lógica verifica-se, segundo Marx, na mudança das sociedades,


que também se decompõem e se transformam em algo novo. Essas transformações
seriam determinadas, como vimos, pela base econômica. Sendo assim, uma base
econômica determinada, como o sistema capitalista, (ao tempo de Marx, que era o
tempo da industrialização), seria a tese dessa sociedade: o chamado modo de
produção capitalista. Seus antagonismos ou contradições, ou seja, sua antítese,
seriam exatamente as condições de penúria e extrema exploração vivida pelo
proletariado, a classe trabalhadora nas fábricas. No momento em que o
proletariado não suportasse mais sua condição de exploração e se voltasse contra o
explorador - a burguesia -, ocorreria o choque que produziria um novo modo de
produção, ou seja, a síntese.

TESE X ANTÍTESE = SÍNTESE

( o que existe) (suas contradições) o novo

Sendo assim, a expressão do materialismo histórico seria a luta de classes: o


momento de choque entre uma classe dominante (cuja ordem seria a tese) e as
classes dominadas (cuja condição de exploração seria antítese). Com base na
dialética hegeliana (tese + antítese = síntese), Marx elaborou sua teoria explicativa
sobre a sucessão dos modos de produção da vida social: “Todo modo de produção
já traz em si o germe que provocará sua deterioração e o surgimento de um modo
de produção novo”, tendo como motor dessas transformações a “luta de classes”.

Marx encontrou então uma explicação lógica, com base na dialética, para
a sucessão dos diferentes modos de produção ao longo da História:
Modos de produção ao longo da história:

COMUNISMO PRIMITIVO MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO

Durante o passado pré-histórico, baseava- Durante o auge das civilizações do


se na ausência da propriedade privada Crescente Fértil ou Oriente Próximo
dos meios de produção, sendo assim, da (Egito e Mesopotâmia),
exploração do homem pelo homem. aproximadamente em 3 mil a.C.,
baseava-se na propriedade privada por
parte de governantes como autoridade
FEUDALISMO religiosa (Estados Teocráticos), a quem
todos serviam por temerem sua
Verifica-se na Europa Medieval (de 476 a
condenação tanto em vida quanto no
1453) e está baseado em relações de
pós-morte.
interdependência entre senhores e servos.
Enquanto os senhores concediam-lhes ESCRAVISMO
temporariamente: proteção, moradia e uso
da terra; os servos davam-lhes seu Verifica-se no auge das civilizações
trabalho, pagavam-lhes taxas e serviam- clássicas (Grécia e Roma), até 476,
lhes militarmente, se preciso. baseava-se na mão-de-obra escrava, ou
seja, o senhor detinha direito de
propriedade sobre o escravo, assim
sendo, de vida e morte sobre ele,
CAPITALISMO
podendo negociá-lo, deixá-lo de herança
Tem origem com o declínio do sistema ou matá-lo.
feudal e está baseado na mão-de-obra
Dinâmica do capitalismo:
livre e assalariada.

CAPITALISMO FINANCEIRO
CAPITALISMO
MERCANTIL Trata-se de uma fase rentista do
CAPITALISMO INDUSTRIAL
capital, originada pela crise do
Ou, para Marx,
Advém da consolidação da capitalismo industrial, cujo
PRÉ-CAPITALISMO Revolução Industrial na primeira epicentro foi a quebra da Bolsa de
metade do séc. XIX (ver unidade Nova Iorque, em 1929. Consolida-
Baseado nas manufaturas (ver II). Tem como núcleo as relações se em 1945 com o término da
unidade II), verifica-se sua entre burgueses e proletários no Segunda Guerra Mundial,
existência desde a Baixa Idade âmbito da produção fabril. portanto, obviamente, esta fase
Média, mas se expande não foi assistida por Marx. Advém
durante as navegações e a da forte crise vivida pelas indústrias
colonização do Novo Mundo que tiveram seu capital absorvido
(do séc. XVI ao XVIII). por instituições financeiras.
Modos vindouros segundo o marxismo:

SOCIALISMO COMUNISMO
Propriedade privada dos meios Ausência total da propriedade
de produção centralizadas no privada. Fase na qual o indivíduo
Estado, responsável por distribuir internalizaria o papel do Estado
a riqueza social decorrente das Socialista, findando com
relações de produção de forma qualquer tipo de relação de
igualitária. exploração.

É importante ressaltar que a ideia de Socialismo não foi criada por Marx,
ela já era defendida antes de sua obra; contudo, por teóricos filiados a uma visão
idealista de sociedade. Essa corrente foi caracterizada por Marx como Socialismo
Utópico: pré Marx e Engels.

Esta nova visão criaria então o Socialismo científico: pós Marx e Engels;
dando-lhe uma explicação sistêmica e apontando estratégias claras para ultimá-la
como projeto político.

Estratificação Social

Para Marx, a luta de classes seria então o motor da História, da


transformação das bases econômicas das sociedades e, assim sendo, das próprias
sociedades.

A origem da divisão da sociedade em classes sociais estaria na


propriedade privada dos meios de produção.

MEIOS DE PRODUÇÃO: São os meios necessários para garantir a existência


material do Homem, como a terra e os instrumentos/ferramentas para a
transformação da natureza naquilo que possa saciar as necessidades humanas (uma
enxada, um arado, uma máquina numa indústria, por exemplo).

O meio de produção mais importante, no marxismo, é a terra.

No momento em que um indivíduo se outorga proprietário de um


determinado meio de produção, como a terra, por exemplo, ele se distingue de
todos os demais que não são proprietários. Decorre daí a divisão social do
trabalho, entre os proprietários dos meios de produção e aqueles que são
proprietários apenas de sua força de trabalho. Trata-se, para Marx, de uma
relação, fundamentalmente, de exploração, na qual há exploradores e explorados.
Percebemos então que, segundo essa perspectiva, a divisão do trabalho social
determina papéis e identidades sociais e, segundo o marxismo, estão na base das
desigualdades, por parte daqueles que são proprietários dos meios de produção e
expropriam a força de trabalho alheia.

Em determinado momento, então, essa condição de exploração se tornaria


de tal forma insuportável que adviria daí a consciência dessa condição, chamada
por Marx de “consciência de classe”: o combustível necessário para ativar a luta de
classes, o motor das transformações sociais subsequentes.

Revolução

A luta de classes encontra expressão


máxima na forma da revolução social, que
cria a nova ordem de produção, síntese do
velho e do novo. Trata-se da síntese
dialética que vimos em Hegel e depois em
Marx: a nova ordem já traz em si o germe de
sua ruína, suas contradições internas, que
provocarão a antítese, que em choque com
a tese, geram a síntese (o novo).
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A história da humanidade é, assim, a Imagem
história da luta de classes, e a luta de classes em: cienciassociaisbrasil.blogspot.com/200
9/11/so...
depende por sua vez da consciência de
classe. Desta forma, compreende-se porque
para Marx “a violência é a parteira das
novas sociedades”.

A revolução como expressão da luta de classes, dada pelas contradições do


CAPITALISMO (expressão máxima da exploração a que teriam chegado às
relações entre proprietários dos meios de produção e proprietários de sua força de
trabalho), levaria ao SOCIALISMO (propriedade dos meios de produção centrados
no Estado), fase transitória para o COMUNISMO (ausência de propriedade privada
dos meios de produção e, com isso, ausência de relações de exploração).
Estrutura Social

A estrutura social, no marxismo, é formada pelas relações de produção: o


fator econômico é, portanto, o determinante fundamental na configuração das
sociedades, pois o papel do indivíduo na sociedade advém do papel que
desempenha na divisão social do trabalho.

As relações de produção determinariam as formas de consciência,


organizações políticas, religião, lei, filosofia, ciência, arte, literatura e até mesmo a
moralidade.

Nessa perspectiva, o Estado (que não fosse o Socialista) seria a


superestrutura criada a serviço da classe dominante, proprietária dos meios de
produção, para manter essas relações inalteradas em favor dos dominadores.

O Projeto Político para Transformação da Realidade Social

Da vasta obra legada por Marx, o livro “Manifesto do Partido Comunista”


(Manifest der Kommunistischen Partei), escrito em coautoria com Engels e
publicado em 21 de Fevereiro de 1848, é o que melhor delineia o projeto político
do marxismo. Isso porque estava dirigido, em essência, para
a classe trabalhadora.

Tratava-se do programa da Liga Comunista e


apresentava o socialismo científico daqueles que seriam
considerados como seus fundadores: Marx e Engels.

A obra dava curso claro de ação para uma revolução


socialista, que consistiria na tomada do poder pelos
proletários.

O materialismo histórico é ali apresentado na forma de uma análise que


demonstra, em termos históricos, que as formas de opressão social mudam, assim
como mudam seus atores, e que o opressor àquele tempo seria a burguesia
moderna, que trataria o operário como uma descartável peça de trabalho.

A condição de miséria à qual estaria submetido, para o maior lucro de seus


patrões, aliaria-se, ainda, a sua mais completa coisificação. Para romper com essas
relações, a luta socialista deveria ser dada como luta de classes, sendo assim, o
inimigo comum aos proletários de todo o mundo seria a burguesia.

Para isso, o programa dava as etapas a serem cumpridas pelo proletariado:

• tomar consciência de sua situação;

• tomar conhecimento do contexto social e histórico no qual estava inserido;

• organizar e lutar contra a opressão.

O objetivo da luta, no socialismo preconizado por Marx,


teria uma organização de caráter transnacional, uma vez
que a consolidação da industrialização em termos
internacionais tornaria necessária uma luta travada nesse
mesmo âmbito, por isso o caráter internacionalista do
marxismo.

Author: Liberdade & Revolução

O livro faz uma sistemática crítica ao modo de produção capitalista,


propondo, para sua superação, os princípios do socialismo científico: proletários
conscientes de sua condição, organizados como comunistas, lutariam pela abolição
da propriedade privada.

Marx e Engels, no terceiro capítulo, fazem uma análise crítica da conjuntura


socialista ao seu tempo. Para os autores, havaria três tipos de socialismo:

• socialismo reacionário, uma forma da classe dominante assumir parte do


discurso dos explorados, sob um ponto de vista burguês, com a finalidade
de manter as relações de produção e de troca nas quais estavam em
condição de privilégio.
• socialismo conservador, que não almejaria a revolução social, expressão
maior da luta de classes, mas sim uma reforma dada por dentro das
estruturas sociais vigentes, o que para Marx e Engels seria notadamente
antirevolucionário e, assim sendo, contrário aos interesses da classe
trabalhadora.
• socialismo utópico, que apesar de acertar na crítica que fazia sobre a
situação do operariado, não apoiava sua luta política, tornando o projeto de
sociedade comunista inatingível, uma vez que não criava planos para sua
realização.
No quarto capítulo é apresentado, então, o novo
socialismo, que superaria suas correntes contemporâneas e
predecessoras. Neste capítulo, estão condensadas as principais
ideias do Manifesto, com foco privilegiado na questão da
propriedade privada, da qual derivariam as principais formas de
exploração em distintos modos de produção.

A luta proposta passaria primeiro pela motivação da


união transnacional entre os operários, ultrapassando as
barreiras do nacionalismos para fazer com que os explorados do
mundo almejassem um novo papel como atores
transformadores de sua própria história.
Material Complementar

Ainda sobre o tema "o marxismo e a política como práxis", indico os textos
abaixo, disponíveis na internet, a título de leitura complementar:

• No site da Biblioteca Virtual de História do Marxismo no Brasil, da


Universidade Federal de Minas Gerais e da Pontífice Universidade Católica
de Minas Geraos, é possível acessar os clássicos do marxismo, em formato
digital, no link: http://www.fafich.ufmg.br/marxismo/.
• O Centro de Estudos Marxistas (CEMARX) da Universidade Estadual de
Campinas mantém uma publicação intitulada "Revista Crítica Marxista", no
site:http://www.unicamp.br/cemarx/criticamarxista/.

Indico ainda os filmes, disponíveis no Youtube:

A teoria marxista

• http://www.youtube.com/watch?v=bjIuO1EMR7E&feature=related

Alienação

• http://www.youtube.com/watch?v=n2vFecjCNWs&feature=related
Referências

ALTHUSSER, Louis. Análise crítica da teoria marxista. Rio de Janeiro:


Zahar, 1967.

BAAS, Emile. Introdução crítica ao marxismo. Rio de Janeiro: Livraria AGIR,


1958.

BOBBIO, Norberto. Marxismo e o estado. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

__________. Teoria Geral da Política. A Filosofia Política e as lições dos


clássicos. São Paulo: Campos, 2000.

DRACHKOVITCH, Milorad M. O marxismo no mundo moderno. Rio de


Janeiro: Zahar, 1966.

FLORENZANO, Modesto. As revoluções burguesas. São Paulo: Brasiliense,


1997.

FROMM, Erich. Conceito Marxista do Homem. Rio De Janeiro: Zahar, 1975.

GAADER, Jostein. O mundo de Sofia: Romance da história da Filosofia. São


Paulo: Cia das Letras, 1997.

MARX, Karl. Trabalho Assalariado e Capital. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.

__________. O Capital: Crítica da Economia Política. Vol. I. São Paulo: Abril


Cultural, 1984.

__________. Manifesto do Partido Comunista. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

__________. O 18 de Brumário de Louis Bonaparte. São Paulo: Centauro,


2003.
Anotações

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