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RESUMO
Os indicadores econômicos começaram a ser analisados desde os primeiros censos realizados
pelo IBGE. A partir de então observa-se que ao longo dos anos houve aumento da desigualdade
econômica no país, levando muitos a pobreza. Assim, verifica-se que a desigualdade de renda
brasileira é extrema, instável. Com o objetivo de análise dessa temática, este estudo apresenta
uma descrição histórica desde o primeiro momento em que se observou sobre a desigualdade e
concentração de renda no país. A pesquisa foi realizada por uma consulta em materiais
bibliográficos, assim ao analisar os momentos descritos pelos analistas econômicos foi possível
concluir sobre a instabilidade econômica do Brasil.
1. INTRODUÇÃO
Desde os primórdios das publicações dos Censos Demográficos realizados pelo IBGE
observa-se uma elevação no grau de desigualdade social. Uma simples verificação no histórico
do Índice de Gini apresenta um valor que persiste por muitos anos. As elevadas taxas de
concentração de renda começaram tiveram modificações a partir da segunda metade dos anos
1990 e, principalmente, nos anos 2000. Em relação à pobreza, sua incidência apresentou sinais
de queda em dois períodos específicos, seja pelo aumento da renda e/ou pela diminuição da
desigualdade social. O primeiro período ocorreu na fase do Plano Real, com a estabilização
monetária. A segunda fase de grande queda ocorreu após 2003.
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pela disponibilidade de dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), com destaque para a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), e o
progresso da computação eletrônica, com uso disseminado de micro dados. Os dados da PNAD
apresentam uma tendência decrescente da desigualdade nos primeiros 15 anos do novo milênio,
mas ela voltou a crescer após 2015.
Por meio de uma investigação empírica, este estudo analisa o formato da distribuição de
renda no país e o seu grau de desigualdade correspondente. Portanto, o objetivo principal desta
pesquisa é: apresentar os dados da instabilidade econômica brasileira que retratam a pobreza e
desigualdade no país. O estudo se constitui de um referencial bibliográfico em que são
destacados os autores que investigaram sobre a economia do Brasil de forma constante, assim
sendo possível se chegar em uma conclusão sobre a desigualdade econômica.
De acordo com essas teorias esperava-se uma redução da desigualdade e que assim
houvesse modificações nos fatores explicativos. Nesse momento teve uma ocorrência na
inflação de forma acelerada o que contribuiu ainda mais na desigualdade da distribuição da renda
no Brasil, atingindo um pico em 1989, no último ano do governo Sarney. Segundo os dados da
PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 1989, naquele ano o índice de Gini do
rendimento das pessoas com trabalho fixo com rendimento positivo atingiu 0,630 (IBGE, 1997,
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p.144). Colocando assim o país como o mais desigual entre os países do mundo com dados
confiáveis sobre a distribuição de renda.
Em 1993, depara-se mais uma vez com uma inflação elevada, o índice de Gini positivo
era igual a 0,605 e no ano de 1999 caiu para 0,572. Destaca-se que a diminuição da
desigualdade entre 1993 e 1999 foi abaixo ao considerar uma distribuição do rendimento familiar
per capita. O índice de Gini teve queda de 0,609 em 1993 para 0,600 em 1999.
Bonelli & Ramos (1993) ressalta em sua análise uma associação com pontos negativos
quando se compara o crescimento econômico e desigualdade no Brasil nos anos de 1977 a
1986. Os autores destacam que o crescimento econômico pode ser um fator de combate na
pobreza e desigualdade, podendo ainda aumentar de forma geral a renda geral associando
assim ao crescimento das classes mais pobres.
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distribuição da renda. Hipóteses sobre a evolução da distribuição de renda baseadas no U
invertido de Kusnetz não se sustentam empiricamente (FIGUEIREDO, 2008); tampouco parece
haver uma relação positiva entre desigualdade e crescimento.
Quando, num artigo influente publicado pelo Banco Mundial, Dollar (2000) argumentou
que o “crescimento é bom para os pobres”, ele assumiu como verdadeira uma relação direta
entre os ganhos dos extratos médios e os dos mais pobres. Centrado num período longo de
tempo – 20 anos –, considerou uma distribuição homogênea ao longo do período. Esta conclusão
é muito difícil de ser sustentada empírica ou teoricamente. Comparando, por exemplo, as
experiências brasileira e indiana nos anos 80, Datt e Ravallion (1992) encontraram que, no caso
do Brasil, o índice de pobreza teria caído cerca de 5%, se o crescimento tivesse sido distribuído
de forma neutra. Em contraste, os efeitos distributivos contribuíram para a redução da pobreza
na Índia, ainda que o crescimento tivesse tido uma importância maior.
Recentemente, Sainz e Fuente (2001) da CEPAL mostraram que nas últimas duas
décadas o crescimento na América Latina, além baixo, foi fortemente desigual. Durante os anos
80 e 90, as famílias pobres tiveram um crescimento de renda real menor do que a média.
Observaram que, se nos anos 80 o colapso no crescimento da renda afetou fortemente os
pobres, nos anos 90, na presença de um baixo crescimento como o que se deu em muitos países,
a renda dos mais pobres não recuperou o que havia perdido. Concluíram os autores que houve,
na América Latina, uma assimetria entre crise e crescimento: concentração de renda, no primeiro
caso; e rigidez, no segundo.
No Brasil recente, por diversos e distintos argumentos, parece haver não apenas uma
relativização do crescimento econômico como estratégia de redução da pobreza, mas também
um crescente ceticismo sobre a sua importância. Entre outros aspectos, está a nossa experiência
dos anos de alto crescimento entre 1950 e 1980, anos marcados por elevada e crescente
desigualdade, ou seja, pobreza e exclusão social persistentes (NERI, 2006).
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apenas, que ele não é suficiente para tanto. Se considerarmos que na sociedade brasileira, bem
como na maioria dos países populosos em desenvolvimento, há um elevado excedente de mão-
de-obra não qualificada, ocupada em uma miríade infinita de atividades sub-remuneradas, uma
redução relativa deste contingente – que constitui a base da estratificação ocupacional –, através
de deslocamentos para o setor formal da economia, possui efeitos distributivos positivos sobre a
renda do trabalho. Este fato, ao lado do crescimento da renda média decorrente do crescimento
da renda per capita da economia, tem impactos importantes sobre a redução da pobreza absoluta
(FIGUEIREDO, 2008).
A permanência no emprego, por seu turno, afirmou-se nos anos 90, possivelmente como
um fator essencial de diferenciação dos salários no setor organizado da economia. A questão
central, portanto, para os trabalhadores de mais baixa qualificação – a imensa maioria dos
ocupados no Brasil contemporâneo – é a persistência do crescimento econômico. Inversamente,
são a sua volatilidade e a sua instabilidade – decorrentes de forças macroeconômicas como as
que se afirmaram entre nós nas duas últimas décadas – que geram, nos termos sugeridos por
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Pedro Sainz, a assimetria do crescimento, ampliando a heterogeneidade estrutural.
Consideremos este processo em perspectiva histórica (HOFFMANN, 2007).
Mas, qualquer que seja o sistema, a sua viabilidade como política efetiva é fortemente
dependente da expansão da renda per capita, da redução das transferências financeiras e do
aumento da base tributária do governo. Com efeito, há um conflito insanável entre a expansão
dos benefícios sociais, necessária à redução das desigualdades, e a estagnação do produto per
capita, tal como a que se firmou na economia brasileira dos anos 90. Os desníveis primários da
renda no país são muito elevados para serem substancialmente reduzidos por medidas
centradas exclusivamente nas transferências de um estagnado orçamento social. Por outro lado,
sem uma segura expansão econômica, os esforços educacionais se frustram e criam uma
inevitável “desvalorização educacional”. Uma macroeconomia voltada ao crescimento
econômico é condição básica para uma política de renda voltada à redução das desigualdades
(ALMEIDA, 2019).
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A distribuição desigual e insuficiente na média nacional da oferta de bens/insumos
públicos no Brasil contemporâneo constitui uma restrição a uma maior difusão dos padrões de
consumo e, consequentemente, à elevação sustentada dos salários reais. Nos últimos anos, a
ênfase na modernização produtiva no Brasil tem se baseado numa avaliação de “custo Brasil”,
na qual as dimensões sociais surgem como uma segunda preocupação. É importante frisar que
historicamente o custo Brasil acomodou-se à existência de baixos salários (NERI, 2006).
Para que a desigualdade ocasionada pela distribuição de renda seja diminuída não se
pode levar em consideração apenas a política econômica, considerando que as alterações na
legislação também podem ser um fator determinante, as análises devem ser feitas de acordo
com os diversos efeitos de forma direta ou indireta, como por exemplo com uma alteração do
salário mínimo (ALMEIDA, 2019).
Um dos fatores que mais assustam é que ao analisar os programas sociais como BPC,
Bolsa Família entre outros e derivadas de direitos do trabalho como o seguro desemprego/defeso
não tiveram relevância na evolução da renda domiciliar per capita e para com as tendências da
desigualdade. O que esperava-se em tempo de crise que esses programas atuassem de forma
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reguladora nos problemas de pobreza. Porém, foi visto uma situação totalmente contrária como
no Bolsa Família, que teve diminuição no contingente de beneficiários como no valor pago. O
Seguro Desemprego não conseguiu alcançar resultados positivos em relação a perda da renda
gerando assim ainda mais problemas (HOFFMANN, 2020b).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No entanto, para erradicar a pobreza no Brasil é necessário definir uma estratégia que
confira prioridade à redução da desigualdade, assim são necessários constantes estudos e uma
política pública completamente diferente do que se apresenta na atualidade.
REFERÊNCIAS
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BARROS, Ricardo P. de; HENRIQUES, Ricardo & MENDONÇA, Rosane. A
estabilidade inaceitável: desigualdade e pobreza no Brasil. In: Henriques,
Ricardo (org.). Desigualdade e pobreza no Brasil. Rio de Janeiro, IPEA, 2000a.
DOLLAR, D. Kraay. (2000). “Growth is Good for the Poor”, Policy Research
Working Paper, World Bank.
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