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UNIDADE DIDÁCTICA NO.

Indice

1. CONCEITO DE MERCADO .................................................................................. 3


1.1. SURGIMENTO DOS MERCADOS ................................................................ 3
1.2. O PAPEL DO MERCADO .............................................................................. 4
1.2.1. PERDURAÇÃO DOS MERCADOS E TROCA ...................................... 5
1.3. AS CURVAS DA PROCURA E DA OFERTA ............................................... 6
1.3.1. LEI DA PROCURA................................................................................... 6
1.3.2. LEI DA OFERTA ..................................................................................... 8
1.3.3. EQUILIBRIO DO MERCADO E A LEI DA PROCURA E DA OFERTA
10
1.4. CONCEITO DE ELASTICIDADE .................................................................17
1.4.1. ELASTICIDADE-PREÇO DA PROCURA ............................................17
1.4.2. ELASTICIDADE-PREÇO DA PROCURA E RECEITA DE VENDAS.18
1.4.3. INTERPRETAÇÃO GEOMETRICA DA ELASTICIDADE-PREÇO DA
PROCURA ...........................................................................................................19
1.4.4. FACTORES QUE AFECTAM A ELASLICIDADE-PREÇO DA
PROCURA ...........................................................................................................21
1.4.5. OUTROS CONCEITOS DE ELASTICIDADE DA PROCURA ............22
1.5. TIPOS DE MERCADO..................................................................................24
1.6. O PAPEL DO ESTADO ( EFICIÊNCIA, EQUIDADE E ESTABILIDADE) .26
1.6.1. EFICIÊNCIA E EQUIDADE DA CONCORRÊNCIA PERFEITA .........26
1.6.2. EFICIÊNCIA E EQUIDADE ...................................................................27
RESUMO .....................................................................................................................29
APLICAÇÕES ............................................................. Error! Bookmark not defined.
MINI GLOSSÁRIO ......................................................................................................30

1
OBJECTIVOS

Ao completar esta unidade, você deve ser capaz de:

• Interpretar a génese das trocas comerciais e a sua função ao longo dos


tempos;
• Calcular o equilibrio das empresas da empresa e do mercado entre os
proodutores e consumidores;
• Medir a sensibilidade dos diversos intervenientes no mercado com relação a
alteração de diversos factores do mercado;
• Analisar o impacto das decisões do Governo nas trocas comerciais e na
economia.

SUMÁRIO

• Surgimento Dos Mercados;


• O Papel Do Mercado;
• Perduração dos Mercados e Troca;
• As Curvas da Procura e da Oferta;
• Conceito de elasticidade;
• Tipos De Mercado;
• O Papel Do Estado ( Eficiência, Equidade e Estabilidade)

2
1. CONCEITO DE MERCADO

1.1. SURGIMENTO DOS MERCADOS

Como todos os animais, o homem vive num processo de permanente troca com a
natureza, da qual retira o necessário para a sua sobrevivência.No caso dos
homens essa troca consiste na utilização do trabalho (uso da vida) para
transformar os recursos que existem na natureza, em bens úteis à satisfação das
necessidades humanas (reprodução da vida).

Para isso é necessário realizar o processo de produção (obtenção) dos bens e


serviços a partir dos recursos, tais, como se encontram na natureza.

O Processo de Produção caracteriza-se por uma relação entre os homens e a


natureza, de modo a que esta seja transformada e assuma a forma de bens e
serviços à disposição dos homens.

Recursos
Produção Bens e Serviços Troca

Mas o homem não podia produzir tudo o que necessitava. Podia muito bem
produzir um tipo de bens onde se sentia-se mais especializado.

Esse processo de troca assumia várias vezes a forma de permuta silenciosa. No


limiar das sociedades, os membros de uma família ou comunidade dirijam-se a um
local pré-determinado e aí depositavam os bens que desejavam trocar e retiravam-
se.
A outra comunidade fazia o mesmo. A 1ª, passados dias, vinha inspeccionar os
bens deixados pela 2ª comunidade e se achasse a quantidade satisfatória para a
troca então recolhia a mercadoria deixada pela 2ª comunidade.

Caso não estivesse satisfeita, diminuía uma parte da sua mercadoria e retirava-se
esperando a avaliação da outra contraparte.

Este processo iterativo levava dias, às vezes semanas. Era uma forma Primitiva
de Comercializar, mas cujo o objectivo principal era evitar confrontações directas
que originassem conflitos entre comunidades que viviam geralmente no limiar da
hostilidade aberta (problema bem actual entre vizinhos).

Se os povos primitivos não tinham grandes dificuldades de ordem económica para


efectuarem as trocas directas, com o desenvolvimento surgiram obstáculos. A
divisão do trabalho no seio da comunidade, que resulta uma infinidade de
produtos trocados, apontou para uma nova forma de efectivação da troca.

3
Para maior eficiência e efectividade era necessário encontrar-se um local ou uma
maneira de tornar a troca permanente. Assim estabeleceu-se lugares e dias
próprios em que cada produto específico era trocado.

A esses lugares chamavam feiras. Cada dia da semana era uma feira específica,
trocavam determinados produtos preestabelecidos e não outros. Na 1ª feira
trocava-se a oração, a fé, o sacrifício, as oferendas, com a esperança e crença de
depois desta vida passar para a melhor no paraíso.

São essas feiras que deram origem, não duma forma determinativa, aos
mercados.
Duma maneira geral, o mercado entende-se como sendo o lugar económico
ou real do encontro entre a oferta e a procura 1 .
A oferta representa os produtores e a procura do consumidores

Outras definições encontradas:


O mercado consiste em firmas e indivíduos que tem contrato entre si, para
comprar ou vender uma mercadoria - uma definição funcional de “E. Mansfield”2.
Os mercados são instituições sociais nas quais bens e serviços podem ser
livremente trocados por outros bens e serviços - “Kelvin Lancaster” 3.

Sendo lugar ou contrato ou ainda instituição o denominador comum é que os


produtores e consumidores encontram-se no mercado para efectuarem as
transações de suas mercadorias.

Em troca de um certo pagamento os vendedores estão dispostos a perder a


propriedade dos seus bens, enquanto que os compradores aceitam efectuar um
pagamento para obterem a posse desses bens.
Nessa troca deve haver a coincidência das intenções entre produtores (oferta) e
consumidores (procura).

Essa troca deve ser voluntária. Se o contratante da transação não tem opção,
então ela não constitui uma transação de mercado.

Por exemplo, contratação para uma consultoria, pagamento de uma taxa de


portagem numa ponte etc., já é mercado porque não é compulsivo.

1.2. O PAPEL DO MERCADO4

1
Ruy Baltazar, Texto de Apoio Introduçäo a Economia Politica
2
Mansfield- Microeconomia Teoria e Aplicações.
3
Kelvin Lancaster,A economia moderna: Teoria e Aplicações
4
idem Kelvin

4
Uma vez que os mercados existem para troca de coisas a sua função é de alocar
e realocar bens e serviços entre os membros pertencentes à economia. Nessa
troca ambos os lados ganham.

Entrectanto o mercado não é a única forma de alocar as coisas.


Daí a diferenciação entre economias de alocação livre (mercado), planificada
(centralizada) e mista.

Nos Estados Unido da América os Serviços públicos pertencem ao tipo de


economia dirigida, na Russa Socialista a alocação dos bens às famílias operava
através do esquema de mercado.

1.2.1. PERDURAÇÃO DOS MERCADOS E TROCA5

A afirmação de que as relações de troca ocorrem porque os dois lados ganham é


sustentada pela notável perduração dessas relações, até mesmo quando de
colocam dificuldades em seu caminho.

Quando as relações de troca entre particulares estão proibidas, porque o


Governo tenta evitar que os bens passem pelo mercado (para manter o preço
baixo e há excesso de procura) aparecem invariavelmente os mercados negros.
RDA, 1970 20% de bens eram vendidos fora dos circuitos normais, a URSS
permitiu a venda livre de produtos nas glebas (mercados informais).

A persistência também constitui a dor de cabeça dos governantes que


procuram controlar ao invés de facultá-lo. Os membros persistem mesmo quando
todas as transações são proibidas. Nas drogas, por exemplo: o viciado compra,
porque acha que elas valem mais para ele do que o dinheiro que ele paga no
momento em que faz a troca.

O negociante vende, porque os lucros lhe oferecem valer mais do que o risco de
ser preso. O viciado no momento de lucidez pode estar convicto de que a longo
prazo o efeito será negativo sobre o usuário da droga, mas é a situação imperativa
no momento da troca que determina o seu comportamento.

Pode-se concluir que qualquer troca que seja efectuada sem coerção representa
um ganho imediato para ambas as partes. Isso não significa que o ganho seja
equinamente (imparcialmente) distribuído - é possível que uma parte ganhe muito
e a outra quase nada. Mas há condições em que o negócio se efectua no mesmo
padrão, a chamada concorrência perfeita.

O mercado é uma instituição através do qual os bens são trocados.

5
Idem Kelvin

5
Na práctica o mercado pode ser qualquer coisa desde o Vilarejo, onde os
produtores e donas de casa se encontram uma vez por semana para realizarem as
sua trocas, até gigantescas instituições como Câmaras de Comércio, onde
correctores especializados transaccionam em nome dos seus cliente, verbalmente
ou por meio de títulos, bens reais, bens que não manipulam directamente e que
não aparecem no mercado mesmo usando equipamento eletrónico, o chamado e-
comerce.

Para efeito do estudo o nosso modelo, para mercado real, um bem deve ser
homogéneo, isto é, virtualmente idêntico e deve abarcar os seguintes aspectos:

• A transação envolve a venda (vendedor) e a compra (comprador).


• A transação envolve um preço, a quantia de moeda dada pelo comprador por
unidade do bem adquirido.
• A transação envolve a quantidade, ou seja, o total de bens adquiridos.
• Na transação tanto o preço como a quantidade são aspectos de um acordo
mútuo entre o comprador e o vendedor, são os mesmos para ambos. A
quantidade comprada é exactamente igual a quantidade vendida, o mesmo se
diz ao preço de venda e de compra.

Se observarmos as quantidades transaccionadas ao longo do ano, por exemplo -


tomate ou cebola, verifica-se que estas variam e o preço também. Então porquê
variam os preços e as quantidades?

Porquê o preço é aquele e não outro numa determinada altura? O que faz
aumentar ou baixar?
É óbvio que alguma coisa ou outra que não é o preço nem as quantidades.

Tentando explicar o comportamento do mercado teríamos de observar tudo o


resto que nos rodeia, incluir do preços de outros bens, salários, rendas e até
condições climatéricas etc. Isso chama-se de contingências de mercado.

1.3. AS CURVAS DA PROCURA E DA OFERTA

1.3.1. LEI DA PROCURA

Determinantes da procura

Preço do bem - valor de troca de um determinado bem no mercado para o


consumidor..
Rendimento – volume de remunerações disponível para adquirir bens e serviços
Expectativas – Esperança na variação dos elementos que inflenciam o mercado
nomeadamente o preço e as quantidades a favor dos consumidores.
Gostos e preferências –Possibilidade de obter o que realmente queremos ou a
melhor alternativa.

6
Se o preço de um determinado bem aumentar, as quantidades procuradas desse
mesmo bem diminuirão e se o preço de um determinado bem diminuir, as
quantidades procuradas desse mesmo bem aumentarão se tudo o resto
permanecer constante (coeteris paribus).

Esta é a lei da procura decrescente e actua com base nas principais razões
seguintes:

1a. evidência: Se o preço de um bem reduz, a procura de um bem aumenta


porque aumenta onúmero dos consumidores desse mesmo bem;

2a. evidência: Se o preço de um bem reduz, cada consumidor passa a ter maior
possibilidade de adquirir doses adicionais desse mesmo bem.

Isso pode ser ilustrado com base no segunte gráfico.

p*

p**
d

q* q** q

Funções da Curva da Procura

a) A função da procura é unívoca, isto é, para cada valor do preço de um bem


corresponde apenas a um valor da quantidade de um bem;

b) A função da procura é decrescente porque quanto maior for o preço menor


serão as quantidades procuradas e vice versa;

c) A função da procura tem uma inclinação negativa por causa das princípios
teóricos da lei da procura decrescente.

Deslocação da Curva da Procura.

A curva da procura poderá deslocar-se se variarem os factores exógenos, como


por exemplo o nível de rendimento.

7
p

p*

d d’

q* q** q

1.3.2. LEI DA OFERTA

Determinantes da oferta

Preço do bem - valor de troca de um determinado bem no mercado para o


consumidor..
Custos dos insumos- valor da materia prima tanto na extração como nos
fornecedores.
Tecnologia – o modo como as pessoas e as empesas organizam os seus
processos de produção.
Expectativas - Esperança na variação dos elementos que inflenciam o mercado
nomeadamente o preço e as quantidades a favor dos produtores.

Os produtores e vendedores colocam os seus bens e produtos tendo como base


os preços que são practidos no mercado. Se os preços do mercado são bons
(altos) os produtores estão mais ineressados em colocar os seus bens no
mercado pois ganharão mais. Então irão colocar maiores quantidades se os
preços forem altos.

Pelo contrário se os preços não forem atractivos (baixos) os produtores não


estarão interessados em colocar os seus bens no mercado pois têm a certeza de
que este procedimento só lhes trará prejuízos.

8
A lei da oferta diz que se tudo oresto permanecer constante à medida que o preço
de um bem aumentar no mercado, as quantidades oferecidas irão aumentar e
vice-versa.

Isto é explicado pelas seguintes principais razões:

1a. evidência: Se o preço de um determinado bem aumenta, aumenta o número


dos produtores e de vendedores interessados em colocar esse mesmo produto no
mercado;

2a. evidência: Se o preço de um bem aumenta, cada produtor ou vendedor parará


a produzir e vender doses adicionais desse mesmo bem com intuíto de ganhar
mais nesse processo.

O gráfico abaixo pode ser ilustrativo desse fenómeno.

p s

p*

p1

q* q** q

Funções da Curva da Oferta

a) À semelhança da curva da procura a função da oferta é unívoca, isto é,


para cada valor do preço de um bem corresponde apenas a um valor da
quantidade de um bem a ser vendido;

b) A função da oferta é crescente porque quanto maior for o preço de um bem


a ser vendido maior serão as quantidades oferecidas e vice versa;

c) A função da procura tem uma inclinação positiva por causa das princípios
teóricos da lei da oferta crescente.

9
Deslocação da Curva da Oferta.

A curva da ofeta poderá deslocar-se se variarem os factores exógenos, como por


exemplo a tecnologia a ser utilizada no processo de produção como ilutra o gráfico
abaixo.

p s s’

p*

q* q** q

1.3.3. EQUILIBRIO DO MERCADO E A LEI DA PROCURA E DA


OFERTA

Representando as curvas um único gráfico notamos que elas se cruzam num


ponto em que quantidades iguais e preços iguais (q1, p1). Neste ponto existe
coincidência de intenções entre os produtores e compradores.

1. A lei da procura e da oferta diz que existe sempre um preço, designado de


preço de equilíbrio, para o qual, as quantidades oferecidas serão sempre
iguais às procuradas, de tal forma que se, momentaneamente, no mercado
se verificar um afastamento desse ponto, existem forças no interior de
mercado, que o levarão de volta a esse ponto, designado ponto de
equilíbrio.

Nesse ponto de equilíbrio, os preços e as quantidades equilibram a procura e a


oferta.

10
P s

P*

P1 E
P** d

q** q1 q* q

O equilíbrio do consumidor é defenido como lugar geométrico das combinações


dos preços e quantidades em os produtores/ vendedores estão dispostos a vender
o os seus bens enquanto que os compradores/consumidores estão de acordo para
comprar esses mesmos bens.

O ponto E de equilíbrio é estável pois se o consumidor desejasse comprar


aquantidade q* à preço p**, não seria possível obter estes bens pois o produtor a
esse preço só oferecem q** a diferença Dq= q*-q** chama-se escassez, isto é há
falta de oferta dos produtos por parte dos vendedores. O inverso se verifica
quando o produtor de dispõe a oferecer q* a preço p* haverá excesso pois a esse
preço é demasiado elevado para o consumidor e este dispõe-se apenas a comprar
q**.

Mecanismo do mercado6

Curvas da procura e da oferta

Os agentes económicos do mercado de uma mercadoria qualquer dividem-se em


dois grupos essenciais: aqueles que vendem a mercadoria os chamados
produtores/vendedores, e aqueles que compram a mesma são chamados
compradores/consumidores.

A quantidade de mercadoria que os produtores/vendedores colocam a venda é


chamada quantidade oferecida, e a quantidade que os compradores/consumidores
desejam comprar dessa mercadoria é chamada quantidade procurada.

A quantidade procurada, assim como a quantidade oferecida, depende de uma


série de factores. Um dos mais relevante desses factores é o preço da mercadoria.
6
Marco Antonio Sandoval de Vascocellos e Roberto Guena de Oliveira – Manual de Microeconomia SP
2000

11
Quando o preço de uma mercadoria aumenta, mantendo constantes os outros
factores, a quantidade procurada da mesma diminui, uma vez que um preço mais
elevado constitui um estlmulo para que os compradores/consumidores dessa
mercadoria economizem seu uso.

A quantidade oferecida, por sua vez, aumenta quando o preço da mercadoria


aumenta, mantidos constantes os outros factores que afetam a quantidade
oferecida, pois urn preço rnais elevado constitui urn estímulo para os produtores da
mercadoria para aurnentarem a sua produção.

A relação entre a quantidade procurada e o preço da mercadoria, assim


como a relação entre a quantidade oferecida e esse preço, habiualmente são
representadas em curvas da procura e da oferta, respectivamente, tais como
aquelas que vimos no Gráfico acima.

A curva de procura (D) negativamente inclinada, indica que, a preços mais


elevados, os compradores da mercadoria reduzem a quantidade procurada; a
curva da oferta (S) positivamente inclinada indica que, a preços rnais elevados, os
vendedores da mercadoria aumentam a quantidade oferecida.

Urn mecanismo de ajuste de preços faz com que o mercado tenda a estabilizar-se
em torno do ponto E - cruzamento entre as duas curvas, com o preço da merca-
doria assumindo o valor - Pe e a quantidade da mercadoria assumindo o valor -
Qe. Chamamos o ponto E de ponto de equilíbrio, o preço Pe de preço de equilíbrio
e a quantidade Qe de quantidade de equilíbrio. O mecanismo que faz o mercado
convergir para o ponto E é o seguinte:

Para os preços inferiores ao preço de equilibrio Pe, a quantidade procurada é


superior a quantidade oferecida. Por outras palavras, haverá escassez de oferta no
mercado. A escassez da mercadoria fará com que alguns compradores da mesma
se disponham a pagar um preço mais elevado por ela, para que não sejam
privados de seu consumo. Isso fara com que o preço tenda a subir.

Para os preços acima de Pe, por outro lado, a quantidade oferecida é superior a
quantidade procurada. Diz-se entao, que há excesso de oferta. Esse excesso de
oferta fará com que os produtores/vendedores dessa mercadoria estejam
dispostos a vende-Ia a um preço mais baixo para escaparem do risco de não
vende-Ia na sua totalidade. Isso fará com que os preços tendam a baixar. Assim,
ha uma tendência para que seja alcançado o preço de equilibrio. A esse preço, a
quantidade oferecida é igual a quantidade procurada, que é igual a quantidade Qe
de equilibrio.

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Deslocamento da curva de procura

As curvas de procura e de oferta são construidas sob a hipotese de que os


factores que determinam as quantidades oferecidas e procuradas são constantes,
com exceção do preço da mercadoria em acusa. Quando outro factor que tern
influência sobre a quantidade procurada, e que não seja o seu preço, se modifica,
a curva de procura muda de lugar (diz-se que ela se desloca) . O mesmo deve
acontecer com a curva de oferta, caso um factor que exerça influência sobre a
quantidade oferecida, que não seja o seu preço, se altere. Vejamos agora quais
são os principais factores que podem provocar deslocação da curva de procura.

Preços de Outras Mercadorias

Os preços de outras mercadorias podem influenciar na quantidade procurada de


uma mercadoria de duas maneiras.
Em primeiro lugar, duas mercadorias podem servir para aproximadamente,
mesma finalidade. Por exemplo dois sumos de marcas diferentes (Ceres e Santal).
Embora um consumidor possa ter preferencia por uma marca ou por outra, ele
normalmente está disposto a trocar de marca se houver um bom motivo para isso.

Esse born motivo pode ser o preço relativo dos dois sumos. Quando dois produtos
servem para a mesma finalidade, dizemos que eles são bens substitutos. Outros
exemplos de bens substitutos São: carne de cabrito e carne de carneiro, Coca-
Cola e Pepsi-Cola, viagens por via ferrea e viagens por via terrestre, e assim por
diante.

Suponha dois bens substitutos entre si, margarina e manteiga. Quando o preço da
manteiga aumenta, os compradores deste tendem a substitui-Ia, ainda que
parcialmente, pela margarina. Isto quer dizer que, mantido constante o preço da
margarina, há um aumento na quantidade procurada do mesmo. Graficamente,
isso será representado por um deslocamento da curva da procura da margarina
para a direita.

Quando esse deslocamento ocorre, o equilibrio muda de E para E*, com uma
elevação no preço e na quantidade de equilibrio, conforme podemos ver no Grafico
abaixo.

Evidentemente, que uma redução no preço da manteiga deslocaria a curva de


procura da margarina para a esquerda, provocando uma redução no preço e na
quantidade de equilibrio para essa mercadoria.

13
P s

P* E*
d*
P1 E
P** d

q** qe q* q
Grafico: Deslocamento para a direita da curva de procura e seu impacto sobre
o preço e a quantidade de equilíbrio.

Em segundo lugar, há mercadorias que são consumidas conjuntamente, como, por


exemplo, camisas e gravatas, combustivel para automovel e pneus de automoveis,
pão e manteiga, café e açucar etc. Dizemos que essas mercadorias são bens
complementares. Imagine agora duas mercadorias, pão e jam. Urn aumento no
preço de jam fará com que a quantidade procurada desta se reduza. Por outro
lado, uma vez que o pão é consumido juntamente com o jam, caso o preço do pão
não se altere, a quantidade procurada deste vai diminuir. Graficamente, isso
aparece como um deslocamento para a esquerda da curva de procura do pão, e
como consequência a redução no preço e na quantidade de equilibrio. Se, de outro
modo, o preço do jam tivesse diminuido, então a curva de procura do pão se
deslocaria para a direita, provocando uma elevação do preço e da quantidade de
equilibrio.

É oportuno um comentario adicional. O leitor deve ter notado que, no Grafico


anterior, a curva de oferta permaneceu inalterada. Todavia, a quantidade oferecida
de equilibrio mudou apos a deslocação da curva de procura de qe para q* .
Dizemos nesse caso que houve deslocamento da curva de procura e movimento
ao longo da curva de oferta pois esta não se deslocou.

Rendimento do consumidor

Outro factor que exerce influência sobre a quantidade procurada de uma deter-
minada mercadoria é o rendimento dos seus consumidores. Geralmente, um
aumento no rendimento dos consumidores provoca um aumento na quantidade
procurada de uma dada mercadoria, desde que seu preço seja mantido constante.
Isso é representado graficamente por um deslocamento para a direita da curva de
procura dessa mercadoria. Quando isso acontece, dizemos que a mercadoria é
um bem normal.

14
Todavia pode ocorrer que a quantidade procurada de uma mercadoria diminua
com o aumento no rendimento dos seus consumidores. Então diz-sse que a
mercadoria é um bem de qualidade inferior que tern substitutos melhores, porem
mais caras. Por exemplo, quando um consumidor tern baixo niível de rendimento,
compra a carne de segunda, porque a carne de primeira não lhe é acessível.
Entrectanto, à medida que o seu rendimento aumenta, vai substituir a carne de
segunda que ele consumia por carne de primeira e deste modo o seu consumo de
carne de segunda cai. Dizemos que mercadorias desse tipo são bens inferiores.
Um aumento no rendimento dos consumidores de urn bem inferior faz com que a
sua curva de procura se desloque para a esquerda, provocando redução no preço
e na quantidade de equilibrio.

Preferências do Consumidor

É evidente que a quantidade que um consumidor decide comprar de determinada


mercadoria depende, antes de tudo, de suas preferencias. Se essas preferencias
mudam, a curva de procura também altera. Desse modo, as campanhas
publicitarias bem-sucedidas devem provocam deslocamento da curva de procura
para a direita. Eventos que afectam negativamente a imagem de uma mercadoria
diante dos consumidores provocam, por sua vez, deslocação da curva de procura
para a esquerda.

Deslocamentos da curva de oferta

A quantidade oferecida de um determinado produto não depende exclusivamente


do seu preço. Há outros factores que exercem influência sobre a quantidade
oferecida. Quando um desses factores se alterara, a curva de oferta se desloca.
Vejamos agora quais são os principais factores.

Preço dos Insumos ou Factores de Produção

Quando o preço de um insurno ernpregue na produção de determinada


mercadoria baixa, essa produção passa a ser mais atraente, de modo que, ao
mesmo preço, a quantidade oferecida da mercadoria aumenta. Isso fará com que
a curva de oferta se desloque para a direita (Gráfico abaixo), provocando aumento
na quantidade e redução no preço de equilibrio. ..

15
P s s*

P1 E
d

q** qe q* q

Grafico: Deslocamento da curva de oferta para a direita.

Um aumento no preço de um factor de produção terá o efeito inverso – o desloca-


mento da curva de oferta para a esquerda, com consequente aumento no preço da
mercadoria e redução na quantidade de equilibrio.

Tecnologia

Um avanço na tecnologia de produção de uma mercadoria usualmente faz com


que o seu custo de produção da mesrna seja reduzido. Isso terá impacto
semelhante ao impacto produzido pela redução no preço de um factor de
produção.

Preço de Bens Correlacionados na Produção

Alguns produtores, particularmente os agricolas, podem facilmente passar da


produção de um bem para outro em pouco tempo. Por exernplo, os produtores de
mapira podem deixar de produzi-Ia e, usando os mesmos factores de produção,
passar a produzir milho. Diz-se que o milho e a mapira são produtos substitutos na
produção. O que deve acontecer com a quantidade oferecida de mapira caso haja
aurnento no preço do milho? Com o aumento no preço do milho, alguns
agricultores ver-se-ão incentivados a substituir o cultivo da mapira pelo do milho.
Isso provocara redução na quantidade produzida e oferecida da mapira.
Graficamente; um aurnento no preço do milho leva a um deslocamento para a es-
querda da curva de oferta da mapira.

Existem alguns bens que são produzidos simultaneamente, de modo que o


aumento na produção de urn leva necessariamente ao aumento na produção do
outro. Quando is so acontece, dizemos que os dois bens são complementares na
produção. Um exemplo de dois bens complementares na produção são carne e

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couro de vaca. Uma elevação no preço da carne de vaca, provoca maior abate de
vacas e maior produção do couro e a um consequentemente ao aumento na
quantidade oferecida do mesmo. Assim, uma elevação no preço da carne de vaca
faz com que a curva de oferta de couro de boi se desloque para a direita.

Condições Climáticas

Um factor que influencia a quantidade oferecida, principalmente dos produtos


agricolas, são as condições climáticas e ambientais. Uma deterioracão nas
condições climáticas pode levar a uma quebra na safra, o que provoca a redução
na quantidade oferecida de certos produtos. Isso levará a um deslocamento da
curva de oferta para a esquerda.

1.4. CONCEITO DE ELASTICIDADE

Ate agora, so sabemos que, quando 0 preço sobe, a quantidade procurada deve
cair (ou seja, apenas a direção). Mas não temos ainda ideia de magnitude, is to e,
se 0 preço aumenta em 10%, em quanto caira a quantidade? Igualmente, no que
diz respeito a oferta, so sabemos que a quantidade oferecida aumenta quando 0
preço aumenta, mas não temos ideia da intensidade da resposta dessa quantidade
a variações no preço. Veremos agora urn conceito que nos fornece essa resposta:
0 conceito de elasticidade.

1.4.1. ELASTICIDADE-PREÇO DA PROCURA

Definição: Entende-se por elasticidade como uma variação percentual no preço de


uma mercadoria (ΔP/P) que provoca uma variação percentual na quantidade
procurada da mesma (ΔQd/Qd). Definimos a elasticidade-preço da procura (ε)
como sendo a relação entre a variação percentual na quantidade procurada e a
variação percentual no preço.
Isto é:
ε = ΔQd/Qd = P x ΔQd
ΔP/P Qd ΔP

Note bem que, tendo ΔQd e P sempre sinais contrarios, a elasticidade-preço da


procura é sempre negativa. Quanto menor for ΔP, menos ambigua será a medida
da elasticidade-preço da procura. Desse modo, para funções de procura dife-
renciaveis, definimos a elasticidade-preço da procura como sendo o limite quando
ΔP tende a zero da expressão acima, o que resultam da:

ε = ∂Qd/Qd = P x ∂Qd
∂P/P Qd ∂P

17
A elasticidade – preço da procura mede a sensibilidade da procura em função das
variações no preço. De acordo com o valor dessa elasticidade, dizemos que a
procura e elástica,inelástica ou tem elasticidade-prço unitária.

• A procura diz –se elástica: quando I ε I > 1, dizemos que a procura e


elastica. Uma elasticidade-preço maior do que 1 em termos absolutos indica
que a variação percentual na quantidade é maior que a variacão percentual
no preço. Em outras palavras, uma elevação no preço de um bem provoca
uma redução na quantidade procurada relativamente maior que essa
elevação de preço. Isso pode ser interprectado como uma sensibilidade
relativamente alta da procura em relação ao preço da mercadoria.

• Procura inelástica: ocorre quando I ε I < 1, e diz-se que a procura é


inelástica. Uma elasticidade-preço menor do que 1, em termos absolutos,
indica que a variação percentual na quantidade é menor que a variação
percentual no preço. Em outras palavras, elevação no preço provoca
redução na quantidade procurada relativamente menor que essa elevação
do preço. Isso pode ser interprectado como uma sensibilidade baixa da
procura em relação ao preço da mercadoria.

• Elasticidade-preço unitária: quando I ε I = 1, diz -se que a procura tem uma


elasticidade-preço unitária. Uma elasticidade-preço igual a 1, em termos
absolutos, indica que a variação percentual na quantidade é exatamente
igual a variação percentual no preço.

1.4.2. ELASTICIDADE-PREÇO DA PROCURA E RECEITA DE


VENDAS

Um modo interessante de ver o significado da elasticidade-preço da procura é


perguntar “qual seria o impacto sobre as receitas de venda de uma mercadoria
caso de haver uma variação no preço da mesma. As receitas de venda (RT) de
uma mercadoria são dadas por:
RT = P*Qd
Imagine agora que uma variação tão pequena no preço ΔP provocasse uma
variação na quantidade procurada ΔQd. A variação nas receitas totais seria dada
por:
ΔRT = P*Qd

ΔRT = (Qd + ΔQd)(P + ΔP) – QD*P = Qd *ΔP + P*ΔQd + ΔP*ΔQd

Se ΔP é tão pequeno o suficiente, ΔQd também o é, e podemos considerar ΔP*


ΔQd desprezivel. Assim, obtemos:

ΔRT= Qd *ΔP + P*ΔQd = Qd *ΔP (1 + P *ΔQd) = Qd *ΔP (1 + ε)= Qd


*ΔP (1 - I ε I)
Qd ΔP

18
Desse modo, o sinal de ΔRT será o mesmo que o sinal de ΔP I ε I< 1; será o
contrário do de ΔP se I ε I> 1, e sera igual a zero se I ε I = 1.

Em outras palavras, uma redução no preço de uma mercadoria fará com que sua
receita de
vendas diminua, aumente ou permaneça constante, conforme a procura dessa
mercadoria, respectivamente, seja inelástica, elástica, ou tenha elasticidade-preço
unitária.

1.4.3. INTERPRETAÇÃO GEOMETRICA DA ELASTICIDADE-


PREÇO DA PROCURA

Suponha uma curva de procura linear como a do Gráfico abaixo. Podemos mostrar
que a elasticidade-preço da procura sobre o ponto A é dada por:

ε = AC
AE

A
F

O B C Q

Para tal, partamos da definição de elasticidade-preço da procura:


ε = P x ΔQd
Qd ΔP

19
Sobre a ponto A, o preço P é dado pelo segmento de recta OF e a quantidade
procurada Qd é dada pelo segmento de recta OB. Note também que, sendo a
procura linear, a razão será sempre igual ao inverso da inclinaçãoda recta de
procura, que é igual a – BC/OF. Desse modo, a elasticidade-preço da procura
sera igual a:

- OF BC =BC
OB OF OB

Como o triangulo ABC é semelhante ao triângulo AEF, sabemos que BC/OB =


AC/AE, . Concluimos, assim, que a elasticidade-preço da procura é dada por:

- AC
AE

Duas conclusões interessantes podem ser tiradas desse resultado:


A primeira delas e que uma curva de procura linear é elastica nos pontos acima de
seu ponto medio;

• É inelcistica abaixo desse ponto e tern elasticidade-preço e;

• Unitaria sobre esse ponto, conforme ilustra o Gráfico abaixo.

I ε I> 1

• I ε I= 1

I ε I< 1

Q
A segunda conclusão importante é que podemos calcular graficamente a
elasticidade-preço da procura em qualquer ponto sobre uma curva de procura
qualquer, aplicando esse resultado.

20
Por exemplo, se quisermos calcular a elasticidade- preçoda curva de procura D
sobre o ponto A do Grafico abaixo, basta que tracemos uma linha recta tangente a
curva D sobre o ponto A. A elasticidade-preçoda procurasera dada pela razao:
- AC.
AE
P

• A

C
Q

1.4.4. FACTORES QUE AFECTAM A ELASLICIDADE-PREÇO DA


PROCURA

Ha alguns factores que nos permitem prever, aproximadamente, se a elasticidade-


preço da procura de uma mercadoria será grande ou pequena e são eles:

• Disponibilidadede bens substitutos- a presença de muitos substitutos


para uma mercadoria permite que o consumidor da mesma possa substitui-
Ia com facilidade faz com que ele tenha condições de reduzir
substancialmente a quantidade procurada dessa mercadoria sempre que o
preço seu aumenta. Portanto, quanto maior for o número de substitutos
próximos para uma mercadoria, mais elástica deve ser sua procura;

• Peso do bem no orçamento do consumidor - um consumidor mostra-se


muito sensivel a variaçõesno preço de uma mercadoria quanto maior for o
peso da mesma em seu orçamento. Por exemplo, um aumento de 20% no
preço na caixa de fosforos deve ter um impacto muito pequeno sobre a
procura desse produto mas já um aumento de 20% no preço do automóvel
vai fazer com que a quantidade procurada desse produto caia
substancialmente. Pode-se concluir que quanto maior opeso de um produto

21
no orçamento de um consumidor, mais elástica será a procura desse
produto.;

• Importância (essencialidade) do bem - um consumidor não tem muito


como reduzir a quantidade consumida de um bem essencial mesmo que
seu preço suba substancialmente. Assim, os bens essenciais tendem a ter
procura inela elástica

• Tempo - quanto maior for o horizonte de tempo de nossa análise, mais


elastica deve ser a procura. Isso ocorre porque um intervalo de tempo maior
permite com que os consumidores de determinada mercadoria descubram
mais maneiras de economiza-Ia quando o seu preçoaumenta.

1.4.5. OUTROS CONCEITOS DE ELASTICIDADE DA PROCURA

A elasticidade-preço da procura é uma medida da sensibilidade na procura quando


há variações no preço. Mas o preço de outras mercadorias e o rendimento dos
consumidores também afectam a quantidade procurada e nesse caso pode-se
desenvolver uma medida equivalente da sensibilidade da procura a variações
nesses factores.

A sensibilidade da procura a variações na rendimento do consumidor é medida


pela elasticidade-rendimento da procura, e a sensibilidade da procura a variações
no preço de outra mercadoria é chamada elasticidade-preço cruzada da procura.

Elaslicidade-rendimento da procura

Imagine que uma pequena variação na rendimento do consumidor (ΔR) tenha


provocado uma variação na quantidade procurada de uma mercadoria (ΔQd) com
todos os outros factores que exercem influência sobre essa mercadoria
constantes. Define-se a elasticidade-rendimento da procura εR como sendo a
razão entre a variação percentual na rendimento e a conseqiiente variação
percentual na quantidade procurada da mercadoria. Isto e:
εR = ΔQd/Qd = ΔQd x R
ΔR/R ΔR Qd

Uma definição mais precisa é obtida empregando-se a derivada parcial da


quantidade procurada em relação ao rendimento:
εR = R x ∂Qd
Qd ∂R

Diferentemente do que ocorre com a elasticidade-preço da demanda, o sinal da


elasticidade-rendimento da procura não é sempre o mesmo. Três situações podem
ocorrer:

22
• εR < 0. Isso indica que, com um aumento do rendimento, a quantidade
procurada da mercadoria diminuirá, isto é, que a mercadoria é um bem
inferior . Por exemplo, um indivíduo que habitualmente se alimenta de
farinha de carne de segunda de vaca, com o aumento ddo rendimento
passará a comprar carne de primeira.
• 0 < εR < 1. Neste caso, um aumento no rendimento leva a um aumento na
quantidade consumida numa proporção menor ou igual a do aumento na
rendimento. Diz-se que a mercadoria é um bem normal. Um indivíduo que
consumia três quilos de bife, com a elevação do seu rendimento mensal
passará a comprar proporcinalmente mais quilos do mesmo. .
• εR > 1. Nesse caso, a quantidade procurada da mercadoria sobe
proporcionalmente mais do que a rendimento. Chamamos essa mercadoria
de bem superior, acontece com bens de luxo tais como joias, quadros e
objectos de adorno e ornamentação .

Elasticidade-preço cruzada da procura

A elasticidade-preço cruzada da procura do bem X em relação ao bem Y (εXY) é


dada pela relação entre a variação percentual na quantidade procurada do bem X
e a variação percentual no preço do bem Y, mantidos os demais factores
inalterados.
Isto é:
εXY = ΔQX/QX = ΔQX * PY
ΔPY/PY ΔPY QX

Ou mais rigorosamente:
εXY = PY x ∂QX
QX ∂ PY

Também aqui podemos levar em consideração três situações:

• εXY > 0, Isso sinifica que um aumento no preço do bem Y leva a um


aumento na quantidade procurada do bem X, isto é, que os dois bens são
substitutos entre si.
• εXY< 0, neste caso, quando há aumento no preço do bem Y, a quantidade
procurada do bem X diminui, ou seja, X e Y são bens complementares;
• εXY = 0, Isso ocorre quando o preço do bem Y não exerce nenhuma
influência sobre o preço do bem X . Neste caso diz-se , que os bens X e Y
são independentes entre si.

Elasticidade-preço da Oferta

23
Assim como a elasticidade-preço da procura mede a sensibilidade da procura a
variações no preço, a elasticidade-preço da oferta mede a sensibilidade da oferta a
essas variações. Seja qs a quantidade ofertada de um bern, definimos a
elasticidade-preço da oferta (11) de maneira amiloga a definição de elasticidade-
preço da procura:
η = ΔQs/Qs = P x ΔQs
ΔP/P Qs ΔP
Ou ainda:
η= P x ∂Qs
Qs ∂P

Entre os factores que afectam a elasticidade-preço da oferta, podemos citar:

• O Tempo: quanto mais tempo a empresa tiver para se ajustar a alteraç


õesde preços, maior será a sua resposta, ou seja, maior será elasticidade-
preço de sua oferta. Assim, as elasticidades de oferta de longo prazo são
maiores que as de curto prazo.

• Possibilidades de substituição da produção: a elasticidade- preço da


oferta depende também das caracteristicas do processo de produção da
empresa. Quanto mais a empresa puder adaptar seus factores para a
utilização em outras linhas de produção, maior é a elasticidade, em
resposta aos estímulos de preços. Parece claro que a actividade agrícola,
sob este aspecto, oferece mais condições que a produção industrial, pela
maior facilidade de deslocamento da produção para os bens cujos preços
sejam mais compensadores.

1.5. TIPOS DE MERCADO

Existem várias formas de classificar os mercados, pelo tipo de bens, condições de


acesso, técnicas e tecnologia usada etc.

A forma mais didáctica se baseia no número de participantes do lado da procura e


da oferta7:

OFERTA
MERCADO Muitos Alguns Um só
Muitos Concorrência Oligopólio Monopólio
Perfeita
Procura Alguns Oligopsónio Oligopólio Monopólio
Bilateral Limitado
Único Monopsónio Monopsónio Monopólio
Limitado Bilateral

7
Ruy Baltazar

24
Para o nosso estudo basta o conhecimento de 4 tipos de mercados: Concorrência
Perfeita, Monopólio, Oligopólio e Concorrência Monopolistica que não aparece no
esquema.

Os nossos referenciais serão:

• Nº. de Empresas;

• Dimensão da empresa;

• Acesso ao mercado;

• Diferenciação do produto;

• Publicidade;

• Domínio sobre preços.

PARAMETROS MERCADO DO LADO DA OFERTA

CONCORRÊN MONOPÓLIO OLIGOPÓLIO CONCORRÊNCIA


CIA PERFEITA MONOPOLÍSTICA
Nº de empresas Muitas Uma Algumas Algumas ou
muitas
Dimensão Ínfima Total Grande Média e Grande

Acesso ao L Livre e Fácil Proibido Difícil Não muito


Mercado Fácil
Diferenciação do Nenhuma Não é relevante Pouca ou Grande na Forma
Produto (Homogéneo) Nenhuma
Transparência Total Não Existe Total Não Existe

Mobilidade de Perfeita Não é Necessário Alguma Alguma


factos
Publicidade e Não produz Não é necessário Usada Fundamental
indução Efeitos
Domínio Nenhuma Total Alguma Alguma
Preços

Notas:

Número de empresas: refere-se às que se encontram do lado da oferta. Para


todos os modelos o n.º infinito só se emprega para o lado da procura.

a) Dimensão : não se refere a questão física mas a importância relativa e/ou ao


mercado, ou seja, que percentagem do mercado é por elas assegurado.

25
b) Entrada e Saída: é um parâmetro que depende de muitos factores:
Exclusividade, contratos, unicidade no uso da tecnologia.

c) Diferenciação do produto: é a comparação entre as suas propriedades físicas.

d) Transferência : é propriedade das empresas terem capacidade de guardar


segredos

e) Mobilidade refere-se a fluidez dos factores, há factores não facilmente movíveis.

f) Publicidade e indução do comportamento cuja função é produzir resultados.

g) Domínio nos preços capacidade de induzir preços pré fixados pelo tipo de
mercado.

1.6. O PAPEL DO ESTADO ( EFICIÊNCIA, EQUIDADE E


ESTABILIDADE)

1.6.1. EFICIÊNCIA E EQUIDADE DA CONCORRÊNCIA PERFEITA

O conceito de eficiência refere-se a uma economia que está organizada de molde


a proporcionar aos seus consumidores o mais amplo leque de bens e serviços,
dados os recursos e tecnologia, isto é, quando nenhuma possível reorganização
da produção pode melhorar a situação de alguém sem piorar a de outrem.

Nestas condições da afectação eficiente, a satisfação ou a utilidade de uma


pessoa pode ser aumentada apenas com a diminuição da outra.
Este conceito de eficiência é também designado por eficiência de Pareto em
homenagem ao italiano Vilfredo Pareto (1848-1923), que definiu primeiro o
conceito.

O excedente económico que é o total do excedente do consumidor (excesso do


valor ou utilidade, de um bem em relação ao preço pago por esse bem pelos
consumidores) e excedente do produtor (a soma de excesso de receitas dos
produtores em relação aos seus custos de produção) representa a utilidade total,
ou satisfação, gerada pela economia para além dos custos de produção.

Uma economia está a funcionar devidamente bem quando está a gerar um


elevado excedente económico, quando os níveis de satisfação são elevados e os
custos baixos.

26
Uma economia é eficiente quando está a extrair a máxima quantidade de
excedente económico dos recursos disponíveis.

A afectação eficiente exige a produção da máxima quantidade de excedente


económico a partir dos factores trabalho, terra e outros recursos.

P
Umg=DD Cmg= SS
F

Q* Q Q

Se por acaso a produção exceder o nível de equilíbrio dado que a curva da oferta
está acima da curva da procura os indivíduos estariam a perder a utilidade, pois os
alimentos adicionais não valeriam as horas extraordinárias de trabalho empregue
na produção dos alimentos.
A diferença entre a quantidade de equilíbrio e o novo nível de produção representa
a medida da perda do excedente económico.
A concorrência perfeita exige a eficiência alocativa e a eficiência pressupõe lucro.

1.6.2. EFICIÊNCIA E EQUIDADE

Uma sociedade não vive apenas de eficiência, algumas vezes é necessário


sacrificá-la a favor da equidade.
Existe uma necessidade de redistribuição da riqueza e os governos não raras
vezes recorrem aos economistas para oferecerem uma visão sobre a eficiência
das várias políticas governamentais que afectam a distribuição do rendimento e do
consumo. estas políticas tem o efeito aleatório. Às vezes beneficiam os pobres
outras os ricos.

Quando uma política agrícola do governo decide restringir a produção de milho


para elevar o preço no mercado todos os agricultores ricos e pobres ganham, mas
o aumento dos salários mínimos resultam no aumento dos preços que se tornam
proibitivos para as camadas mais desfavorecidas e desempregados.

Para os economistas as políticas do governo deviam incidir nos impostos e


transferências para a redistribuição de rendimentos.

27
Uma transferência é um pagamento do governo, por exemplo para
alimentação ou para habitação, que depende do nível do rendimento do
beneficiário.

Basear-se fundamentalmente nos impostos e nas transferências é duplamente


benéfico.

Primeiro esta abordagem permite aos mercados concorrenciais produzir


eficientemente e evitar que possam ser obstruídos pelas restrições nos preços ou
nas quantidades.

Segundo restringindo as transferências a quem efectivamente está necessitado e


reduz os custos ao mínimo necessário para ajudar o grupo alvo. Análise da
procura e oferta

28
RESUMO

Não se pode afirmar que os preços são determinados somente pela oferta e pela
procura porque não justificam a sua alta ou baixa.
Para explicar o comportamento do mercado precisamos de conhecer as
contingências que fazem variar a oferta e a procura. Em determinados casos
podem variar desde condições climatéricas até o rendimento nacional.

Numa situação de contingências fixas sempre se observa um único conjunto de


planos alternativos de operação em determinado período de tempo.

Existindo uma série de possibilidades alternativas que se colocam ao consumidor,


ainda que só suceda uma vez, no caso de haver uma subida de preço à
reacção será a redução das quantidades consumidas, pois a aquisição de um
bem resulta duma ponderação entre os benefícios de passar a dispor desse bem e
o sacrifício que a perca de dinheiro representa.

Para preços mais elevados, o sacrifício será maior logo quantidades menores a
adquirir. A procura representa e capacidade de aquisição e não o desejo de
possuir um bem.

O equilíbrio é o estado do mercado em que ao preço vigente, e sob condições


existentes, todos os compradores e vendedores podem realizar os seus planos.
Caso alguns compradores ou vendedores não consigam, a situação se denomina
de desequilíbrio.
A estabilidade refere-se ao facto de que as deslocações da procura e/ou da oferta
levam, a uma deslocação de preços a um novo equilibro, do qual nem os
produtores, nem consumidores saem.
A lei da procura e oferta, diz que existe sempre um preço, designado de
preço de equilíbrio, para o qual, as quantidades oferecidas serão sempre
iguais às procuradas, de tal forma que se, momentaneamente, no mercado
se verificar um afastamento desse ponto, existem forças no interior de
mercado, que o levarão de volta a esse ponto, designado ponto de equilíbrio.

29
MINI GLOSSÁRIO

Cruz marshaliana8

Representação gráfica, elaborada por ALFRED MARSHALL (economista de


Cambridge que viveu entre 1842 e 1924), de duas curvas, a oferta e a procura,
em resultado da relação entre duas variáveis – preço e quantidade –,
assumindo que os restantes determinantes da oferta (função da oferta) e da
procura (função da procura) permanecem constantes (coeteris paribus).

Curva da Oferta9

Representação gráfica resultante da relação entre os preços dos produtos e as


quantidades oferecidas num mercado, mantendo todos os outros factores
constantes (função da oferta). Num mercado de concorrência perfeita, a
curva da oferta é independente da curva da procura, porque o preço é igual ao
custo marginal e a curva da oferta é resultado da agregação do custo marginal
suportado pelas várias empresas. Num mercado monopolista, as curvas da
oferta e da procura estabelecem uma relação de interdependência, porque,
sempre que um monopolista decide quanto produzir, quer o custo marginal, quer
o rendimento marginal se reportam ao nível de produção.

Curva da Procura10

Representação gráfica, elaborada por Alfred Marshall (1842-1924), da procura,


em resultado da relação entre duas variáveis, preço e quantidade procurada,
assumindo que qualquer outro determinante da procura (função da procura)
permanece constante à medida que o preço vai mudando.

Elasticidade

Representa a sensibilidade de uma variável económica em face da alteração de


outra variável relacionada. O conceito mais vulgarizado de elasticidade é do de
elasticidade-preço da procura. O conceito de elasticidade é muito usado pelos
economistas em microeconomia, no que respeita à teoria dos preços.

Elasticidade cruzada

8
Guilherme W. d’Oliveira Martins - Glossário de Economia Política Ano lectivo 2002/2003

9
Idem
10
Guilherme W. d’Oliveira Martins - Glossário de Economia Política Ano lectivo 2002/2003

30
Representa a sensibilidade da quantidade procurada de um bem em face de
uma alteração de preços de um outro bem. A elasticidade cruzada é positiva no
caso dos bens sucedâneos, negativa no caso dos bens complementares, e nula no
caso dos bens que não tenham qualquer relação.

Elastcidade-preço da oferta

Representa a sensibilidade da quantidade oferecida de um bem em face de uma


alteração de preços. A oferta no mercado de produtos encontra porém alguns
limites: (1) o condicionamento temporal, porque as decisões nem sempre podem
tomar-se de forma imediata; (2) a capacidade produtiva da empresa – ver Lei
dos Rendimentos marginais decrescentes – e (3) da flexibilidade do produtor,
isto é, do grau de universalidade dos factores de produção disponíveis.

Elasticidade-preço da procura

Representa a sensibilidade da quantidade procurada de um bem em face de uma


alteração de preços. Existem múltiplos factores que podem estar na base de um
aumento ou redução da sensibilidade do consumidor, a saber: (1) rendimento
(efeito de rendimento) – a sensibilidade (elasticidade) tende a aumentar se as
limitações orçamentais do consumidor vão aumentando; (2) existência de
alternativas (efeito de substituição) – a sensibilidade (elasticidade) tende a
aumentar se o consumidor passa a dispôr de mais alternativas de consumo,
podendo assim fugir ao aumento do preço de um bem; (3) prioridades das
necessidades – a sensibilidade (elasticidade) tende a aumentar quanto menor for a
prioridade de uma necessidade e (4) tempo – a passagem do tempo faz aumentar
a sensibilidade (elasticidade) do consumidor.

Elasticidade-rendimento da procura

Representa a sensibilidade da quantidade procurada de um bem em face de uma


alteração do rendimento do consumidor. Da elasticidade-rendimento resultam três
tipos de bens, consoante a relação estabelecida: (1) bens normais de luxo, cuja
quantidade procurada aumenta mais que proporcionalmente que o aumento de
rendimento; (2) bens normais, cuja quantidade procurada aumenta
proporcionalmente que o aumento de rendimento; (3) bens inferiores, cuja
quantidade procurada aumenta menos que proprocionalmente que o aumento de
rendimento.
Escassez

Representa (1) a quantidade limitada de recursos, factores de produção ou de


nível de produção e e (2) a insuficiência de meios para satisfazer toda a procura de
recursos por uma comunidade (problema económico). À medida que a população
ia aumentando em face do carácter fixo dos factores naturais (o planeta Terra não
pode, em momento algum aumentar a sua dimensão) a escassez é analisada por

31
muitos economistas (entre eles LIONEL ROBBINS, 1898 – 1984) como o problema
económico principal.

Equilíbrio do mercado

Corresponde ao ajustamento de todas as licitações (subida de preços, própria de


um leilão, e descida de preços própia de uma venda numa lota de peixe, v.g.) a um
preço único. A esse preço único corresponderá uma quantidade igualmente única,
resultante do encontro de pretensões da oferta e da procura. O ponto de
equilíbrio: (1) optimiza a posição dos intervenientes no mercado, na medida em
que deixa de ser possível transacção de mais bens e (2) representa o ponto de
estabilidade, na medida em que os produtores e os consumidores estão a
transaccionar as quantidades pretendidas ao preço desejado.

Excesso de oferta

Verifica-se sempre que a quantidade oferecida seja superior à quantidade


procurada. Perante esta situação, os produtores vêem-se incapazes de escoar
os seus bens, pelo que terão que descer os preços. Quanto maior for os número
de produtores do lado da oferta, maior tendência há para que os preços
desçam, em virtude da guerra de preços iniciada – veja-se que quanto menores
forem os preços, maior será a procura (Lei da procura).

Excesso de procura

Verifica-se sempre que a quantidade procurada seja superior à quantidade


oferecida. Perante esta situação, há mais consumidores que os bens
disponíveis, pelo que, na ausência de tabelamento de preços pelo Estado, só
fica com os bens quem estiver disposto a dar um preço superior por eles.
Assiste-se, assim, a uma guerra de preços entre consumidor – recorde-se
quanto mais altos forem os preços, maior será a oferta (Lei da oferta), pelo
que assistir-se-á a uma redução do excesso de procura verificado.

Lei da oferta

É representada graficamente por deslocações ao longo da curva da oferta e


postula que a quantidade oferecida varia no mesmo sentido do preço. A
justificação da referida relação preço/quantidade positiva está no custo dos
factores suportado pelos produtores: quanto mais elevados são os preços, maior
é a possibilidade de estes custos serem cobertos. Como é sabido, os produtores,
no curto prazo, encaram sempre custos relativos crescentes, pelo que será
irracional produzir abaixo do custo marginal.

Lei da oferta e da procura

32
É representada graficamente por deslocações da curva da oferta e da curva da
procura (estudadas pela estática comparativa, por referência à mutação dos
pontos de equilíbrio) e postula, no curto prazo, que o preço varia no sentido
inverso ao da oferta e que o preço varia no mesmo sentido da procura.

Lei da procura
É representada graficamente por deslocações ao longo da curva da procura e
postula que a quantidade procurada varia no sentido inverso ao do preço. A
justificação da referida relação preço/quantidade negativa está na capacidade
económica dos consumidores para arcar com a aquisição dos bens,
representada pela recta da restrição orçamental.

33

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