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Economia Política

Economia Política: Uma Introdução Crítica – Resumão: Capítulos 3 e 4

Capítulo 3 - Produção de mercadorias e modo de produção capitalista

Mercadoria é um objeto externo ao homem, algo que satisfaz suas necessidades humanas,
material e espiritual a sua utilidade faz dela o valor de uso. O trabalho resulta em bens que são
valor de uso e seu intercambio com a sociedade e a natureza determina o valor de uso. Mas
nem todo valor de uso é mercadoria vejamos por que: primeiro porque só pode ser valor de
uso aquela mercadoria que pode ser produzida mais de uma vez e segundo porque a
mercadoria é valor de uso e se produz para troca, ou seja, os produtos para autoconsumo
apenas satisfazem as necessidades sociais de outrem.

A mercadoria é uma unidade que sintetiza o valor de uso e o valor de troca. Para que haja
mercadoria é necessário: primeiramente que haja a divisão social do trabalho entre homens
ou grupos de homens e em segundo ela deve se articular a uma propriedade privada dos
meios de produção. Só pode negociar uma mercadoria aquele que for o seu dono.

A produção mercantil surgiu no escravismo resultado da atividade dos artesãos que eram
livres e sob o feudalismo o contingente dos artesões aumentou devido às corporações e as
suas mercadorias somam-se ao excedente. Essa produção de mercadorias designa PRODUÇÃO
MERCANTIL SIMPLES, importante destacar o trabalho pessoal e o fato dos artesões estarem
envolvidos e serem os proprietários dos meios de produção. Esses produtos tinham um
mercado restrito, local e não tinha teor de exploração. Destaca-se que os artesões tinham o
produto e tudo configurava com o sistema de: M --- D --- M (Mercadoria – Dinheiro –
Mercadoria). Nessa situação o dinheiro não era seu objeto, servia apenas como meio de troca.

Com a expansão das mercadorias o produtor ia buscar as mesmas cada vez mais longe com o
objetivo de comprá-las cada vez mais barato e vender mais caro o dinheiro passou a ter outra
função. Através de pirataria e saques começaram a acumular grandes lucros que ficaram
conhecidos como capital comercial, dessa forma a circulação mercantil modifica sua estrutura:
D --- M --- D+ (Dinheiro – Mercadoria – Dinheiro *Acrescido). Além disso, os mestres tecelões
que apenas ensinavam os seus cooperados enriqueceram com essa nova forma de tratamento
do dinheiro e passaram a serem patrões desses cooperados. Não se trabalhava mais de forma
coletiva. Os camponeses modificaram suas estruturas uns enriqueceram e outros se
arruinaram. Nessa relação viu-se modificar a produção mercantil simples pela produção
mercantil capitalista. Relação essa, que desapareceu o trabalho pessoal do proprietário. O
capitalista é o proprietário dos meios de produção, mas ele não realiza o trabalho ele compra a
força de trabalho. Destaca-se que a produção mercantil capitalista assenta-se na exploração da
força de trabalho mediante troca de salário. O objetivo do capitalista é o lucro e se expressa da
seguinte forma: D --- M --- D’ (Dinheiro – Mercadoria – Dinheiro *Acrescido + Mais-Valia). As
classes fundamentais nessa situação modificam-se para capitalistas e proletariados.

A acumulação primitiva iniciou-se na Inglaterra e outros países da Europa Ocidental. Na ilha, o


principal motivo foi o cercamentos das terras dos camponeses transformando essas em pastos
para as ovelhas expulsando os camponeses dela gerando a concentração de terras nas mãos
de poucos e consequentemente a migração de uma massa de homens desprovidos exceto da
sua força de trabalho para a cidade. Surgem assim duas classes a que vende a força de
trabalho e a que compra a mesma. Destaca-se que além da acumulação do capital, a
descoberta do ouro e da prata e a acumulação de terras proporcionaram a acumulação
capitalista.
O valor de uma mercadoria é a quantidade de trabalho necessário para sua produção. Tal valor
só pode manifestar-se quando mercadorias diferentes são compradas no processo de troca. É
na troca que o valor da mercadoria se expressa.

Na forma simples de troca uma mercadoria equivalia à troca de outra mercadoria, com o
acumulo do excedente uma mercadoria expressa uma base para outras mercadorias nesse
processo a mercadoria é entendida como desenvolvida ou total. Com uma mercadoria se
destacando das demais para definir o valor das demais mercadorias essa passou a chamar-se
mercadoria universal. Com isso a expansão das mercadorias tomou dimensões ainda maiores e
quando esse equivalente universal passou a ter especificações especiais como durabilidade,
transporte, divisibilidade, etc. a circulação mercantil acelerou e o ouro e a prata convertido em
dinheiro passaram a ter essa função. Quando essas essa produção se amplia e o comercio
generaliza as trocas, o dinheiro funciona como: Equivalente Geral – equiparando todas as
mercadorias; Meio de troca – possibilitando a circulação de mercadorias; Medida de valor –
oferecendo um padrão de circulação de mercadorias; Meios de acumulação ou
entesouramento – podendo ser guardado para uso posterior; Meio de pagamento universal –
servindo para quitar dividas publicas ou privadas.

Quando se consolida a circulação mercantil, independente das variações de preços, as


mercadorias são trocadas conforme a quantidade de trabalho necessariamente investidas
nelas, essa é a chamada LEI DO VALOR que impera na produção mercantil. O seja, a lei do valor
passou a regular as relações econômicas quando a produção mercantil capitalista se
universalizou.

Nesse contexto o importante para os capitalistas era o lucro e não realizavam nenhuma forma
de planejamento para o comercio. Com isso vários comerciantes vendiam os mesmos produtos
e outros faltavam no mercado o que gerava encarecimentos de uns produtos e barateamento
de outros. Contudo essa situação não perdurou por muito e algumas regulações surgiu para
redistribuir a produção das mercadorias. Essa regulação impõe aos comerciantes realizar seus
planejamentos e conscientemente a redimensionar seus produtos.

A Lei do valor é no âmbito da produção de mercadorias, o único regulador efetivo da produção


e da repartição do trabalho e funciona a revelia dos homens como algo completamente fora
do seu controle, no modo de produção capitalista ela comparece no mecanismo chamado crise
econômica.

Para produzir mercadoria é necessária ampla divisão do trabalho. Surge uma grande
dependência de outros comerciantes para produzir suas mercadorias chamadas de trabalho
privado é parte do trabalho da sociedade chamado de trabalho social. Como parte de um
produtor privado, o administrador é o próprio proprietário ele pode agir independentemente e
por isso parece-lhe como trabalho privado. Seu caráter social só é deparado no mercado
quando adquire os produtos para produção, ou seja, as relações sociais entre os mercadores
aparecem como uma relação de mercadorias.

Na medida em que a circulação mercantil se regulariza pela lei do valor ocorre uma inversão
do qual a mercadoria criada pelo homem aparece como algo que lhe domina, a mercadoria
revela um poder que passa a subordinar o homem. As qualidades peculiares das relações
sociais são transferidas as mercadorias. É essa forma fantasmagórica que Marx chamou de
fetichismo da mercadoria.
Capítulo 4 - O modo de produção capitalista: a exploração do trabalho

O modo de produção capitalista – MPC – é hoje dominante em escala mundial. Impera na


economia das sociedades mais desenvolvidas e vigara na menos desenvolvida. Na entrada do
século XXI configura-se como um sistema planetário.

No modo de circulação capitalista o que o produtor visa é a obtenção de mais dinheiro. A


fórmula D --- M --- D’, expressa o movimento do capital, esse é o ponto de partida, com o
dinheiro adquirir mercadorias e conquistar mais dinheiro. Nesse movimento o capitalista entra
com dinheiro que investe em modo de produção e força de trabalho, produz mercadorias,
vende-as por um valor acima do que investiu e isso compõe seu lucro.

Essa busca pelo lucro não tem nada de natureza moral, não procura porque é um ser egoísta,
ambicioso etc., trata-se da função social do capitalismo. Como o MPC é a força motriz, a busca
pelo lucro é interminável e não pode ser entendida como traços psicológicos. O lucro do
capitalista, porém, não se deve a diferenças entre preço de compra e preços de venda,
ocorrente na esfera da circulação: o lucro do capitalista provém de um acréscimo de valor
quando o capitalista obtém o D’ que vem do excedente econômico.

O dinheiro em si não é capital, ele é capital apenas quando compra força de trabalho e outras
mercadorias para produzir outras mercadorias que serão vendidas por mais dinheiro. O
dinheiro investido na compra dos meios de produção é o que se chama de CAPITAL
CONSTANTE e com a outra parte, o capitalista compra a força de trabalho dos operários. Essa
mercadoria considerada especial tem o mesmo valor que as demais, pois sem essa ele não
pode produzir.

Vejamos 1º o valor das mercadorias corresponde ao tempo social gasto para produzi-la; 2º o
seu valor não variara no processo de produção ele apenas será transferido, pois o capitalista já
possuía os modos de produção e a força de trabalho também corresponderá ao capital
constante, lembrando que a força de trabalho é mercadoria, portanto seu salário vai ser
mediado da mesma forma pelo tempo socialmente determinado para produzir os bens. Dentre
esses bens devem-se levar em consideração as necessidades fisiológicas e as que resultam em
necessidades sociais (lazer, educação etc.).

Ate aqui não observamos como se da à obtenção do lucro: a diferença se mascará na força de
trabalho e se revelará aquilo que faz dela uma mercadoria especial. Comprando a força de
trabalho o capitalista tem direito de dispor do seu valor de uso, da sua capacidade de
movimentar os meios de produção. A força de trabalho possui um traço único a de produzir
mais mercadorias de que o necessário ela gera um valor maior. A relação entre capital
constante e capital variável denomina-se composição orgânica do capital (q).

Salário é o preço pago pela força de trabalho e essa, assim como as demais mercadorias é
regida pela lei do valor. Lembrando que o valor pago a essa mercadoria deve garantir a
sobrevivência fisiológica e social do trabalhados, pois do contrario haverá queda na produção
e em alguns casos o capitalista é obrigado a pagar o valor de mercado para que não haja
desperdício na produção. Uma forma de o capitalista baratear a força de trabalho é o
desemprego mais a lei da procura faz os trabalhadores pressioná-los para que haja os
acréscimos. Observou-se que somente com a organização de classe e política os trabalhadores
evitariam essa baixa em seus salários, as organizações sindicais e políticos a favor do
trabalhador permite a fixação do salário.
Trabalho concreto é o que cria valor de uso (útil), o trabalho abstrato caracteriza-se pelo valor
de troca, quando desparticularizamos as propriedades do produto e colocamos numa linha de
trabalho em geral. Disso conclui-se que o trabalho abstrato só é possível na sociedade em que
a economia mercantil baseia-se nas trocas e como tal se universaliza. Dessa forma como no
MPC existe a universalização da força do trabalho o mesmo é considerado abstrato e nessa
dinâmica de trabalho humano abstrato que gera as mercadorias. Cabe destacar que existem as
hierarquias salariais, onde o trabalho composto feito por profissionais qualificados sobressaem
ao realizado pelo trabalho simples (operários).

Na jornada de trabalho podemos destacar dois momentos: o trabalhador produz o equivalente


a sua reprodução, que é o valor do salário, e produz o valor do trabalho excedente, que é
extraído pelo proprietário. Nessa relação de trabalho, o trabalhador não percebe o que é
trabalho necessário e excedente. As maiorias dos trabalhadores se sentem injustiçados mais
não tem embasamento teórico para descrever a realidade. É somente a analise do capitalismo
compreendido na perspectiva do direito do trabalhador, que pode descrever a verdadeira
exploração do trabalhador. Quando as vanguardas trabalhadoras conhecem essas teorias, suas
lutas e objetivos adquirem um sentido.

É na parte do trabalho excedente que o proprietário se interessa e vai cuidar da ampliação da


mesma: uma das formas é aumentar a jornada de trabalho sem alterar os salários. Mas ao
aumentar a jornada de trabalho, os capitalistas esbarram em duas problemáticas: uma refere-
se à natureza humana, que necessita esta com as estruturas fisiológicas em pleno
funcionamento para garantir a produção e outra, é a política de reivindicação da classe
trabalhadora, que obriga o Estado a regular, a relação capital/ trabalho. Então para garantir o
excedente, o capitalista investe no ritmo de trabalho intenso sem ampliar a jornada de
trabalho, esse movimento ficou conhecido como organização cientifica do trabalho. Ao que se
reduz o tempo de trabalho, o excedente produzido ficou conhecido como mais valia relativa,
pois o trabalhador que gastava duas horas para produzir passou a gastar uma nas mesmas
mercadorias, isso foi possível com investimento em inovações tecnológicas, isso se configura
com mais uma opção para produzir o excedente, já que o capitalista não podia ampliar a
jornada de trabalho.

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