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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS


DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS PÚBLICAS
CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

Disciplina: Formação do espaço geográfico mundial


Docente: Eliane Melara
Discente: Marcelo Costa

Fichamento do Texto: HAESBAERT. R. & PORTO-GONÇALVES, C. W. A des-ordem


econômica mundial: a nova divisão internacional do trabalho. In: _______. A nova des-ordem
mundial. São Paulo: Editora da UNESP, 2006. Cap.2, p. 31-50.

O livro “A nova des-ordem mundial”, onde está inserido o capitulo a ser fichado, “A
des-ordem econômica mundial: a nova divisão internacional do trabalho”, busca abordar sobre
essa des-ordem mundial, que se refere a avanços e retrocessos em diversos âmbitos, sendo eles:
econômico, social, político, cultural e ambiental. Seus autores, Rogério Haesbaert e Carlos
Walter Porto-Gonçalves, têm mestrado e doutorado em geografia com atuação na área de
conflitos sociais e territoriais.
Os autores iniciam o texto abordando sobre a importância de se analisar a economia:
“As mudanças ocorridas na economia nas últimas décadas podem demonstrar
como o jogo de poder mundial está subordinado aos interesses do grande capital e das
grandes corporações transnacionais, sem falar nos organismos internacionais que atuam
como verdadeiros gerentes da economia global, em especial o capital financeiro, como
o Banco Mundial e o Fundo Monetário.” (HAESBERT; PORTO-GONÇALVES, 2006,
p.31).

Assim, essa nova ordem mundial, com influência dos interesses do grande capital e das
grandes corporações, aparece articulada com a nova divisão internacional do trabalho, alterando
a nível mundial a estrutura econômica (HAESBERT; PORTO-GONÇALVES, 2006, p.31).
Deixando a influência local, rompendo fronteiras e se estendendo a todo o planeta, surge a
chamada globalização econômica, na qual os autores apresentam um conjunto de características
para isso ocorrer:

“- a liberação de populações de seus territórios na realização da acumulação


primitiva, criando um ‘proletariado livre’;
- a unificação do valor e torno do dinheiro, seu equivalente geral, referência
quantitativa frente à qual praticamente tudo passa a ser medido e avaliado;
- o estabelecimento de um conjunto de leis ‘historicamente variáveis imanentes ao
próprio funcionamento do capital’, como as leis de taxas de lucro, taxas de
exploração e de realização da mais – valia” (HAESBERT; PORTO-GONÇALVES,
2006, p.37).

Mas também é ressaltado que o capitalismo não é resultado de um processo cumulativo


de globalização, já que houve outras influências, algumas delas desde os primórdios da
expansão capitalista (HAESBERT; PORTO-GONÇALVES, 2006, p.38).
Outra característica importante sobre o capitalismo neoliberal é a perca de força do
estado, deixando maior espaço para atuação das forças do mercado, gerando um grande ponto
negativo pois em situações agravantes quem vai continuar a exercer influência são os interesses
dos grandes capitais, e não, o Estado.
Gonçalves Apud Haesbert e Porto-Gonçalves (2006) confirmam que os principais
agentes influenciadores na globalização econômica são as empresas transnacionais e
instituições como FMI e o Banco Mundial, e o Estado. Diz ainda que esse jogo de poder se dá
devido os seguintes processos: “Aumento extraordinário dos fluxos internacionais de bens;
aumento da concorrência e capital; e interdependência crescente entre os agentes econômicos
nacionais” (GONÇALVES Apud HAESBERT; PORTO-GONÇALVES, 2006, p.41)
No texto, os autores abordam sobre a importância das políticas neoliberais e
desregulamentação que juntamente com novos padrões tecnológicos, permitiram a aceleração
de trocas de produtos, capital, informação e circulação de pessoas. Mas que se tornou assim
uma fase muito complexa já que o crescimento econômico resultante desses fatores abordados,
não foi acompanhado pelo crescimento de empregos devido à alta tecnologia usada, mobilidade
das empresas, capitais e o recuo do estado. (HAESBERT; PORTO-GONÇALVES, 2006, p.39-
40).
Abordando o tema divisão territorial do trabalho, os autores discutem cobre como
antigamente os diferentes setores da economia (primário, secundário e terciário) acabava por
determinar como cada região ou país atuava, tendo uma compreensão mais claras dos papeis
(detenção de capital, de tecnologia, e outros). E com o capitalismo globalizado, os papeis
ficaram mais complexos. Onde pode ter por exemplo: realização de determinada atividade
primárias em um país com uso de avançada tecnologia, e o a mesma atividade em outro país
com pouco uso de tecnologia, resultando assim em realidades bem diferentes, mesmo que
pratiquem a mesma atividade. (HAESBERT; PORTO-GONÇALVES, 2006, p.43).
Haesbaert e Porto-Gonçalves (2006) passam por classificar a divisão territorial /
internacional do trabalho considerando os níveis tecnológicos da produção e nos níveis de
qualificação da força de trabalho:

“- espaços que detêm o domínio do capital financeiro e dos investimentos na


produção e/ou o controle das tecnologias mais avançadas e da difusão de
informações, com a correspondente oferta de mão-de-obra altamente qualificada,
como ocorre nos chamados países centrais capitalistas e, dentro deles, nas grandes
‘cidades globais’;
- espaços com certa independência financeira, em que predominam atividades
econômicas com níveis intermediários de tecnologia e mão-de-obra mais ou menos
qualificada;
- espaços com grande dependência do capital financeiro internacional, em
que a produção é de baixo nível tecnológico ou está voltado basicamente para a
simples reprodução de tecnologias externas, como indústrias de montagens de
produtos, exigindo força de trabalho pouco qualificada e com altos níveis e
exploração.” (HAESBERT; PORTO-GONÇALVES, 2006, p.44).

Mas é ressaltado que outras combinações são possíveis, já que em países como Brasil,
por exemplo, envolve desde produção com mão de obra de baixo custo, ou até mesmo escrava,
e produções com tecnologia de alto nível.
De modo geral, o texto nos faz refletir sobre como a alteração da economia mundial,
juntamente com a globalização e seu grande fluxo de pessoas, dinheiro e informação vai alterar
as classificações internacionais do trabalho, as deixando cada vez mais complexa. E da mesma
forma que pensar em um mundo conectado pareça ser um avanço positivo, ao mesmo tempo se
torna um meio de grandes capitais e corporações controlarem determinadas situações e até
mesmo países, devido a sua grande influência mundialmente.

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