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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS


DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS PÚBLICAS
CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

Disciplina: Formação do espaço geográfico mundial


Docente: Eliane Melara
Discente:  Marcelo Costa

Fichamento do Texto: SANTOS, Milton. Por uma geografia das redes.


In: _________. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e
Emoção. 4. ed. 2. reimpr. - São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 2006.

O autor inicia o capítulo de seu livro discutindo como a


polissemia do vocábulo permite compreensões imprecisas e
ambíguas, o que gera a necessidade de discutir a definição do termo
rede. Diversas são as compreensões, mas pode ser dividida em dois
grupos: o primeiro considera a sua realidade material, considerando o
transporte de matéria, energia e informação sobre o território, e o
segundo que considera o dado social, ou seja, “é também social e
política, pelas pessoas, mensagens, valores que a frequentam”
(p.176).
As redes são apresentadas de acordo com o dicionário da
Geografia é apresentada, conforme três sentidos:

“a) polarização de pontos de atração e difusão, que


é o
caso das redes urbanas; b) projeção abstrata, que
é o caso dos meridianos e paralelos na cartografia
do globo; c) projeção concreta de linhas de
relações e ligações que é o caso das redes
hidrográficas, das redes técnicas territoriais e,
também, das redes de telecomunicações
hertzianas, apesar da ausência de linhas e com
uma estrutura física limitada aos nós.” (SANTOS,
2006, p.177)

De maneira geral, são admitidos três momentos na produção e


na vida das redes. O primeiro é chamado de período pré-mecânico,
onde o havia pouco desenvolvimento das atividades sociais,
resultando em poucas relações. Haviam poucas trocas de produtos,
quase nenhuma competitividade entre os grupos territoriais,
considerado tempo lento, com formações de redes espontâneas.
No segundo momento, com o nascimento da modernidade e o
desenvolvimento das técnicas, há um aumento moderado no
consumo. O comércio era controlado pelo Estado. “As redes buscam
mun-dializar-se, e fisicamente o fazem, mas seu funcionamento é
limitado” (p.178)
E posteriormente surge o terceiro momento, que é chamado de
período técnico-científico-informacional.

“Os suportes das redes encontram -se,


agora, parcialmente no território, nas forças
naturais dominadas pelo homem (o espectro eletro
magnético) e parcialmente nas forças
recentemente elaboradas pela inteligência e
contidas nos objetos técnicos (por exemplo, o
computador...).” (SANTOS, 2006, p.178)

Nesse período técnico-científico-informacional, há um grande


desenvolvimento da ciência e da tecnologia. As redes que se formam
pressupõem uma visão prévia de suas funções, pensando desde a
rede material, como sua forma de gestão. Assim, com esse avanço
das telecomunicações e computadores, é possível comunicações de
forma rápida, prática e eficiente entre os atores mundiais. A
importância das redes para a globalização fica evidente quando
lemos o seguinte trecho: “Esse discurso é a linguagem das normas e
ordens que atores longínquos fazem repercutir instantaneamente e
imperativamente sobre outros lugares distantes. Tais redes são os
mais eficazes transmissores do processo de globalização a que
assistimos.” (SANTOS, 2006, p.179).
No texto, também é ressaltado que as redes não estão em
todos os territórios, da mesma forma que não são uniformes, já que
não existe apenas uma rede em um determinado território. As redes
são múltiplas e de diversas influências.
“Numa situação em que as virtualidades de cada localização
estão sempre mudando, instala -se o que bem se pode denominar de
guerra dos lugares.” (p.181) Essa guerra de lugares se dá devido as
atrações dos lugares, e para continuarem atrativos ou se tornarem
ainda mais, os lugares utilizam de recursos materiais (equipamento e
infraestrutura) e imateriais (serviços e informação). No texto, ainda é
proposto a reflexão sobre como as grandes corporações estruturadas
em redes, alteram a divisão internacional do trabalho.
As redes são divididas em três níveis de solidariedade: nível
mundial, tema da nossa atualidade, com uma produção de uma
totalidade concreta e empírica. Nível dos territórios, onde os Estados,
mesmo com o enfraquecimento das fronteiras pelas redes mundiais,
conseguem regular e controlar as redes. E o nível do lugar, “[...] onde
fragmentos da rede ganham uma dimensão única e socialmente
concreta[...]” (SANTOS, 2006, p.182)
Se tratando do mundo atual, considerando o meio técnico-
científico-informacional, a fluidez para a circulação de bens materiais
e imateriais é extremamente necessária:
“Uma das características do mundo atual é a
exigência de fluidez para a circulação de ideias,
mensagens, produtos ou dinheiro, interessando
aos atores hegemónicos. A fluidez contemporânea
é baseada nas redes técnicas, que são um dos
suportes da competitividade. Daí a busca voraz de
ainda
mais fluidez, levando à procura de novas técnicas
ainda mais eficazes. A fluidez é, ao mesmo tempo,
uma causa, uma condição e um resultado.”
(SANTOS, 1996, p.185)

Para manter essa fluidez, ou renová-la, são criados objetos ou lugares com a
finalidade de contribuir para a fluidez, como aeroportos, canais, teleportos e outros. Mas
com isso, se gera uma problemática: com a necessidade de se criar novos lugares e
objetos para contribuir com a fluidez, consequentemente haverá um envelhecimento
mais rápido dos espaços que não dispõem de meios para se atualizar.

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