Você está na página 1de 81

Comércio Internacional

Licenciatura em Contabilidade e Finanças


Docente:
Abú Bacar
Capítulo I:

• Introdução ao comércio doméstico e


internacional
Origem do comércio
Princípios das trocas directas
• Princípio da identidade de interesses
• É necessário em primeiro lugar que as partes
envolvidas na operação estejam interessadas
exactamente nos mesmos bens;

• Princípio da equivalência
• Em segundo lugar que estes bens sejam equivalentes.
Evolução das trocas e seus instrumentos
• Com o desenvolvimento das sociedades e consequente
multiplicidade de interesses dos indivíduos, as duas
condições mencionadas nem sempre se verificavam no
acto da troca.

• Então é o próprio processo objectivo do desenvolvimento


que exigiu dos homens a utilização nas trocas de um bem
de uso geral ao qual todos atribuíam a mesma importância
social e o mesmo valor económico.
Cont...
A medida em que as coisas que uma pessoa produzia ou possuía não as
cedia pura e simplesmente por outras quaisquer, mas sim por aqueles
bens considerados de uso e aceitação generalizada, introduziu-se as
trocas indirectas.
É com estes bens que por sua vez que iria adquirir (também por troca)
os produtos de que efectivamente necessitava para seu uso.

•Troca Indirecta
• Que é realizada através dum acto de compra e venda
por intermédio duma unidade de medida.
Moeda-mercadoria

• Primeiros instrumentos gerais de trocas


indirectas:
✓ Cereais;
✓Peles;
✓Conchas;
✓Gado; e
✓Sal.
• Uma aberração de instrumentos de troca foi o uso
de escravos no feudalismo e nas sociedades sob
dominação e colonização estrangeira.
Cont...

• Entretanto o comércio foi-se tornando cada vez mais dinâmico


e complexo, ultrapassou regiões e fronteiras sobretudo a partir
do grande surto de desenvolvimento industrial (Século XVII).
Em muitos casos não era cómodo nem possível transportar as
medidas comuns de valor que então eram representadas por
bens físicos de aceitação geral entre as pessoas.
Moeda-utensílio

• Então passou-se a utilizar como instrumento de troca e


medida comum de valor das coisas pequenos utensílios
metálicos de uso corrente (por exemplo faca, colher,
taça, brincos, colares, etc.). Foi assim que começou
na história das civilizações a utilização da moeda
(chamada então moeda-utensílio).
Cont...

• É fácil compreender que quer a moeda-mercadoria,


quer a moeda-utensílio, tem muitos inconvenientes que
dificultam o desenvolvimento do comércio interno e
internacional.
Moeda-metálica
• É assim que surge na história a necessidade de
substituir a moeda-mercadoria e a própria moeda-
utensílio por moeda-metálica, feita em particular de
metais preciosos (ouro, prata e ligas especiais). Este
tipo de moeda conserva-se por muito tempo, ocupa
muito menor espaço e é fácilmente transportável. O
uso de moedas metálicas coincide com o surto e
desenvolvimento da metalurgia.
Moeda-metálica
• É assim que surge na história a necessidade de substituir a
moeda-mercadoria e a própria moeda-utensílio por moeda-
metálica, feita em particular de metais preciosos (ouro,
prata e ligas especiais).

• Este tipo de moeda conserva-se por muito tempo, ocupa


muito menor espaço e é fácilmente transportável. O uso de
moedas metálicas coincide com o surto e desenvolvimento
da metalurgia.
Moeda de papel
• Com o crescente desenvolvimento do comércio exigia o
fabrico e cunhagem de grandes quantidades de moedas
metálicas (o que se tornava difícil, os metais escasseavam) foi
inventada a moeda de papel e posteriormente o cheque
bancário, a letra e outros instrumentos de crédito e de
pagamento.
Moeda bancária
• O mecanismo contabilístico de debitar e creditar já de
si constitui uma notável contribuição para o
desenvolvimento de novos instrumentos de
intermediação de trocas.
• Daí surge e se desenvolveu a chamada moeda
bancária, também conhecida por moeda escritural
que como o advento de computadores se tornou
conhecida por moeda electrónica.
Conceito de Comércio
• A palavra comércio deriva do latim
"commercium" que é um composto de cum
(com) e de mercis (mercadorias) e que significa
troca de mercadorias.

• É actividade medianeira entre a produção e


consumo (Mungumbe 2003).
Cont…

• Portanto logo à partida verificamos que para garantir o bem estar


das populações não basta produzir e aumentar a produção. É
preciso que os bens e serviços sejam colocados ao alcance das
pessoas, não só no espaço e no tempo adequados, como
também em condições que satisfaçam correctamente as suas
necessidades. Esta função de encaminhamento dos bens dos
locais de produção para os de consumo é realizada pelo comércio.
Cont...

• É uma actividade sócio-económica que consiste


na aquisiçãode bens e serviços tendo em vista a
sua venda a terceiros.
Formas de efectuar o comércio:
❖Comércio a grosso; e
❖Comércio a retalho.
Objecto do Comércio

•Hoje o comércio envolve um grande


número de funções e pessoas em todas as
actividades de produção de bens e
serviços de tal maneira que se chega a
pensar que o seu âmbito de estudo é o
mesmo que o da Economia .
Funções do comércio
• Realiza a distribuição dos bens e serviços
produzidos pela agricultura, pela indústria e por
outros sectores económicos e sociais de acordo com
um plano pré-estabelecido ou tendo em conta os
mecanismos da oferta e procura em sistema de livre
mercado.
Cont...

• Trata-se de uma distribuição que se opera por via


de transferência ou cedência dos bens ou serviços
de umas pessoas ou entidades para outras. Em
linguagem económica essa transferência tem o
nome de troca. A troca, como veremos em
seguida, foi e continua a ser o elemento
dinamizador do comécio.
Cont...
✓O comércio abastece os mercados de todos os produtos que os consumidores
necessitam, promovendo para isso o seu transporte dos locais de produção para os
locais de consumo, e aí, retalhando-os nas quantidades que cada um deseja ou
necessita;
✓O comércio instiga e desenvolve a produção e o consumo das riquezas, porque
põe ao alcance dos indivíduos muitas delas que eles não conheciam e que,
portanto não comprariam;
✓O comércio nivela o valor das mercadorias da mesma espécie, pois adquire-as
nos locais onde elas abundam ou onde o seu preço é baixo e lança-as nos centros
onde não se produzem ou onde se produzem insuficientemente;
✓O comércio contribui para o desenvolvimento das vias de comunicação e para o
apereiçoamento dos meios de transporte;
✓O comércio favorece a aproximação dos povos e o intercâmbio da sua cultura e
do seu progresso material, tornando-se portanto, um dos mais importantes
factores da civilização".
Cont...
• Portanto, pode-se igualmente dizer que comércio
tem pela sua essência a função de estabelecer a
ligação entre a produção e o consumo.
Sectores de Economia
• Sector Primário:
• Engloba actividades que estão em contacto directo
com a natureza.
• A agriculura, pecuária, a caça, a pesca, bem como a
extração de minerais e de madeira, ou seja, todas as
atividades de exploração direta dos recursos naturais
de origem vegetal, animal e mineral, não implicando
em uma agregação de valor via industrialização.
Cont...
• Sector Secundário:
• Ou indústria em geral compreende todas as actividades de
transformação de bens. divide-se em três subsetores:
• Indústria da construção civil,
• Indústria de serviços públicos (geração e distribuição de
energia elétrica, benefício e distribuição de água à população,
produção e distribuição de gás encanado);
• Indústria manufatureira, inclusive a relacionada ao
agronegócio como, por exemplo: as fábricas de papel e
celulose, os frigoríficos, entre outras.
Cont...
• Sector Terciário:
• ou de serviços em geral se refere a todas as demais
actividades econômicas que se caracterizam por não
produzirem bens materiais e sim prestarem serviços.
• Actividades comerciais, transporte, a educação,
saúde, serviços governamentais, entre outros.
Actos de Comércio
• Se consultarmos o Código Comercial vigente entre nós
encontraremos a seguinte definição (Artigo 2º):
• "Serão considerados actos de comércio todos aqueles
que se acharem especialmente regulados no Código
Comercial, e, além deles, todos os contratos e
obrigações dos comerciantes, que não forem de
natureza exclusivamente civil, se o contrário do
próprio acto não resultar".
Surgimento do Comércio Internacional
• Para nos introduzirmos melhor nesta área do comércio é bom
ficarmos desde já com algumas ideias sobre como aparece na
história o comércio internacional que liga pelas trocas,
diferentes povos, diferentes países e diferentes culturas.
• O comércio internacional não surgiu da mesma maneira e na
mesma época em todos o países. Cada país, cada continente
tem a sua história de comércio com as suas especificidades
Cont..
• Em África podemos dizer que o aparecimento e
desenvolvimento do comércio internacional estão muito
associados a processos de ocupação e à formação dos
impérios coloniais (século XVI).
• Da História de Moçambique (Agosto de 1971), edição do
Departamento de Educação e Cultura da FRELIMO retiramos
o seguinte:
Cont..

Os historiadores árabes da antiguidade que visitaram a


• "

costa da Africa Oriental e do Sul durante os primeiros


mil anos da era cristã, falam-nos de um grande
entreposto comercial, Sofala, onde os mercadores
árabes iam comerciar o ferro.
Cont...
• Esse mesmo porto do mar, Sofala, serviu mais tarde, a partir
do século XIV, aos reis do Monomotapa para exportar os
seus produtos minerais, o ouro, o ferro, o cobre e também
o marfim.

• Esta cidade de Sofala encontrava-se dentro do reino de


Sofala, um dos vassalos do Monomotapa, embora
dominassem lá os mercadores árabes e tivessem um sultão
que no entanto pagava tributos de vassalagem ao
Monomotapa.
Cont...
• A economia do Monomotapa baseava-se no comércio com o
exterior. As várias minas de ouro e outros metais eram
directamente controladas pelo Monomotapa ou pelos seus
funcionários que ele enviava para as diversas regiões do
Império. Todos os mercadores que vinham comerciar nas
diversas feiras que se realizavam no Império tinham que
pedir guias de passagem pelo território do Monomotapa.
Todos os mercadores do Império que levavam ouro para
comerciar na costa tinham que pagar pesados impostos sobre
as mercadorias que traziam, que eram geralmente tecidos de
algodão e outros produtos de luxo, tais como missangas,
colares e outros adornos.
Cont...

• Por volta dos séculos XVII e XVIII houve um


comércio de escravos. No entanto foi um comércio que
não atingiu as proporções da costa ocidental de
África".
Capítulo II:
Teorias do Comércio Internacional
Cont...
• As teorias do comércio internacional nascem
como resultado da necessidade de entender
as relações comerciais entre diferentes países
e promover seu crescimento econômico.

• Através dessas teorias, os seres humanos


tentaram entender as razões do comércio
entre as nações, seus efeitos e suas diferentes
implicações.
Principais teorias do comércio
internacional
• 2.1 Teoria do mercantilismo
• 2.2 Teoria das vantagens absolutas
• 2.3 Teoria das vantagens comparativas
• 2.4 Teoria da proporção de factores
• 2.4.1 Teorema de Heckscher-Ohlin
• 2.4.2 Teorema Heckscher-Ohlin-Samuelson
• 2.4.3Teorema Stolper-Samuelson
• 2.5 Teoria do ciclo de vida do produto
• 2.6 Nova teoria do comércio internacional
2.1 Mercantilismo
• Surgiu na Inglaterra e Vigorou entre os séculos XV e XVIII.
Afirmava que os países deveriam motivar as exportações e
evitar importações.

• Defendia que o Estado fosse o principal responsável pela


elevação do bem-estar da população, estimular o comércio e
a indústria e favorecer as exportações.
Cont...
• A riqueza de uma nação era proporcional ao
volume de metais preciosos acumulados (ouro e
prata);
• Um país ficaria rico se obtivesse um superávit
comercial;
• Contribuiu para a criação das bases para o
comércio internacional;
Cont...
• O estado deveria dificultar ao máximo as
importações ou até mesmo proibir
terminantemente;
• Foi duramente criticado, por defender o
proteccionismo e a forte intervenção do Estado na
economia;
• De forma Implícita incitava guerras;
• Se todos se fechassem, não haveria comércio; e
• Não é considerada uma teoria sólida e acabada.
2.2 Teoria das vantagens absolutas
• Defendida pelo filósofo e economista Adam Smith na sua
obra de 1776 intitulada "A riqueza das nações" que surgiu
com forte crítica ao Mercantilismo;
• Smith, era contra a aplicação de altos impostos e
restrições estatais com vista a estimular a actividade
económica.
• Defendia que os países poderiam efectuar trocas
comerciais entre eles, com benefícios mútuos se,
cada um deles possuísse vantagens absolutas na
produção de pelo menos um dos bens;
Cont...
• Na teoria das vantagens absolutas, as nações deveriam
identificar a área produtiva em que tinham uma vantagem
absoluta, e especializar-se nela.
• Um país detém vantagem absoluta quando dispõe de pelo
menos uma das 3 seguintes condições:
• Menor preço absoluto;
• Menor custo de produção (coeficiente técnico de
produção); e
• Maior produtividade média de trabalho.
Cont...
• O conceito de vantagem absoluta se aplica àquela
produção que pode ser mais eficiente e de melhor
qualidade.

• Smith considerou que estes eram os produtos que


deviam ser exportados, e as importações poderiam
incluir produtos que poderiam ser obtidos no próprio
país, desde que a importação desses produtos
custasse menos do que a obtenção destes no próprio
país.
Cont...
• Considera o trabalho como único factor de produção;
• O proteccionismo deveria ser substituído pelo livre
comércio de bens e serviços; e
• Todos Estados, pela divisão de trabalho, pela
especialização e livre troca de produtos entre eles,
alcançariam os mais elevados níveis de progresso.
2.2 Teoria das vantagens comparativas
• Defendida pelo economista britânico David Ricardo, em
1817, na sua obra “Princípios de Economia Política e
Tributação” como uma alternativa ou contributo
adicional à teoria das vantagens absoluta de Smith.
• Nesta teoria Ricardo, procurava argumentar que
mesmo sem nenhuma vantagem Absoluta em nenhum
dos bens, as nações poderiam fazer trocar comerciais
benéficas para ambos os lados;
Cont...
Ricardo afirmou que se um país não tivesse uma
vantagem absoluta na produção de qualquer bem,
também teria que negociar com aqueles bens para os
quais tinha uma vantagem comparativa maior. Ou
seja, Ricardo levou em conta os custos relativos, e não
os absolutos.
Pressupostos que devem ser observados
a) Existência de diferenças dos preços relativos dos
bens entre os países antes do comércio; e
b) Existência de vantagens comparativas na
produtividade média do trabalho;
Exemplo
• Um suposto mundo com apenas dois países, Portugal
e Inglaterra; e em que existem dois produtos, tecido e
vinho, Portugal leva 90 horas para produzir uma
unidade de tecido e 80 horas para produzir uma
unidade de vinho. A Inglaterra, por outro lado, leva
100 horas para produzir uma unidade de pano e 120
horas para produzir uma unidade de vinho.
• Como podemos ver, Portugal tem uma vantagem
absoluta na produção de ambos os bens. Portanto, de
acordo com Smith, esses países não devem negociar.
Cont...
• No entanto, Ricardo propõe o seguinte: uma vez que
para a Inglaterra é mais barato produzir tecido do que
vinho, e para Portugal, mais barato produzir vinho do
que tecido, ambos os países devem se especializar no
bem para o qual são mais eficientes.
• Ou seja, no bem em que eles têm uma vantagem
comparativa. Assim, o comércio internacional cresceria, já
que a Inglaterra gastaria 220 horas na produção de tecidos e
Portugal 170 horas na produção de vinho.
2.2.1 Críticas ao modelo Ricardiano
a) O mundo real não tem apenas dois países e
dois bens. (A existência de muitos países e
muitos bens invalida o modelo 2x2);
b) O modelo das vantagens comparativas, analisa
o padrão do comércio internacional numa
perspectiva estática, ignorando os efeitos
dinâmicos, tais como a mudança na curva das
possibilidades produtivas ou nos gostos e
preferências no mundo real;
Cont...
c) O aumento da produção e a especialização geram
uma diminuição nos custos de produção, o que dá
lugar a economias de escala em oposição ao
pressuposto ricardiano segundo o qual: A oferta
total é fixa e as funções de produção obedecem
estritamente a rendimentos constantes de escala,
não havendo pressupostos específicos do lado da
procura
Cont...
d) O comércio pode ser visto como um veículo
que provoca mudanças nas dotações de factores
de produção, devido a novos métodos de
produção e novas tecnologias, o que contraria a
teoria clássica de que as dotações de factores de
produção são semelhantes entre os países, daí
que não admite mobilidade de factores de
produção.
Cont...
e) O Modelo Ricardiano considera a inexistência
de custos de transporte ou de qualquer outra
natureza e que o comércio equaliza os preços dos
bens, quando, na verdade, existem custos de
transporte e de outra natureza nas trocas
comerciais, limitando, assim, a validade do
teorema de equalização dos preços dos factores
Cont...
• f) A teoria Clássica Ignora os custos de transporte,
conquanto que uma indústria com custos mais altos
do que os da sua concorrente no exterior, cujo
produto enfrenta custos de transporte altos diz-se
naturalmente protegida. Tendo em mente os custos de
transporte, a localização das indústrias pode ser
alterada pela protecção natural e os custos de
transporte são importantes para a decisão sobre onde
localizar uma indústria.
Existem três possibilidades de Localização da
indústria:
• Indústrias Orientadas pela Oferta — as que se localizam perto
das matérias-primas;
• Indústrias Orientadas pelo Mercado — as localizadas perto dos
mercados de consumo do produto final. Exemplos: bens pesados
(cimento, água engarrafada, cerveja, etc.) e os serviços (barbearias,
assistência jurídica, etc.)
• Indústrias Flexíveis (footloose industries) — as que podem ser
localizadas perto das matérias-primas, dos mercados de consumo ou
no meio.
•A Teoria Neoclássica do Comércio
Internacional
• A teoria das vantagnes comparativas apresenta
algumas limitações, que seriam superadas somente
no século XX. As vantagens comparativas de Ricardo,
olham para o trabalho como único factor de
produção relevante, com produtividades médias
diferentes entre os países e consequentimente
diferentes custos de produção. A grande limitação de
Ricardo foi não apresentar as razões para esse facto.

• Como explicar a diferença dos custos de produção do


mesmo bem em países diferentes?
2.1. A Teoria de Hecksher-Ohlin (HO)
• A teoria de Heckscher-Ohlin (HO) enfatiza as
diferenças nas dotações relativas de factores de
produção e nos preços relativos dos factores
entre os países como as causas fundamentais
do comércio, com o pressuposto de que a
tecnologia e os gostos e preferências são
similares.
Cont...
•Neste sentido, cada país se especializa e
exporta o bem que requer a utilização mais
intensiva do seu factor mais abundante e
importa o bem em cuja produção emprega
mais intensivamente o seu factor mais
escasso.
Cont...
• O principal fundamento de Eli Heckscher e Beril Ohlin
é que as nações trocam mercadorias porque não
podem comercializar os factores de produção.
• Uma nação na qual o trabalho é relativamente escasso
importa bens cuja função de produção emprega esse
factor intensivamente e exporta mercadorias que
utilizam intensivamente o capital, seu factor
abundante.
Cont...
• Daí que ele concluí que o comércio de bens é
portanto, uma forma indirecta de comercializar os
factores de produção contidos nas mercadorias.
• Uma das consequências da diferença na dotação
relativa dos factores entre os países é que as
remunerações relativas também diferem. Os preços
relativos dos factores escassos são maiores do que os
preços relativos dos factores abundantes.
2.1.1. As Proposições do Teorema
• a) As trocas podem ter lugar desde que existam
diferenças nos rácios de preços dos bens entre os
países;
• b) Um país vai exportar o bem em cuja produção usa
mais intensivamente o factor de produção mais
abundante e vai importar aquele em cuja produção
usa mais intensivamente o factor de produção mais
escasso;
Cont...
• 2.1.2. Os Pressupostos do Teorema
• Do lado da oferta o Teorema considera dois factores
de produção (trabalho e capital) cuja oferta é fixa,
dois bens (X e Y);
• As funções de produção de ambos os bens que
obedecem estritamente a rendimentos constantes de
escala;
• O bem X é de trabalho intensivo e o bem Y de capital
intensivo;
Cont...
• Prevalece uma forte intensidade dos factores, isto é, o bem X
será sempre de mão de obra intensiva relativamente ao bem
Y a todos os preços relativos dos factores, e o bem Y será
sempre de capital intensivo em relação ao bem X a todos os
preços relativos dos factores: (L/K)X > (L/K)Y a todos os
preços relativos dos factores;
• Funções de produção similares entre os países, isto é, o bem
X é de mão de obra intensiva em relação ao bem Y em todo e
qualquer país, e o bem Y é de capital intensivo em todo e
qualquer país; o trabalho e o capital são homogéneos.
Cont...

•A estrutura da procura ou os gostos e


preferências são similares entre os países,
isto é, não existe uma preferência excessiva
por um dos bens em relação ao outro.
Cont...
• Do lado institucional, a produção e o comércio realizam-se
num contexto de concorrência perfeita;
• Não há custos de transporte, nem tarifas ou outros
impedimentos ao comércio (não há intervenção do
governo);
• O trabalho e o capital são móveis entre os sectores de
produção dos dois bens dentro de cada país, mas são
imóveis entre os países;
• O país Z tem trabalho abundante e o país Y tem capital
abundante.
2.2. O Teorema de Heckscher-Ohlin-Samuelson
(HOS) -Equalização dos Preços dos Factores
• O Teorema de Equalização dos Preços dos Factores,
introduzido por Samuelson, postula que o comércio conduz à
eliminação ou redução das diferenças existentes antes das
trocas nos preços absolutos e relativos dos factores entre os
países. Esta é a razão por que o teorema passou a chamar-se
Teorema de Heckscher-Ohlin-Samuelson (HOS).
Cont…
• HOS:
•O comércio Internacional equaliza os
preços dos factores de produção.
Cont…
•O Teorema de Equalização dos Preços dos
Factores afirma que, dado um conjunto de
pressupostos, a equalização dos preços dos
bens através do comércio vai resultar na
equalização dos retornos relativos dos
factores. Por outras palavras, se o rácio dos
preços dos bens é igual em dois países,
então o rácio salários-rendas (w/r) também
será igual.
Cont...
• O teorema da equalização dos preço dos factores de produção
demontra que o comércio de mercadorias tem o mesmo efeito sobre
as taxas de salários e de retorno sobre o capital físico (juros) que a
mobilidade desses factores.
• O teorema de HOS pode formalmente ser assim enunciado:
“Mantidas as hipóteses do teorema de Heckcher-Ohlin, o comércio de
bens equaliza a remuneração dos factores de produção”.
Cont…
• Para demonstração, vale lembrar que em autarquia, se por exemplo,
o país A é abundante em trabalho relativamente ao capital e o país B
for abundante em capital relativamente ao trabalho, então,
matematicamente temos:
𝑾𝑨 𝑾𝑩
• 𝑨 < 𝑩
𝒓 𝒓
Assumindo-se que o bem X (Pão) requer o uso intensivo de trabalho
e o bem Y (Bicicleta) requer o uso intensivo de capital, com o
comércio internacional, cada país irá se especializar na produção de
um bem , ou seja, passará a produzir mais do bem que possui
vantagens comparativas e abandonar o outro.
Cont...
• Neste sentido, o país A ficará com a produção do bem X e o país B com a
produção do bem Y.
• Como a produção de X é intensiva em trabalho, no país A a demanda pelo
trabalho irá aumentar, enquanto a demanda pelo capital reduz
proporcionalmente.
• O mesmo irá ocorrer no país B, a demanda pelo capital irá aumentar,
enquanto a demanda pelo trabalho reduz proporcionalmente.
• Ou seja, a pressão gerada pela utilização dos recursos, levará os preços dos
factores que inicialmente eram baixos a ficaram a subirem e vice versa.
Esta situação irá culminar com os rácios dos países a igualarem-se, pelo
que, matematicamente teremos:
𝑾𝑨 𝑾𝑩
• =
𝒓𝑨 𝒓𝑩
2.2.1. Os Pressupostos do Teorema:
• O Teorema pressupõe funções de produção
homogéneas do primeiro grau e idênticas entre os
países;
• Não existência de distorções, barreiras ao comércio
ou custos de transporte; produção de ambos os bens
em ambos os países, em equilíbrio; e
• Não inversão da intensidade dos factores.
2.3 Teorema de Stolper-Samuelson
• Para Stolper e Samuelson o comércio beneficia o
factor de produção abundante em detrimento do
factor escasso de cada país.
• Um dos pressupostos básicos das teorias do comércio
internacional vistas até agora é o pleno emprego dos
factores de produção.
• As diferenças nas dotações relativas dos factores de
produção provocam diferenças nas remunerações do
trabalho e capital.
Cont…
• Os Salários, por exemplo, são relativamente mais
baixos nos paises em que o trabalho é abudante.
• Neste caso uma unidade de capital recebe mais que
uma unidade de trabalho.

Logo podemos dizer que o rendimento está


concetrado em favor dos proprietários do capital.
Cont...
• Com o comércio e a consequente especialização, o
preço do factor abundante aumenta, enquanto do
escasso diminui, em ambos os países. Como as
mesmas quantidades de trabalho e de capital
continuam empregadas, a parcela dos salários na
renda aumenta, e diminui a do juro, nos países onde o
trabalho é abundante.
• O mesmo processo redistribui o rendimento a favor
do capital no país em que o trabalho é escasso.
Cont...
• Dai que se diz que o contributo desta teoria é
entender os efeitos do comércio internacional na
distribuição funcional do rendimento.

• Ou seja, de acordo com o Teorema Stolper-


Samuelson, com o pleno emprego por um lado, e a
equalização do preço dos factores do outro, garanti-se
que o factor de produção abundante se beneficie com
o comércio.
Cont...
• Stolper-Samuelson: O comércio beneficia o
factor de produção mais abundante de cada
país, em detrimento do factor escasso.
2.3 Teoria do ciclo de vida do produto
• Esta teoria foi proposta pelo economista
americano Raymond Vernon em 1966. Vernon
determina que as características de exportação
e importação de um produto podem variar
durante o processo de comercialização.

• Vernon determina 3 fases no ciclo do produto:


introdução, maturidade e padronização.
Cont...
• 2.3.1 Introdução
• Um país desenvolvido tem a possibilidade de gerar
uma invenção e oferece-lo ao seu mercado interno.
Sendo um novo produto, sua introdução no mercado
é gradual.
• A produção está localizada próxima ao mercado para
o qual é direcionada, a fim de responder rapidamente
à demanda e receber feedback direto dos
consumidores. Nesta fase, o comércio internacional
ainda não existe.
Cont...
• 2.3.2 Maturidade
• Neste ponto, é possível iniciar o trabalho de
produção em massa, porque as características do
produto já foram testadas e estabelecidas de acordo
com a resposta dada pelos consumidores.
• A produção incorpora elementos técnicos mais
sofisticados, o que permite a fabricação em maior
escala. A demanda pelo produto pode começar a ser
gerada fora do país produtor e começa a exportar
para outros países desenvolvidos.
Cont...
• 2.3.3. Padronização
• Nesta fase, o produto foi comercializado, por
isso suas características e as noções de como
ele é produzido são conhecidas por fatores
comerciais.
• Como nos países em desenvolvimento o custo de
produção é menor do que nos países desenvolvidos,
nesta fase os países desenvolvidos poderiam
importar o produto em questão dos países em
desenvolvimento.
Cont...
• 2.3.4 Saturação
• As vendas param de crescer e permanecem estáveis. Os
concorrentes são maiores e conquistaram uma considerável
participação de mercado. É provável que se tenha que
introduzir mudanças no produto para torná-lo mais atraente.
• 2.3.5 Decadência
• Nesse estágio, as características e o processo do produto
são bem conhecidos e familiares aos consumidores. As
vendas começam a cair até o ponto em que não é mais
economicamente viável continuar produzindo o bem.
2.4 Nova Teoria do Comércio Internacional
• Seus principais promotores foram James Brander, Barbara
Spencer, Avinash Dixit e Paul Krugman. Essa noção surgiu
nos anos setenta e propõe soluções para as falhas
encontradas nas teorias anteriores.
• Entre seus preceitos, destaca-se a necessidade de
intervenção do Estado para resolver certos problemas que
são gerados na dinâmica comercial, como, por exemplo, a
concorrência imperfeita que existe no mercado.
• Eles também indicam que o comércio mundial mais
difundido é o intra-industrial, que surge como conseqüência
de uma economia de escalas (cenário em que ocorre mais a
um custo menor).

Você também pode gostar