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Economia política e Direito

Profº: Gabriel Rached

AULA 1

1. Economia:

- Ciência que estuda a atividade produtiva. Focaliza estritamente os problemas referentes ao


uso mais eficiente dos recursos materiais escassos para a produção de bens.

- Estuda as variações e combinações na alocação dos fatores de produção (terra, capital e


trabalho), na distribuição de renda, na oferta e na procura e nos preços das mercadorias.

1.1. Fatores de produção:

- Elementos indispensáveis ao processo produtivo de bens materiais. Tradicionalmente, são


considerados fatores de produção:
➢ A terra (terras cultiváveis, florestas e minas);
➢ O homem (trabalho);
➢ O capital (máquinas, equipamentos, instalações).

- De modo geral, os fatores de produção são ilimitados e, por isso, eles se combinam de
forma diferente conforme o local e a situação histórica.

1.1.1. Distribuição dos fatores de produção

➔ Preços dos fatores de produção

- Lei da escassez;
- Propriedade privada

2. Mercado

- Em sentido geral, o termo designa um grupo de compradores e vendedores que estão em


contato suficientemente próximo para que as troca entre eles afetem as condições de
compra e venda dos demais;

- Um mercado existe quando compradores que pretendem trocar dinheiro por bens e
serviços estão em contato com vendedores desses mesmo bens e serviços;
- Desse modo, o mercado pode ser entendido como o local, teórico ou não, do encontro
regular entre compradores e vendedores de uma determinada economia;

- A formação e o desenvolvimento de um mercado pressupõem a existência de um excedente


intercambiável e, portanto, de certo grau de divisão e especialização do trabalho;

- Historicamente, isso ocorre nas cidades europeias no final da idade média. Com a
formação regular de um excedente, a antiga economia natural ou de subsistência passa a
ser substituída por um mecanismo de mercado que é formado basicamente pela oferta de
bens e serviços pela demanda (ou procura) desses bens e serviços;

- Da interação desses elementos surge um sistema de preços que vai orientar a economia no
sentido de aumento ou da redução da produção.

AULA 2

2.1. Problemas econômicos básicos:

❖ O que e quanto produzir?


Isto significa quais os produtos deverão ser produzidos e em que quantidade deverão ser
colocados no mercado;

❖ Como produzir?
Isto é, por quem serão os bens e serviços produzidos, com que recursos e de que maneira ou
processo técnico;

❖ Para quem produzir?


Ou seja, a quem se destina a produção.

2.2. Divisão da Teoria Econômica:

➢ Microeconomia (Teoria dos preços) - Estuda a formação dos preços nos diversos mercados,
a partir da ação conjunta da demanda e da oferta. Os preços constituem-se os sinais para
o uso eficiente dos recursos da sociedade e funciona como um elemento de exclusão;

➢ Macroeconomia (equilíbrio da renda nacional) - Estuda as condições de equilíbrio estável


entre a renda e o dispêndio nacional. As políticas econômicas procuram sempre
estabelecer tal equilíbrio;
➢ Desenvolvimento econômico (crescimento) - Estuda o processo de acumulação de recursos
escassos e da geração de tecnologia capazes de aumentar a produção de bens e serviços
para a sociedade;

➢ Economia Internacional - Estuda as condições de equilíbrio do comércio externo


(importações e exportações), além dos fluxos de capital.

2.3. Bens e a necessidade humana:

- Bem é tudo aquilo capaz de satisfazer a uma necessidade humana. Podem ser:

➢ Materiais: com características físicas de peso, forma, dimensão, etc.


➢ Imateriais: são de caráter abstrato.

- Economia é o estudo da organização social, através do qual os homens satisfazem suas


necessidades de bens e serviços escassos. Com a limitação do total de recursos capazes de
produzir diferentes mercadorias. Impõe-se uma escolha para a produção de mercadorias
relativamente escassas.

2.4. Custos de oportunidade:

- Corresponde ao sacrifício do que se deixou de produzir, ou, em outras palavras, o custo ou


a perda do que não foi escolhido (e não do ganho do que foi escolhido). De uma forma
geral, é o sacrifício de transferir recursos de uma atividade para outra.

- Segundo esse conceito, os custos não devem ser considerados em absoluto, mas iguais a
uma segunda melhor oportunidade de benefícios não aproveitada. Ou seja, quando a
decisão para as possibilidades de utilização de A exclui a escolha de um melhor B,
podem-se considerar os benefícios não aproveitados de B como custos de oportunidade.

2.5. Elementos de uma economia capitalista:

➢ Capital: é o conjunto (estoque) de bens econômicos heterogêneos, tais como máquinas,


instrumentos, fábricas, matérias-primas, etc. capazes de produzir bens e serviços. O uso do
capital contribui para o aumento da produtividade do trabalho.

➢ Propriedade privada: o sistema econômico atual recebe o nome de capitalismo porque


esse capital é essencialmente propriedade privada de alguém: o capitalista. É através da
propriedade privada que o capitalismo se apropria de parte da renda gerada nas
atividades econômicas. No sistema capitalista, são os indivíduos que recebem os juros, os
lucros, os aluguéis e os direitos de exploração (royalties) dos bens de capital e das patentes.
➢ Divisão do trabalho: as economias de produção em massa, sobre as quais se baseiam os
padrões modernos de vida, não seriam possíveis se a produção ainda se processasse
individualmente ou por núcleos familiares. A produção massificada deve-se
principalmente à “divisão do trabalho”, ou seja, à “especialização” de funções que
permite a cada pessoa usar, com a máxima vantagem, qualquer diferença peculiar em
aptidões e recursos. Pois a especialização, além de se basear nas diferenças individuais de
aptidões, cria e acentua essas diferenças.

➢ Moeda: ao lado do capital e da especialização, a moeda é um terceiro aspecto da vida


econômica moderna. A importância da moeda é ressaltada quando se imagina uma
economia de escambo, onde uma espécie de mercadoria é trocada diretamente por outra.
Teria que haver dupla coincidência de necessidades, de tal forma que, um alfaiate faminto
encontrasse um agricultor que tivesse, ao mesmo tempo, comida e desejo de possuir um
terno novo; caso contrário, não haveria negócio.

2.6. O escambo

- O escambo já representa um grande avanço, sobre a situação em que cada homem teria
de ser um “homem de 7 instrumentos” e um perito em coisa alguma.

- Todavia, o puro escambo se realiza sob tão grandes desvantagens, que não seria
concebível divisão do trabalho, altamente elaborada, sem a introdução de um segundo
grande progresso: o uso da moeda.

2.7. A moeda e suas funções básicas:

➢ Moeda enquanto meio de troca;


➢ Moeda enquanto reserva de valor;
➢ Moeda enquanto unidade de conta;
➢ Moeda enquanto padrão para pagamentos diferidos no tempo.

- Como meio de troca ela facilita enormemente os negócios. Para que seja aceita deve
manter o seu poder de compra ao longo do tempo e também ser facilmente reconhecida,
divisível e transportável. Como unidade de conta reduz sensivelmente o esforço de se
reconhecer todos os preços relativos entre si, pois basta conhecê-los em relação à moeda.

AULA 3 (DEBATE EM AULA)

AULA 4
AULA 5

3. O mercantilismo

- Doutrina econômica que caracteriza o período histórico da Revolução Comercial (séculos


XVI - XVIII), marcado pela desintegração do feudalismo e pela formação dos Estados
Nacionais. Defende o acúmulo de divisas em metais preciosos pelo Estado por meio de um
comércio exterior de caráter protecionista.

- Essa concepção levava a um intenso protecionismo estatal e uma ampla intervenção do


Estado na economia. Uma forte autoridade central era tida como essencial para expansão
de mercados e para a produção dos interesses comerciais.

3.1. Princípios básicos do mercantilismo:

➢ O Estado deve incrementar o bem-estar nacional ainda que em detrimento de seus


vizinhos ou colônias;

➢ A riqueza da economia nacional depende do aumento da população e do incremento do


volume de metais preciosos no país;

➢ O comércio exterior deve ser estimulado, pois é por meio de uma balança comercial
favorável que se aumenta o estoque de metais preciosos;

➢ O comércio e a manufatura são mais importantes para a economia nacional que a


agricultura.

- O mercantilismo era constituído de um conjunto de concepções desenvolvidas na prática


por ministros, administradores e comerciantes, com objetivos não só econômicos como
político-estratégicos. Sua aplicação variava conforme a situação do país, seus recursos e
modelo de governo vigente.

- O mercantilismo inglês foi reforçado pelo Ato de Navegação de 1651 (decreto pelo qual
somente os navios ingleses poderiam entrar ou sair dos portos britânicos, estabelecendo
assim o monopólio da navegação e comércio pelos navios da Inglaterra).

- Os mercantilistas, limitando sua análise ao âmbito de circulação de bens, aprofundaram


o conhecimento de questões como a da balança comercial, das taxas de câmbio e dos
movimentos de dinheiro.
3.2. Fisiocratas

➢ Grupo de economistas franceses do século XVIII que combateu as ideias mercantilistas e


formulou, pela primeira vez, uma teoria do liberalismo econômico. Transferindo o centro
de análise do âmbito do comércio para o da produção, os fisiocratas criaram a noção de
produto líquido: sustentaram que somente a terra, ou a natureza é capaz de produzir algo
novo (só a terra multiplica, por exemplo um grão de trigo em muitos outros grãos de
trigo). As demais atividades, como a manufatura e o comércio, embora necessárias, não
fazem mais que transformar ou transportar os produtos da terra (daí a condenação ao
mercantilismo, que estimulava essas atividades em detrimento da agricultura);

➢ Dividiam, portanto, a sociedade em 3 classes: os produtores (agricultores), os


proprietários de terra (a nobreza e o clero) e as “classes estéreis” (os demais cidadãos) e
descobriram que existe uma circulação de renda entre essas 3 classes;

➢ Defenderam a mais ampla liberdade econômica (contra as barreiras feudais, ainda


imperantes na época) e lançaram a célebre máxima do liberalismo: “laissez-faire;
laissez-passer” ("deixai fazer; deixai passar);

➢ Segundo a corrente dos fisiocratas, o Estado deveria assumir o papel exclusivo de


guardião da propriedade e garantidor da liberdade econômica. Suas teses exerceram
influência sobre Adam Smith, embora tenham sido bastante criticados por este e por toda
a Escola Clássica.

3.3. A evolução da ciência econômica:

➢ De seus primórdios à Escola Fisiocrática (das origens até 1750);


➢ De 1750 à revolução marginalista (a criação científica da economia: de 1750 a 1870);
➢ De 1870 ao início da Grande Depressão (evidenciou as falhas mais importantes do
sistema capitalista);
➢ De 1929 até os dias de hoje (a fase atual da Ciência Econômica)

AULA 6

4. Escola Clássica:

- Fundada por Adam Smith e David Ricardo, a escola clássica desenvolveu-se nos escritos
de Malthus, Stuart Mill e do francês Jean Baptiste Say. Com os representantes da Escola
Clássica, a economia adquiriu caráter científico integral quando passou a centralizar a
abordagem teórica na questão do valor, cuja única fonte original era identificada no
trabalho em geral.

➔ Autores da Escola clássica:

➢ Adam Smith (1723-1790)


➢ David Ricardo (1772- 1823)
➢ Jean Baptiste Say (1767 - 1832)
➢ John Stuart Mill (1806 - 1883)
➢ Karl Heinrich Marx (1818 - 1883)

➔ Fundamentos da Escola clássica:

- Além da teoria do valor-trabalho, do uso do método dedutivo, do materialismo e da


preocupação em simplificar e generalizar as proposições econômicas e de uma visão de
conjunto da evolução econômica, a Escola Clássica baseou-se nos preceitos filosóficos do
liberalismo e do individualismo e firmou os princípios da livre-concorrência, que
exerceram decisiva influência no pensamento revolucionário burguês. A Escola Clássica
também é caracterizada por enfatizar a produção, relegando a segundo plano o consumo
e a procura.

4.1. Adam Smith:

- Para Adam Smith, o objeto da economia está indicado no título completo de sua obra: é
uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações, estendendo-se por
riqueza os bens que possuem valor de troca. Smith distingue o valor de uso do valor de
troca das mercadorias, destacando que este último é determinado pela quantidade de
trabalho necessária para produzi-las.

- A verdadeira fonte de riqueza de um país é seu trabalho, e ela só pode ser elevada com o
aumento da produtividade, com a extensão de sua especialização e com a acumulação do
produto sob a forma de capital.

4.1.2. Relação Riqueza-produtividade:

- Baseando-se na teoria do valor-trabalho, Smith mostra que o crescimento da riqueza de


uma nação depende essencialmente da produtividade do trabalho, que, por sua vez, é
função do grau da especialização obtida pela divisão do trabalho, determinado pela
expansão do mercado e do comércio.
- Nesse processo, todos os participantes ganhariam, beneficiando-se do aumento de
produtividade. Smith concluiu então, pela remoção de todas as barreiras ao comércio
interno e externo.

4.2. O valor e a teoria do David Ricardo:

- O valor da determinada mercadoria seria dado pela quantidade de trabalho empregada


para produzi-la. O trabalho seria, portanto, a fonte de todo o valor. As principais questões
da Escola Clássica são as que se incluem hoje dentro da teoria do valor e da distribuição.

- No contexto pragmático da Escola Clássica, destaca-se a teoria de Ricardo sobre a renda


da terra, que estava relacionada ao aumento da população, o que explicava a alta renda
fundiária na Inglaterra. Ricardo admitia que o proprietário rural ocupava áreas menos
férteis à medida que a população aumentava.

- Desse modo, os proprietários das terras mais férteis beneficiavam-se com a elevação dos
custos de produção em outras áreas, uma vez que os preços dos produtos seriam mantidos
para cobrir os custos mais elevados em terras de baixa categoria.

- Assim, acabariam tendo uma maior receita, independentemente do capital e do trabalho


aplicados na produção. Esse excedente econômico foi denominado por Ricardo de renda
diferencial da terra. Com o crescimento dessa renda diferencial, os proprietários rurais
iriam se apropriar de um excedente econômico maior, em detrimento dos capitalistas, que
teriam seus lucros reduzidos, a ponto de colocar em perigo a acumulação de capital,
prejudicando o desenvolvimento econômico.

4.2.2. Teoria das vantagens comparativas:

- Para superar esse problema, Ricardo propõe o livre cambismo no comércio internacional,
que permitiria aproveitar as melhores terras em escala mundial. Formula, assim, a
"Teoria das vantagens comparativas”, na qual demonstra as vantagens de um país
importar determinados produtos, mesmo que pudesse produzi-los por preço inferior, desde
que suas vantagens comparativas em outros produtos fossem maiores.

- Contra a intervenção estatal, a Escola Clássica apoia-se no liberalismo e no


individualismo. Os clássicos ingleses propõem um sistema de liberdade econômica, pois
seria mediante o mecanismo impessoal do mercado que se conseguiria harmonizar os
interesses individuais.

4.3. Marx e o questionamento a escola clássica:


- Marx é o primeiro autor a contestar verdadeiramente a análise realizada pelos clássicos,
tanto nas suas premissas e objetivos como em suas conclusões, ao desenvolver a análise do
processo capitalista baseado na concepção materialista da história e na luta de classes,
embora conservasse dos clássicos parte do instrumental analítico e alguns conceitos, como
a teoria do valor-trabalho, que utilizou para desenvolver o conceito de mais-valia.
AULA 7 (DEBATE EM SALA)

AULA 8

5. A Escola Clássica - autores principais:

➢ Jean Baptiste Say (1767-1832)

Industrial e economista clássico francês, divulgador da obra de Adam Smith. Elaborou


em 1803 a Lei dos Mercados ou Lei de Say, segundo a qual a produção criaria sua própria
demanda, impossibilitando uma crise geral de superprodução. De acordo com esse
conceito de equilíbrio econômico, a soma dos valores de todas as mercadorias produzidas
seria sempre equivalente à soma dos valores de todas as mercadorias compradas. Em
outras palavras, ao ser criado, um produto, está ao mesmo tempo abrindo um mercado
para outro produto do mesmo valor. Em consequência, a economia capitalista seria
perfeitamente auto-regulável, não exigindo a intervenção estatal.

- Rigorosamente, a Lei de Say se aplicaria numa economia baseada no escambo, isto é,


uma economia não monetária. Nas condições modernas, contudo, a intermediação da
moeda cria sempre a possibilidade de adiar decisões de compra, portanto, interrompendo
as vendas, o que causaria uma retração da demanda, que pode resultar numa crise
econômica.

➢ Adam Smith (1723-1790):

Economista escocês, um dos mais eminentes teóricos da economia clássica. A preocupação


com os fatores que produziram o aumento da riqueza da comunidade o levou a escrever,
em 1776, sua obra mais famosa: “A riqueza das nações: Investigação sobre sua natureza e
suas causas”.

- Smith exalta o individualismo, considerando que os interesses individuais livremente


desenvolvidos seriam harmonizados por uma “mão invisível” e resultariam no bem-estar
coletivo; essa “mão invisível” atuaria também no mercado dos fatores de produção
enquanto imperasse a livre concorrência. A apologia do interesse individual e a rejeição
da intervenção estatal na economia se transformariam em teses básicas do liberalismo.
- As ideias de Smith contrariavam o pensamento econômico predominante na Europa, que
se baseava no mercantilismo e partia do pressuposto de que a riqueza de uma nação era
constituída essencialmente pela moeda e que o volume da moeda de um país não produtor
de metal precioso dependia de sua balança comercial: na medida em que as importações
de um país fossem menores do que suas exportações, ocorreria uma entrada líquida de
moeda, aumentando a riqueza. A primeira alternativa sistemática ao mercantilismo foi
apresentada pelos fisiocratas, para os quais a riqueza era constituída pelos bens materiais
e não pela moeda. Para eles, o cultivo do solo era a única atividade em que a quantidade
de bens materiais produzidos superava a dos bens consumidos em sua produção.

➔ Adam Smith e o contraponto aos fisiocratas:

- A agricultura seria assim, para os fisiocratas, a única atividade produtiva e apenas dela
proviria o excedente repartido entre as demais classes da sociedade. Smith refutou o ponto
de vista dos fisiocratas demonstrando que todas as atividades que produzem mercadorias
dão valor, reconhecendo o importante papel da manufatura e estudando os fatores que
conduzem ao aumento da riqueza da comunidade.

- Smith reconheceu no trabalho a verdadeira origem da riqueza e distinguiu o valor de uso


(as mercadorias consideradas do ponto de vista da capacidade que elas têm de satisfazer
às necessidades humanas) e o valor de troca (a proporção em que elas são trocadas umas
pelas outras).

- Para Smith, o valor de troca não se fundamenta na utilidade de uma mercadoria, e sim
no trabalho (ou seja, o tempo necessário para sua produção). Apontou a origem do
excedente no trabalho e também o modo como ele é apropriado pelos detentores dos meios
de produção, lançando as bases de uma teoria sobre a exploração do trabalho (lei dos
rendimentos não proporcionais).

- Smith analisou ainda os efeitos da divisão do trabalho sobre a produtividade,


demonstrando (contrariamente ao ponto de vista mercantilista) que na medida em que o
comércio aumenta a divisão do trabalho, todos se beneficiam do consequente aumento de
produtividade.

➢ David Ricardo (1772-1823):

Economista inglês, considerado o mais legítimo sucessor de Adam Smith; suas ideias
dominaram a economia clássica por mais de meio século. Por meio de seu trabalho mais
importante “Princípios de Economia Política e Tributação” Ricardo deu uma enorme
contribuição à teoria do valor e da distribuição, localizando no trabalho o valor de troca
das mercadorias.
- Para Ricardo, a renda relaciona-se com o aumento da população. Acreditava que a
maior demanda acarretada por este aumento da população exige o cultivo de terras
menos férteis, nas quais o custo de produção é mais elevado do que em terras mais férteis.

- Mas custos e lucros deveriam ser mantidos no mesmo nível nos dois casos, pois, de outro
modo, as terras de pior qualidade deixariam de ser cultivadas. Mesmo com essas
medidas, no entanto, os arrendatários das melhores terras acabariam tendo uma maior
receita, independentemente do trabalho e do capital aplicados na produção.

- Essa diferença em seu favor (ou o excedente sobre o custo de produção) constituiria a
renda da terra apropriada pelo proprietário. Assim, a renda de determinada terra seria a
diferença entre o valor da colheita dessa área fértil e da colheita de outras menos férteis.
Com o inevitável crescimento da renda diferencial da terra, os proprietários rurais iriam se
apossando de maior percentual de excedente econômico.

- Ricardo previa a ocorrência de um “estado estacionário”, resultante do crescimento


populacional e responsável pelo cultivo de terras cada vez menos férteis. Ao chegar a
determinado limite, o lucro seria tão baixo que a acumulação de capital simplesmente
cessaria, prejudicando o desenvolvimento econômico. Para adiar esse “estado
estacionário”, seria necessária a aplicação de um programa econômico liberal.

- Ricardo formulou a Lei das Vantagens Comparativas, com que procurou demonstrar a
vantagem de um país importar determinados produtos, mesmo que pudesse produzi-los
por preço inferior, desde que sua vantagem, em comparação com outros produtos, fosse
ainda maior. Essa lei constitui ainda hoje uma parte importante da teoria do comércio
internacional.

AULA 9

➢ John Stuart Mill (1806-1873)

Filósofo e economista clássico inglês, autor de “Princípios de Economia Política com


algumas de suas aplicações à Filosofia social” (1848), a mais abrangente síntese da teoria
econômica até aquela data. Mill analisou principalmente as teses de Ricardo e Malthus.

- Abandonando o rigor doutrinário do “laissez-faire”, afirmava que deveria haver menor


dependência das forças naturais do mercado e um maior grau de intervenção
governamental deliberado para a resolução dos problemas econômicos.

- No que se refere à teoria do valor, Mill procurou demonstrar como o preço é determinado
pela igualdade entre demanda e oferta.
- Adotou a ideia de que a renda da terra, por constituir um excedente (de acordo com
Ricardo) deve ser submetida à tributação.

- Seu livro “Princípios de Economia Política” tornou-se imediatamente leitura obrigatória e


fundamental em Economia. Mill teve uma sólida formação clássica e foi profundamente
influenciado por Ricardo e Bentham. Suas ideias libertárias e altruístas levaram-no a
tentar conciliar teoricamente empirismo, determinismo, liberalismo e socialismo, e, na
ação prática, a defender o direito das mulheres ao voto e o direito dos sindicatos à greve.

➢ Karl Heinrich Marx (1818-1883):

Filósofo e economista alemão, o mais eminente teórico do comunismo. Estudante


universitário em Berlim, ligou-se à chamada esquerda hegeliana frontalmente contrária
ao absolutismo prussiano.

- Foi por influência de Friedrich Engels que Marx se voltou para o estudo dos escritos de
Adam Smith, David Ricardo e outros economistas clássicos ingleses. A partir de 1844,
juntamente com Engels, dedicou-se a fundamentar teoricamente o socialismo (então
denominado pelo pensamento utopista).

➔ Marx, o valor-trabalho e o indivíduo:

- Para Marx, o homem alienado não é mais o indivíduo entregue a um sonho religioso ou
especulativo, mas o homem que habita uma sociedade desumanizada, que tem seu
fundamento na propriedade privada.

- Na obra de 1847, “A miséria da filosofia”, Marx dedicou às questões econômicas um


tratamento especial. Marx aceitou e incorporou em seu pensamento a teoria do
valor-trabalho de Smith e Ricardo. As concepções econômicas presentes na obra serviram
de fundamento para o ajuste de contas com o socialismo utópico.

- Foi também em 1847 que Marx e Engels escreveram o “Manifesto Comunista”, espécie de
programa e carta de princípios da Liga de Comunistas, organização revolucionária que os
dois amigos ajudaram a fundar. O Manifesto apresenta, a partir das concepções do
materialismo histórico, uma análise da sociedade capitalista.

- Além disso, fundamenta a teoria do socialismo científico, apresenta o programa da


revolução proletária e a função histórica da ditadura do proletariado. No mesmo
período, surge “Trabalho assalariado e capital” (Conferências pronunciadas em
Bruxelas”, em que Marx delineia os primeiros esboços da teoria da mais-valia com base na
teoria do valor-trabalho.

➔ Marx, o capitalismo e a luta de classes:


- Marx considera o capitalismo um modo de produção transitório, sujeito a crises
econômicas cíclicas, e que, por efeito do agravamento de suas contradições internas,
deverá ceder lugar ao modo de produção socialista, mediante a prática revolucionária.

- A teoria política marxista , chamada socialismo científico, considera que a luta de classes
é o motor da história e que o Estado é sempre um órgão a serviço da classe dominante,
cabendo à classe operária, como classe revolucionária de vanguarda, lutar pela
conquista do Estado, via ditadura do proletariado.

➔ Lei Geral da Acumulação Capitalista

Esquema: D - M - D’ e esquema: D - D’

Esquema: Base (forças produtivas) - Estrutura (relações sociais de produção) -


Superestrutura (Estado, Ideologia, Religião, arcabouço
jurídico-econômico-institucional).

● Mais-valia: Conceito fundamental da economia política marxista, que consiste no valor do


trabalho não pago ao trabalhador, isto é, na exploração exercida pelos capitalistas sobre
seus assalariados. Marx, assim como Adam Smith e David Ricardo, considerava que o
valor de toda mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho socialmente
necessário para produzi-la.

● Mais-valia na obra de Marx

- Sendo a força de trabalho uma mercadoria cujo valor é determinado pelos meios de vida
necessários à subsistência do trabalhador (alimentos, roupas, moradia, transporte, etc) se
este trabalhar além de um determinado número de horas, estará produzindo não apenas
o valor correspondente ao de sua força de trabalho (que lhe é pago pelo capitalista na
forma de salário), mas também um valor a mais, um valor excedente sem contrapartida,
denominado por Marx de mais-valia. É desta fonte (o trabalho não pago) que são tirados
os possíveis lucros dos capitalistas (industriais, comerciantes, banqueiros, etc.) além da
renda da terra, juros, etc.

● Mais-valia absoluta e relativa:

- Mantendo-se inalterados os salários reais, a taxa de mais-valia tende a elevar-se quando a


jornada e/ou intensidade do trabalho aumenta (aumentando a mais-valia absoluta).
- A taxa de mais-valia, ainda, tende a elevar-se conforme o aumento da produtividade nos
setores que produzem artigos de consumo via introdução de capital ou alterando a
organização da produção (aumentando a mais-valia relativa).

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