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Economia Política (EP)

Módulo 1

Introdução à Economia Politica


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No presente módulo, far-se-á a discussão sobre a Politica, Economia, os mercados, os


operadores económicos, algumas correntes de pensamento económico.

A política encontra-se dividida em duas partes: a Política Interna – relacionada aos


assuntos internos; e a Política Externa – que diz respeito aos assuntos externos. A
Economia também encontra-se dividida em dois ramos de conhecimento, nomeadamente a
Microeconomia e a Macroeconomia. A Microeconomia é um ramo da ciência económica
que estuda os agentes económicos de forma individualizada, tais como: as famílias, as
empresas e os mercados, enquanto a Macroeconomia são um ramo da ciência económica que
estuda a economia no seu todo ou na sua forma global. A Macroeconomia preocupa-se com o
nível geral do produto, nível geral de preços, o emprego e as transacções externas – de realçar
ainda que o nível geral do produto – é o interesse dos analistas económicos que
desempenham as funções de assessoria definir políticas que possam garantir a produção de
bens e serviços para a satisfação das necessidades das comunidades; nível geral de preços –
os preços devem ser mantidos estáveis ao longo do tempo, ou seja, caso haja variação, esta
não deverá ser significativa por forma a manter o poder de compra dos consumidores; o
emprego – na economia deve-se garantir o emprego eficiente dos recursos, no caso do capital
humano deve-se evitar o desemprego involuntário; e as transacções externas – este último
objectivo da macroeconomia diz respeito, especialmente, à monitoria dos volumes das
exportações e importações de bens (Balança Comercial) e das exportações e importações de
serviços (Balança de Serviços), por forma a manter os respectivos saldos a níveis desejáveis
(Campira, 2018:3)1.

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CAMPIRA, Zito Manuel (2018). “Economia Política Internacional”. 1ª ed. Edição: Edições Ex‐Libris.
Lisboa, Agosto de 2018.

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A política está estreitamente ligada à economia, tanto nas relações internas entre o
Governo e os agentes económicos quanto nas relações externas, por exemplo, entre o Estado
moçambicano e outros Estados do resto do mundo2.
A política “é a arte ou ciência da organização, direcção e administração de nações ou
Estados” (Maar, 2013, 1982; Bobbio, et al., 2010, 1983). Enquanto a economia é uma
ciência social que estuda o comportamento do homem. Por conseguinte, a economia “é uma
ciência que consiste na análise da produção, distribuição e consumo de bens e serviços”
(Harper, 2001), citado por (Campira, 2018:3).
Ou, A economia é o estudo da forma como as sociedades utilizam os recursos
escassos para produzir bens com valor e como os distribuírem entre os seus diferentes
membros (Samuelson & Nordhaus, 1993:5).

Posto isto, interessa-nos a discussão dos conceitos de autoridade, operadores


económicos, e mercados. Neste caso3:
A autoridade “é a forma de poder que comanda as acções dos outros através de ordens
que são eficazes porque os que são comandados consideram essas ordens como legítimas”
(Madureira, 1990:269). Este académico acrescenta afirmando que o poder “é a capacidade de
um indivíduo ou de um grupo para induzir ou influenciar as crenças ou acções de outros
indivíduos ou grupos”. De referir ainda que a autoridade é exercida a todos níveis de gestão,
nomeadamente gestão operacional, intermédia, e cimeira; quer nas instituições públicas quer
nas instituições privadas4.
A Economia Política

A expressão economia politica surge a partir do inicio do século XVII. Embora


filósofos da Grécia Antiga, como Platão e Aristóteles, e os escolásticos da Idade Media
tenham explorado temas de conteúdo económico, a expressão é atribuída ao mercantilista
francês Antoine de Montchrétien, autor de um Traité d’économie politique, publicado em
1615 (Rossetti, 2012:46). Entretanto, com o passar do tempo a expressão economia política
foi evoluindo tendo passado a ser designado por economia.

Portanto, a economia política (economia) ocupa-se da produção de bens e serviços


para a satisfação das necessidades da população (ou empresas), da distribuição desses bens e
serviços e do seu consumo pelos consumidores finais.

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Idem.
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Idem.
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Idem.

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Correntes do Pensamento Económico antes da Macroeconomia moderna

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Pensamento Mercantilista

O mercantilismo foi o nome dado a um conjunto de práticas económicas


desenvolvidas na Europa na Idade Moderna, entre o século XV e o final do século XVIII
(Souza, 2005).
Segundo os mercantilistas, a riqueza das nações depende do afluxo externo de metais
preciosos (ouro e prata). Essa ideia levou à expansão do Comércio Internacional, provocando
maior crescimento económico das nações envolvidas. No entanto, o principal defeito do
sistema, no interior de cada país, era o de desconsiderar o relevante papel das importações no
desenvolvimento económico5 (...).
A política mercantilista, que levou ao proteccionismo da actividade económica interna
contra similares importações, no longo prazo mostrava-se prejudicial ao desenvolvimento. No
caso da França, por exemplo, além da insuficiência de recursos naturais, o proteccionismo
herdado do mercantilismo teria sido também o responsável pela industrialização tardia desse
país, em relação à Inglaterra. Ao longo do tempo, essa política dificultou a difusão
tecnológica e a adopção de processos de produção redutores de custos6. (...)
Na época mercantilista cada metrópole estabeleceu um pacto colonial com suas
colónias. Mediante esse pacto, todo o comércio externo das colónias efectuava-se apenas com
a metrópole, que fixava os preços e as quantidades dos produtos comercializados. Os preços
das manufacturas importadas pelas colónias deveriam ser os mais elevados possíveis,
enquanto eram fixados em níveis extremamente baixos. Os preços das matérias-primas e
alimentos adquiridos pela metrópole7.
Por último, é de referir que o mérito do pensamento mercantilista foi ter contribuído
para a expansão do Comércio Internacional em todo o mundo, ou seja, foi o mercantilismo
que pela primeira vez tratou do Comércio Internacional de forma mais abrangente, tendo
contribuído para o desenvolvimento das economias que hoje são conhecidas por economias
do primeiro mundo e o demérito foi ter sido considerado culpado no desenvolvimento dos

5
Idem.
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países subdesenvolvidos, isto porque, na maioria dos casos, os produtos eram exportados na
sua forma primária ou bruta das colónias às respectivas metrópoles a preços baixos, em
observância ao pacto comercial, já referenciado. A outra questão foi ter negligenciado o papel
das importações ao defender uma política comercial proteccionista, ou seja, o pressuposto de
uma balança comercial superavitária em que sempre as exportações deveriam superar as
importações (Campira, 2018:9).

Pensamento Fisiocrata

Os fisiocratas, conhecidos como ‘os economistas’, combatiam a doutrina mercantilista


ao propor uma conduta liberal por parte do Estado e ao transferir a atenção da análise da
órbita do comércio para a da produção. Segundo eles, a indústria e o comércio apenas
transformam e transportam valores; o produto líquido somente é gerado na agricultura, por
meio do factor terra, que é uma dádiva da natureza. (...) (Souza, 2005). Os fisiocratas foram
liderados por Alfred Marshall.

Conforme Souza (2005), as ideias principais dos fisiocratas resumem-se em quatro


pontos principais: (i) o aumento do investimento na agricultura eleva a produtividade agrícola
e impulsiona o crescimento do resto da economia; (ii) a economia dos gastos em bens de luxo
é indispensável para não afectar a demanda de produtos agrícolas, seus preços e o nível dos
investimentos na agricultura; (iii) eliminação das restrições às exportações é necessária para
aumentar o seu fluxo e manter em elevação os preços dos produtos agrícolas e estimular o
desenvolvimento da agricultura e do resto da economia; (iv) a redução da carga tributária
aliviaria os consumidores da elevação dos preços dos produtos agrícolas, mantendo os níveis
de demanda desses produtos e estimulando a agro-pecuária e a economia em seu conjunto.
Por conseguinte, o mérito do pensamento fisiocrata foi ter defendido o livre comércio
e a redução da carga tributária por forma a estimular o desenvolvimento da agricultura e do
resto da economia. Uma vez que a agricultura é a base de desenvolvimento de muitas
economias, especificamente as economias africanas que possuem largas porções de terra
arável e com condições de irrigação, apesar de muitas delas, até aos nossos dias, não
aproveitarem este seu potencial. Por último, referir que a redução da carga tributária
possibilita a entrada de muitos investimentos no país, contribuído de forma positiva para o
alargamento da base tributária (Campira, 2018:14-5).

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Pensamento Clássico

Adam Smith (1723-1790), com a publicação da sua obra “A Riqueza das Nações”
em 1776, ficou conhecido como o Pai da Economia Politica. Tendo, dentre varias questões
defendido A “Mão-Invisível”, ou seja, não intervenção do Estado nos assuntos económicos,
assim Smith defendeu que o Estado apenas deveria garantir a defesa, a segurança e algumas
obras publicas, sendo que as questões económicas deveriam ser resolvidas pelas forças do
mercado de “Procura e Oferta”. Os economistas Clássicos apresentaram o pressuposto de que
as economias funcionam em pleno emprego (ou na sua capacidade máxima de produção)
significando que nas economias não existem recursos ociosos, ou seja, todos os recursos na
economia estão sendo empregues de forma eficiente. Estes economistas também
argumentaram que, “o elemento, essencial do aumento da riqueza é o trabalho produtivo. O
volume de produto obtido por trabalhador num dado período de tempo, depende da
intensidade do capital, da tecnologia e da divisão do trabalho, possibilitada pelo aumento da
dimensão dos mercados”.
Os economistas Clássicos também concordaram a Lei dos Mercados de Say,
segundo a qual, “A Oferta Cria a Sua Própria Procura”, ou seja, tudo o que é produzido é
consumido. Estes economistas também defendiam: o comércio livre, propriedade privada dos
meios de produção, liberdade de expressão, eleições livres e justas, etc.
Assim, com a publicação da obra de Adam Smith a economia passou a ser conhecida
como uma ciência social.
Por último, dizer que Adam Smith teve como seguidores: David Ricardo; Jean
Baptiste Say (que criou a lei dos mercados); John Stuart Mil; Thomas Robert Malthus;
Jeremy Bentham.
por Zito Manuel Campira, 2021-05-15

Pensamento Neoclássico

O pensamento neoclássico ou marginalista que foi liderado por Alfred Marshall, que
teve como seguidores H. Gossen; Carl Menger; Stanley Jevons – surgiu, segundo Souza
(2005), “por volta de 1870 como reacção aos movimentos socialistas de meados do século
XIX, que eclodiram devido à concentração de renda e à intensa migração rural-urbana

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decorrentes da industrialização”. Conforme Souza, “Os neoclássicos combatiam a clássica


baseada no valor-trabalho e na ideia de que a renda da terra não era socialmente justa”.
Assim, na busca de soluções, “novas teorias foram desenvolvidas para o valor, divisão e
formação dos preços”.
Prossegue Souza, afirmando que, “as suas suposições são os de que a economia é
formada por um grande número de pequenos produtores e consumidores, incapazes de
influenciar isoladamente os preços e as quantidades no mercado. Os consumidores, de posse
de determinada renda, adquirem bens e serviços de acordo com os seus gostos, a fim de
maximizarem sua utilidade total, derivada do consumo ou da posse das mercadorias. Essa é
uma concepção hedonista, segundo a qual o homem procura o máximo prazer, com um
mínimo de esforço”.
De acordo com os economistas neoclássicos, a utilidade de um produto determina o
valor dos bens, a quantidade demandada e, então, o preço de equilíbrio do mercado de cada
bem. Isso foi representado por Marshall em gráfico de duas dimensões, determinando o
equilíbrio parcial pela interacção da oferta e da demanda de cada bem, segundo os seguintes
passos”: (1) “Quanto maior a utilidade do bem, tanto mais ele será procurado pelas pessoas e
tanto maior será o seu valor e seu preço”; (2) “Quanto maior for o preço, tanto mais as firmas
querem produzir e vender tal produto”; (3) “O equilíbrio do mercado é aquele em que há um
preço único para vendedores e compradores, em que a quantidade demandada é igual à
quantidade ofertada” (Souza, 2005).
Por último, interessa aqui destacar que o mérito do pensamento neoclássico foi ter
desenvolvido a teoria de utilidade dos bens que é estudada até aos nossos dias na teoria do
consumidor e também ter desenvolvido a Cruz Marshalliana – que é um modelo de procura e
oferta largamente utilidade na análise económica, entre outras questões importantes
abordadas nos parágrafos anteriores.

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