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Direito Comercial
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A troca de produtos entre os seres humanos ocorre desde os tempos
mais remotos da nossa história. No entanto, a necessidade de constituir
uma legislação que disciplinasse esse instituto tornou-se cada vez mais
evidente ao longo dos anos. Inicialmente, o Código Comercial de 1850
foi estabelecido para disciplinar as relações mercantis entre os cidadãos.
Mais tarde, já em 2002, o Código Civil apresentou um livro que disciplina
os atos empresarial e empresário.
Neste capítulo, estudaremos a evolução e as fases do Direito Comercial
brasileiro, bem como o surgimento e as fontes da teoria da empresa.
Teoria da empresa
Juridicamente, a empresa surgiu na Europa no século XVII. No entanto, o Código
Civil italiano de 1942 foi o verdadeiro marco no âmbito legislativo, sobretudo para
os países que utilizavam o sistema da comercialidade, como o Brasil. Desde então,
contemplava-se empresa mediante a adoção de leis esparsas que se adequassem
ao caso concreto. Portanto, o Código italiano foi o instrumento que validou,
de fato, o sistema normativo da empresa, visto que trouxe o estatuto jurídico
qualificador do empresário, assim como o conceito de azienda (“empresa” em
italiano). Dessa forma, ele organizou as atividades desenvolvidas e regulou as
relações interpessoais de trabalho frente à empresa e em torno dela, todas as
partes integradas de um único sistema de unificação obrigacional, suplementado
por uma lei de falências independente (BULGARELLI, 1985).
Logo, o Código Civil italiano associou a teoria da empresa à indispen-
sabilidade de uma figura que se aplicasse a diversos moldes de atividades
econômicas. A empresa foi inserida nessa circunstância como uma associação
entre atividade econômica e organização. O legislador italiano não se ateve
aos conceitos e particularidades, além de haver preterido a doutrina e a juris-
prudência à atribuição de investigar esses elementos na esfera jurídica, nivelar
princípios tradicionais em prol do lucro e da habitualidade, que são elementos
determinantes do conceito de empresa (PACIELLO, 1978).
Inúmeros jurisconsultos italianos se aplicaram ao estudo do conceito da
empresa. Cesar Vivante (1932) defendia a ideia de que empresa é um organismo
econômico que, por seu próprio risco, recolhe e põe em atuação sistemati-
camente os elementos necessários para obter um produto destinado à troca.
O doutrinador Waldírio Bulgarelli (1985), por sua vez, acrescenta que essa
combinação dos fatores, sejam eles naturais, capitais ou trabalhistas, produ-
ziriam resultados impossíveis de serem alcançados de maneira individual.
Juntamente com o risco que o empresário assumiria para produzir uma nova
riqueza, eles se tornariam requisitos indispensáveis à empresa.
Atualmente, para conceituarmos empresa, é necessário atentarmos a quatro
subdivisões que objetivam facilitar a administração e, ao mesmo tempo, evitar
prejuízo. Como explica Coelho (2012), a persecução do lucro, a atividade
econômica, o método do labor e a profissionalidade, aplicados de forma simul-
tânea e harmônica, reduzem a probabilidade de eventuais perdas financeiras.
Rubens Requião (2012) cita o parecer do professor Fábio Asquini ao explicar
que a empresa não apresenta um único conceito devido à sua mutabilidade,
de modo que é necessário pensarmos nela como um evento poliédrico, isto é,
dividido em quatro formas (REQUIÃO, 2012):
Evolução histórica do Direito Comercial 7
De acordo com Requião (2012), a lição elaborada por Asquini demonstra que
a empresa é compreendida como uma atividade organizada sem fins lucrativos,
de forma que não há confusão entre a figura da empresa e a do estabelecimento.
Como lecionam Valente, Castro Neto e Dias (2013), devemos lembrar que ela
apresenta como foco principal produzir determinado bem ou serviço, além de
obter lucro sobre o que foi investido inicialmente. Por outro lado, o estabele-
cimento é o espaço para o funcionamento da empresa e, consequentemente, é
fundamental na elaboração do produto ou na execução do serviço em questão.
No século XIX, a doutrina passou a reconhecer a importância da relação
existente entre as pessoas jurídicas do comércio, de modo a envolvê-las em
parcerias que proporcionassem produtividade em larga escala, otimizassem
a produção e reduzissem os custos. No século XX, no entanto, como explica
Mamede (2008), torna-se essencial atentar às organizações com fins lucrativos,
visto que objetivavam suprir as diversas exigências do público-alvo. Dessa
forma, ocorre a transposição da teoria do comércio para a teoria da empresa.
Notemos que a teoria da empresa transferiu a ocorrência do Direito Co-
mercial de uma atividade (a prática de atos de comércio) para um indivíduo (o
empresário), seja ela natural ou jurídica. A essência dessa teoria fundamenta-
-se justamente nesse indivíduo economicamente estabelecido e determinado
à produção e ou à circulação de bens e serviços que se denomina empresa.
No Brasil, a reforma do Código Civil (BRASIL, 2002) permitiu a inserção
de um livro específico para tratar do Direito de Empresa. Durante o processo
de reforma do Código, o doutrinador Miguel Reale, que era supervisor da
comissão elaborada para estabelecer o novo código, afirmou:
logo, valia para o indivíduo, mas poderia não ser válida para todos. Porém,
alterações nesse cenário não tardam, uma vez que as monarquias absolutistas
se encontravam em ascendência, gerando tamanha insatisfação ao ponto de se
extinguirem ao fim do século XVII. Em meio à Revolução Francesa, inicia-se a
próxima fase de desenvolvimento do Direito Empresarial (BARREIRA, 2017).
Costume
Analogia
Doutrina
Jurisprudência
Equidade
REALE, M. Lições preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
REQUIÃO, R. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2012.
TRABALLI, A. A evolução do Direito Empresarial no Brasil. Jusbrasil, 2016. Disponível
em: <https://arthurtraballi.jusbrasil.com.br/artigos/337428511/a-evolucao-do-direito-
-empresarial-no-brasil>. Acesso em: 9 ago. 2018.
VALENTE, C. C.; CASTRO NETO, M. M.; DIAS, F. D. O contexto da nova empresa virtual
no ordenamento jurídico nacional. In: Congresso Internacional de direito e Contem-
poraneidade, 2., 2013, Santa Maria. Anais... Rio Grande do Sul: Universidade Federal
de Santa Maria (UFSM), 2013. Disponível em: <http://coral.ufsm.br/congressodireito/
anais/2013/6-15.pdf>. Acesso em: 9 ago. 2018.
VIVANTE, C. Tratado de Derecho Mercantil. Madrid: Editorial Reus, 1932. v. 1.
Leituras recomendadas
BARBOSA, W. Junta comercial resgata uso e práticas mercantis. Washington Barbosa —
Para Entender Direito, São Paulo, 26 set. 2013. Disponível em: <https://washingtonbarbosa.
com/2013/09/26/usos-e-costumes-no-direito-empresarial/>.Acesso em: 9 ago. 2018.
COELHO, F. U. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa. São Paulo: Saraiva, 2009.
COSTA, J. M. A sociedade em conta de participação no direito de empresa no código civil de
2002. 2006. Dissertação (Mestrado em Direito) — Programa de Estudos Pós-Graduados
em Direito, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2006.
REQUIÃO, R. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 1995. v. 1.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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