Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TEORIA GERAL
Cinthia Louzada
Ferreira Giacomelli
Revisão técnica:
ISBN 978-85-9502-444-1
Introdução
O Direito do Ocidente, tanto no que se refere à organização quanto no
que se refere à base de entendimento dos principais conceitos aplicados
atualmente, é legado do Direito romano. Assim, considerando a influência
do Direito romano para o Direito atual, percebemos que as codificações
também exerceram importante função, o que resultou na instituição de
códigos para organizar e evoluir o Direito brasileiro. O Código Civil foi
o primeiro deles, promulgado em 1916 e, depois de longas discussões,
substituído pelo Código Civil de 2002, atualmente vigente.
Neste capítulo, você vai conhecer as principais influências do Direito
romano, a importância da codificação e a evolução do Direito Civil no
Brasil, desde o advento da Constituição Imperial de 1824.
O Digesto era composto por 50 livros, nos quais estavam compilados trechos esco-
lhidos de cerca de dois mil livros. Os compiladores recrutados por Justiniano podiam
modificar livremente os trechos escolhidos para harmonizá-los com os princípios do
Direito da época, considerando que o trabalho de pesquisa envolvia obras de quatro
séculos anteriores.
Evolução histórica do Direito Civil 3
[...] se, por um lado, o Código foi a primeira tentativa de unificação legislativa
e o Digesto, essa obra grandiosa, as Institutas são um breve manual de estu-
do. Foram preparadas ao mesmo tempo que o Digesto e elaboradas por três
membros da comissão do Digesto, Triboniano, Doroteu e Teófilo.
Importância da codificação
Considerando a influência do Direito romano para o Direito atual, percebemos
que as codificações exerceram importante função, desde antes de Justiniano.
Historicamente, destaca-se o Código de Hamurabi, reconhecido como o pri-
meiro conjunto de normas escritas e, só mais tarde, na segunda fase do Direito
4 Evolução histórica do Direito Civil
A palavra código advém de codex que, para os romanos, indicava uma coleção de leis.
A codificação de Justiniano e outras posteriores no Direito romano não se tratavam
de códigos tal qual conhecemos hoje: eram compilações do Direito conhecido na
época, uma coleção, um conjunto de normas cuja organização permaneceu vigente
até o início do século XIX.
Caio Mário Pereira (2014, p. 65) destaca que “[...] codificar o Direito é co-
ordenar as regras pertinentes às relações jurídicas de uma só natureza, criando
um corpo de princípios dotados de unicidade e deduzidos sistematicamente”.
Não se trata, portanto, de uma simples reunião de disposições legais relativas
a um determinado assunto.
Com relação aos códigos atuais, destaca-se uma vantagem: a codificação
pode ser adaptada e atualizada em virtude de fatos da vida cotidiana que não
podem ser previstos no momento da elaboração das leis. É essa característica
que permite a permanência de um código, contribuindo para a aplicação
ordenada do Direito em busca da sua finalidade essencial, que é a regulação
da vida em sociedade.
Contudo, o sistema de códigos também apresenta uma desvantagem: a
alteração de dispositivos de um código exige cuidados especiais, sob pena
de comprometer a sua logicidade. Assim, muitas vezes, o legislador prefere
editar leis a alterar o código, o que resulta em uma multiplicidade de normas
que pode confundir e dificultar a convivência dos códigos com os chamados
microssistemas. Microssistemas, também conhecidos por estatutos (ou até
mesmo códigos, como o Código de Trânsito Brasileiro e o Código das Águas),
referem-se a leis abrangentes que tratam de um setor específico e facilmente
identificável no ordenamento jurídico. É o caso do Estatuto do Idoso e o
Estatuto do Torcedor, por exemplo.
Sobre os microssistemas, Caio Mário Pereira (2014, p. 66) ressalta:
[...] com o escopo de atualizar o Código Civil de 1916, atendendo aos reclamos
sociais, várias leis, que importaram em derrogação do diploma de 1916, foram
publicadas, dentre elas: a do estatuto da mulher casada, a do divórcio, as da
união estável, a dos direitos autorais, a dos registros públicos [...] O Direito
Civil, então inclinou-se às contingências sociais criadas por leis especiais,
acolhendo as transformações ocorridas, aluvionalmente, para atender às
aspirações da era atual.
[...] tomando como ponto de partida o Código Civil de 1916, sua preceituação
e a sua filosofia, percebe-se que o Direito Civil seguiu por rumo bem defini-
do. Acompanhando o desenvolvimento de cada instituto, vê-se que, embora
estanques, os segmentos constituíram uma unidade orgânica, obediente no
seu conjunto a uma sequência evolutiva uniforme.
DINIZ, M. H. Compêndio de introdução à ciência do Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
PEREIRA, C. M. S. Instituições de Direito Civil. 27. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. v. I.
VENOSA, S. S. Direito Civil: parte geral. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
VENOSA, S. S. Introdução ao estudo do Direito: primeiras linhas. São Paulo: Atlas, 2004.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.