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O direito comum
É conhecida a expressão direito comum, várias vezes utilizada. Direito comum (ius
commune) é o sistema normativo de fundo romano que se consolidou com os
comentadores e constituiu a base da experiência jurídica europeia até finais do século
XVIII.
Refere-se ainda o direito comum romano-canónico ou a direito comuns (iura comunia),
o que dá relevo a este segundo elemento (ius canonicum).
Ao direito comum confrontava-se os ordenamentos jurídicos particulares, os direitos
próprios. Têm relevo os direitos locais ou dos Estados, compostos por normas
consuetudinárias e legislativas.
Durante os seculos XII e XIII o direito comum sobrepôs-se às fontes com ele
concorrentes. Existem também referencias ao direito comum com o significado de
direito português, isto quer dizer, o direito que devia aplicar-se de preferência a
qualquer outro, exprimindo a ideia de que o direito romanístico só vigorava como
direito subsidiário no nosso país.
Ordenações
A ordem jurídica portuguesa encontrava-se nas Ordenações do Reino, das quais faziam
parte as Ordenações Afonsinas, as Ordenações Manuelinas, e por último, as Ordenações
Filipinas. Com as Ordenações tinha-se em vista sustentar os aspetos legais da vida dos
portugueses. O direito, pela sua vertente social, foi decisivo no esforço da construção de
uma organização civil. As Ordenações fornecem sem dúvida elementos para a
compreensão do período da sociedade.
Etimologicamente: Verbo ordenar, por em ordem. O quê? O que estava disperso. Já
havia nesta época muitas leis que estavam dispersas. O objetivo de uma grande
compilação é para evitar que se perdessem.
ORDENAÇÕES AFONSINAS
No início do século XV, sente-se a necessidade de uma compilação que reúna as várias
fontes de direito. O rei legisla abundantemente, e isso faz com que nem sempre se tenha
conhecimento da ordem vigente. As ordenações traduziram uma preocupação de
sistematização do direito.
Várias vezes as Cortes tinham pedido a D. João I a organização de uma coletânea em
que se coordenasse e atualizasse o direito vigente.
D. João I, naturalmente sensível ao problema, atendeu a esse pedido e encarregou João
Mendes, corregedor da Corte, de preparar a obra pretendida e fazer as primeiras
ordenações oficiais. Entretanto, ocorria a morte de D. João I e, pouco depois, a de João
Mendes. Por determinação de D. Duarte, a continuação dos trabalhos preparatórios foi
confiada ao Doutor Rui Fernandes, outro jurista de méritos firmados, que pertencia ao
conselho do rei. Porém, a obra ainda não estava concluída no fim do breve governo de
D. Duarte. Falecido este rei, o Infante D. Pedro, regente na menoridade de D. Afonso V,
incitou o compilador a aplicar-se à tarefa. Rui Fernandes viria a considerá-la concluída
em 28 de julho de 1446, na Villa da Arruda, (atual Arruda dos Vinhos), procedeu-se à
sua publicação com o título de ordenações, em nome de D. Afonso V.
Os compiladores reuniram nas Ordenações diversos textos, como textos originais, leis
anteriores, capítulos da corte, respostas a petições ou dúvidas, concórdias e concordatas,
bulas, disposições dos direitos romano e Canónico, costumes gerais e locais, estre
outros, as fontes que vigoravam na época foram reunidas nas ordenações Afonsinas
Quanto ao sistema de compilação existem dois estilos (cada compilador tinha o seu
estilo). O sistema de compilação (João Mendes) é a técnica legislativa (estilo atual).
Os livros II, III, IV e V apresentam um estilo compilatório, no qual se transcrevem as
fontes anteriores e declara-se se os preceitos nelas contidos são confirmados, alterados
ou mesmo negados.
As Ordenações Afonsinas, foram as primeiras ordenações, compilações oficiais da era
moderna. Foram promulgadas durante o reinado de D. Afono V tendo como objetivo
esclarecer a aplicação do direito canônico e romano em Portugal. Mantém-se a estrutura
básica de cinco livros, integrados por títulos e parágrafos. Conserva-se a distribuição
das matérias (as Ordenações Manuelinas ofereçam consideráveis diferenças de
conteúdo). Mas de algum modo, não houve uma transformação radical ou profunda do
direito português. Sob o ponto de vista formal, marca um progresso de técnica
legislativa, que se traduz no facto de os preceitos se apresentarem sistematicamente
redigidos em estilo decretório, como se de novas normas se tratassem.
As Ordenações Afonsinas estão então divididas em cinco livros, (seguindo a
organização dos Decretais de Gregório IX (de 1234 - coletânea de normas pontifícias),
divididos em títulos que por sua vez estão divididos em parágrafos. O Livro I trata dos
cargos públicos. O Livro II trata da matéria relativa à Igreja, dos direitos do rei, da
administração fiscal, privilégios da nobreza, jurisdição dos donatários e da legislação
especial de judeus e mouros. O Livro III trata do processo civil. O Livro IV trata do
direito civil (regras para contratos, testamentos, tutelas, distribuição e aforamento de
terras). E o Livro V trata do direito penal. Cada livro tem uma breve síntese do seu
conteúdo sendo o do livro I o mais extenso uma vez que é nele que se revela a história
da compilação.
É no livro II, que encontramos uma importante lei, que diz por que ordem é que as
fontes que se conheciam se sucederam. Diz o Rei nesta lei que há fontes primárias
(fontes que devem ser aplicadas em primeiro lugar) e fontes secundárias (fontes que só
se aplicam se as fontes primárias não oferecerem solução).
Nas ordenações afonsinas as fontes primárias são três: Lei, que é a fonte do Rei; estilo
da corte, que também acabava por ser do Rei e o costume. Não falta de solução para o
caso, nestas fontes e por esta ordem, é que se recorria às fontes secundárias, que eram:
O direito canónico, direito romano, glosa de Acúrcio, opinião de Bártolo, resolução
régia. Estabeleceram um caracter imperativo da hierarquia das fontes, ou seja, as fontes
do direito nacional seriam as que os tribunais teriam que aplicar, as leis do reino, os
estilos da corte, os costumes e depois tínhamos as fontes mediatas ou as fontes
subsidiárias. Na ausência de direito português então seria possível recorrer ao direito
subsidiário. Há diferenças entre as ordenações em particular das afonsinas para as
manuelinas no que diz respeito à hierarquia das fontes do direito subsidiário.
As Ordenações Afonsinas têm a seguinte hierarquia: Em primeiro lugar, na falta de
direito nacional recorria-se a direito romano e a direito canónico, e aqui pode-se desde
já questionar, qual deles é que tinha maior campo de aplicação, se o direito romano ou o
canónico.
O critério é o seguinte: Distinguiam-se matérias de natureza temporal e matérias de
natureza espiritual e ainda havia o critério do pecado. Em matéria de natureza temporal
aplicava-se o direito romano (salvo, se a solução oferecida pelo direito romano
conduzisse a pecado), esse caso então recorria-se a direito canónico:
O direito canónico aplicava-se nas matérias espirituais e aí com caracter exclusivo,
desde que tivesse solução. Aplicava-se nas matérias temporais quando a solução do
direito romano conduzisse a pecado e ainda nas matérias temporais em que o direito
romano nada dissesse, o que significa que nesta relação entre o direito romano e o
direito canónico, como primeiras fontes subsidiárias de direito nas ordenações afonsinas
há uma clara prevalência de canónico.
O que é um exemplo de pecado? Por exemplo: A usucapião (uma forma de aquisição do
direito de propriedade sobre um bem móvel ou imóvel por se ter utilizado esse bem num
determinado lapso de tempo de forma contínua como se fosse o verdadeiro proprietário)
de má fé ou a chamada prescrição aquisitiva de má fé (como também comtemplada no
nosso código civil), era considerado pecado. Então se o possuidor estava de má fé, esta
era uma solução considerada de pecado e recorria-se a direito canónico. O direito
canónico não permitia a usucapião de má fé. Tudo aquilo que violasse a moral cristã são
exemplos de má fé. Na ausência de direito romano ou canónico para a resolução de
problema, recorria-se de seguida à Glosa de Acúrcio e de seguida à Opinião de Bártolo,
prevalecendo a Glosa de Acúrcio sob a Opinião de Bártolo e a Opinião de Bártolo
prevalecia sob qualquer outra opinião que houvesse da Escola dos Comentadores. Estas
eram as fontes de direito subsidiário, em situação de igualdade, de paridade hierárquica
mas o direito canónico com um campo de aplicação superior, (pelo menos em teoria),
seguida da Glossa de Acúrcio de Opinião de Bártolo. Em último lugar recorria-se ao rei.
Havia uma grande desvalorização do papel do juiz, este tinha sempre que ter uma fonte
de direito, não se apelava a uma atividade criadora do magistrado. Se não tivesse
nenhuma fonte, imediata ou mediata de direito então consultava o rei e este daria a sua
opinião e valeria para casos futuros análogos. De igual modo se recorria ao rei numa
situação muito particular, que era quando o caso concreto, não envolvendo matéria do
pecado, nem matéria que pudesse aplicar-se o direito canónico, não sendo disciplinada
pelo direito romano e havia divergência entre a solução do direito canónico e a solução
oferecida pela Glosa de Acúrcio ou a Opinião de Bártolo, neste caso especifico também
se recorria ao rei. E é esta a hierarquia das fontes subsidiarias nas ordenações afonsinas.
Quais os seus méritos e os seus pontos fracos?
Três méritos são apontados: É a primeira compilação oficial de Portugal; sem estas
ordenações muitas leis que lá se encontram não seriam hoje descritas e revela a
independência do nosso direito, o reconhecimento da superioridade do direito
português. Quanto aos pontos fracos: Uma relativa falta de unidade. Tem de haver um
sistema, uma coerência, aqui há falta, choque entre princípios do direito português e do
direito Romano; leis por vezes atribuídas a um rei que no fundo são de outro. Erro na
autoria de uma determinada lei e por fim as Ordenações Afonsinas tiveram uma duração
de 60 anos. A realidade social muda e as leis podem ser alteradas, existe uma dinâmica.
Mesmo com seus defeitos, estas ordenações assumem uma posição destacada na
história do direito português e simbolizam o final da evolução legislativa que ocorria
desde o reinado de Afonso III. Afirmaram e consolidaram a autonomia do sistema
jurídico nacional no conjunto peninsular, representam o suporte da evolução
subsequente do direito português, servindo ainda de base para as ordenações seguintes,
as Ordenações Manuelinas e Filipinas, que se limitaram a atualizar este código.
Contudo, a sua aplicação não foi constante no Reino e esta Ordenações vigoraram muito
pouco tempo (foram aprovadas no século XV), até as suas sucessoras, as Ordenações
Manuelinas. Sendo que em 1505 já se havia tratado da sua reforma.
ORDENAÇÕES MANUELINAS
Fontes subsidiárias são fontes mediatas do direito (um existir recorre-se ao direito
mediato, Subsidiário, Direito Romano, Direito canónico, glosa da acurcio, A opinião
comum dos doutores) e não imediatas (Lei, o costume, o estilo da corte).
Comparação entre as ordenações Afonsinas e Manuelinas
Há matérias que aparecem nas ordenações Afonsinas e que não aparecem nas
ordenações manuelinas (legislação entre mortos e judeus).
Afastado o direito de avoenga (Preferência de um familiar) nas ordenações manuelinas.
Matéria nova nas ordenações manuelinas, faculdade a fazer assentos (assentar é
registar). Se uma lei fosse suscetível de interpretações diferentes, temos duas soluções
diferentes. Instabilidade e insegurança. Interpretação autêntica. Fez uma lei que
havendo dúvidas eram resolvidas na casa da suplicação. Registada num livro na casa da
suplicação. Assentos que nada mais são que em que a interpretação autêntica do rei.
Ordenações Filipinas
Fontes imediatas e mediatas. São leis previstas nas nossas ordenações, a lei, o estilo da
Corte e o costume.
A lei, diploma com alguma solenidade que manifesta a vontade do rei.
Estilo da corte, jurisprudência constante e uniforme dos tribunais superiores. Carácter
vinculativo no presente e no futuro. Para que fosse fonte do direito em Portugal teria
que ter três requisitos: duração de três anos; constante a partir da segunda decisão destes
tribunais, não contra lei.
O costume era na altura aquilo que é hoje. Elemento material e espiritual. Isto já vem
desde 1248, esta noção do costume é uma nação científica. O costume traduza vontade
tácita do rei. Se ele não afasta (o rei) o vincula, manifestação da sua vontade. Três as
espécies de costumes. O costume só tinha carácter vinculativo a partir da segunda
sentença do Tribunal, 2º Deve ter racionalidade, quanto ao tempo, o costume além da lei
deve ter uma duração mínima de 10 anos e contra lei de 40 anos. Se não houver lei,
hostil da Corte e costumes estamos perante uma lacuna um problema com a reclama
uma solução. A integração de lacunas integrava-se recorrendo a um outro direito, o
direito subsidiário.
O nosso direito era muito lacunoso por isso recorria-se com muita frequência ao direito
subsidiário.
Ordenações Afonsinas, como aplicar o direito subsidiário? Antes das ordenações
Afonsinas, os nossos tribunais eram livres de aplicar o direito romano, canónico e
castelhano. A partir daqui os nossos tribunais estão determinados a seguir as ordens
afonsinas.
Primeiro lugar deve recorrer ao direito romano para procurar a resposta à lacuna,
quando contrariam o direito canónico, aplica-se este, se a solução violar a ética cristã.
Glosa de Acúrcio, dá corre saí isto sendo lacunosa mandam recorrer a escola de Bártolo.
Se falhar as ordenações Afonsinas mandam recorrer ao rei para integrar essa lacuna
como rei devia resolver o problema no caso de contradições.
Ordenações manuelinas, como integravam as lacunas? Alterações, desapareceu a
distinção entre matéria espiritual ou temporal. Mandam recorrer ao direito romano
(Solução igual a das ordenações Afonsinas), segundo lugar ao Direito canónico (solução
também igual). Sendo lacunoso o direito canónico, a glosa de Acúrcio, e se também for
à opinião de Bártolo, mas se for em contrário a opinião dos doutores (que é de afastar a
glosa da curso e opinião de barco), deve ser resolvido pelo rei. A opinião dos doutores é
a via para o rei, importante. Opinião dos doutores não é direito subsidiário, o que deve
ser é recorrer ao rei.
Será que os tribunais portugueses obedeceram o direito subsidiário? Três desvios,
primeiro os tribunais resolvermos lacunas através de soluções dos doutores (fizeram um
direito subsidiário, que não era), segundo direito castelhano, os nossos tribunais por
vezes aplicar o direito, terceiro os nossos tribunais aplicar o direito romano e canónico
pondo de parte do direito português. Mostraram que a prática nem sempre seguiu as
nossas ordenações.
Direito subsidiário É algo diverso daquilo que hoje se entende. O direito português
tinha muitas lacunas. Todas as fontes de direito não eram suficientes para integrar as
lacunas. Este sistema de lacunas que é +1 sistema de fontes de direito significa um
papel pouco relevante por parte do juiz. Aqui havia uma necessidade do juiz ter outra
fonte de direito, e em última instância perguntava ao rei , Este mecanismo só termina no
século XIX. Este sistema de integração de lacunas são verdadeiras fontes E isto também
era uma justificação de que o direito português não era autónomo. Só no século XIX? É
que se vai dizer que os códigos são perfeitos (positivismo), completos perfeitos.
Assume-se que o direito português não é autónomo e assume-se que o juiz tem um
papel pouco relevante. Não estamos perante um problema de lacunas propriamente dito”
É também um problema político (de relevância extrema) relevância do Estado sobre a
igreja.
Assentos
Nas Ordenações Afonsinas como depois nas Ordenações Manuelinas e nas Filipinas
menciona-se, entre as fontes do direito, o estilo da Corte.
O conceito de estilo não era unívoco, sendo certo todavia, que se tratava de 1
costume de origem judiciária, isto é, aparecido em tribunal. Não estavam os autores de
acordo não só quanto á sua génese em concreto – costume derivado da prática de 1 ou
mais de 1 juiz?- como quanto à matéria – para alguns, o estilo respeitava ao direito
adjectivo ou como se dizia à ordem do processo (modo de ver perfilhado já por
Bártolo); para outros, ao contrário, os estilo poderia concernir igualmente ao fundo da
causa. O estilo (que se formava nos tribunais de última instância ou superiores) devia,
como as demais fontes de direito, obedecer a certos requisitos. Nomeadamente, não
devia, tal como qualquer acto judicial, contrariar a lei; devia ser prescrito, ou seja,
existir à mais de 10 anos; e ainda ser plural, quer dizer que não bastava 1 acto judicial
para se ter um estilo, antes se impunha a multiplicidade de actos. Depois do Assento de
20 deDezembro de 1757, julgou-se que o estilo devia ser também conforme à Boa
Razão.
De acordo com as Ordenações, os estilos da Corte legitimamente estabelecidos
constituíam lei e se deviam observar como tal (desde que aprovados por Assento).
Por força de 1 diploma de 7 de Junho de 1605 só eram tidos por estilos os que
fossem estabelecidos e aprovados por Assento da Mesa Grande. Embora considerado
como lei e valesse como lei, carecia o estilo de ser provado, o que se fazia por atestação
dos Desembargadores ou Advogados. Os estilos foram compilados por João Martins da
Costa, mas em relação aos nãoconfirmados por Assento não se lhes devia conferir maior
autoridade que a qualquer praxista, na opinião de Corrêa-Telles.
RENASCENÇA
Nos séculos XI/XVI, a Renascença estabelece passagem da idade média para a Idade
Moderna. Renascença significa renascer, alguma coisa que já nasceu e se afastou.
Renascimento, movimento cultural daquilo que se tinha perdido, a cultura greco-
romana. No século XV e XVI recupera essa cultura clássica, movimento intenso e
profundo chamado a Renascença. Recuperação da cultura clássica. 1453 o início da
Renascença. Conquista de Constantinopla, os romanos fugiram para Itália. Com a
destruição da sua cultura fugiram para Florença e Veneza. Com grandes reflexos, muito
profundo, movimento cultural que transformou a sociedade e o homem passa a ser ativo
e interessado, que tem um papel decisivo, que tenho poder de eleger os seus
governantes. Elemento de grande movimentação. O homem volta a ser a medida todas
as coisas. Homem novo desligado da figura do homem medieval, que valoriza a cultura,
as artes, literatura. É um movimento heterogéneo, No campo político dá-se a
consolidação dos estados com a fixação das fronteiras e afirmação do Espírito
nacionalista. Juridicamente Renascença ou com essa liberdade interpretação (communio
opinio docturum) pretendendo-se a substituição do método escolástico pelo método
histórico-crítico implica afastamento da idade média com o surgimento da idade
moderna. Causas: a tomada de Constantinopla provocou a imigração para Itália.
Descoberta da imprensa, com ela o aumento de livros é tão grande que as pessoas
passaram a ler. Aumento do saber, esta difusão do livro é uma ambição cultural, passa o
homem a ser mais culto. Terceira causa, os descobrimentos, a descoberta de novas terras
provocou um abalo na região (sai empobrecida). Abre a porta ao laicismo, sociedade
laica, Comércio, especiarias, Indústria e este comércio era riqueza e bem-estar, diminui
a criminalidade. Aumento da segurança depois ano muita fome e menos criminalidade.
As pessoas reúnem-se e desculpem, propõe revoluções, podem se deslocar a noite.
Acréscimo de bem-estar. A decadência da escola dos comentadores porque pelo uso e
abuso da opinião comum dos doutores (isto é, a e Opinião Comum dos Doutores).
Método dos comentadores, escolástico, leitura de um texto, de um caso prático, caso
concreto, momento da questionação. Depois procurava os autores, perante as
discordâncias dava opinião sobre aquele tema. Referia as várias opiniões dos doutores e
concluir com sua opinião (método de profundidade enorme, os alunos saíam preparados,
mas se nos perguntarem sobre comodato (por exemplo), já não sabiam, Esse era o
grande defeito. O estudo das interpolações foi iniciado na Renascença através da ação
dos glosadores e pós-glosadores
A escola e entre em decadência e vem a escola humanista culta, escola francesa.
Que efeitos produziu a Renascença? Movimento muito heterogéneo e rico que produziu
efeitos em várias áreas. Político, consolidação do estado moderno; económico, a
Renascença produziu nove sistema económico, capitalismo; arte, Miguel Ângelo,
Leonardo da Vinci, pintores e esculturas extraordinárias, edifícios. A arte manuelina,
combater opinião comum dos doutores a nascença temos a partir de agora a liberdade de
pensar, de interpretar a lei, e esta liberdade choca. Em relação ao direito romano a
Renascença produziu uma orientação racionalista e romanista. A racionalista defende a
substituição do direito romano pelo estudo direito natural porque a fonte do direito é
ratio, na sua versão mais radical, ou o estudo do direito humano filtrado pela razão na
sua versão moderada, não será dizer que só se deve estudar Direito Romano com
interesse prático atual (considerar-se-á uma primeira versão do uso modernus
pandectarum. Duas posições, posição radical e moderado.
Posição racionalista – racionalismo radical irracionalismo moderado. Quem entenda
que se deve continuar a estudar o direito romano. O direito romano ultrapassado deve
ser posto de lado. Orientação século XVII/ século XVIII, uso moderno das pandectas,
raízes no racionalismo moderado.
Posição romanista – constituída pelos pensadores que defendem o direito romano.
Humanismo historicista defendeu que se deve estudado direito romano clássico. O
direito clássico é o direito que vai de encontro aos ideais da Renascença. Há quem
entenda que a velha escola dos comentadores deve continuar, orientação seguida na
escola Bártolista – escola culta.
A Escola Culta
Criada em Itália por Aliciato, a nova escola depressa passou para a França, escola culta,
dos jurisconsultos humanistas. Estudar o direito romano clássico é o objetivo desta
escola. Dedicando-se ao estudo do direito romano clássico através do método histórico-
crítico.
Escola culta, do jurisconsultos cultos ou mos gallicus. Esta escola era constituída por
juristas de mérito como Cujácio e Donellus.
Abriu novos horizontes a romanistica com a preocupação com as interpolações e com a
sua pesquisa ficou fora do estudo do Direito Romano no período dos glosadores e dos
comentadores e veio a ser estudado a partir da escola culta ou elegante no séc. XIV. A
preocupação histórica desta escola, contrastando com o pragmatismo das escolas
anteriores, decisivo para surpreendentes descobertas asobre do método de compilação
de Justiniano.
Procura das interpolações (Envolve conhecimentos profundos e grande erudição).
Aurores Cujácio, escola cujaciana. Méritos: a França país apagado no direito, subiu para
a ribalta por causa desta escola, a ciência jurídica, E levou a França é um país apetecido.
Código de napoleão, 1804. Mérito inapagável. Em Portugal não teve grande sucesso.
Forma inculta em Portugal (não havia conhecimento eurudito). Figuras representativas
Maquiavél e Jean Boundin.
Literatura jurídica-conciliação entre a escola italiana e francesa. Nomes-Manuel da
Costa, Aires Pinhel e Heitor Rodrigues.
Ensino universitário em Portugal andou numa roda viva e o rei Dom João III fixou-a em
Coimbra (1537?). Universidade Portuguesa fundada no século XIII-faculdade de leis e
faculdade de Canones.
Método escolástico, o método da escola dos comentadores, método seguido na
universidade portuguesa. Liberdade na interpretação e o choque opinião comum dos
doutores.
SEGUNDA ESCOLÁSTICA
Aristóteles (pai do direito natural) influência aristotélica. Deus criou o mundo São
Tomás de Aquino reputado autor igreja. Natureza diversificada, primeiro momento
Deus criou mundo, criado o mundo havia que disciplinar a vida desses seres. Deus criou
a lei eterna, lei estável, lei criada pela razão de Deus, Deus é o primeiro a obedecer a lei
eterna. Criador e súbdito dessa lei. Lei natural ou direito natural. É uma parte da lei.
Legislador É Deus, que criou através da razão, não através de vontade. Criado o direito
natural pela razão divina para que os homens possam obedecer. É necessário conhecer
as normas. Como se dá a conhecer o direito natural? Descobrimos olhando a natureza
humana. Três tendências: tendência para a perpetuidade da espécie, sociabilidade, os
homens na sua vida se aproximarem de Deus.
Quais as funções que o direito natural desempenha? O direito dos homens, direito
positivo e o direito natural, criado por Deus. O direito natural estando acima proíbe,
função para proibitória e sugestiva. Duas espécies de leis. Leis primárias e leis
secundárias. Primárias são as leis universais, a todos os homens, não muda, são
imutáveis (ex. direito à vida), universais, aplicam-se a todos. A secundárias são leis de
importância menor, leis variáveis. Posição voluntarista, para esta corrente Deus criou o
mundo e fez uma lei chamada Lei eterna para regular a vida do mundo, só que agora a
lei foi criada pela “lei divina”. A lei natural é uma parte da lei eterna. O voluntarismo
conduz a negação do direito natural. No século XIII discussão vida entre os tomistas e
voluntarista. Recusa do direito natural como base teológica. Período barroco, Espanha e
Portugal. segunda escolástica vive num ambiente de crise gerado na “renascença”.
Olha-se para trás para a idade média e para a frente, olhar para um homem novo, crítico,
independente, ativo, empenhado em saber, que vai ser o homem da idade moderna. Isto
marca um ambiente de crise, ambiente da segunda escolástica.
Como autores temos: Francisco de Molina, Francisco Soares, Serafim de Freitas.
Problema que foi objeto de estudo, a relação entre o direito e a moral a um espaço
comum mas também um espaço diferente. A um grupo de normas que são
simultaneamente morais e jurídicas e outro grupo não.
De referir o direito das gentes, direito internacional público, sendo considerado o pai do
direito internacional público um espanhol de nome Francisco de Vitória, um teólogo
espanhol neo-escolástico, conhecido pelas suas contribuições para a teoria da Guerra
Justa e como um dos criadores do moderno direito internacional. Estamos perante o
problema da distinção entre a guerra justa e injusta.
Sobre a questão de qualquer povo poder navegar nos mares ou não, temos duas
doutrinas: a do mar é Mare clausum ("mar fechado") termo legal usado no direito
internacional, ou Mare Liberum (Em oposição ao Mare Clausum), surgem nações
europeias a reclamar o domínio dos mares.
Outro problema de teoria política é o problema da legitimidade da soberania. Famosa
doutrina da soberania popular inicial e alienável. Teoria desenvolvida pelo espanhol
Francisco Soares. Quem tem o poder é Deus. Deus dá esse poder à comunidade, ao
povo, e daí vem o nome soberania popular, terceiro momento é como a comunidade não
se pode governar a si própria, concerne ao rei. A comunidade faz um pacto com o rei,
mas o rei obriga-se a governar o povo ao interesse do próprio povo. Outro tema
estudado foi ética económica, a usura do preço justo, outro tema do direito natural, vem
da escolástica. Estamos no século XIII passamos ao século XVI e a solução não está
dada. A crise continua, não se harmoniza, a dispersão continua, só que durante estes
anos, toda esta discussão enfraqueceu os seus autores, e no meio deste cansaço surge
uma pergunta: será que o direito natural existia se Deus não existisse? Põe em causa
Deus. Enfraquece a orientação teológica da linha tomista e voluntarista. Laicizou-se o
direito natural e daqui para futuro temos a base humana.
Direito natural
Filosofia política
Um dos outros aspetos é no plano da teoria do estado, esta escola vem defender que a
soberania provem de deus, mas é concedido por Deus ao povo e o povo atribui esse
poder ao monarca através de um contrato social e o monarca tem de cumprir esse
contrato, se não cumprir, o povo pode destituir o monarca. Esse foi o fundamento da
revolução de 1 de dezembro de 1640, da restauração da independência de Portugal.
Jurisprudência elegante
ILUMINISMO
O Iluminismo (também chamado de século das Luzes), caracteriza-se por ter sido
movimento intelectual e cultural heterogéneo, que dominou o mundo das ideias na
Europa durante o século XVIII, caracterizado pela forte importância dada à ciência e
racionalidade crítica, e recusando todas as formas de dogmatismo, especialmente o das
linhas políticas e religiosas tradicionais. É um marco de profunda transformação do
pensamento jurídico que deixaram marcas até aos nossos dias.
Influenciou as reformas pombalinas. Do ponto de vista político, o Iluminismo
desenvolveu-se sob a égide das monarquias absolutas que configuraram o Despotismo
Esclarecido, com Luís XIV e Luís XV de França, Frederico II da Prússia, José II e
Leopoldo II da Áustria. Entre nós apenas, à segunda metade de setecentos, limita-se
praticamente aos reinados de D. José e de D. Maria I.
O Iluminismo foi um período em que situava o homem no centro de tudo. Assiste-se
neste período a uma hipertrofia da razão e do racionalismo. Assim aconteceu em relação
às áreas científico-naturais, domínios ético, social, económico, político e jurídico. Em
relação à filosofia política e jurídica, o Iluminismo estabeleceu novas posições
teoréticas. É uma conceção individualista-liberal que alicerça a sua compreensão do
Direito e do Estado. Na base colocam-se os direitos originários e naturais do individuo.
Existem causas para que tal tenha sucedido, passando a explicitar: Estamos perante uma
nova perspetiva, o homem deixa de ser apático, na Renascença temos um novo homem,
um homem que constrói o seu destino, esse homem é o centro do mundo, homem do
século XVI, da Renascença. Isto veio-se a fortificar no século XVIII com o iluminismo;
as lutas religiosas entre o século XVI e o século XVII. A religião quer paz. Negação da
própria religião. Laicismo; a revolução inglesa, regime liberal e parlamentar e por fim a
revolução francesa. Estas causas originam o advento do iluminismo-século XVIII, que
se desenvolve sobre a édige das monarquias absolutas, despotismo esclarecido (forma
de governo inspirada em princípios do Iluminismo europeu da segunda metade do
XVIII). O iluminismo refere-se a um movimento cultural intenso mas heterogéneo,
diversificado.
Notas de referência a este período pode-se referir as seguintes: Colocar o homem no
centro do mundo. Hipertrofia da razão, instrumento da procura da verdade; A
secularização, rompeu-se com o teológico, acesso à verdade; o naturalismo, o homem
deixa de pertencer a dois mundos. Ligado agora ao cientismo; o individualismo, valores
da liberdade. O iluminismo reflete-se na afirmação dos valores da liberdade; o
economicismo, considera-se que a riqueza é uma bênção de Deus. E daí a utopia típica
do iluminismo. Toda a mão económica é dirigida por uma mão invisível. O Estatismo,
para responder à pergunta: para que é um Estado? Contratualismo iluminista. Dois
pensadores de referência: Locke e Rousseau, ambos partem do estado natureza. Dois
valores: a liberdade e a propriedade, dando origem ao pacto social.
É curioso que o iluminismo se traduza numa exaltação da razão humana, (sob um ponto
de partida individualista), parte do homem da sua razão. O iluminismo conviveu com o
despotismo esclarecido de Luis XIV e Luis XV, que era um ablosutista puro, so ele era
iluminado, tinha as luzes da razão ou com filipe II da Prúsia e entre nós com Dom José
e dona Maria I. O iluminismo conviveu com estas orientações absolutistas até as suas
conceções teoréticas chegarem à prática, que chegaram com a revolução francesa.
O iluminismo esta na base da revolução francesa, nós ainda somos herdeiros deste
iluminismo francês. Pode-se dizer que não há um Iluminismo mas muitos, o nosso era
um iluminismo religioso, católico, moderado e não revolucionário, reformista. Este
iluminismo assenta na razão subjetiva e critica do homem.
De todo modo, coloca-se a questão de saber quais as fontes do direito para o
iluminismo? É a razão humana. A escola racionalista é ligada ao iluminismo. A razão
humana cria direito através da lei. Porque ela é geral e é abstrata. A lei dirige-se a todos
de uma forma igual. Esta ideia de igualdade é uma ideia muito cara ao iluminismo. Aqui
temos nitidamente um afastamento do costume. O iluminismo rejeita aquilo que é
provável porque com a razão têm-se acesso a verdade. Põe-se de parte a Glosa de
Acúrcio, a Opinião de Bártolo, a Opinião Comum dos Doutores. O iluminismo defende
estudo do direito pátrio, direito natural e consagra a corrente do uso moderno das
pandectas.
Direito penal, civil, trabalho, e parte instrumental (processual). Esta visão do
iluminismo chamou se humanitarismo, tendo como objetivo social o princípio da
garantia do bem-estar dos seres humanos. É a marca iluminista no campo dos direitos
penal e processual penal, sendo o representante desta corrente César de Beccaria (1737-
1794), autor da obra Dos delitos e das penas, sendo também um verdadeiro
representante do Iluminismo.
No Direito Penal, defendeu a substituição das penas corporais pela prisão. (Ex. entrar às
varas desapareceu esta figura). Ideia de proporcionalidade entre a gravidade do delito e
da pena, as penas devem ser ajudadas a gravidade. Quanto à pena de morte esta deve ser
proibida, Os homens constroem o Estado para a liberdade e não para que o Estado as
mate. Tramitação dos processos nos tribunais, substituição do processo inquisitório pelo
acusatório. Nenhum crime sem lei, tem de haver uma lei que considere criminoso.
Importa evitar o risco de ser condenado um inocente, isso nunca pode acontecer.
Princípio “In dubio pro reo” (na dúvida, a favor do réu). Então em relação às penas
corporais, retributiva (estamos a voltar a isto). Retira do direito penal todo o conteúdo
religioso, o valor fundamental é a liberdade. A pena rainha é a pena de prisão e não a
corporal. Agora temos uma visão otimista da pessoa humana.
Destacam-se as finalidades que podem ser prosseguidas com os fins imediatos das
penas: a ideia de retribuição; a ideia de prevenção: geral e especial. A prevenção
especial, patente na obra de Rousseau (que viveu durante a época do Iluminismo, na
segunda metade do século XVIIII), O Emílio de Rousseau, que se revela uma tentativa
de restaurar o homem natural.
As penas servem para fazer com que as pessoas em geral não cometam crimes
(prevenção geral). Ou, por outro lado, assumir que as penas servem para que a pessoa
condenada a uma pena por um crime e que a tenha de cumprir não retorne a comete-la
(prevenção especial). Três grandes alterações no conteúdo do direito penal, no tipo de
penas aplicadas.
Comtemplados o princípio da proporcionalidade e o princípio da necessidade da
intervenção penal: A liberdade deve assim ser restringida o mínimo possível e o direito
penal deve interferir o mínimo necessário.
Em jeito de conclusão e no âmbito do direito penal merecem relevo as correntes
humanitaristas derivadas do iluminismo pelos quatro aspetos: Conteúdo do direito
penal: O humanitarismo entendia que o direito penal devia desvincular-se de
pressupostos religiosos, devendo assumir uma função de tutela dos interesses
necessários à vida coletiva; fins das penas: Segundo o humanitarismo a pena não é um
castigo pelo facto passado, mas um meio de prevenção de futuros crimes. Essa
prevenção era geral ou podia ser especial; respeito pela dignidade humana: Tinha de
respeitar os limites da justiça e da dignidade humana com a proporcionalidade entre a
pena e o delito e a eliminação das penas corporais substituídas pela pena de prisão;
processo penal: Ao contrário do processo criminal anterior de estrutura inquisitória, o
humanitarismo dava preferência a um processo de estrutura acusatória.
REFORMAS POMBALINAS
Alterações Legislativas
(matérias que saiem sempre) – Jusnaturalismo, reformas pombalinas (lei da boa razão
1769, estatutos da universidade 1772)
Escola jusracionalista
Experiencia elegante
Usus modernus das pandectas
Iluminismo e humanitarismo