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A FORMAÇÃO DO DIREITO PORTUGUÊS

Texto: Frederico Augusto de Carvalho Frange¹

1. FORMAÇÃO DO DIREITO PORTUGUÊS

1.1. As duas principais bases do Direito Português são o Direito Romano e o Direito Germânico. Uma terceira
fonte que também é importante citar é o Direito canônico que surge a partir da cristianização. O Direito Português
teve também uma pequena influencia do Direito Visigótico, proveniente da presença árabe e dos visigodos
na península.

1.2. O Direito Português teve poucas mudanças até 1210 (até essa data existiam somente poucas normas), a
razão disso era o fato de não haver escolas e, portanto não ser estudado o Direito em Portugal, e os
legisladores serem pessoas despreparadas e analfabetas.

1.3. Após a conquista pelo Império Romano, foi implantada uma reforma que dividiu o território. Desta forma,
a justiça era organizada com uma subdivisão das províncias (conventus). O governador era auxiliado pelo
conselho (direto romano + tradições locais).

2. REINADO DE D. DINIZ
2.1. Um dos momentos mais importantes do início da história portuguesa foi o reinado de D. Diniz entre 1279
e 1325 porque a formação da Nação Portuguesa deveu- se muito aos atos deste monarca que unificou a
língua em todo território, impondo o português nos documentos públicos, que antes eram escritos em Latim
e a fundação de Universidades. (Universidade de Coimbra)
2.2. D. Diniz fez valer em Portugal um documento legal que já vigorava na Espanha: a Lei das Sete Partidas,
que se caracterizava por ser um texto de direito comum (baseado no direito romano Justiniano, canônico e
feudal), e incluía vários assuntos jurídicos, entre eles de direito constitucional, civil, mercantil, penal e
processual, tanto civil quanto penal.
2.3. Entre as providencias de caráter processual no seu reinado podemos citar: Separação da jurisdição militar
e jurisdição civil; aplicação de novas normas na administração da justiça através da Lei das Pontarias e
regulamentação do direito de apelar diretamente para o rei.

¹ Texto produzido pelo professor a partir de compilados bibliográficos com finalidade precípua de
instrução pedagógica a respeito do tema proposto a ser aplicado aos alunos do curso de Direito, no
componente de História dos Sistemas Jurídicos.
3. ORDENAÇÕES AFONSINAS

3.1 Foram elaboradas sob os reinados de D. João I, D. Duarte e Afonso V, porém como o trabalho foi finalizado
no reinado de Afonso V, recebeu o nome de Ordenações Afonsinas. São uma coletânea de leis promulgadas, como
primeira compilação oficial do século XV, considerado também o primeiro código da Europa. Compunham -se
de cinco livros, compreendendo:

Livro I - organização judiciária e direito administrativo;


Livro II - direitos do rei, da nobreza;
Livro III - regras do processo civil;
Livro IV - direito civil e marítimo;
Livro V - direito Penal e processual penal.

Estrutura do Judiciário nas Ordenações Afonsinas


O judiciário português nessa época era dividido em 03 graus de jurisdição:
1º Grau: Composto pelos juízes singulares;
2º Grau: Composto pelos Tribunais Colegiados;
3º Grau: Composto pela Casa de Suplicação.

1º GRAU: Os juízes singulares eram divididos conforme sua especialidade, julgavam matérias determinadas.
Eram divididos em sete:
1). Juízes Ordinários: eram eleitos pelos “homens bons” (os ricos e honrados da vila);
2). Juízes de Fora: eram nomeados pelo Rei e possuíam formação em direito;
3). Juízes de órfãos: julgavam os menores;
4). Juízes de Vintena: eram os juízes de paz (realizavam casamentos);
5). Almotacéis: julgavam os direitos de vizinhança e funcionários públicos corruptos;
6). Juízes de Sesmaria: julgavam as questões agrárias;
7). Alvazis (juízes) dos avençais e dos judeus: julgavam demandas entre fucionários do Rei e entre os Judeus.

2º GRAU: Os Tribunais Colegiados eram compostos dos seguintes órgãos:.


1). Desembargo do Paço: era o local onde se apreciavam questões civis.
2). Conselho da Fazenda: resolvia os conflitos de arrecadação de tributos.
3). Mesa de Consciência e Ordem: apreciavam os recursos dos juízes singulares
¹ Texto produzido pelo professor a partir de compilados bibliográficos com finalidade precípua de
instrução pedagógica a respeito do tema proposto a ser aplicado aos alunos do curso de Direito, no
componente de História dos Sistemas Jurídicos.
3º GRAU: A Casa de Suplicação, era a última instância da justiça portuguesa, chefiada pelo Rei.

3.2. As Ordenações Afonsinas realizaram, de certa maneira, a sistematização que os tribunais portugueses
desejavam, mas o modo de assegurar seu efetivo conhecimento em todo o país necessitava ainda ser compreendido.

3.3. Embora com cinco livros, as Ordenações estavam longe de constituir um sistema completo. Estas
Ordenações não apresentavam uma estrutura orgânica comparada à dos códigos modernos. No entanto, não
ficaram em desvantagem comparadas com os outros códigos vigentes na época em outros países.

3.4. Essas ordenações ocupavam uma posição destacada na história do direito português: representaram o final
da evolução legislativa que vinha desde D. Afonso III, e forneceram as bases das coletâneas seguintes.

3.5. As Ordenações Afonsinas constituem, assim, uma importante fonte para o conhecimento do direito
anterior à sua publicação. Nem sempre os textos foram reproduzidos de uma forma exata e frequentemente
os compiladores atribuíram a um monarca, leis elaboradas por outro.

4. ORDENAÇÕES MANUELINAS
4.1. Durante o reinado de D. Manuel, (1495-1521), o problema da divulgação das Ordenações no Reino foi
mais uma vez levantado. A solução se acelerou com a invenção da imprensa que, provavelmente, fez sua aparição
em Portugal em 1487.

4.2. Mais de 50 anos se passaram depois da compilação das Ordenações Afonsinas. Muitas e novas leis foram
decretadas nesse espaço de tempo, o que levou o rei Dom Manuel a pedir uma revisão dos textos legislativos.
Para remediar esses inconvenientes, Dom Manuel ordenou "reformar estas ordenações e fazer uma nova
compilação, tirando tudo que era supérfluo, suprimindo os defeitos”.

4.3. Em 1521 tal ordenação foi promulgada, assim, substituindo Ordenações Afonsinas. Essa ordenação
compunha de 113 títulos e a inclusão de todas as leis extravagantes publicadas e não codificadas desde as
ordenações passada. Compunham -se de cinco livros, compreendendo:

Livro I - organização judiciária e direito administrativo;


Livro II - direitos do rei, da nobreza, dos estrangeiros e eclesiásticos
Livro III - regras do processo civil;
Livro IV - direito civil e marítimo (comercial);
Livro V - direito Penal e processual penal.

¹ Texto produzido pelo professor a partir de compilados bibliográficos com finalidade precípua de
instrução pedagógica a respeito do tema proposto a ser aplicado aos alunos do curso de Direito, no
componente de História dos Sistemas Jurídicos.
4.4. Apesar da enorme quantidade de leis compiladas nas Ordenações Manuelinas, um grande número de
novos decretos foram editados e publicados após sua impressão. Em geral, conhecemos somente uma pequena
parte da impressionante quantidade de regulamentos que, ao longo dos anos, multiplicaram-se infinitamente.

5. ORDENAÇÕES FILIPINAS

5.1. Por decisão do rei Felipe I , uma nova compilação foi ordenada e, em 1595, precisamente aos 5 de
junho, foi aprovada. O novo código, batizado de Ordenações Filipinas, não chegou, a princípio, a ser imposto,
por não ser suficientemente completo para substituir as Manuelinas. Somente mais tarde, por novo decreto
real de 11 de janeiro de 1603, elas entraram em vigor.

5.2. Mais que uma jurisdição liberal, sua maior preocupação é de reunir num só texto as Ordenações
Manuelinas, a compilação de Duarte Nunes do Leão e as novas leis que foram ordenadas depois das
Extravagantes. Compunham -se de cinco livros, compreendendo:

Livro I - organização judiciária e direito administrativo;


Livro II - direitos do rei, da nobreza, dos estrangeiros e eclesiásticos
Livro III - regras do processo civil;
Livro IV - direito civil e marítimo (comercial);
Livro V - direito Penal e processual penal.

5.3. Trata-se de um reagrupamento das ordenações portuguesas precedentes e não de uma legislação
castelhana como se poderia supor, dada à nacionalidade do novo rei e a situação política de Portugal.

5.4. Ordenações Filipinas regeram todo o reino português, até 1830 com o advento do Código Criminal e
posteriormente em 1832 com o Código de Processo Criminal do Império.

6. O PERÍODO POMBALINO
6.1. Já na vigência das Ordenações Filipinas, destacamos na área jurídica o Marquês de Pombal (Sebastião José
de Carvalho e Melo). Ele é considerado o verdadeiro chefe do governo no reinado de D. José I (1750-1777).
¹ Texto produzido pelo professor a partir de compilados bibliográficos com finalidade precípua de
instrução pedagógica a respeito do tema proposto a ser aplicado aos alunos do curso de Direito, no
componente de História dos Sistemas Jurídicos.
6.2. O Marquês de Pombal criou a Lei da Boa Razão de 1769, através da qual se fixaram os limites de
aplicação subsidiária do direito romano em Portugal, ela serviu para elucidar a regra de aplicação do direito
romano em Portugal.
6.3. Também reformou os Estatutos da Universidade de Coimbra em 1772, o que possibilitou um avanço no
ensino do Direito em Portugal.

Referências Bibliográficas:

FUSTEL DE COULANGES, 1830-1889. A cidade antiga: estudos sobre o culto, o direito e as


instituições da Grécia e de Roma [S.N] São Paulo: R. dos Tribunais, 2003. 363 p.

PINSKY, Jaime. História da cidadania 4. ed. São Paulo: Contexto, 2008. 591 p.

WOLKMER, Antônio Carlos. Fundamentos de história do direito 8. Ed. Belo Horizonte: Del
Rey, 2014. 560 p

GILISSEN, John. Introdução histórica ao direito 8. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,
2016. 813 p.

PALMA, R. F. História do direito. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2019

MACIEL, J. F. R.; AGUIAR, R. Manual de história do direito. São Paulo: Saraiva, 2019

¹ Texto produzido pelo professor a partir de compilados bibliográficos com finalidade precípua de
instrução pedagógica a respeito do tema proposto a ser aplicado aos alunos do curso de Direito, no
componente de História dos Sistemas Jurídicos.

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