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O direito canônico teve um significado valioso para o quadro histórico do sistema jurídico
português, especialmente o direito canônico renovado que se estabeleceu a partir de meados do
século XII, com o predomínio das fontes do direito humano sobre as chamadas “fontes do direito
divino” – em Portugal a penetração do direito canônico se deu por sua aplicação nos tribunais
eclesiásticos, por sua aplicação nos tribunais civis, primeiro como fonte imediata (no início do
século XIII) e logo depois como fonte subsidiária.
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES A RESPEITO DO DIREITO ROMANO RENASCIDO
E DO DIREITO CANÔNICO RENOVADO E DE SUA RECEPÇÃO EM PORTUGAL
OCORRIDA NO SÉCULO XIII
• A fase de recepção do direito romano “renascido” e do direito canônico renovado, encontra-se
relacionada à entrada avassaladora do chamado direito comum (Ius Commune) em Portugal;
• Costuma-se designar de DIREITO COMUM, o sistema normativo, de fundo romano (baseado nas
coletâneas de Justiniano – o CORPUS IURIS CIVILIS, um conjunto de fontes de direito romano, bastante
heterogêneo, promulgadas ao tempo de Justiniano, imperador do Império Romano do Oriente, como
resultado de intensa atividade legislativa desenvolvida entre 529 e 565) e cuja emergência, durante a
Idade Média, ter-se-ia produzido a partir dos séculos XI / XII, por força de um ambiente jurídico-
político-econômico-cultural que passou a demandar uma retomada dos estudos de direito romano
justinianeu;
• Pode-se falar também em um DIREITO COMUM ROMANO-CANÔNICO ou em DIREITOS COMUNS (Iura
Comunia) que salientam a relevância do Ius Canonicum;
• Ao Direito Comum, ou aos Direitos Comuns, contrapunham-se os Direitos Próprios (Iura Propria), ou
seja, os ordenamentos locais ou das várias “Estados” formados por normas legislativas e
consuetudinárias;
• Assim, durante os séculos XII e XIII, o direito comum (ou os direitos comuns), pelos menos no plano
teórico, se sobrepôs às fontes que lhe eram concorrentes – nos dois séculos seguintes (séculos XIV e
XV) os direitos próprios foram se firmando como fontes primeiras dos respectivos ordenamentos
enquanto que o direito comum tendeu à condição de fonte jurídica subsidiária e, a partir do século XVI,
os direitos próprios se tornaram fontes exclusivas normativas imediatas, enquanto que o Ius Commune
(ou os Iura Comunia) assumiu (ou assumiram) a condição de fonte subsidiária por condescendência da
autoridade ou legitimidade conferida pelo soberano.
Presume-se que os anos de 1446 e 1447 foram os anos da entrega do projeto
concluído e da publicação das Ordenações, sendo mais difícil determinar a data de
sua entrada em vigor, uma vez que, à época, não havia uma regra prática definida
sobre a forma de dar publicidade aos diplomas legais e o início de sua vigência;
O Livro V contém 121 títulos sobre direito criminal e processual criminal – todavia alguns
atos processuais criminais encontram-se também regulados no Livro III.
A IMPORTÂNCIA DAS ORDENAÇÕES
AFONSINAS
As Ordenações Afonsinas assumem uma posição significativa na história
do direito português, uma vez que constituem uma síntese da trajetória
deste ordenamento jurídico que, desde a primeira independência, e mais
aceleradamente, desde o reinado de Afonso III, afirmou e consolidou a
autonomia do sistema jurídico português no conjunto peninsular;