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Direito Romano ao estudo da Idade Media

Na Idade Média europeia foi essencialmente exercido o direito romano, já


implantado na zona dominada pelo Império, sendo apenas a língua, o latim, alterada
gradualmente para a língua vernácula. Surgiram contudo inúmeras dificuldades, uma
vez que a legislação não estava totalmente codificada.

As fontes do direito eram costumeiras e canônicas, porém sofreu notável


influência dos germanos e dos romanos.

Qual foi a marca principal do direito na Idade Média?


A igreja católica desempenhou um papel fundamental na formação do
feudalismo, pois como portadora principal do direito ela estruturou a visão de mundo
do indivíduo medieval, unificou a cristandade sob seu poder, interferindo nas guerras
e nas sucessões monárquicas.

Considerações iniciais

A Idade Média é um período riquíssimo da história, e nela ocorreram


importantes transformações na sociedade, nas instituições, no modo de o homem
olhar para si e para o mundo e, consequentemente, o direito perpassou todos esses
momentos, absorvendo as mudanças e criando a forma de regulação social. Apenas
para citar os eventos mais recordados, é nela que ocorreram as invasões bárbaras,
a formação do Império de Carlos Magno, a formação de uma Igreja Católica
organizada e centralizada politicamente, a Inquisição, a Guerra dos Cem Anos entre
França e Inglaterra, a formação das primeiras universidades, o renascimento do
comércio e o surgimento da burguesia.

Especialmente, a Idade Média representou o auge e o declínio da sociedade


feudal, na qual o poder político era muito fragmentado, o que possibilitou a
convivência de vários direitos, especialmente representados pelos costumes.
O presente artigo aborda o direito privado no contexto do período denominado
de "Baixa Idade Média", período histórico que vai do século X ao século XV, sempre
na perspectiva de contemplar os aspectos sociais, econômicos, culturais e políticos
do período, para então indicar o funcionamento das instituições jurídicas e do direito
propriamente.
2 – Baixa Idade Média: principais eventos

A Idade Média é o período de história europeu que compreende os séculos V


a XV. Para facilitar o estudo, os historiadores dividiram este período de 1000 (mil)
anos em Alta Idade Média (século V a X) e Baixa Idade Média (século X a XV). O
primeiro período se iniciou com o fim do império romano e com as chamadas
invasões bárbaras, na verdade invasão e expansão territorial de diversos povos
germânicos. Essas invasões deram origem à formação de vários reinos.

No período da Baixa Idade Media ocorreu o desaparecimento das cidades,


em certa medida motivada pela parca agropecuária, que se limitava a garantir o
sustento dos senhores de terras. Em verdade, não havia mercado, tal como
conhecemos hoje, porque a produção agrária era de subsistência e havia circulação
mínima de moeda (dinheiro). Os produtos não eram vendidos, apenas trocados por
outros, caracterizada a economia baseada no escambo de mercadorias.
Parece ser possível afirmar que esta Guerra trouxe fortalecimento
burocrático e bélico aos países envolvidos, o que pode justificar serem eles os
primeiros a disseminar a idéia embrionária dos Estados Nacionais. É nesta guerra
que estaria à origem do nacionalismo francês, país mais atingido pela guerra, que
ocorreu inteiramente em seu território.

Na Baixa Idade Média, teve grande repercussão a arte românica e a arte


gótica. Com a afirmação da sociedade feudal, houve grande movimento de
construção no Ocidente e o românico difundiu-se da França para toda a Europa.
Havia grande apelo às imagens que tinham a função de evangelizar. A arte gótica
nasce por volta do ano 1140. Pode-se citar também o desenvolvimento literário
através de nomes como François Villon, Dante Aliguieri e Boc…
[12:10, 16/09/2022] +55 37 9941-6358:
1. Introdução
A compreensão do fenômeno do ressurgimento perpassa uma série de
aspectos os quais se busca elucidar no decorrer deste trabalho. O renascimento do
direito romano está atrelado às modificações sofridas pela sociedade na passagem
da Alta para a Baixa Idade Média. A sofisticação das formas políticas, o
ressurgimento das cidades e do comércio e o crescimento populacional tornaram o
ambiente europeu da Baixa Idade Média altamente propício ao recebimento de
influxos do direito romano.
O surgimento de novas relações sociais e econômicas carecidas de
regulamentação demandava por uma unidade jurídica. Igualmente, a unidade
política e religiosa, que gradativamente se consolidavam, demandavam por essa
unidade no âmbito do direito. Presenciava-se a urgente necessidade de constituir
um ordenamento jurídico dotado de estabilidade e previsibilidade, apto a garantir a
segurança jurídica de que requer essa nova ordem econômico-social.

As universidades surgirão também nessa época, nos séculos XI e XII, tendo


algumas se tornado verdadeiros centros de excelência, sobretudo no ensino jurídico.
A grande importância atribuída ao direito, principalmente ao direito romano, ensejou
um estudo aprofundado desta disciplina nas universidades. Assim, o sistema do
direito e o ensino jurídico medieval vão se desenvolver no ambiente acadêmico,
tendo este grande importância na consolidação do sistema romano, que servirá de
base para diversos ordenamentos jurídicos no Ocidente.
2. O ressurgimento do Direito Romano
O renascimento do direito romano data do final do século XII e início do
século XIII. Após passar séculos quase totalmente esquecida, a jurisprudência
romana reconquista sua importância. O Corpus Juris Civilis, uma obra compilada por
Justiniano no século VI, no Império Romano do Oriente, traz a tradição romanista,
que, recém-descoberta pelos juristas europeus, se tornará a principal fonte para o
estudo do direito romano[1]. Essa obra será utilizada pela primeira geração de
juristas, os glosadores. Assim são intitulados aqueles que fazem as glosas,
comentários cujo intuito é de harmonizar o texto, mantê-lo como um todo único e
coerente.
A utilização dessa obra como fonte de direito romano, no entanto, exige que
se leve em consideração que o contexto de sua produção é completamente diferente
do contexto da recepção desse direito, é a retomada de um direito que vai vigorar
em uma sociedade diversa daquela para a qual ele foi pensado e praticado. Os
juristas da época precisarão, portanto, realizar um complexo exercício intelectual
prático para adaptar o direito romano aos tempos da Baixa Idade Média.
O Corpus Juris Civilis, fruto da convocação de diversos juristas por Justiniano,
uma grande compilação das fontes existentes do direito romano, se divide em quatro
livros. O primeiro é o Código, que consiste em uma compilação das ordens imperiais
anteriores a Justiniano. O segundo, que constitui a parte mais importante e que vai
gerar toda a recepção na Idade Média, é o Digesto ou Pandectas que, por sua vez,
compreende uma compilação de 1500 livros escritos por jurisconsultos do período
romano, existindo uma hierarquia entre as opiniões dos jurisconsultos. O terceiro
são as Institutas, que são um manual básico do ensino jurídico. O quarto são as
Novelas, que são as decisões, os decretos e leis formuladas por Justiniano.
O Corpus Juris Civilis, por ter sido criado em Bizâncio, por um imperador
romano do Oriente, ficou muito tempo esquecido, uma vez que não teve contato
significativo com o Império do Ocidente. Assim, inicialmente, não há grande
repercussão dessa obra na Idade Média. O Ocidente medieval teve de construir
outras soluções para os conflitos que surgiam.
No contexto de restauração do Império ocidental, no século IX, entendia-se
essa restauração como um ressurgimento do Império Romano, cujos atributos
políticos foram transferidos para os novos imperadores. Cabe ressaltar aqui a
importância que era dada à Igreja na época, uma vez que o Império era entendido
como criação destinada a desempenhar o papel de suporte político da Igreja[2].
Os resquícios do direito romano, redescobertos no século XII no Norte da
Itália, são tidos como direito do Império, um direito comum. No entanto, os domínios
territoriais, reinos, cidades e senhorios apresentavam direitos próprios,
desenvolvidos com base em diversas fontes, que iam desde as tradições jurídicas
romanas vulgarizadas, canônicas ou germânicas até a forma consuetudinária, local,
de criação de normas e resolução de litígios. Diante dessa pretensão de validade
universal do direito comum, até então entendido apenas como direito romano, era
improvável que a aceitação fosse imediata.

O pleno renascimento da atividade jurisprudencial nos séculos XIII e XIV


apresentou como característica básica: a) unidade e ordenação das diversas fontes
do direito (direito romano-justianeu, direito canônico e direitos locais); b) unidade do
objeto da ciência jurídica (a jurisprudência romano-justianeia); c) unidade quanto aos
métodos científicos empregados pelos juristas; d) unidade quanto ao ensino jurídico,
comum por toda Europa continental; e) a difusão de uma literatura especializada
escrita em uma língua comum, o latim. (MOREIRA, 2002, p. 212).
A recepção do direito clássico pode ser dividida em três momentos. O
primeiro, que abrange os séculos XII e XIII, é marcado pela predominância do direito
romano sobre os diversos direitos locais. O segundo, que vai do século XIV ao XV,
indica o desenvolvimento dos direitos locais como fonte pari passu –
simultaneamente, proporcionalmente – ao direito de Justiniano. O terceiro e último
momento, que se coloca a partir do século XVI, evidencia a supremacia dos
preceitos legais régios e das cidades sobre o direito privado clássico[3].
É importante salientar que, com o Digesto, que se tornará essencial para o
delineamento das relações entre direito comum e direitos locais, é reconhecido que
os povos têm a capacidade de criar e instituir o seu próprio direito[4]. Conforme
afirma o jurista Baldo, no século XIV, “o fato de um povo existir tem como
consequência que existe um governo nele mesmo”. A vigência do direito comum
tinha, portanto, que se compatibilizar com a vigência das ordens jurídicas locais,
menos abrangentes, sendo elas reais, municipais ou familiares.
A aplicação de um ou de outro direito, destarte, fica a depender do caso
concreto. O escopo de aplicação de cada direito se delimitava a partir de a situação
do caso concreto estar acobertada ou não pelo direito próprio. Encontrando respaldo
legal no direito local, há primazia na aplicação deste sobre o direito comum. O direito
comum não é apenas um direito subsidiário, mas é um direito modelo, que dispõe de
valores gerais da razão humana, com pretensão de universalidade, aplicável a todas
as situações não previstas nos direitos locais. O direito comum atua, portanto, como
um critério de razoabilidade no julgamento das soluções jurídicas, reduzindo as
soluções dispersas e variadas do direito local a uma ordem racional[5].
O direito romano passa, pouco a pouco, a partir do século XIII, a assumir
grande importância nos ordenamentos jurídicos europeus, atuando como fonte de
direito na maior parte dos sistemas ali presentes. Ainda que alguns reinos não
reconhecessem a supremacia do imperador, o direito romano era aplicado quando
não estava acobertada pelo direito local a matéria em questão. Verifica-se o
processo de uniformização do direito à medida da crescente influência dos princípios
romanistas sobre o legislador. Assim, o pluralismo jurídico e os problemas trazidos
consigo eram gradativamente superados. A posição assumida pelo direito romano,
portanto, era de cânone interpretativo da própria legislação dos reinos.
2.1 Contexto histórico e fatores para o renascimento do direito romano
As causas da recepção do direito romano não podem ser elucidadas de forma
plena, uma vez que os elementos históricos são insuficientes para responder a essa
complexa questão. No entanto, é possível apontar os fatores mais expressivos do
contexto europeu dos séculos XII a XIV que impulsionaram o ressurgimento da
jurisprudência clássica.

O Renascimento da Idade Média, datado do século XII, é marcado por uma


série de transformações nos âmbitos econômico, social, político e cultural. A
retomada das cidades e do comércio, a reorganização dos reinos, o início do
capitalismo mercantil e a criação das universidades evidenciaram a necessidade de
um direito novo. A modernização da sociedade europeia demandava por um direito
estável e dotado de previsibilidade, capaz de atender às demandas das novas
situações que surgiam.
É importante ressaltar que a necessidade da unidade jurídica é anterior ao
período da efetiva recepção do direito romano, existindo desde a restauração do
Império ocidental, no século IX, período em que se acreditava que os súditos,
vivendo sob a autoridade de um rei, e o próprio rei deviam reger-se pela mesma lei.
A unidade política e religiosa do Império demandava por uma unidade jurídica. Essa
unidade, por sua vez, seria construída a partir do direito do Império Romano[6].
As fontes do direito romano se impuseram inclusive onde não era devida
vassalagem ao Império Romano, devido à completude e generalidade desse direito.
O direito romano permitia a elaboração de diversas soluções a partir de argumentos
gerais, como a razão do direito, a equidade e a utilidade. Assim, esse sistema
jusromanista era capaz de responder à generalidade das questões e era aceito em
decorrência não apenas de submissão política, mas também pela aceitação de sua
razoabilidade. O direito romano integrava um modelo intelectual muito valorizado
nos círculos cultos europeus[7].
2.1.1 Fatores culturais
O direito romano, ainda que em alguns momentos tenha praticamente
desaparecido, sempre se fez presente no continente europeu em maior ou menor
grau, em virtude do profundo enraizamento das marcas da civilização romana no
continente. A ausência de qualquer civilização desenvolvida e de uma cultura
consolidada tornavam a Europa altamente suscetível ao recebimento dos influxos da
civilização romana.
A expansão romana teve grande contribuição na integração do território
europeu ao mundo clássico. Contrariamente à expansão grega, empreendida no
Oriente, onde as civilizações já eram desenvolvidas, os romanos se voltam
prioritariamente para o Ocidente, onde as organizações sociais eram mais primitivas.
A escolha desse caminho se deve ao modo de produção de que Roma demandava,
baseado no latifúndio escravagista, que requer o acúmulo de terras e um numeroso
exército de escravos[8].
A conquista e a colonização de terras no Ocidente e no Norte foram
possibilitadas por essa dinâmica de produção, através da prosperidade na
agricultura e da utilização do trabalho escravo. Também se verifica a presença
romana na construção das cidades às margens de rios europeus. Assim, de tão
arraigados os traços romanos nas civilizações europeias, estes seriam dificilmente
superados[9].
Com as invasões bárbaras não há destruição da antiga ordem romana, há, na
verdade, a assimilação de elementos romanos por uma cultura diversa, que não
perde sua identidade, mas agrega elementos novos a ela. Os povos germânicos
apresentavam uma civilização bem menos desenvolvida e eram nômades e, por
isso, não dispunham de um Estado enquanto território fixo. A conquista dos
territórios do antigo Império Romano demandava por uma elaborada estrutura
estatal de que não dispunham esses povos, o que os levava a buscar soluções nas
instituições romanas. A adoção das estruturas políticas do Império Romano, como a
burocracia romana, atuando juntamente com as instituições bárbaras permitiu a
superação desses óbices[10].
Da mesma forma se verificou a incorporação de elementos germânicos pela
comunidade romana, com a preservação do aparelho administrativo germânico e de
seu sistema jurídico, por exemplo. Houve uma interpenetração entre os dois
sistemas. Destarte, há fortes influxos do direito romano nas estruturas dos
nascentes estados bárbaros, mas que, com o advento do feudalismo e
enfraquecimento do poder real, vão desaparecendo. Não obstante, verifica-se,
principalmente na Itália, a presença do direito romano por meio de costumes locais
que traziam institutos jurídicos clássicos[11]. Assim se perpetua a tradição romana
ao longo do tempo.
2.1.2 Fatores econômicos
Os séculos XI e XII presenciaram uma fase economicamente próspera. O
aumento da produção agrícola impulsiona a transformação do panorama econômico,
o que está associado às novas formas de produzir, novas técnicas que
possibilitaram haver um excedente de produção. Esse momento anterior à recepção
do direito romano, sobretudo entre os séculos IX e XI, se caracteriza por uma
sociedade descentralizada, feudal, em que ainda não há muito comércio. O
crescimento populacional, dentre outras tantas transformações nesse período,
provocam, na passagem do século XI para o XII, o renascimento da Idade Média, o
que gera uma nova forma de organização social. Vínculos feudais continuam
existindo, eles apenas deixam de ser a organização dominante. Há a redescoberta
da vida nas cidades, surgem novas formas de sociabilidade.
Essa época é marcada pelo surgimento de novos atores, que tecem novos
tipos de relações sociais. O ressurgimento do comércio, da moeda, o comércio entre
os Estados, a criação de casas bancárias e os empréstimos a juros marcam esse
período. Surgem novas atividades desempenhadas por novos sujeitos: a burguesia,
os artesãos, os banqueiros, os professores e os navegadores são apenas alguns
exemplos. As dinâmicas de trabalho são postas em evidência pela relação
empregado-empregador. É nesse contexto que surge o capitalismo mercantil.
O resgate ao contexto anterior ao do renascimento do direito romano
possibilita compreender os fatores que impulsionaram a recepção. Assim, a efetiva
recepção do direito romano, que acontece entre os séculos XIII e XVI, está
associada, entre outros aspectos, ao desenvolvimento inicial da economia mercantil
e monetária europeia. Esse período é marcado por uma nova ordem econômico-
social, com novas relações carecidas de regulamentação. As transformações em
curso demandavam por um ordenamento jurídico dotado de estabilidade, capaz de
garantir a segurança jurídica necessária à previsão e ao cálculo mercantil, um direito
único que possibilitasse o estabelecimento de um comércio dentro da Europa, e um
direito individualista com uma base jurídica adequada à atividade do empresário,
livre das limitações comunitaristas presentes nos ordenamentos medievais, os quais
eram influenciados pelo direito germânico[12].
O direito romano, dotado de abstração e generalidade, se opõe ao
característico direito da Alta Idade média, destituído de previsibilidade e segurança
jurídica. Em virtude dessas características, o direito romano era aceito como um
direito subsidiário comum a todas as zonas de comércio europeias. Os princípios do
sistema jusromanista eram compatíveis com a visão capitalista das relações
mercantis. A liberdade negocial, por exemplo, era garantida pelo princípio da
autonomia da vontade, a possibilidade de associações funcionais era facultada pelo
instituto romanístico da personalidade jurídica e o poder de dispor livremente de
bens e capitais, com a possibilidade de lançá-los na circulação mercantil, era
facultado pelo direito de propriedade, que não dispunha de quaisquer limitações ao
uso da coisa[13].
2.1.3 Fatores sociológicos
No que tange aos fatores sociológicos, é importante relembrar a análise de
Weber acerca dos motivos que levaram à aceitação do direito romano. O sociólogo
elucida como a administração e a estrutura da justiça, à época da recepção, criam
as bases necessárias para a organização de um direito sistematizado e racional.
Para Weber, o aparelho burocrático desempenha importante papel no
desenvolvimento do sistema judicial, tendo contribuído com seu caráter de
segurança e previsibilidade da ação burocrática, garantida pela vinculação dos atos
desse aparelho a normas jurídicas gerais e abstratas[14].
Weber entende, portanto, o processo de burocratização do Estado como
causa da readmissão do direito romano na Baixa Idade Média. O contexto da
Europa continental, desconhecendo um prévio poder político centralizado, favoreceu
o surgimento de um sistema jurídico fundado em princípios do direito romano, que
marcam os Estados nacionais desde os seus primórdios[15]. Como explicita Moreira:
A principal consequência da adoção moderna do direito romano foi o
surgimento de uma classe profissional, [...] a classe dos juristas profissionais. Como
salienta Weber, este fenômeno constitui um traço específico do Ocidente, fruto de
um processo de racionalização da técnica jurídica que libertou o direito dos limites
teológicos, entregando a administração da justiça a um corpo profissional laico,
formado à sombra da tradição jurídica dos romanos. (MOREIRA, 2002, p. 220).
2.1.4 Fatores políticos
O desenvolvimento da economia mercantil juntamente ao fortalecimento
econômico da burguesia proporcionaram as condições favoráveis à recepção do
direito romano no Ocidente. Cabe ressaltar, no entanto, que deter poder econômico
não implicava ter força política, uma vez que o poder político se concentrava na
figura do monarca[16].

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