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Resumo: O Império Romano teve início com a fundação da cidade e o período histórico em
que Roma foi governada por reis foi chamado de realeza. Existiam quatro classes: patrícios,
clientes, escravos e plebeus. Os poderes públicos eram exercidos pelo rei, pelo senado e
pelo povo. O fim da realeza teve como marco a expulsão de Tarquínio. Na fase da república,
houve a substituição do rex por dois comandantes militares. As classes sociais eram classe
baixa e nobreza. A economia se baseava na mão-de-obra escrava. A organização política era
composta por cônsules, pelo senado e pelo povo. Alto império é o período histórico do
reinado de Augusto até a morte de Diocleciano. Os poderes públicos eram exercidos pelo
imperador, consilium principis, funcionários imperiais, magistraturas republicanas, senado,
comícios e pela organização das províncias. A fase do baixo império é caracterizada pela
monarquia absolutista. E o fim dessa fase é marcado pela morte do Imperador Justiniano. Os
poderes públicos eram exercidos pelo Senado, pelas magistraturas republicanas e pelo
Imperador. Chama-se período bizantino a fase histórica que vai desde a morte de Justiniano
até a tomada da cidade de Constantinopla. Nesse período os poderes ainda estavam
concentrados nas mãos de um imperador. O direito romano é considerado a mais
importante fonte histórica do direito. Sua atualidade é evidente. Ele está presente em vários
institutos jurídicos e princípios atuais. Ao estudá-lo, ocorre a análise das origens do direito
vigente.
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30/03/2024, 17:08 O Direito Romano e suas fases: principais eventos, organização social, política, judiciária e fontes do direito
Abstract: The Roman Empire had beginning with the foundation of the city and the
historical period in that Rome was governed by kings was called of royalty. Four classes
existed: compatriots, clients, slaves and plebeian. The public powers were exercised by the
king, by the senate and by the people. The end of the royalty had like landmark the
expulsion of Tarquínio. In the phase of the republic, had the substitution of the rex for two
military commanders. The social classes were underclass and nobility. The economy itself
based in the slave labor. The political organization was composed by consuls, by the senate
and by the people. High empire is the historical period that goes of the reign of Augusto up
to death of Diocleciano. The public powers were exercised by the emperor, by the consilium
principis, by the imperial members of staff, republican magistracies, senate, assemblies and
organization of the provinces. The phase of the short empire is characterized by the
absolutist monarchy. And the end of that phase is marked by the death of the Emperor
Justiniano. The public powers were exercised by the Senate, by the republican magistracies
and by the Emperor. Byzantine period is the historical phase that goes since the death of
Justiniano up to the taking of the city of Constantinopla. In that period the powers still were
concentrated in the hands of an emperor. Roman law is considered the most important
historical source of law. Its present time is evident. Today it is present in various legal
institutions and principles. Upon studying it, occurs the analysis of the origins of existing law.
Keywords: Roman law. Political, social and judiciary organization of Rome. Sources of the
Roman law.
1 INTRODUÇÃO
Conforme enfatizado pelo Professor Doutor César Fiúza, o “Direito Romano é a mais
importante fonte histórica do Direito nos países ocidentais, e, ainda, a maioria dos institutos
e princípios do Direito Civil nos foi legada pelo gênio jurídico dos romanos” (FIUZA, 2006, p.
160).
“A perenidade do direito romano é fato evidente. Sua atualidade não pode ser negada, pela
presença constante em inúmeros institutos jurídicos de nossa época.
Além disso, qualquer estudo profundo de direito privado principia sempre por introdução
histórica que investiga as raízes romanas do assunto tratado.” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p.
57).
Então, de extrema relevância este artigo, o qual com certeza será responsável para
aprofundar o conhecimento no âmbito do Direito Privado. Passa-se então, ao
desenvolvimento do tema.
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Os manuais de Direito Romano indicam que o Império Romano teve início com a fundação
da Cidade, em 753 a.C. e que o período histórico em que Roma foi governada por reis foi
chamado de realeza. Essa cidade teria sido governada por sete reis até 510 a.C., ano
considerado como fim desse período histórico.
Rômulo foi o primeiro rei, sendo considerado fundador lendário de Roma. Com relação à
época da fundação, considera-se ter sido “a cidade romana constituída, no início, pelos
componentes das tribos conhecidas pelos nomes de ramnenses, tirienses e luceres”
(CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 25), razão pela qual Rômulo, conforme narra César Fiuza,
“dividiu a cidade em três tribos: Tities, Ramnes e Luceres” (FIUZA, 2007, p. 37).
Tendo em vista que nessas tribos havia apenas homens, Rômulo convidou os sabinos, povo
vizinho, constituído de indivíduos de ambos os sexos, para festividades. Nessa ocasião, os
romanos teriam raptado as pessoas do sexo feminino, razão pela qual se iniciou uma guerra
entre esses povos. Antes do término da batalha, por influência das mulheres, os sabinos
resolveram se integrar aos romanos, junto à tribo dos Tities.
Sérvio Túlio, penúltimo rei dessa fase, ordenou o primeiro censo na história. Ele “mandou
fazer cadastro de todos, sendo que os censores vasculhavam todos os cantos da cidade à
procura de riqueza, para que se pudesse pagar impostos e ampliar as receitas” (TAVARES,
2003, p. 8).
Vale ressaltar que o fim da realeza (510 a.C.) teve como marco a expulsão do “último rex,
Tarqüínio, o Soberbo, usurpador de poderes realmente imperiais” (ENGELS, 2006, p. 143).
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Dentre os habitantes de Roma havia quatro classes bem distintas: os patrícios, os clientes, os
escravos e os plebeus. Os primeiros, homens livres, fundadores da cidade e seus
descendentes, agrupados em clãs familiares patriarcais, denominados gentes, formavam a
classe detentora do poder e privilegiada.
Até o reinado de Sérvio Túlio, a plebe não fazia parte da organização política de Roma.
Somente após essa ocasião – com as mudanças introduzidas por esse rei – é que os plebeus
ganham cidadania e “entram nos comícios centuriatos, que se reúnem no Campo de Marte;
pagam impostos e prestam serviço militar” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 26).
A família patrícia era uma estrutura organizada, como se fosse uma pequena sociedade com
seu governo, chefiado unicamente pelo pai. Este, que exercia as funções mais elevadas,
sendo todos os demais membros submissos a ele. Essa submissão se dava em todos os
sentidos eis que o pater detinha, dentro do lar, poderes ilimitados de pai, esposo,
administrador, sacerdote e, até mesmo, de um juiz cujas decisões nenhuma autoridade tinha
o direito de reforma.
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Sendo assim, “no pai repousa o culto doméstico; quase pode dizer como o hindu: “Eu sou o
deus”. Quando a morte chegar, o pai será um ser divino que os descendentes invocarão”
(COULANGES, 2007, p. 93). Em caso de morte, o lugar do pai “era ocupado pelo filho
primogênito. Se não tivesse, adotava um. O que não podia ocorrer era a vacância de seu
lugar, sob pena de não se dar continuidade ao culto familiar” (FIUZA, 2007, p. 40). E, “cada
gens transmitia, de geração em geração, o nome do antepassado e perpetuava-o com o
mesmo cuidado com que continuava o seu culto” (COULANGES, 2007, p. 119).
Com relação ao conceito de gens, expressão comumente trazida nos manuais de direito
romano, pode-se, resumidamente, considerar que trata-se do “conjunto de pessoas que
pela linha masculina descendem de um antepassado comum” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p.
26).
Acredita-se que essa organização familiar foi um empecilho para o desenvolvimento das
regras comerciais em Roma, uma vez que, em decorrência da predominância da indústria
doméstica, somente foram desenvolvidas relações contábeis e não-jurídicas entre pai e
filhos. Relação cujas decisões, conforme já mencionado, eram tomadas arbitrariamente pelo
detentor do poder patriarcal.
A religião tinha como base duas classes de deuses. Uma era inspirada na alma humana, em
que os deuses eram chamados de domésticos, manes ou lares. Tratava-se dos ancestrais e, a
eles, era feito o “culto doméstico, em que se invocavam os antepassados para proteção.
Levava-se-lhes comida e prestavam-se-lhes orações” (FIUZA, 2007, p. 40).
A outra classe era inspirada nos fenômenos naturais, chamados de deuses superiores
(deuses do Olimpo), “cujas principais figuras foram Zeus, Hera, Atena, Juno, a do Olimpo
helênico e a do Capitólio romano” (COULANGES, 2007, p. 132).
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Essas duas classes, que alguns autores chamam de religiões, perduraram em harmonia,
dividindo o domínio sobre o homem.
Os poderes públicos eram exercidos pelo rei, pelo senado e pelo povo. O rei era o supremo
sacerdote, chefe do exército, juiz soberano e protetor da plebe. Seu cargo, que era “indicado
por seu antecessor ou por um senador” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 27), era vitalício, mas
não hereditário. Apesar disso tudo, podia ser deposto, conforme a já mencionada expulsão
ocorrida com Tarqüínio, o Soberbo.
Já a instituição do senado era como um conselho, que tinha competência para gerir e opinar
nos negócios de interesse público. “O Senado detinha a auctoritas para aconselhar o rei,
quando convocado, e para confirmar as decisões dos comícios” (FIUZA, 2007, p. 41).
Nomeados dentre os chefes das gentes pelo rei, os “senadores, por serem os mais velhos em
suas gens, chamavam-se patres, pais. O conjunto deles acabou formando o Senado (de
senex, velho, ancião – conselho dos anciãos)” (ENGELS, 2006, p. 139/140). E, o “poder, de
fato, estava nas mãos dos patres-familias, sendo o Senado sua representação máxima”
(FIUZA, 2007, p. 41).
O último dos três elementos que integram a organização política e judiciária na fase da
realeza era o povo. Este era, no início,
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Então, o povo era a sociedade romana, constituída, no início, apenas de patrícios. Após
Sérvio Túlio, que deu à plebe a cidadania, também passaram a compor a populus romanus.
O povo exercia seus direitos em assembléias, denominadas comícios, onde votavam para
decidir sobre propostas específicas de casos concretos.
As fontes do direito na fase da realeza são apenas duas: o costume (fonte principal) e a lei
(secundária). E, tendo em vista o amplo domínio dos deuses sobre o homem, essas fontes
são extremamente influenciadas pela religião.
Costume pode ser entendido como o “uso repetido e prolongado de norma jurídica
tradicional, jamais proclamada solenemente pelo Poder Legislativo” (CRETELLA JÚNIOR,
2007, p. 28). Sua autoridade resulta de um acordo tácito entre todos os componentes da
cidade.
Já a lei decorre de uma iniciativa do rex, tendo em vista um caso concreto em que alguém
deseja agir contrariando algum costume. Essa proposta do rei pode ou não ser aceita pelo
povo. Se for aceita, a lex é analisada pelo senado. Caso ratificada torna-se obrigatória
perante todos.
Aqui, a autoridade da lei resulta, ao contrário do costume, de um acordo formal entre todos
os cidadãos. Então, o Direito na realeza é:
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“Casuístico, porque era criado para cada caso concreto. Empírico, porque se baseava na
observação prática, nada possuindo de científico. A posteriori, porque nascia depois do fato
concreto. Finalmente, concreto, uma vez que nada tinha de abstrato, vinculando-se
exclusivamente ao caso concreto” (FIUZA, 2007, p. 42).
Então, a lei na fase da realeza teria surgido de forma gradativa e “como parte da religião. As
normas sobre direito de propriedade e de sucessão estavam dispersas entre as regras
relativas aos sacrifícios, à sepultura e ao culto dos antepassados” (COULANGES, 2007, p.
206).
Esses sucessores do rei eram eleitos anualmente, em número de dois, para que governassem
de forma alternada, cada mês um deles controlavam o imperium, enquanto o outro fazia
uma fiscalização, com direito de veto ou intercessio. E, “se perigos gravíssimos ameaçam a
república, o cônsul em exercício enfeixa o poder dos dois, tornando-se ditador, com
opoderes absolutos, perdendo o colega o recurso da intercessio (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p.
30).
Foi nessa época que a diferença entre patrícios e plebeus já não se justificava. Inclusive, por
volta dos séculos IV e III a.C., “a plebe já ocupava todos os cargos da magistratura, antes
reservados só aos patrícios” (FIUZA, 2007, p. 54).
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Já a classe baixa, ou plebs urbana, era a casta composta por plebeus pobres, “com profissões
menos prestigiosas: barbeiros, sapateiros, padeiros, açougueiros, pastores, agricultores etc”
(FIUZA, 2007, p. 53).
A classe dos Cavaleiros da Ordem Eqüestre era composta, na verdade, por homens de
negócio. Atuavam, até mesmo, em nome de nobres, que não queriam ou não podiam
exercer atividades mercantis. Eram os homens que não integravam a nobreza e que
possuíam patrimônio superior a 400.000 sestércios. Esse nível patrimonial era o mesmo
exigido “para se tornar um juiz eqüestre, a quem competia julgar as questões envolvendo
corrupção” (FIUZA, 2007, p. 54).
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Na fase anterior, o rei era o supremo sacerdote. Já na República, conforme ensina César
Fiuza:
“Os poderes sacerdotais do rei passaram ao rex sacrorum (rei das coisas sacras) na
República. Além dele, havia o Colégio de Pontífices, encabeçado pelo pontifex maximus
(sumo pontífice). Com o passar dos tempos, a pessoa do rex sacrorum se tornou figurativa e
quem exercia o poder sacerdotal era o sumo pontífice” (FIUZA, 2007, p.48/49).
Na República, a organização política era composta por cônsules, pelo senado e pelo povo,
que se reúne em comícios populares.
Tendo em vista que os cônsules eram apenas dois e que enquanto um governava, o outro
fiscalizava, o desenvolvimento da população de Roma exigiu a repartição das funções antes
concentradas no rex. Por isso, foram criados vários cargos, dentre eles: questores, censores,
edis curuis, pretores, praefecti jure dicundo e governadores das províncias.
Já o Senado, que exercia funções consultivas, como por exemplo, ratificar leis e decisões dos
Comícios, “compõe-se de 300 patres, nomeados pelos cônsules” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p.
31). “A partir de 312 a.C., os censores passaram a nomear os senadores, normalmente,
dentre antigos cônsules. Até essa data eram indicados pelos cônsules” (FIUZA, 2007, p. 47).
O povo, composto por patrícios e plebeus, exercia seus direitos reunidos em comícios:
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“Os comícios curiatos e os comícios centuriatos, como na realeza. Além disso, há uma nova
espécie de comícios, os comícios tributos. A plebe, sozinha, reúne-se nos concilia plebis. Nestes
concílios, votam-se os plebiscitos. Os comícios tributos (comitia tributa) são assembléias do
povo, cuja unidade de voto é a tribo.” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 32).
“um costume só será fonte de Direito, só será verdadeiramente costume se nele estiverem
presentes o uso (repetição constante de uma prática) e a opinio necessitatis (convicção de
que aquele uso tem força de norma jurídica).” (FIUZA, 2007, p. 49).
Para José Cretella Júnior, a autoridade de um costume resulta de um acordo tácito entre os
componentes da cidade. Para esse autor, costume pode ser entendido como o “uso repetido
e prolongado de norma jurídica tradicional, jamais proclamada solenemente pelo Poder
Legislativo” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 28).
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Pela incerteza oriunda de um ordenamento baseado em costumes, a plebe luta por uma lei
escrita, pública, conhecida e que possa ser invocada contra qualquer um. Havia duas
espécies de leis escritas, as leges rogatae e as leges datae. As primeiras eram propostas por
iniciativa de um magistrado, votadas pelo povo e homologadas pelo Senado. Já as leges
datae eram medidas unilaterais tomadas diretamente pelos cônsules, em nome do povo,
sem votação e nem homologação do Senado.
Das leis escritas, fundamental mencionar sobre a Lei das XII Tábuas, considerada até mesmo
como sendo fonte de todo o direito privado. Elas “foram escritas em meio a uma evolução
social; foram os patrícios que as fizeram, mas a pedido e para uso da plebe” (COULANGES,
2007, p. 334). Esse pedido foi feito através de protestos e revoltas populares.
Diante do caráter tipicamente romano da Lei das XII Tábuas, ocorreu imediata aceitação e,
assim que publicadas, passaram a regular as relações do povo de Roma.Há autores que
afirmam de modo diferente, que essa Lei teria sido fruto de compilação dos costumes da
época.
O senatusconsultos era a consulta que o Senado fazia após convocação por um magistrado.
Era “uma espécie de parecer senatorial” (FIUZA, 2007, p. 51). Não tinha força de lei.
A jurisprudência, que também pode ser chamada de interpretação dos prudentes, seria
como se fosse nossa atual doutrina jurídica, contendo interpretações e adaptações à lei.
Como a lei na época tinha muitas lacunas, de extrema importância o trabalho dos
jurisprudentes, que eram “jurisconsultos encarregados de preencher as lacunas deixadas
pelas leis” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 34).
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Os editos dos magistrados tinham grande relevância na fase da república. Eram um conjunto
de cláusulas, que funcionavam como normas, expondo a plataforma que seria aplicada para
os casos que fossem apresentados. Eram divulgados assim que os magistrados assumiam o
cargo.
“Chama-se alto império (27 a.C. a 284 d.C.) ou principado (de princeps) o período histórico
que vai do reinado de Augusto até a morte de Diocleciano” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 38).
Nessa fase ocorreram revoltas de escravos e vários conflitos entre as classes sociais. Esses
acontecimentos levaram a uma alteração política em Roma.
Em 66 a.C., formou-se, com a associação política entre Júlio César, Pompeu e Crasso, o
primeiro triunvirato. Por volta de 43 a.C., “formou-se um segundo triunvirato, formado por
Otávio (sobrinho e filho adotivo de Júlio César), Marco Antônio e Lépido”. (FIUZA, 2007, p.
55).
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Durante o segundo triunvirato, Lépido foi exilado e Marco Antônio se suicidou. Então,
conforme conta César Fiuza:
“Otávio se tornou ditador. Em 36 a.C., foi-lhe atribuída a tribunicia potestas (poder de veto e
inviolabilidade). Em 29 a.C., o título de imperator (comandante-em-chefe das forças
armadas). Em 28 a.C., recebeu o título de princeps senatus; em 27 a.C., o de augusto. Otávio
se tornou, então, o senhor absoluto, mas sem o título de rei, do qual não fazia questão”.
(FIUZA, 2007, p. 56).
Vale ressaltar ainda que, nesta fase, “O imperador ou príncipe não governa sozinho: partilha
o poder com o senado, havendo, pois uma diarquia, (governo de dois).” (CRETELLA JÚNIOR,
2007, p. 38).
Os poderes públicos eram exercidos pelo imperador, pelo consilium principis, pelos
funcionários imperiais, magistraturas republicanas, senado, comícios e organização das
províncias.
O imperador, que tinha autoridade máxima, inviolável, reunia todas as atribuições que na
república eram divididas entre vários magistrados. Eram atribuições dele:
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O consilium principis atuava como órgão consultor para o imperador, quando este entendia
necessário. Era integrado por amigos do imperador e juristas que se destacavam na época.
Os funcionários imperiais tinham funções variadas, desde cuidar das vias públicas e do
abastecimento de água (curadores) e, até mesmo, governar províncias imperiais (Legados de
César).
As magistraturas republicanas tiveram suas funções reduzidas, eis que o consulado perdeu
os poderes militares e civis, a pretura peregrina desapareceu, a censura deixou de existir
(sendo que seus poderes passaram para o imperador), a edilidade curul e da plebe deixaram
de existir e o tribunato da plebe recebeu funções administrativas de menor importância.
O senado “administra as províncias senatoriais, cujas receitas vão para o aerarium, tesouro
público” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 38). Nessa fase, os senadores, que eram nomeados
pelo imperador, repartiam com este o poder judiciário.
Além disso, o Senado possui atribuições de poder eleitoral dos comícios, parte do legislativo
e administra as províncias senatoriais e o erário de Saturno. Então, o senado perde
independência e sua função de corpo consultivo.
Os comícios, também perdem atribuições, eis que não possuem mais seus poderes
legislativos, eleitorais e judiciários.
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As fontes do direito na fase do alto império são seis, conforme ensina José Cretella Júnior:
costume, lei, senatusconsultos, editos dos magistrados, constituições imperiais e a
jurisprudência.
Das leis escritas, ainda havia duas espécies: as leges rogatae, que assumem grande
importância, e as leges datae, que perdem relevância nessa época.
Os editos dos magistrados, nesta fase, perdem importância, eis que os magistrados foram
perdendo o direito de editar editos de seus antecessores. Então, os pretores passaram a
apenas reproduzir os editos passados. Isso ocorreu até que
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Para José Cretella Júnior, as constituições imperiais podiam ser de quatro tipos:
“Edicta são proclamações feitas pelo imperador, ao ser consagrado, do mesmo modo que os
pretores quando assumiam as preturas.
Decreta são decisões que o imperador toma, como juiz, nos processos que lhe são
submetidos pelos particulares em litígio. São sentenças emanadas extra ordinem, fugindo,
pois, aos princípios da ordo judiciorum. Tomadas com relação a um caso particular, passam,
como os atuais acórdãos, a ser invocados para situações iguais ou semelhantes, até que
Justiniano, mais tarde, lhes dá força de lei.
Rescripta são respostas dadas pelo imperador a consultas jurídicas que lhe são feitas ou por
particulares (subscriptio) ou por magistrados (epístula).” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 43).
Por fim, a jurisprudência, considerada fonte eis que vinculava as decisões judiciais, “equivalia
a nossa doutrina. Diga-se que o imperador podia atribuir a certos juristas o chamado ius
respondendi, que conferia a seus pareceres maior força que aos dos demais” (FIUZA, 2007, p.
59).
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Essa fase é marcada pela monarquia absolutista, diante da concentração dos poderes nas
mãos do Imperador, sem repartição de poderes com o Senado. Para alguns autores, esse
período é chamado de Dominato.
O primeiro a experimentar esse “poder absoluto” foi Diocleciano (284 a 305), que dividiu o
império romano em Império Romano do Oriente (Constantinopla) e Império Romano do
Ocidente (Roma).
“313 – Edito de Milão, de Constantino, dando liberdade de culto aos cristãos. O edito foi
reforçado posteriormente e aplicado em todo o império. Constantino se converteu à fé cristã,
atribuindo várias de suas vitórias a isso.
380 – Constituição Cunctos Populos, de Teodósio I (379 a 395). Elevou o catolicismo a religião
oficial.
395 – Morte de Teodósio I e divisão do Império em Oriente e Ocidente, com dois imperadores,
seus filhos: Arcádio, no Oriente, e Honório, no Ocidente. A unidade jurídica foi mantida por
meio da legislação, que era a mesma.
476 – Queda do Império Romano do Ocidente. Rômulo Augusto é derrotado por Odoacro,
rei dos hérulos. Alguns reis bárbaros invasores passaram a ser tratados como delegados do
Imperador no Ocidente (ex.: Odoacro, Teodorico e outros).
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E o fim da fase do baixo império é marcada pela morte do Imperador Justiniano (565 d.C.).
Os poderes públicos eram exercidos pelo Senado, pelas magistraturas republicanas e pelo
Imperador. O senado já não tinha quase nenhum poder eis que nem mais repartia a função
judiciária com o imperador. Passa a ser um mero conselho municipal.
As magistraturas republicanas eram compostas por cônsules (que davam nome ao ano),
pretores (perderam as funções judiciais), tribunos da plebe, questor para o Sacro Palácio
(assessor do imperador), Prefeitos para o Pretório (administravam prefeituras e exerciam
funções judiciais), vigários (governavam as Dioceses) e governadores (governavam as
províncias). Então, as magistraturas não desaparecem, mas perdem suas atribuições.
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“foi no século XVI que o jurisconsulto francês Denis Godefroy reuniu todas essas
compilações em um só volume, dando-lhe o nome de Corpus Iuris Civilis. A primeira edição
é de 1583; a segunda, de 1604.” (FIUZA, 2007, p. 63).
O Corpus Iuris Civilis, por reunir em um só volume várias compilações de leis de sua época e
de épocas anteriores, é considerado uma dos maiores heranças deixadas pela civilização de
Roma. Vale mencionar que essa foi a procedência de muitos institutos jurídicos do nosso
tempo.
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Chama-se período bizantino a fase histórica que vai desde a morte de Justiniano ocorrida
em 565 até a tomada da cidade de Constantinopla pelos turcos, em 1453. Essa fase foi assim
denominada em decorrência da capital, que “era a cidade de Bizâncio, situada no Bósforo,
estreito que liga Europa e Ásia. No início do século IV, Constantino mudou seu nome para
Constantinopla. É hoje, a cidade de Istambul, na Turquia” (FIUZA, 2007, p. 63).
“No ano de 396 o Império Romano foi dividido, sendo Roma o centro do Império Romano
do Ocidente enquanto Constantinopla (Istambul) era o centro do Império Romano do
Oriente. Em 410 Roma foi pilhada por povos bárbaros, e 476 é o marco fim do Império
Romano do Ocidente. O Império Romano do Oriente manteve-se até 1453, ano em que os
turcos tomaram Constantinopla.” (LIPPERT, 2003, p. 41).
Os poderes ainda estavam concentrados nas mãos de um imperador. Então, o poder ainda
era centralizado e absolutista. Ocorreu intenso desenvolvimento comercial, que foi
fundamental para o combate às invasões feitas por povos bárbaros.
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Nesse período, após a primeira queda de Constantinopla, surgiram três Estados: o Império
de Nicéia, o Despotado do Épiro e o Império de Trebizona. Desses,
O Corpus Iuris Civilis, que reuniu em um só volume várias compilações de leis e doutrina, na
época do Reinado do Imperador Justiniano, trazia muitas normas inflexíveis, adaptadas à
época de sua elaboração. Com a constante evolução das relações privadas, o direito deveria
acompanhar. Por isso, os imperadores ordenaram a edição de outras compilações oficiais,
para que fossem plenamente aplicáveis diante das inéditas situações jurídicas que vinham
surgindo.
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Dessa forma, “surgem, assim, a Egloga legum compendiaria, a Lex Rhodia, o Prochiron
legum.” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 56). No século IX, por determinação do imperador
Teófilo (829 a 843), foi editada a chamada Paráfrase das Instituições, que seria uma
adaptação em língua grega das Instituições de Justiniano.
“Em seguida, a mando do imperador Basílio I (867 a 886), foram escritas as Basílicas (do
grego basilica, significando imperiais, reais). Foram terminadas por seu filho, Leão VI (886 a
912). Compreendem 60 livros, divididos em títulos, reunindo os textos do Digesto e do
Código Novo, acompanhados de comentários de juristas da época de Justiniano.” (FIUZA,
2007, p. 64).
Pode-se até afirmar que essas adaptações perduram até os dias atuais, eis que, “a
perenidade do direito romano é fato evidente. Sua atualidade não pode ser negada, pela
presença constante em inúmeros institutos jurídicos de nossa época” (CRETELLA JÚNIOR,
2007, p. 57).
3 CONCLUSÃO
O Império Romano teve início com a fundação de Roma. O período histórico em que essa
cidade foi governada por reis foi chamado de realeza (753 a.C. a 510 a.C.). Dentre os
habitantes de Roma, existiam quatro classes bem distintas: patrícios, clientes, escravos e
plebeus. A religião tinha duas classes de deuses: uma inspirada na alma humana e a outra
inspirada nos fenômenos naturais. Os poderes públicos eram exercidos pelo rei, pelo senado
e pelo povo. A realeza teve como marco final a expulsão do último rex, Tarquínio, o Soberbo.
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Na fase da república (510 a.C. a 27 a.C.), houve a substituição do rex por dois comandantes
militares. As classes sociais eram bem distintas: classe baixa e nobreza. A economia era
baseada na mão-de-obra escrava. Os poderes sacerdotais do rei passaram ao rei das coisas
sacras. A organização política era composta por cônsules, pelo senado e pelo povo.
Alto império (27 a.C. a 284 d.C.) é o período histórico que compreende o reinado de
Augusto até a morte de Diocleciano. Os poderes públicos eram exercidos pelo imperador,
consilium principis, funcionários imperiais, magistraturas republicanas, senado, comícios e
pela organização das províncias.
A fase do baixo império (284 d.C. a 565 d.C.) ficou marcada pela monarquia absolutista. O
fim dessa fase é marcado pela morte do Imperador Justiniano. Os poderes públicos eram
exercidos pelo Senado, pelas magistraturas republicanas e pelo Imperador.
Já o período bizantino (565 d.C. a 1453 d.C.) compreende a fase histórica que vai desde a
morte de Justiniano até a tomada da cidade de Constantinopla, pelos turcos. A queda de
Constantinopla simboliza o marco final da Idade Média. Nesse período os poderes ainda
estavam concentrados nas mãos de um imperador e ocorreu intenso desenvolvimento
comercial.
A atualidade do direito romano é fato evidente e resta comprovada pela sua presença em
vários institutos jurídicos atuais. É considerado a mais importante fonte histórica do direito
nos países do ocidente. Sendo assim, inegável que o nosso direito atual deriva do Romano.
Diante disso, ao estudá-lo, ocorre a análise das origens do direito vigente.
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Referências
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dos Tribunais, 2007.
CASTRO, Flávia Lages de. História do Direito Geral e Brasil. 3ª ed. ver., Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2006.
COULANGES, Fustel. A cidade antiga; tradução Jean Melville. 2ª ed., São Paulo: Martin
Claret, 2007.
CRETELLA JÚNIOR, José. Curso de direito romano. 30ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2007.
FIUZA, César. Direito civil: curso completo. 10ª ed., Belo Horizonte: Del Rey, 2007.
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NASCIMENTO, Walter Vieira do. Lições de História do Direito. 15ª ed. rev. e aum., Rio de
Janeiro: Forense, 2008.
ROLIM, Luiz Antônio. Instituições de direito romano. 3ª ed. rev., São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2008.
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WOLKMER, Antônio Carlos. Fundamentos de história do direito. 2ª ed., Belo Horizonte: Del
Rey, 2002.
Mestre e Doutor em Direito pela PUC Minas. Professor nos cursos de graduação e pós-
graduação em Direito da PUC Minas. Advogado
Mestrando em Direito Privado pela PUC Minas. Especialista em Direito Penal pela UGF.
Professor da Faculdade Novos Horizontes. Advogado
Outros Revista 73
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