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Na história de Roma, o termo império tanto pode significar a vasta extensão de terras e povos sob um
mesmo governo, como o período em que o líder político desse território era um imperador.
Porém, se a fase do império se estende entre 27 a.C. – ascensão de Octávio, primeiro imperador
romano - e 476 d.C. queda do Império Romano do Ocidente -, a história de Roma remonta ao século VIII a. C.,
tendo por base civilizacional a monarquia etrusca, que dotou a cidade de infraestruturas e de uma
organização social e política.
De acordo com a lenda, Roma foi fundada por Rómulo em 753 a. C., que teria matado o seu irmão
gémeo, Remo, por este ter saltado sobre as muralhas da nova cidade. Apesar de se tratar de uma lenda, é
verdade que a história de Roma está permeada de conflitos. Os romanos conquistaram, progressivamente,
as margens do Mar Mediterrâneo (desde a P. Itálica (1ª fase) até cercarem todo o Mediterrâneo,
considerando-o como um lago romano – Mare Nostrum (o nosso mar). Roma foi, portanto, uma cidade
conquistadora (“A cidade que se tornou um império”).
A civilização romana é indissociável da ideia de cidade ou urbe, ou seja, enquanto cidade e império
Romano foi um “fenómeno urbano”. À medida que iam conquistando o território, iam também fundando ou
reorganizando centros urbanos, que se tornaram nas células através das quais a cidade de Roma podia impor
o seu domínio e retirar impostos e riquezas. Ao contrário do que acontecia na Grécia Antiga, o Império
Romano era um Estado único, mas uma vasta federação de cidades com seus territórios, com um governo
central em Roma. Roma era a grande urbe para onde tudo convergia. O fenómeno urbano romano foi mais
intenso a Ocidente do que a Oriente, visto tratar-se da fundação de novas cidades à “imagem de Roma”.
Enquanto no caso do Oriente se verificou apenas a reorganização do espaço existente, uma vez que já
existiam cidades suficientemente desenvolvidas.
Partindo da observação do esquema das instituições tradicionais de Roma (pág. 72), concluímos que
estas tiveram origem no período republicano (século VI a. C. até I a.C.). Neste período o governo de Roma
era formado pelas seguintes instituições:
- O Senado;
- As magistraturas;
- Os comícios;
O Senado era uma assembleia permanente formada pelos notáveis. Estes tinham o poder de
administrar as províncias, controlar o tesouro e decidir a política externa. Tinham uma importância vital na
governação.
Os Comícios eram assembleias do povo romano. Elegiam os magistrados e aprovavam as leis, que
depois eram validadas pelo Senado.
Em 27 a. C., Roma inicia o período imperial, no qual se verifica a acumulação de poderes na figura do
imperador (Otávio César Augusto) e o esvaziamento de poderes das instituições republicanas. O imperador
controla o Senado, designa os magistrados e exerce ele próprio o poder das magistraturas. Ao mesmo
tempo, foram criadas instituições da administração imperial diretamente dependentes do imperador e
cargos por ele nomeados.
Ainda antes do período imperial, as experiências ditatoriais não eram novidade: no período da
República Júlio César foi nomeado ditador perpétuo, em 45 a.C. (graças ao seu êxito na conquista da Gália),
mas foi assassinado no ano seguinte por ter atentado contra as instituições romanas. Porém, só com Octávio
se inicia o período do império. O primeiro imperador romano não cometeu o erro de César: em tempo de
guerra civil, soube conservar e até servir-se das instituições tradicionais para fortalecer o seu poder. Graças a
esta habilidade política, no século I a. C., Octávio recebeu dos Senadores dois títulos:
- O título de Princeps civitatis (o primeiro dos cidadãos), chamando-se, por isso, principado à sua forma
de governo. Este título permitiu-lhe acumular várias magistraturas, logo, acumular poderes, detendo o
imperium (poder de comandar o exército, de convocar o Senado e de administrar a justiça. Octávio era o
imperator (o imperador).
Observações:
Não podemos acreditar que Octávio Augusto governou sem problemas desde o ano 27 a. C. a 14 d. C..
Claro que recebeu muitos títulos honoríficos, logo em 27 a. C recebeu do Senado um escudo de ouro onde
estavam inscritas as virtudes do príncipe (virtus, clementia, Justitia, pietes). Do Senado recebe o nome de
Augustus de princeps e pater patriae (pai da pátria), mas também muitas vezes teve a oposição do Senado,
de fazer face a desordens e tumultos populares.
Obj. 5 - Explicar a importância exercida pelo imperador como elemento de coesão política. (pág. 75)
O imperador foi um elemento de coesão política não só pela centralidade do poder por ele exercido,
mas sobretudo devido ao culto do imperador.
Ainda em vida, Octávio tinha recebido do Senado o título de Augusto (divino), passando a ser chamado
Octávio Augusto. A partir daquele momento, a homenagem ao imperador acompanhou a glorificação do
império romano. Augusto ainda não era um deus, porém, adorava-se o seu génio (espírito protetor), bem
como as virtudes imperiais (Vitória Augusta, Paz Augusta, Justiça Augusta, Liberdade Augusta, entre outras) e
a deusa Roma. Mas só após a sua morte em 14 d. C., Octávio foi considerado deus (divus), instituindo-se o
culto imperial, assegurado pelas augustais (sacerdotes).
Ainda no século I, o culto ao imperador vivo foi adotado por todo o império. A divinização do
imperador e da cidade de Roma reforçou os laços entre todos os habitantes do Império, unidos pela mesma
devoção.
Os romanos, povo pragmático (prático), criaram o direito, com o objetivo de administrar o império.
Inicialmente, não existiam leis escritas. A tradição e o costume encarregavam-se de reger a tomada de
decisões, era o direito consuetudinário. Todavia, no século V a. C., os plebeus exigiram mais rigor, o que deu
origem a leis escritas: criou-se o direito legítimo, baseado nas leis (leges) que se apoiavam em fórmulas
escritas. As primeiras leis escritas tomaram o nome de lei das XII tábuas e constituem o fundamento do
Direito (conjunto de normas jurídicas).
- Os decretos imperiais.
Estes documentos contribuíram para integrar os povos dominados no império romano, pois os
cidadãos romanos sentiam-se protegidos por uma mesma lei, que afastava as arbitrariedade e procurava
estabelecer a justiça. O direito tornou-se, assim, num fator de união e de pacificação dos povos do império.
Devido à sua extrema importância, as leis foram reunidas em Códigos, que são, ainda hoje, fontes
essenciais para compreender o direito atual. Noções como as de Direito Público, (respeitante à coletividade,
ou seja, à organização, primeiro da República e depois do império) e Direito Privado (relativamente a
particulares). O Direito Privado apresenta numerosas divisões: o Direito da Família, Direito Penal, Direito Civil
(direito próprio do cidadão romano), Direito Natural (comum a todos os homens, inclusive os escravos e os
povos que viviam fora dos limites do império, existia desde o início da humanidade, é imutável e pode ser
encontrado em todos os povos) e direito das gentes (comum a todos os povos), foram criados pelos romanos
e mantêm-se como referência nos dias de hoje.
Para além do Direito, também o acesso à cidadania funcionou como fator de inclusão no Império, pois
só quem era cidadão beneficiava de um conjunto de direitos, tais como: contrair matrimónio, possuir terras,
votar e ser eleito para as magistraturas. A importância da cidadania pode ser comprovada, aliás, no estatuto
de princeps civitatis (o primeiro dos cidadãos), que transformou Octávio no primeiro dos imperadores
romanos.
Porém, a melhoria de condição jurídica dos povos dominados foi um processo lento que acompanhou
a cronologia das conquistas (embora fosse possível que algum habitante isolado, devido ao mérito ou aos
bons serviços prestados, fosse considerado cidadão romano):
- Até ao séc. I a. C., a cidadania plena (direito romano) estava reservada aos naturais da cidade de
Roma e a quem se destacasse pelo seu valor; a Itália, primeira região conquistada, usufruía do Direito Latino,
o que na prática os impedia de aceder às mais altas magistraturas.
- Em 212 d.C. o imperador Caracala concedeu a plena cidadania romana a todos os habitantes livres do
império.
1 – A vida urbana;
2 – O culto do Imperador;
3 – O direito romano;
4 – O acesso à cidadania.
Todos os que integraram o império são ainda hoje chamados de latinos, termo eu originariamente
designava apenas os habitantes a sul do Tibre , chamada de Lácio (Latium).
Na cultura romana destacaram-se duas características: o pragmatismo (espírito prático que marca
todas as realizações romanas) e a influência grega, como um modelo a seguir na arte, na filosofia, na religião
e na literatura.
A semelhança entre a cultura grega e romana, através da cópia ou adaptação deu origem à chamada
cultura greco-latina de que somos herdeiros.
Obj. 9 – Descrição dos elementos urbanísticos da cidade romana.
O sentido prático dos romanos foi evidente na organização das cidades (urbanismo). Pensa-se que a
cidade romana teve origem na estrutura dos aquartelamentos militares. Ela obedecia a uma planta retilínea,
no qual duas ruas ou eixos principais se cruzam (o cardo e o decumanos), do que resulta a criação de uma
praça central, centro da vida pública, chamada fórum.
Roma, no seu plano urbanístico foi o modelo de todas as outras cidades do império.
Os edifícios romanos seguiam de perto o modelo grego, tendo, por isso, adotado as três ordens
arquitetónicas, com preferência pela coríntia. No entanto, era frequente que, para acentuar a grandiosidade
dos templos, os romanos não só construíssem colunas e capiteis de maiores dimensões, mas também
dotassem uma mesma coluna dos elementos das várias ordens, criando, desta forma, a ordem compósita.
Outra solução, era construírem os templos sobre uma plataforma elevada, o podium.
As obras escultóricas, por seu lado, não seguiam, em geral, o idealismo presente na escultura grega. O
realismo escultórico justificava-se pela necessidade de valorização do homem público, retratado de acordo
com a sua individualidade própria. O idealismo era reservado para a glorificação do imperador, retratado nas
estátuas oficiais como um ser perfeito, tal como convinha à vontade de divinização do seu poder.
2.3
Obj. 12 – Analisar a relevância do legado político e cultural clássico para a civilização ocidental,
nomeadamente a nível da administração, da língua, do direito, do urbanismo, da arte e da literatura.
Apesar da vastíssima extensão, o Império Romano estava unificado por vários elementos: a
administração; a língua e o direito; o urbanismo, a arte e a literatura.
De forma gradual, todos os habitantes do império passaram a falar latim, sendo o latim a origem de
várias línguas novilatinas, como: o português, espanhol, francês, italiano e o romeno. Atualmente estas
línguas são das mais conhecidas e faladas no mundo inteiro. Todo o império se regia pelas mesmas leis, as
quais refletiam o sentido de justiça e mentalidade romana. O direito romano esteve na origem do direito
atual.
A arte clássica romana ensina-nos tanto valores arquitetónicos quanto propagandísticos imperiais de
uma forma atual e contemporânea. Um edifício contemporâneo, nesse caso, pode se tornar símbolo visível
de uma continuidade histórica. Reconhecemos a sua imortalidade da arquitetura greco-romana no românico,
no renascimento e no neoclássico, ela perdurou como fonte de inspiração na arquitetura contemporânea
sempre que utilizamos o arco, a abóbada, a cúpula ou (de inspiração grega) o sistema trilítico com
envasamento, coluna e entablamento.
Em termos simples, por romanização entende-se a difusão da civilização romana entre os povos
conquistados com o objetivo de proceder à sua plena integração. Portanto, romanização é um processo de
aculturação pelo qual uma determinada comunidade populacional assimila total ou parcialmente uma
cultura diferente da sua.
Sendo assim, romanização é a adaptação dos povos conquistados pelos Romanos às suas formas de
organização administrativa, económica e social e a todos os seus valores culturais.
Os primeiros sinais da presença romana nas praias ibéricas remontam ao ano de 218 a.C., mas a
conquista da Península Ibérica tornou-se um processo lento que resultou de cerca de dois séculos de lutas
que testemunham a forte resistência dos povos peninsulares, entre os quais os lusitanos chefiados por
Viriato. Em 19 a.C. os romanos tinham conquistado todo o território.
Apesar da vastíssima extensão, o Império Romano estava unificado por vários elementos: as cidades, o
exército, a imigração, as autoridades provinciais, a língua, a religião, o Direito, o desenvolvimento
económico e a rede viária.
Os romanos apoiaram o seu domínio na fundação de cidades. As cidades, remodeladas ou fundadas
tiveram o objetivo de atrair as populações indígenas, que aí se adaptavam ao modo de vida romano.
Os imigrantes ou colonos que em busca de oportunidade vieram viver para a Península Ibérica
reforçaram, pela sua presença, a romanização.
A língua foi também um importante contributo para a romanização. Todos os habitantes do império
passaram, de forma gradual, a falar o latim.
Os deuses romanos eram adotados a par das divindades locais e todos prestavam culto ao imperador.
Funcionando, desta forma, a religião como elemento de coesão entre todos os povos do império. Também
todo o império se regia pelas mesmas leis (o Direito Romano) as quais refletiam a mentalidade romana e
levava a que os indígenas vissem os invasores como justos.
Os romanos desenvolveram as regiões ocupadas. Os povos de origem celta, habitavam em castros, nos
cimos dos montes e faziam da pastorícia, da recolha de alimentos e da guerra os seus principais meios de
subsistência.
Depois de vencidas e pacificadas estas populações desceram para as planícies férteis, onde passaram a
dedicar-se as atividades agrícolas e comerciais ao mesmo tempo que começavam a apreciar os prazeres
materiais que passaram a beneficiar.
A pecuária passou também a ser uma atividade paralela à agricultura, tendo em vista a produção de
carne, lãs e peles, para as indústrias de lanifícios e curtumes. Desenvolveu-se também a extração mineira.
A presença romana também trouxe mudanças na organização social. Uma nova sociedade, mais
urbana e com os padrões civilizacionais romanos.
A população ibérica viu-se misturada com os legionários romanos que por permaneciam ao serviço do
exército. Juntamente com os exércitos vinham comunidades de emigrantes civis em busca de fama e de
riqueza. O dinamismo comercial atraiu ainda prósperos comerciantes com as suas comitivas, constituindo-se
também como importantes fatores de renovação social das populações ibéricas.
A atuação das autoridades provinciais ibéricas veio a ser fundamental no processo de aculturação dos
povos peninsulares. A elas também estava incumbido o dever de mostrar a magnanimidade do poder
romano ao estabelecer um clima de paz e de confiança assente no respeito e tolerância pelas culturas locais
e consolidado com a promoção dos benefícios da cultura e dos modos de vida romanos. Nesta cultura e
modo de vida inserem-se os novos tipos de casa e de vestuário; novos espaços urbanos ou reorganização de
outros existentes, as cidades e mesmo as aldeias enchem-se de templos, teatros, circus, aquedutos,
balneários, espaços pavimentados, enfim, de todo o brilho das construções romanas; o traçado de amplas
vias, por onde circulavam produtos e pessoas, portanto, com benefícios para o comércio e administração; o
exercício cuidado da justiça pelo rigoroso respeito pela objetividade do Direito Romano; a difusão da língua
latina e a educação, através de, entre outras, da criação de escolas.