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2 – O modelo romano.

2.1 Roma, Cidade ordenadora de um império urbano.

Obj. 1 – Localizar o espaço imperial romano.

Na história de Roma, o termo império tanto pode significar a vasta extensão de terras e povos sob um
mesmo governo, como o período em que o líder político desse território era um imperador.

Porém, se a fase do império se estende entre 27 a.C. – ascensão de Octávio, primeiro imperador
romano - e 476 d.C. queda do Império Romano do Ocidente -, a história de Roma remonta ao século VIII a. C.,
tendo por base civilizacional a monarquia etrusca, que dotou a cidade de infraestruturas e de uma
organização social e política.

De acordo com a lenda, Roma foi fundada por Rómulo em 753 a. C., que teria matado o seu irmão
gémeo, Remo, por este ter saltado sobre as muralhas da nova cidade. Apesar de se tratar de uma lenda, é
verdade que a história de Roma está permeada de conflitos. Os romanos conquistaram, progressivamente,
as margens do Mar Mediterrâneo (desde a P. Itálica (1ª fase) até cercarem todo o Mediterrâneo,
considerando-o como um lago romano – Mare Nostrum (o nosso mar). Roma foi, portanto, uma cidade
conquistadora (“A cidade que se tornou um império”).

Obj. 2 – Reconhecer o carácter urbano da civilização romana.

A civilização romana é indissociável da ideia de cidade ou urbe, ou seja, enquanto cidade e império
Romano foi um “fenómeno urbano”. À medida que iam conquistando o território, iam também fundando ou
reorganizando centros urbanos, que se tornaram nas células através das quais a cidade de Roma podia impor
o seu domínio e retirar impostos e riquezas. Ao contrário do que acontecia na Grécia Antiga, o Império
Romano era um Estado único, mas uma vasta federação de cidades com seus territórios, com um governo
central em Roma. Roma era a grande urbe para onde tudo convergia. O fenómeno urbano romano foi mais
intenso a Ocidente do que a Oriente, visto tratar-se da fundação de novas cidades à “imagem de Roma”.
Enquanto no caso do Oriente se verificou apenas a reorganização do espaço existente, uma vez que já
existiam cidades suficientemente desenvolvidas.

Obj. 3 – Referir, de forma abreviada, as instituições governativas da Roma Antiga.

Partindo da observação do esquema das instituições tradicionais de Roma (pág. 72), concluímos que
estas tiveram origem no período republicano (século VI a. C. até I a.C.). Neste período o governo de Roma
era formado pelas seguintes instituições:

- O Senado;

- As magistraturas;

- Os comícios;

O Senado era uma assembleia permanente formada pelos notáveis. Estes tinham o poder de
administrar as províncias, controlar o tesouro e decidir a política externa. Tinham uma importância vital na
governação.
Os Comícios eram assembleias do povo romano. Elegiam os magistrados e aprovavam as leis, que
depois eram validadas pelo Senado.

Os magistrados eram funcionários de importância variada. Desde os cônsules, mais importantes, a


quem cabia a chefia do governo e do exército, aos censores e tribunos da plebe, menos importantes, a quem
cabia, respetivamente, a atualização do recenseamento dos cidadãos e da sua fortuna e zelar pelos direitos
dos plebeus. Numa posição intermédia do “cursus honorum” (carreira pública ascendente até ao cargo de
cônsul, que permitia aceder ao Senado) encontravam-se, por ordem de importância, os pretores, os edis e os
questores, que tinham a seu cargo o poder executivo, judicial e militar. Os Cônsules tinham também o poder
de, em caso de crise política grave, designar um ditador, por um período de seis meses, para restaurar a
ordem ou liderar uma guerra difícil. Enquanto os Cônsules estavam no topo da carreira, os tribunos da plebe
situavam-se na base, pois, embora sendo magistrados respeitados (podiam vetar, isto é, recusar uma lei já
aprovada), eram quem representava os plebeus (homens do povo).

Em 27 a. C., Roma inicia o período imperial, no qual se verifica a acumulação de poderes na figura do
imperador (Otávio César Augusto) e o esvaziamento de poderes das instituições republicanas. O imperador
controla o Senado, designa os magistrados e exerce ele próprio o poder das magistraturas. Ao mesmo
tempo, foram criadas instituições da administração imperial diretamente dependentes do imperador e
cargos por ele nomeados.

Obj. 4 - Explicar a ascensão de Octávio a imperador.

Ainda antes do período imperial, as experiências ditatoriais não eram novidade: no período da
República Júlio César foi nomeado ditador perpétuo, em 45 a.C. (graças ao seu êxito na conquista da Gália),
mas foi assassinado no ano seguinte por ter atentado contra as instituições romanas. Porém, só com Octávio
se inicia o período do império. O primeiro imperador romano não cometeu o erro de César: em tempo de
guerra civil, soube conservar e até servir-se das instituições tradicionais para fortalecer o seu poder. Graças a
esta habilidade política, no século I a. C., Octávio recebeu dos Senadores dois títulos:

- O título de Princeps civitatis (o primeiro dos cidadãos), chamando-se, por isso, principado à sua forma
de governo. Este título permitiu-lhe acumular várias magistraturas, logo, acumular poderes, detendo o
imperium (poder de comandar o exército, de convocar o Senado e de administrar a justiça. Octávio era o
imperator (o imperador).

Observações:

Não podemos acreditar que Octávio Augusto governou sem problemas desde o ano 27 a. C. a 14 d. C..
Claro que recebeu muitos títulos honoríficos, logo em 27 a. C recebeu do Senado um escudo de ouro onde
estavam inscritas as virtudes do príncipe (virtus, clementia, Justitia, pietes). Do Senado recebe o nome de
Augustus de princeps e pater patriae (pai da pátria), mas também muitas vezes teve a oposição do Senado,
de fazer face a desordens e tumultos populares.

Obj. 5 - Explicar a importância exercida pelo imperador como elemento de coesão política. (pág. 75)
O imperador foi um elemento de coesão política não só pela centralidade do poder por ele exercido,
mas sobretudo devido ao culto do imperador.

Ainda em vida, Octávio tinha recebido do Senado o título de Augusto (divino), passando a ser chamado
Octávio Augusto. A partir daquele momento, a homenagem ao imperador acompanhou a glorificação do
império romano. Augusto ainda não era um deus, porém, adorava-se o seu génio (espírito protetor), bem
como as virtudes imperiais (Vitória Augusta, Paz Augusta, Justiça Augusta, Liberdade Augusta, entre outras) e
a deusa Roma. Mas só após a sua morte em 14 d. C., Octávio foi considerado deus (divus), instituindo-se o
culto imperial, assegurado pelas augustais (sacerdotes).

Ainda no século I, o culto ao imperador vivo foi adotado por todo o império. A divinização do
imperador e da cidade de Roma reforçou os laços entre todos os habitantes do Império, unidos pela mesma
devoção.

Obj. 6 – Salientar a riqueza e utilidade do Direito Romano.

Os romanos, povo pragmático (prático), criaram o direito, com o objetivo de administrar o império.

Inicialmente, não existiam leis escritas. A tradição e o costume encarregavam-se de reger a tomada de
decisões, era o direito consuetudinário. Todavia, no século V a. C., os plebeus exigiram mais rigor, o que deu
origem a leis escritas: criou-se o direito legítimo, baseado nas leis (leges) que se apoiavam em fórmulas
escritas. As primeiras leis escritas tomaram o nome de lei das XII tábuas e constituem o fundamento do
Direito (conjunto de normas jurídicas).

Pouco a pouco, desenvolveu-se uma verdadeira Ciência do Direito ou Jurisprudência, graças ao


trabalho de jurisconsultos (homens sábios que conheciam as mais diversas questões jurídicas e foram
aperfeiçoando os tratamentos que davam aos processos). Este aperfeiçoamento constante não impediu que
certos preceitos fossem considerados imutáveis: “viver honradamente”, “atribuir a cada um o que é seu”
(física e espiritualmente) e “não prejudicar ninguém”.

Para além das XII Tábuas, o Direito Romano produziu:

- a Obra dos Jurisconsultos;

- os Éditos (decisões) dos pretores (magistrados);

- os pareceres do Senado (senatus consultus);

- Os decretos imperiais.

Estes documentos contribuíram para integrar os povos dominados no império romano, pois os
cidadãos romanos sentiam-se protegidos por uma mesma lei, que afastava as arbitrariedade e procurava
estabelecer a justiça. O direito tornou-se, assim, num fator de união e de pacificação dos povos do império.

Devido à sua extrema importância, as leis foram reunidas em Códigos, que são, ainda hoje, fontes
essenciais para compreender o direito atual. Noções como as de Direito Público, (respeitante à coletividade,
ou seja, à organização, primeiro da República e depois do império) e Direito Privado (relativamente a
particulares). O Direito Privado apresenta numerosas divisões: o Direito da Família, Direito Penal, Direito Civil
(direito próprio do cidadão romano), Direito Natural (comum a todos os homens, inclusive os escravos e os
povos que viviam fora dos limites do império, existia desde o início da humanidade, é imutável e pode ser
encontrado em todos os povos) e direito das gentes (comum a todos os povos), foram criados pelos romanos
e mantêm-se como referência nos dias de hoje.

Obj. 7 – Distinguir as etapas da extensão da cidadania aos diversos povos do império.

Para além do Direito, também o acesso à cidadania funcionou como fator de inclusão no Império, pois
só quem era cidadão beneficiava de um conjunto de direitos, tais como: contrair matrimónio, possuir terras,
votar e ser eleito para as magistraturas. A importância da cidadania pode ser comprovada, aliás, no estatuto
de princeps civitatis (o primeiro dos cidadãos), que transformou Octávio no primeiro dos imperadores
romanos.

Porém, a melhoria de condição jurídica dos povos dominados foi um processo lento que acompanhou
a cronologia das conquistas (embora fosse possível que algum habitante isolado, devido ao mérito ou aos
bons serviços prestados, fosse considerado cidadão romano):

- Até ao séc. I a. C., a cidadania plena (direito romano) estava reservada aos naturais da cidade de
Roma e a quem se destacasse pelo seu valor; a Itália, primeira região conquistada, usufruía do Direito Latino,
o que na prática os impedia de aceder às mais altas magistraturas.

- Em 49 a. C. todos os habitantes da Itália foram equiparados a cidadãos romanos (a maioria das


cidades do restante império ainda não tinham sequer a honra do Direito Latino.

- Em 212 d.C. o imperador Caracala concedeu a plena cidadania romana a todos os habitantes livres do
império.

Em suma, os principais fatores de coesão do Império Romano foram:

1 – A vida urbana;

2 – O culto do Imperador;

3 – O direito romano;

4 – O acesso à cidadania.

Todos os que integraram o império são ainda hoje chamados de latinos, termo eu originariamente
designava apenas os habitantes a sul do Tibre , chamada de Lácio (Latium).

2.2. A afirmação imperial de uma cultura urbana pragmática.

Obj. 8 – Caracterização genérica da cultura romana.

Na cultura romana destacaram-se duas características: o pragmatismo (espírito prático que marca
todas as realizações romanas) e a influência grega, como um modelo a seguir na arte, na filosofia, na religião
e na literatura.

A semelhança entre a cultura grega e romana, através da cópia ou adaptação deu origem à chamada
cultura greco-latina de que somos herdeiros.
Obj. 9 – Descrição dos elementos urbanísticos da cidade romana.

O sentido prático dos romanos foi evidente na organização das cidades (urbanismo). Pensa-se que a
cidade romana teve origem na estrutura dos aquartelamentos militares. Ela obedecia a uma planta retilínea,
no qual duas ruas ou eixos principais se cruzam (o cardo e o decumanos), do que resulta a criação de uma
praça central, centro da vida pública, chamada fórum.

Roma, no seu plano urbanístico foi o modelo de todas as outras cidades do império.

O pragmatismo estendeu-se, também, à arquitetura, podendo distinguir-se os elementos da cidade


romana de acordo com a sua função ou tipologia.

A- Lazer (cumpriam a função de agradar ao cidadão e cultivar o ócio);


- Termas: edifícios onde se podia tomar banho de água quente e fria, receber massagens, fazer a depilação,
praticar desporto, ler e conviver.
- Anfiteatros: Locais de duelo entre gladiadores e de lutas entre feras e homens, podendo também ser
inundados para simular batalhas navais.
- Circos: Estádios utilizados para as corridas de cavalos e de carros puxados por cavalos.
- Teatros: Locais destinados à representação de tragédias comédias e farsas, sendo também utilizados como
locais de reunião política dos cidadãos.
B- Comemoração (Tinham uma intenção propagandística, servindo a função de exaltação do poder imperial);
- Arco de triunfo: Elemento comemorativo de uma vitória militar.
- Coluna: Celebrava o sucesso de uma conquista;
- Pórtico monumental: Estrutura sustentada por colunas.
- Ara Pacis: Celebrava a paz romana instituída por Octávio.
C- Serviço à cidade/ edifícios utilitários (Edifícios de cariz utilitário realizados ao serviço da cidade).
- Cúria: Local de reunião do Senado.
- Basílica: Tribunal público e sala de reuniões;
- Templos: Seguiam o modelo arquitetónico grego e estavam implantados por todo o império, celebrando os
vários deuses (politeísta) a que se destinavam.
- Aquedutos: Transporte e abastecimento de água.
- Domus e insulae: As primeiras eram casas de habitação mais ricas constituídas por um pátio com
impluvium, um peristilo com jardim interior e mosaicos. As insulae, onde morava a maior parte da
população, eram prédios de cinco ou seis andares.
- Pontes:
- Estradas:
- Esgotos: Evidenciam o avanço civilizacional dos romanos.
- Bibliotecas (públicas ou privadas, a mais importante desta época foi a de Alexandria, nelas se fazia a
recitação dos autores mais consagrados.
- Mercados Públicos: serviam a função de abastecimento da cidade.

Obj. 10 – Identificar os modelos arquitetónico e escultóricos da civilização romana.

Os edifícios romanos seguiam de perto o modelo grego, tendo, por isso, adotado as três ordens
arquitetónicas, com preferência pela coríntia. No entanto, era frequente que, para acentuar a grandiosidade
dos templos, os romanos não só construíssem colunas e capiteis de maiores dimensões, mas também
dotassem uma mesma coluna dos elementos das várias ordens, criando, desta forma, a ordem compósita.
Outra solução, era construírem os templos sobre uma plataforma elevada, o podium.
As obras escultóricas, por seu lado, não seguiam, em geral, o idealismo presente na escultura grega. O
realismo escultórico justificava-se pela necessidade de valorização do homem público, retratado de acordo
com a sua individualidade própria. O idealismo era reservado para a glorificação do imperador, retratado nas
estátuas oficiais como um ser perfeito, tal como convinha à vontade de divinização do seu poder.

Obj. 11 – Evidenciar a intenção apologética da épica e da historiografia.

Mecenas, amigo do imperador Augusto, impulsionou as letras e as artes de modo a transformá-las


num meio de propaganda do imperador e do seu reinado. A Eneida de Virgílio é um exemplo, pelo poema
épico pelo herói Eneias, filho de Vénus, do qual descenderiam Rómulo e a família de Augusto. Na História,
representada sobretudo por Políbio, Tácito e Tito Lívio também glorificaram o império. Esta demonstração
teve a preocupação com o rigor metodológico, com que artes, na paz e na guerra, se fundou o império.

2.3

Obj. 12 – Analisar a relevância do legado político e cultural clássico para a civilização ocidental,
nomeadamente a nível da administração, da língua, do direito, do urbanismo, da arte e da literatura.

Apesar da vastíssima extensão, o Império Romano estava unificado por vários elementos: a
administração; a língua e o direito; o urbanismo, a arte e a literatura.

De forma gradual, todos os habitantes do império passaram a falar latim, sendo o latim a origem de
várias línguas novilatinas, como: o português, espanhol, francês, italiano e o romeno. Atualmente estas
línguas são das mais conhecidas e faladas no mundo inteiro. Todo o império se regia pelas mesmas leis, as
quais refletiam o sentido de justiça e mentalidade romana. O direito romano esteve na origem do direito
atual.

A autoridade romana centralizada na figura do imperador, governadores de província e magistrados


urbanos, estabeleceram um clima de paz, confiança e tolerância entre os nativos o que favoreceu a atração
destes pela civilização romana e o domínio desse povo sobre o território que acabaria por se tornar a matriz
da cultura ocidental.

A organização administrativa foi um importante instrumento de dominação e de pacificação do


território. Desde cedo, os romanos preocuparam-se por consolidar a sua autoridade. Para o efeito, a
governação e administração do território funcionava como uma federação de cidades tendo por cabeça
Roma. O império romano estava dividido em províncias e estas divididas em circunscrições jurídicas
chamadas conventus juridici. Às cidades conventus acorria o governador da respetiva província para, em
reunião com os representantes locais, tomar conta dos problemas existentes e discutir a sua resolução. Esta
organização administrativa foi adotada pela igreja Cristã e, a partir dos finais da Idade Média, com a
centralização do poder real, na organização dos estados europeus. Atualmente, os estados organizam-se
dessa forma: poder central exercido a partir de uma capital e a nível local o poder autárquico inserido numa
determinada região. Diferimos, no entanto, por não existir um governador de província. Uma unidade
política e administrativa que conservou no seu interior uma apreciável diversidade cultural com variáveis
graus de integração e autonomia, gerando esse peculiar sentimento de comunidade (que, de algum modo, a
União Europeia voltou a agrupar) sem, todavia, esbater as singularidades regionais.

As antigas cidades coloniais registraram as influências greco-romanas que permaneceram expressas


via urbanismo e arquitetura, legados à posteridade, principalmente, através de suas ruínas de monumentos
e edifícios encontrados ainda hoje. As características que compunham uma cidade colonial romana podem
apontar a magnificência e influência de uma cidade provincial em seu tempo, além de revelar a importância
desta cultura na Antiguidade e também os seus reflexos em período atual. As estruturas e monumentos
arquitetónicos que sobreviveram até nós, dão-nos indícios de planeamento urbano, de preocupações com o
abastecimento de água, com a higiene pessoal e a salubridade da cidade através da construção de rede de
esgotos. A evolução da casa, a domus, e o surgimento da insulae que se adaptavam ao urbanismo; a casa
ainda sofreria variações fora da cidade, como vivenda rural (villae). Outros elementos, como os monumentos
honoríficos: arco do triunfo, troféu, coluna simples; e os monumentos funerários: túmulo, mausoléu.
Também os edifícios utilitários: armazéns, docas, fábricas, oficinas, instalações industriais. As construções de
infraestrutura: estradas, pontes, aquedutos, barragens, cisternas, portos. Todos estes elementos
compunham um conjunto civilizacional romano que caracterizava o desenvolvimento e propiciou o avanço
tecnológico e cultural da humanidade.

A arte clássica romana ensina-nos tanto valores arquitetónicos quanto propagandísticos imperiais de
uma forma atual e contemporânea. Um edifício contemporâneo, nesse caso, pode se tornar símbolo visível
de uma continuidade histórica. Reconhecemos a sua imortalidade da arquitetura greco-romana no românico,
no renascimento e no neoclássico, ela perdurou como fonte de inspiração na arquitetura contemporânea
sempre que utilizamos o arco, a abóbada, a cúpula ou (de inspiração grega) o sistema trilítico com
envasamento, coluna e entablamento.

Obj. 13 Identificar na romanização da Península Ibérica os instrumentos de aculturação das


populações submetidas ao domínio romano.

Em termos simples, por romanização entende-se a difusão da civilização romana entre os povos
conquistados com o objetivo de proceder à sua plena integração. Portanto, romanização é um processo de
aculturação pelo qual uma determinada comunidade populacional assimila total ou parcialmente uma
cultura diferente da sua.

Sendo assim, romanização é a adaptação dos povos conquistados pelos Romanos às suas formas de
organização administrativa, económica e social e a todos os seus valores culturais.

Os primeiros sinais da presença romana nas praias ibéricas remontam ao ano de 218 a.C., mas a
conquista da Península Ibérica tornou-se um processo lento que resultou de cerca de dois séculos de lutas
que testemunham a forte resistência dos povos peninsulares, entre os quais os lusitanos chefiados por
Viriato. Em 19 a.C. os romanos tinham conquistado todo o território.

Após a conquista, a Península foi dividida em três províncias:

- A lusitânia, com capital em Emerita Augusta (Mérida);


- A Tarraconensis, com capital em Tarraco (Tarragona);
- A Baetica, centrada em Corduba (Córdova).

Apesar da vastíssima extensão, o Império Romano estava unificado por vários elementos: as cidades, o
exército, a imigração, as autoridades provinciais, a língua, a religião, o Direito, o desenvolvimento
económico e a rede viária.
Os romanos apoiaram o seu domínio na fundação de cidades. As cidades, remodeladas ou fundadas
tiveram o objetivo de atrair as populações indígenas, que aí se adaptavam ao modo de vida romano.

Quanto ao exército, os legionários (soldados romanos) que se estabeleciam nos territórios


conquistados eram portadores e, portanto, difusores da cultura romana. Depois da conquista, estes
permaneciam no território para assegurarem a pacificação e conviveram com os nativos. Alguns casaram e
estabeleceram-se definitivamente nesses territórios. Por outro lado, os elementos indígenas recrutados
para participarem em campanhas militares, regressavam às suas terras com a nova maneira de pensar.

Os imigrantes ou colonos que em busca de oportunidade vieram viver para a Península Ibérica
reforçaram, pela sua presença, a romanização.

As autoridades romanas estabeleceram um clima de paz, confiança e tolerância entre os povos


nativos, o que favoreceu a atração deles pela civilização romana. Paralelamente, fundaram escolas onde os
filhos dos chefes indígenas eram educados à maneira romana para se tornarem, mais tarde, as elites locais.

A língua foi também um importante contributo para a romanização. Todos os habitantes do império
passaram, de forma gradual, a falar o latim.

Os deuses romanos eram adotados a par das divindades locais e todos prestavam culto ao imperador.
Funcionando, desta forma, a religião como elemento de coesão entre todos os povos do império. Também
todo o império se regia pelas mesmas leis (o Direito Romano) as quais refletiam a mentalidade romana e
levava a que os indígenas vissem os invasores como justos.

Os romanos desenvolveram as regiões ocupadas. Os povos de origem celta, habitavam em castros, nos
cimos dos montes e faziam da pastorícia, da recolha de alimentos e da guerra os seus principais meios de
subsistência.

Depois de vencidas e pacificadas estas populações desceram para as planícies férteis, onde passaram a
dedicar-se as atividades agrícolas e comerciais ao mesmo tempo que começavam a apreciar os prazeres
materiais que passaram a beneficiar.

Em consequência, ocorreu uma profunda alteração do regime de propriedade e da economia. A


propriedade comunitária deu origem à propriedade individualista e uma economia predominantemente
pastoril deu origem a uma economia agrícola. Fundaram-se amplas propriedades fundiárias, as villae, cujos
proprietários fizeram da agricultura a atividade predominante, não só para consumo interno, mas também
tendo em vista a exportação para outras regiões do império. Enquanto nas villae (grandes propriedades
rústicas) se produzia, numa agricultura intensiva, os cereais, o vinho e o azeite e se praticava a pecuária,
nas cidades proliferavam as forjas, a olaria, a tecelagem e a indústria conserveira.

A pecuária passou também a ser uma atividade paralela à agricultura, tendo em vista a produção de
carne, lãs e peles, para as indústrias de lanifícios e curtumes. Desenvolveu-se também a extração mineira.

O desenvolvimento de uma economia de excedentes, a par da construção de estradas, muitas das


quais pavimentadas, completadas por pontes romanas, foram essenciais para a administração do território
e para o desenvolvimento do comércio, criando-se, pela primeira vez na História, um espaço económico
livre de barreiras à escala europeia.

A presença romana também trouxe mudanças na organização social. Uma nova sociedade, mais
urbana e com os padrões civilizacionais romanos.
A população ibérica viu-se misturada com os legionários romanos que por permaneciam ao serviço do
exército. Juntamente com os exércitos vinham comunidades de emigrantes civis em busca de fama e de
riqueza. O dinamismo comercial atraiu ainda prósperos comerciantes com as suas comitivas, constituindo-se
também como importantes fatores de renovação social das populações ibéricas.

A atuação das autoridades provinciais ibéricas veio a ser fundamental no processo de aculturação dos
povos peninsulares. A elas também estava incumbido o dever de mostrar a magnanimidade do poder
romano ao estabelecer um clima de paz e de confiança assente no respeito e tolerância pelas culturas locais
e consolidado com a promoção dos benefícios da cultura e dos modos de vida romanos. Nesta cultura e
modo de vida inserem-se os novos tipos de casa e de vestuário; novos espaços urbanos ou reorganização de
outros existentes, as cidades e mesmo as aldeias enchem-se de templos, teatros, circus, aquedutos,
balneários, espaços pavimentados, enfim, de todo o brilho das construções romanas; o traçado de amplas
vias, por onde circulavam produtos e pessoas, portanto, com benefícios para o comércio e administração; o
exercício cuidado da justiça pelo rigoroso respeito pela objetividade do Direito Romano; a difusão da língua
latina e a educação, através de, entre outras, da criação de escolas.

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