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História do Direito

Direito Romano II

Introdução ao Estudo do Direito


Joseane Pepino de Oliveira
joseaneoliveira@uniacademia.edu.br
AS FASES DO DIREITO ROMANO
Alto Império (27 a.C. a 284 d.C.)

Nessa fase ocorreram revoltas de escravos e vários conflitos entre as classes sociais.
Esses acontecimentos levaram a uma alteração política em Roma.
Vale ressaltar ainda que, nesta fase, “O imperador ou príncipe não governa sozinho:
partilha o poder com o senado, havendo, pois uma diarquia, (governo de dois).”
AS FASES DO DIREITO ROMANO
Alto Império (27 a.C. a 284 d.C.)
Organização política e judiciária
Os poderes públicos eram exercidos pelo imperador, pelo consilium principis, pelos
funcionários imperiais, magistraturas republicanas, senado, comícios e organização das
províncias.

O imperador, que tinha autoridade máxima, inviolável, reunia todas as atribuições que na
república eram divididas entre vários magistrados. Eram atribuições dele:

“a tribunicia potestas, o pró-consulado (comando militar de todas as províncias), o direito de


declarar guerra e celebrar paz, fundar e organizar colônias, conceder cidadania, convocar o
Senado, cunhar moedas, instituir tributos, administrar, dizer o direito (jurisdição civil em 2ª
instância e jurisdição criminal).

O consilium principis atuava como órgão consultor para o imperador, quando este entendia
necessário. Era integrado por amigos do imperador e juristas que se destacavam na época.

Os funcionários imperiais tinham funções variadas, desde cuidar das vias públicas e do
abastecimento de água (curadores) e, até mesmo, governar províncias imperiais (Legados de
César).
AS FASES DO DIREITO ROMANO
Alto Império (27 a.C. a 284 d.C.)

As magistraturas republicanas tiveram suas funções reduzidas, eis que o


consulado perdeu os poderes militares e civis, a pretura peregrina
desapareceu, a censura deixou de existir (sendo que seus poderes passaram
para o imperador), a edilidade curul e da plebe deixaram de existir e o
tribunato da plebe recebeu funções administrativas de menor importância.

Além disso, o Senado possui atribuições de poder eleitoral dos comícios, parte
do legislativo e administra as províncias senatoriais e o erário de Saturno.
Então, o senado perde independência e sua função de corpo consultivo.

Os comícios, também perdem atribuições, eis que não possuem mais seus
poderes legislativos, eleitorais e judiciários.
AS FASES DO DIREITO ROMANO
Alto Império (27 a.C. a 284 d.C.)
Fontes do direito
As fontes do direito na fase do alto império são seis, : costume, lei, senatusconsultos, editos dos
magistrados, constituições imperiais e a jurisprudência.

Os costumes continuam desempenhando um papel importante como fonte do direito. Isso eis que o
povo romano é extremamente conservador.

Das leis escritas, ainda havia duas espécies: as leges rogatae, que assumem grande importância, e as
leges datae, que perdem relevância nessa época.

O senatusconsultos, espécie de consultoria senatorial, era feito através de um parecer, a pedido do


príncipe. Passam, na fase do Alto Império, a ter força de lei.

Os editos dos magistrados, nesta fase, perdem importância, eis que os magistrados foram perdendo o
direito de editar editos de seus antecessores. Então, os pretores passaram a apenas reproduzir os
editos passados.
AS FASES DO DIREITO ROMANO
Alto Império (27 a.C. a 284 d.C.)
As constituições imperiais podiam ser de quatro tipos:

“Edicta são proclamações feitas pelo imperador, ao ser consagrado, do mesmo modo que os
pretores quando assumiam as preturas.

Mandata são instruções que o príncipe envia aos funcionários da administração, principalmente
aos governadores imperiais das províncias, indicando-lhes um plano a seguir no exercício de
suas magistraturas.

Decreta são decisões que o imperador toma, como juiz, nos processos que lhe são submetidos
pelos particulares em litígio. Tomadas com relação a um caso particular, passam, como os
atuais acórdãos, a ser invocados para situações iguais ou semelhantes, até que Justiniano,
mais tarde, lhes dá força de lei.

Rescripta são respostas dadas pelo imperador a consultas jurídicas que lhe são feitas ou por
particulares (subscriptio) ou por magistrados (epístula).”

Por fim, a jurisprudência, considerada fonte eis que vinculava as decisões judiciais, “equivalia a
nossa doutrina. Diga-se que o imperador podia atribuir a certos juristas o chamado ius
respondendi, que conferia a seus pareceres maior força que aos dos demais”.
AS FASES DO DIREITO ROMANO
Baixo Império (284 d.C. a 565 d.C.)
AS FASES DO DIREITO ROMANO
Baixo Império (284 d.C. a 565 d.C.)

Essa fase é marcada pela monarquia absolutista, diante da concentração dos poderes nas
mãos do Imperador, sem repartição de poderes com o Senado. Para alguns autores, esse
período é chamado de Dominato.

Todos os poderes, atribuições e órgãos públicos passaram a ser submetidos à vontade do


imperador. Como fatos importantes nessa fase têm-se:

“313 – Edito de Milão, de Constantino, dando liberdade de culto aos cristãos. O edito foi
reforçado posteriormente e aplicado em todo o império. Constantino se converteu à fé cristã,
atribuindo várias de suas vitórias a isso.

380 – Constituição Cunctos Populos, de Teodósio I (379 a 395). Elevou o catolicismo a religião
oficial.

527 a 565 – Reinado do Imperador Justiniano. Tenta reunificar o Império e promulga as


compilações de leis e doutrina, conhecidas hoje com o nome de Corpus Iuris Civilis..

E o fim da fase do baixo império é marcada pela morte do Imperador Justiniano (565 d.C.).
AS FASES DO DIREITO ROMANO
Baixo Império (284 d.C. a 565 d.C.)
Organização política e judiciária

Os poderes públicos eram exercidos pelo Senado, pelas magistraturas republicanas e pelo Imperador.
O senado já não tinha quase nenhum poder eis que nem mais repartia a função judiciária com o
imperador. Passa a ser um mero conselho municipal.
As magistraturas republicanas eram compostas por cônsules (que davam nome ao ano), pretores
(perderam as funções judiciais), tribunos da plebe, questor para o Sacro Palácio (assessor do
imperador), Prefeitos para o Pretório (administravam prefeituras e exerciam funções judiciais), vigários
(governavam as Dioceses) e governadores (governavam as províncias). Então, as magistraturas não
desaparecem, mas perdem suas atribuições.
Como o Império Romano estava subdivido em Império Romano do Oriente e Império Romano do
Ocidente, cada um desses blocos foi entregue a um imperador, monarca absoluto, que concentrava
em suas mãos todos os poderes. Junto ao imperador “funcionava o Sacrum Consistorum (conselho
imperial para assuntos administrativos e judiciais).”
AS FASES DO DIREITO ROMANO
Baixo Império (284 d.C. a 565 d.C.)
Fontes do direito

O imperador, conforme já mencionado, concentrava em si todos os poderes nesse período. Detinha o poder
absoluto. E, além disso, o monarca invocava “a vontade divina como fonte de inspiração de sua autoridade: o
que agradou ao príncipe tem força de lei (“quod principi placuit, legis habet vigorem”). É a monarquia
absoluta.”

Diante dessa centralização de poderes, desaparecem as antigas fontes, restando as constituições imperiais
como única fonte de direito no período do baixo império. Eram chamadas de leges. Além das constituições
imperiais, “basicamente os costumes, a lei escrita e a jurisprudência (doutrina).”

Nesse período, ocorreram várias compilações particulares (elaboradas ou editadas por iniciativa privada) e
oficiais (criadas por iniciativa de um Imperador). Apesar de todas essas codificações, o Imperador Justiniano
ainda elaborou novas Constituições. Mas, O Corpus Iuris Civilis, por reunir em um só volume várias
compilações de leis de sua época e de épocas anteriores, é considerado uma dos maiores heranças deixadas
pela civilização de Roma. Vale mencionar que essa foi a procedência de muitos institutos jurídicos do nosso
tempo.
Fontes do Direito Romano
“O Direito Romano, até por sua extensão no que diz respeito
ao tempo que existiu e foi trabalhado, tem muitas fontes.
Algumas são gerais, independentes de época, outras são mais
específicas a um período da história de Roma.”

Costumes;
Leis e Plebiscitos;
Edito dos Magistrados;
Jurisconsultos;
Senatus-Consultos, e,
Constituições Imperiais.
Costume
Forma mais espontânea e antiga de Constituição do Direito;
“Os Romanos tinham como suporte fundamental e modelo do seu viver comum a
tradição, no sentido de observância dos costumes dos antepassados, mos
maiorum.”

Fides;
Pietas;
Gravitas;
Dignitas, Honor e Gloria.
Leis e Plebiscitos
Deliberação de vontade com efeitos obrigatórios;
◦ Legis Privatae, Lex Colegii, Lex Publica; (Lex Privatae:Fala-se para cláusula de um
contrato; Lex Colegii: Fala-se para se referir ao estatuto de uma cidade; Lex Publica:
Para fala-se sobre as deliberações dos órgãos do Estado (com o mesmo sentido
moderno).

Lex Data: caráter administrativo. Deliberação do senado ou magistrado


Lex Rogata: leis propostas por magistrados e votadas pelo povo.
◦ Plebiscitos;
◦ Lei Hortênsia (286 a.C.).
Edito dos Magistrados
Pretores;
Edicta;
“Da Etimologia da palavra (e – dicere) se deve deduzir que, em
sua origem, tais comunicações eram orais, mas o edito era
transcrito a tinta em tábuas pintadas de branco (donde o nome
de album) com letras pretas e cabeçalhos vermelhos (rubricae)
e afixado no forum, onde pudesse facilmente (de plano) ser
lido.”
Jurisconsultos
Sacerdotes (até séc. IV a.C.);
Estudos profundos e sistemáticos;
“Eles eram considerados como pertencentes a uma aristocracia
intelectual, distinção essa devida aos seus dotes de inteligência e aos
seus conhecimentos técnicos.”

Agere: indicação das forma dos atos processuais


Cavere: redação de instrumentos jurídicos – ex testamento
Respondere: pareceres e soluções
Ex autoritate princips;
“Jurisprudência é o conhecimento das instituições divinas e humanas,
a ciência do justo e do injusto.”
Senatus-Consultos
Eram deliberações do senado mediante proposta dos magistrados.

- Elas somente passam a ser fonte de lei após o Principado (século I


a.C.), portanto, somente após este período, os senatus-consultos
podem ser considerados fonte do direito.

• Inicialmente, o Senado representava o auctoritas patrum


(autoridades dos patriarcas), de caráter mais consultivo.

Somente no final da República tomou feição interpretativa e


sugestiva, passando depois para função normativa.
Constituições Imperiais
Imperador Adriano (séc. II d.C.);

Constitutiones (ou Placita):


◦ Edicta;
◦ Mandata;
◦ Decreta;
◦ Rescripta.
O Estudo do Direito e os
Advogados em Roma
Todo ensino, antes da conquista de outros povos, acontecia per exemplo, através do patriarca
da família;

Direito era essencialmente pratico, jovens assistiam as consultas de seus mestres aos clientes
e explicações administradas em casos específicos;

No século I a.C. o ensino do Direito passou a ser sistematizado;

Jurisconsultos ganhavam cada vez mais influencia e poder, consequentemente o estudo do


Direito ganhou importância e atenção da sociedade e do Estado;

A oratória era como arte, admirada e cultivada:

◦ Forenses despontavam-se também como grandes políticos republicanos;

Com o advento do Império a advocacia em Roma passou a ser considerada profissão.

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