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Esta sebenta foi feita de modo a permitir aos alunos acompanhar as tutorias e tem por base sobretudo apontamentos
das aulas teóricas e práticas, pelo que não dispensa a consulta dos manuais recomendados para o estudo da cadeira.
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Direito Romano Bruna Monteiro Vala
A história romana surge dividida em cinco épocas, marcadas por diferentes sistemas
políticos, que tiveram implicações na forma de criar e dizer Direito:
1. Período da monarquia/ período do rex e das gentes - 753 a.C. a 509 a.C.
2. Período de transição da monarquia para a república - 509 a.C. a 367 a.C. (data
da Lex Liciniae Sextiae)
3. Período da república/ período do populus/ período da res publica - 367 a.C. a
27 a.C. (data em que Júlio César sobe ao poder como pro-cônsul)
4. Período do principado/ período do prínceps inter pares (período entre iguais) -
27 a.C. a 285 d.C.
5. Período dominano/ do império/ prínceps cum rex – 285 d.C. a 385 d.C (fim da
Roma ocidental)
A Monarquia Romana
Introdução:
Organização política:
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As fontes de Direito:
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Os pontífices eram sacerdotes que faziam a ponte entre o divino e o humano, através da leitura
dos augúrios. Por terem a capacidade de falar com os deuses e interpretar os seus sinais, estes
controlavam toda a sociedade (exemplo: faziam o calendário da cidade de Roma, fazendo a divisão
entre os dias nefastos – maus e os dias fastos – bons). O sacerdote pontífice era aquele que tinha a
obrigação de aplicar os mores maiorum ao caso concreto.
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Concluindo: a lei das XII Tábuas surge em 450 a.C. e faz com que o direito nelas contido
tenha de ser aplicado. Até aqui, tudo se passava num plano religioso e de tradição
imposta sem argumentação explicativa, sem juridicidade. Uma das principais
reivindicações dos plebeus era a limitação do arbítrio dos julgadores, primeiro do Rex,
depois dos sacerdotes e dos supremos magistrados. Tal derivava de os problemas serem
resolvidos com base em regras consuetudinárias, oralmente interpretadas pela
aristocracia patrícia. O desfasamento entre os sacerdotes e os plebeus levou a que os
plebeus iniciassem processos de revolta. Criou-se então uma comissão, designada de
decemviri legibus scrbumdi, que tem como função elaborar as leis.
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Com esta lei, os plebeus ganham maior poder, pois passam a vincular essa lei
aos patrícios sem estes poderem opinar. Estamos, por isso, perante o eclodir
da luta dos plebeus contra os patrícios.
Nota: Os comitia distinguem-se dos concilia porque, enquanto os comitia são reuniões
de todo o povo em assembleia, os concilia são reuniões apenas da plebe
A República Romana
Introdução:
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conflitos, que se traduzem em regras que admitem exceções sempre que a sua aplicação
a um caso concreto resulte numa injustiça.
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Nota: o edicto era um programa das atividades a desenvolver durante o mandato pela
pessoa que se apresentava para exercer a magistratura do pretor. Este era fixado
publicamente na apresentação da candidatura, logo antes do início das funções.
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3. Pretor: magistratura criada pela Lex Licinia Sextiae de 367 a.C. (pretor urbano). Até
à Lex Aebutia de Formulis (130 a.C.), o pretor era apenas um interpretador da lei,
não podendo criticá-la ou alterá-la. Tinha um imperium igual ao do cônsul, mas
uma potestas de menor amplitude e era responsável por:
• Aplicar a justiça (iurisdicito), sobretudo civil, ou seja, interpretar, aplicar e
criar o Direito, através do edicto
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Há que fazer uma distinção entre o pretor urbano, antes mencionado, que
apenas desempenha funções na cidade, e o pretor peregrino, encarregue de
regular as relações jurídicas com os estrageiros.
Assim, é o pretor peregrino que cria o ius gentium (direito aplicado aos
estrangeiros), de modo a regular as relações entre cidadãos e estrangeiros ou as
situações jurídicas dos estrangeiros entre si.
Nota: os magistrados maiores eram eleitos pelos comitia centuriata, ao contrário dos
magistrados menores, que eram eleitos pelos comitia tributa, órgão cuja esfera de
influência estava restrita ao âmbito local. Assim, podemos dizer que os magistrados
eram eleitos pelo povo, uma vez que os comitia eram a reunião do povo em assembleia
(daí que uma das caraterísticas das magistraturas seja a sua eletividade)
Mas para além das magistraturas, há ainda outros órgãos sobre os quais assenta a
organização política romana no período da república:
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passam a vincular essa lei aos patrícios sem estes poderem opinar. Estamos, por isso,
perante o eclodir da luta dos plebeus contra os patrícios.
II) Ius flavium: foi através de Flávio que os romanos descobriram que as respostas
não vinham dos deuses, pois este mostrou que para construir direito não era
necessário escutar os deuses, mas sim usar a racionalidade e o saber.
No século IV a.C. surge o pontífice Ápio Cláudio, que lia os sinais divinos e
aconselhava as partes nas decisões jurídicas. Mas vem-se a perceber que, por
detrás das aparências, o seu trabalho estava a ser feito por um escravo – Flávio,
que fazia secretamente a consulta jurídica. Assim, percebe-se que aquilo que se
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procuram para obter uma solução e na comunidade que ouve a segue a argumentação
que sustenta a aplicação das regras e a sua exceção. O direito criado pelos
jurisprudentes é concretizado pela adesão das pessoas às suas soluções, e não pelo
exercício do poder coercivo por parte do Estado através dos tribunais, das polícias, da
administração pública. O direito não requer a força física, a ameaça estadual ou a sanção
legal. As leis sim. A solução do iurisprudente, a que as partes voluntariamente
recorreram, aceitando a solução antes de a conhecerem por ser uma solução
argumentada, fundada numa regra (ou numa exceção), é explicada e inserida nas chaves
de compreensão da comunidade, com um discurso partilhado com todos e por todos
compreendido – porque confiam no jurisprudente (base do compromisso prévio de
aceitação da sentença) não carece de nenhum poder coercivo.
Assim, as fontes de aplicação da regra de Direito pelo jurisprudente são a adesão
voluntária das partes à sua auctoritas, o seu compromisso e comprometimento com a
solução por ele encontrada e a proximidade entre a iurisprudência e as pessoas de uma
sociedade. O método de aplicação do direito é no sentido do caso concreto para a regra
geral e desta para a solução concreta justa e aplicável, ou para a sua exceção
argumentada como exigência de equidade.
Concluindo: a regra de direito é de criação jurisprudencial, fundada na auctoritas do
autor (que não pode ter imperium) a partir da casuística na repetição de soluções para
casos idênticos e visando a justiça do caso concreto, e a estabilização das formas de
resolver atenta segurança jurídica. Já a norma legal é criada pelo poder público
soberano, visando o Governo da cidade (civitas), a certeza e a segurança pública.
Concluindo:
• A seguir às leges liciniae sextiae, foi possível dividir, hierarquizar e conectar as
magistraturas num sistema de regras e princípios que garantisse a estabilidade
e continuidade ao modelo político-institucional, legitimado e preservado pelo
Direito.
• O poder político é exercido em nome da comunidade e entregue aos magistrados
detentores de imperium
• O senado, dotado de auctoritas política, é o órgão de conselho e consulta dos
magistrados
• É neste período da república que o populus passa a ter uma organização
institucionalizada que expressa as suas posições através de deliberações das suas
assembleias
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Mas a partir de 339 a.C., com a Lex publilia philonis, o processo de feitura da lex rogata,
que era produzida nos comitia, integrava o ius civile e contava com a intervenção do
senado, muda drasticamente.
No entanto, a partir desta data, o senado passa a intervir logo antes de o magistrado
apresentar a proposta, de modo a analisar e controlar o texto que viria a ser discutido
nos comitia. Este texto tinha então de ser primeiro aprovado pelo Senado, pelo que este
passou a vincular a discussão que havia depois nos comitia. Há então um controlo e
sobreposição do senado relativamente às magistraturas, quando este passou a querer
que o texto que era discutido nos comitia seguisse determinado conteúdo. É então que
o senado assume a função de atribuir à lex rogata a auctoritas patrum (autoridade
política).
O senado assume esta função argumentando que a capacidade que este tinha no
processo legislativo seria mais eficaz se fosse realizada no início – capacidade de
assegurar que o texto que vai ser discutido tem todos os requisitos para a discussão. No
entanto, do ponto de vista real, o senado ganhou uma função de controlo sobre as leis
aprovadas, visto que este determinava o conteúdo do texto.
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O Pretor
O ius praetorium
O edicto do pretor, que consistia no programa de mandato, com base no qual este era
eleito, formava o ius praetorium, que se enquadra dentro do ius honorarium, que é todo
o ius romanum não civile, criado pelos magistrados. O ius praetorium, em rigor, é uma
parte do ius honorarium, mas uma parte tão grande, que acaba por simbolizar todo o
ius honorarium. O ius praetorium forma um sistema diferente do ius civile, mas não o
derroga. Completa-o, sobretudo adaptando a estática do ius civile à dinâmica das
condições sociais e económicas, e concretamente, o pretor obtém esse resultado de
permanente adaptação, mediante expedientes seus,
O verdadeiro e primitivo ius romanum é o ius civile; no entanto, o ius praetorium é
também ius romanum. São, pois, dois grandes sistemas dentro do mesmo Direito.
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1. 1ª fase (século IV até 130 a.C.) – nesta fase, a função do pretor era administrar a
justiça, fundada no ius civile. A sua atividade é essencialmente interpretativa e
muito discreta, tanto mais que o seu trabalho era vigiado pelo collegium
pontificum, cioso de manter, ainda nesta época, quase em exclusivo, a
interpretacio. Aqui, o cidadão apresentava a sua pretensão ao pretor, que
procurava perceber se esta encontrava proteção jurídica no ius civile. Se a
pretensão beneficiasse desta proteção, então o pretor concedia a ação. Até à Lex
Aebutia de Formulis, só há actiones civiles, isto é, baseadas no ius civile. Por isso,
também são designadas “actiones in ius (civile) conceptae”.
2. 2ª fase (a partir de 130 a.C.) – a partir da Lex Aebutia de Formulis, do ano 130
a.C., o pretor, baseado na sua iurisdictio, e mediante expedientes adequados,
cria também direito (ius praetorium), embora por via processual, e portanto, a
sua função assume um caráter criativo. E assim, em vários casos não previstos
pelo ius civile, o pretor concede uma actio própria, por isso denominada de actio
praetoria, desde que este considere que, à luz dos princípios de justiça e
equidade, a situação em causa merece proteção jurídica. O inverso pode
também acontecer, ou seja, caso determinada situação social beneficie de
proteção jurídica nos termos do ius civile, mas, no caso concreto, a concessão
dessa proteção jurídica torne a situação desequilibrada ou injusta, pode o pretor
anular a actione. E como no direito romano, ter actio é ter ius, o pretor,
concedendo actios, cria diretamente ius. Tudo isto funciona diante do iudex, juiz
escolhido pelas partes, não particularmente conhecedor do direito, mas cidadão
exemplar e imparcial, a quem o pretor dá ordem para que, na verificação dos
factos, a ação seja negada ou conferida.
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O Principado
Introdução:
A data de 27 a.C. está associada ao fim da República romana e ao início do principado,
iniciado com a morte de Júlio Cesar. O principado é a forma de designar uma tentativa
política de concretizar no governo de Roma numa síntese entre instituições da res
pública e outras de pendor monárquico, atendendo à situação em que se encontram as
instituições do “Estado” após as sucessivas guerras civis.
Octávio Augusto exerceu o poder político supremo, a partir de 43 a.C., através de um
triunvirato e com um mandato de 5 anos depois renovado. Em 33 a.C., Augusto declara-
se prínceps por consensus universorum e a partir de 31 a.C., Augusto renova, sem
oposição, os seus poderes de cônsul único.
Estava aberto o caminho para um regime que, mantendo as instituições republicanas a
funcionar sem qualquer poder ou intervenção real na vida política e nas decisões a
tomar, concentrava todos os poderes nas mãos de um só homem: o
prínceps/imperador/augustus.
A fase de transição da República para o Principado vai ser conturbada, marcada por
escassez alimentar, guerras perdidas, crise económica, etc. E é devido a estes fatores
que ocorrem diversas mudanças:
• O Senado, que nunca tinha tido poder, vai assumir o poder legislativo, que será́
retirado aos comitia por força das circunstâncias;
• Os Comitia deixam de ser convocados perdem o seu relevo
• Os magistrados, que representavam a pluralidade do poder político em Roma,
vão inicialmente, continuar a ter funções. No entanto, César Augusto vai
considerar-se cônsul vitalício.
Com a tribunícia potestas (poder vitalício de tribuno), Augusto adquire várias funções:
• o poder de iniciativa na propositura de alterações “constitucionais” controlando
a renovação jurídica do “Estado”;
• o grau de qualidade de sacrosantus;
• o poder de intercessio contra tudo e qualquer ato de magistrados e do senado;
• e o ius agendi cum plebe, podendo votar os plebiscitos e convocar o Senado, com
os poderes de um tribuno da plebe.
• o Imperium proconsulare maius, que se traduz no comando militar supremo; que
se estende até aos confins do império.
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• a cura legum et morum: o poder de controlar a legislação e aquilo que era aceite
como costume, sobretudo no sentido da aceitação sociojurídica dos conteúdos
dos mores maiorum;
• o direito de commendatio: o poder de indicar ou recomendar, às assembleias
com poder de eleger os magistrados, os nomes dos candidatos a esses cargos.
Assim, o principado como regime primums inter pares é o que melhor caracteriza este
período da história do Direito Romano, no plano político, uma vez que, foi dada a
possibilidade a um só homem de decidir sozinho sobre todos os aspetos da vida romana
até ai dispersos pelas magistraturas, numa rigorosa separação assente em regras e
impedimentos marcados pelo cursos honorum, que determinou o fim da possibilidade
de um ius criado pela auctoritas dos jurisprudentes permanecer separado da lex
composta pelo Imperium dos políticos.
Toda a história do principado é marcada pelo acentuar das tendências monárquicas e o
enfraquecimento dos órgãos da república, que se mantiveram como instituições
políticas vazias, sem importância política e sem competências substantivas, numa
formalidade vegetativa como era do interesse do prínceps.
As fontes de Direito:
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Senatus consulta
O senatus consulta era a consulta dada pelo Senado a um magistrado ou plebeu, a
pedido destes últimos. Os magistrados da república eram obrigados a ouvir/consultar o
Senado, mas não a seguir a sua deliberação. O Senado era, então, um órgão consultivo
e por isso as suas deliberações tinham natureza de pareceres ou consultas e a sua
abrangência estava limitada à pessoa ou entidade que solicitava o parecer.
Assim a sua participação estava limitada a:
• Conceder ou não a auctoritas patrum às leges rogatae votadas nos comícios;
• Dar conselhos aos magistrados com ius agendi cum populos para os projetos
normativos que estes apresentavam aos comícios.
Quando a lex aebutia de formulis, de 130 a.C. permite ao pretor criar ações próprias e,
assim, criar direito, o senado que aconselha o pretor no exercício da sua atividade, com
intervenção crecente para o seu prestígio, passa a ser fonte mediata de Direito, através
do seu edicto. A situação atingiu um ponto tal que se criou a ideia que era o senado
quem verdadeiramente legislava e acaba por assumir-se que os senatus consulta tinham
força de lei. Não há nenhuma intervenção nem alteração política, há sim uma
conformidade dos cidadãos à opinião do Senado.
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Esta valoração dos senatus consulta como fonte legislativa resultou da lenta afirmação
da auctoritas patrum dos senadores, que passou, com a Lex Publilia Philonis, de 339 a.C.,
de uma expressão formal posterior à deliberação dos comitia que aprovava a proposta
do magistrado, para uma intervenção anterior à apresentação da proposta aos comícios.
Assim, começa-se a questionar, no principado, a problemática da natureza das decisões
do Senado como fontes legislativas autónomas de Direito. Augusto aproveita-se desta
situação e despoleta o início de um trabalho de alteração dos poderes em Roma, que
vai:
• Retirar competência política ao senado
• Tirar o papel legislativo aos comitia, que começam a desaparecer e a deixar de
reunir, sendo que as leis passam a ser propostas ao senado e não ao comitia.
• Tirar o poder ao pretor, ao mesmo tempo que o cônsul deixa de ser eleito
Oracio Prínceps - nova fonte de direito que surge no fim do séc. I d.C., corresponde à
evolução do senatus consulta.
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Dominado
Diz-se que este era o tribunal dos mortos, pois só se podia invocar a opinião de autores
já mortos, o que consistia numa mais-valia na perspetiva do imperador, uma vez que
este determinava quais dessas opiniões eram válidas, ou seja, este escolhia as fontes de
direito que entendia que deviam ser utilizadas. Se houvesse empate de opiniões, seguia-
se a opinião de Papiniano, e só se Papiniano não se pronunciasse sobre o assunto, é que
ficava a cargo do juiz escolher o que aplicar.
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Para além disso, os textos destes iurisprudentes estavam bastante deturpados, pelo que
cabia ao imperador decidir quais as partes deles que deviam ser aplicados.
Codificação
A codificação cominou com o Código de Justiniano, feito no século VI, por Justiniano,
imperador do oriente. As razões que levaram à elaboração desta obra foram:
• o desejo de Justiniano de ser perpetuado, através de uma obra que imortalizasse
a sua identidade
• restaurar a unidade do império e o seu controlo sob todo o território
• demonstrar a grandeza de Roma, no âmbito político, religioso, militar e jurídico
Este corpo de normas tinha essencialmente duas fontes: a opinião dos iurisprudentes
(iura) e as leges (constituições imperiais). Estas últimas encaixam-se na parte do Codex,
que continha as Constituições imperiais até Justiniano. O Digesto, o segundo livro do
Código Justiniano, continha a iurisprudência. Temos ainda incluídas as novelas (novas
constituições imperiais que surgiram depois de Justiniano) e o manual de ensino, em
que se incluía a sua opinião sobre a forma como se devia ensinar.
Portanto, o Corpus luris Civilis compreende quatro partes:
• Codex: conjunto das leges (constituições imperiais)
• Digesto: coletânea de iura (opiniões de iurisprudentes), que entra em vigor em
533
• Instituciones: manual para o ensino oficial do Direito
• Novelas: conjunto de constituições imperiais posteriores a Justiniano, que foram
publicadas depois da segunda edição do Codex (534)
A legitimidade política para criar e determinar qual o direito vigente ganha aqui um
impulso decisivo, através de uma ideologia monárquica absolutista totalizante.
O Direito passa a ter como fonte exclusiva a lei, e isso é juridicamente legitimado,
através da política implementada pelo imperador, segundo a qual o direito está
centrado na codificação, e esta é vista como um instrumento de legitimação do controlo
do poder político sobre o Direito.
Quando aparece o Digesto, a lei das citações deixa de estar em vigor. Aqui, o objetivo
era dar harmonia às regras e às soluções do direito jurisprudencial, eliminando dúvidas,
repetições e contradições e, portanto, proibiu-se a utilização de direito jurisprudencial
que não constasse e estivesse publicado no Digesto. Este acontecimento simboliza o
verdadeiro fim da jurisprudência.
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