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Beatriz Costa
Índice
CASAMENTO................................................................................................................................ 3
DIVÓRCIO................................................................................................................................... 33
UNIÃO DE FACTO....................................................................................................................... 35
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CASAMENTO
Noção. Princípios. Natureza
Noção
Artigo 1577.º
(Noção de casamento) O casamento é o ato fundamental de criaçã o da
sociedade natural que é a família, realidade pré-
Casamento é o contrato
celebrado entre duas pessoas
jurídica, que antecede a formaçã o do Estado.
Modalidades de Casamento
I. Casamento cató lico
O matrimó nio cató lico é uma verdadeira modalidade de casamento no
ordenamento jurídico português, uma vez que este admite a eficá cia civil do
casamento cató lico. O casamento religioso obrigató rio nã o reconhece a existência
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do casamento civil, e para ser vá lido, e juridicamente relevante, tem de ser
realizado pela Igreja, sob pena de nulidade. A ordem jurídica portuguesa, cuja
inspiraçã o em sede matrimonial é muito cató lica, resulta numa semelhança
bastante evidente entre as duas modalidades de casamento.
– Idade nú bil: 16 anos nas duas modalidades;
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Vigora, atualmente, na Alemanha, na França, na Bélgica e na Rú ssia.
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Vigora no Brasil, nos Estados Unidos, na Inglaterra e em Portugal.
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Processo Preliminar
(art. º 1610 – art. º 1615)
Em síntese, afirma-se:
Ø Quando duas pessoas decidem casar, deverã o apresentar a sua pretensã o
numa conservató ria do registo civil que, por regra, será́ a conservató ria que
corresponda ao domicílio de qualquer dos nubentes. Mas podem fazê-lo em
qualquer conservató ria do registo civil.
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Sã o, por norma, mais graves porque nã o se verifica um dos pressupostos matrimoniais que é a capacidade
para a dita celebraçã o, e por isso resulta na invalidade do casamento.
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Ø Segue-se a apresentaçã o do requerimento, um prazo, durante o qual se pode
sindicar a capacidade nupcial dos dois requerentes e bem assim a sua
circunstâ ncia pessoal.
Ø Findo o mesmo prazo, e tendo verificado o circunstancialismo que determina
a possibilidade de realizar o casamento ou antes, que tal circunstancialismo
obsta ao mesmo, o conservador lavra o despacho final de notificaçã o dos
nubentes para marcaçã o do casamento (art.º 144 do CRC).
Ø Esgotado este procedimento, poderá́ ter lugar a celebraçã o do casamento, que
sempre requer duas testemunhas, caso os nubentes não apresentem meios de
identificação legalmente idóneos para o efeito.
Artigo 1622.º
(Celebração)
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Isto considerando que o Direito nã o aceita uma cumulaçã o de procuradores.
16- Quando haja fundado receio de morte próxima de algum dos nubentes, ou iminência de parto, é
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permitida a celebração do casamento independentemente do respetivo processo preliminar e sem a
intervenção do funcionário do registo civil.
2 - Do casamento urgente é redigida uma ata, nas condições previstas na lei do registo civil.
A possibilidade da celebraçã o de um casamento urgente evidencia o respeito do
legislador pela vontade de quem nã o tenha condiçõ es de levar por diante um
processo preliminar adequadamente tramitado em tempo ú til, mas que veja na
celebraçã o do casamento um momento muito importante da sua vida.
O casamento católico urgente pode ser celebrado, para além dos motivos que
determinam a celebração do casamento civil urgente “por grave motivo de ordem
moral”.
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Confirmaçã o por uma autoridade jurídica.
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Pressupostos do Casamento
Capacidade Matrimonial
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Os impedimentos são dirimentes quando além de obstarem à realizaçã o do
casamento também determinam a sua invalidade, na hipó tese de ter sido celebrado.
Há ainda que fazer uma distinçã o entre impedimentos dirimentes absolutos e
relativos.
Os primeiros determinam autênticas incapacidades, impedindo a pessoa a que
se reportam de se casar com qualquer outra pessoa, por isso sã o absolutos.
Os segundos sã o relativos, uma vez que só se obstam a si e as pessoas a quem
dizes respeito, mas nã o funcionam em relaçã o a quaisquer outras, ou seja,
impedem que se celebre o casamento com certas pessoas.
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Pá roco, ministro do culto, oficial do registo civil...
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A idade nú bil fixa-se nos 16 anos para ambos os sexos 7, e é conhecida como a
“idade matrimonial”, carecendo da autorizaçã o que é exigida pelo artigo 1612º dos
pais ou do tutor para os menores.
O estabelecimento da idade mínima para casar surge à natureza fisioló gica e
psíquica do ser humano ligada à maturidade para a total compreensã o do alcance
jurídico-social do casamento.
Artigo 1612.º
(Autorização dos pais ou do tutor)
1. A autorização para o casamento de menor de dezoito anos e maior de dezasseis deve ser concedida
pelos progenitores que exerçam o poder paternal, ou pelo tutor.
2 - Pode o conservador do registo civil suprir a autorização a que se refere o número anterior se razões
ponderosas justificarem a celebração do casamento e o menor tiver suficiente maturidade física e
psíquica.
NOTA: O regime legal para a demência notó ria nã o se deve confundir com o regime
da incapacidade acidental em que há uma privaçã o temporá ria das faculdades
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Isto nã o acontecia antes da reforma de 1977, sendo que as raparigas, até entã o, podiam casar
com 14 anos. A alteraçã o a este preceito normativo teve como alicerce o princípio da igualdade e do
incremento de oportunidades de formaçã o e de escolaridade.
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Como é socialmente aferível, pode-se fazer uma alusã o ao critério jurídico do “homem médio”
de forma a arguir a perceçã o comum.
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mentais. Nã o obstante, o casamento pode ser anulado por um vício de vontade nos
termos da alínea a) do artigo 1635º do CCiv.
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Impedimentos Impedientes
Estes sã o casamentos que a lei considera vá lidos, pois os cô njuges tinham a
necessá ria liberdade e capacidade para celebraçã o, mas sã o ainda casamentos que
contêm irregularidades. Os impedimentos impedientes possuem, pois, gravidade bem
menor do que os impedimentos dirimentes, e por isso sã o-lhes aplicadas sançõ es que
variam consoante a natureza do impedimento, e quase sempre tem um cariz patrimonial
ou econó mico. Estes constam do artigo 1604º do CCiv.
a) Falta de autorização do pai ou tutor, desde que não tenha sido suprida pelo
conservador do registo civil
Os menores, quando tenham atingido os 16 anos, podem celebrar casamento desde
que apresentem uma autorizaçã o por parte dos seus pais ou tutores. Esta autorizaçã o
pode ser concedida no processo preliminar do casamento ou no pró prio ato.
Nã o obstante, o conservador pode concluir, a pedido do nubente, que há razõ es
ponderosas para a realizaçã o para a realizaçã o do casamento por o menor ter maturidade
física e psíquicas indiscutíveis para tal.
Poderã o também haver razõ es ponderosas 9para a celebraçã o do casamento, se o
conservador entender que é do interesse de ambos os cô njuges.
As sançõ es a aplicar sã o:
w O nubente continua a ser considerado menor quanto à administraçã o dos bens
que leve para o casal ou que venha a adquirir a título gratuito, até alcançar a
maioridade.
w Esses bens serã o administrados pelos pais ou pelo tutor, nã o podendo ser
entregues à administraçã o por parte do cô njuge, e estes nã o responderã o por
nenhumas dívidas contraídas pelos cô njuges até à maioridade.
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Por ocasiã o de nascimento de um filho cujo estado de casados vai ajudar a exercer as suas
responsabilidades parentais.
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administradoras legais de bens. Nos casos do acompanhante do maior, seria sempre
obviamente necessá rio que o fundamento do acompanhamento tivesse cessado, posto
que, de outra forma, a solução fundamentadora do acompanhamento constituiria
impedimento dirimente relativo ao casamento. Com efeito, o beneficiá rio do
acompanhamento é, nos termos do art. 138 “o maior impossibilitado, por razõ es de
saú de, deficiência, ou pelo seu comportamento, de exercer, plena, pessoal e
conscientemente, os seus direitos ou de, nos mesmos termos, cumprir os seus deveres”.
A lei acautela ainda todos aqueles que tenham sido destinatá rios de vínculos de tutela
ou cujos bens tenham sido administrados pelo ora nubente, estipulado que o
impedimento impediente ao casamento se estende ainda aos “parentes ou afins em linha
reta, irmãos, cunhados ou sobrinhos, enquanto não tiver decorrido um ano sobre o
termo da incapacidade e não estiverem aprovadas as respetivas contas” – art. 1608.
A sançã o aplicada pela lei nestes casos é a impossibilidade de receber qualquer
benefício por doaçã o ou testamento do seu cô njuge – art.º 1650.
Nã o basta que haja capacidade para poder contrair o casamento, pois, este é,
segundo a maioria da doutrina atual, um contrato bilateral, e, como tal exige um
acordo entre as partes.
O acordo é manifestado através de declaraçõ es de vontade em que se expressa o
desejo de casar.
Se tal nã o suceder o casamento é anulá vel com fundamento na falta ou vicio da
vontade por parte de um, ou de ambos os nubentes – art.º 1631/b) do CCiv.
Ex: Um dos nubentes celebra o casamento em estado de sonambulismo; um dos nubentes está
enganado em relação à identidade do parceiro; no dia do casamento o nubente já não quer casar e
“foge” do local onde vai ocorrer a cerimónia.
Falta de Vontade
Esta é uma expressã o utilizada quando é efetivamente emitida uma declaraçã o, mas
que nã o existe uma verdadeira vontade correspondente ao ato do casamento.
Trata-se de uma divergência entre a vontade e a declaraçã o dos nubentes, e nã o se
deve confundir com os casos em que há a falta da declaraçã o de vontade, falta essa que
dá lugar à inexistência jurídica do casamento e nã o apenas à sua anulabilidade.
Artigo 1635.º
(Anulabilidade por falta de vontade)
Vícios do Consentimento
I. Erro-vício
Artigo 1636.º
(Erro que vicia a vontade)
O erro que vicia a vontade só́ é relevante para efeitos de anulação quando recaia sobre qualidades
essenciais da pessoa do outro cônjuge, seja desculpável e se mostre que sem ele, razoavelmente, o
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casamento não teria sido celebrado.
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Para que o erro seja causa de anulabilidade do casamento este deve recair sobre as
qualidades essenciais do outro cô njuge.
Para ser essencial este erro deve ser desculpável, ou seja, qualquer pessoa poderia
incorrer no mesmo, nã o constatando assim um erro grosseiro facilmente percetível10.
Por fim, o erro deve ser também essencial, isto é, quando se demonstra que o
nubente nã o teria celebrado o casamento se soubesse da existência do mesmo.
considera que este é um erro grosseiro porque seria “fá cil” averiguar o estado civil do nubente.
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Art.º 1628 do CCiv.
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A ameaça do mal pode respeitar à pessoa do nubente, como de terceiro, e dizer
respeito à sua honra e integridade física como ao patrimó nio.
Isto nã o acontece se o casamento for celebrado com fundamento num temor
reverencial.
Ex: Fernanda casa com Arnaldo só para não desagradar os seus pais – isto consubstancia um caso de
temor reverencial e não de coação.
Invalidades do Casamento
A inexistência carateriza-se por uma ausência total de efeitos jurídicos e por poder
ser invocada por qualquer pessoa a todo o tempo como se encontra fixado no art.º 1630
do Có digo Civil.
Inexistência
O regime da inexistência está fixado, por lei, no artigo 1630º do Có digo Civil, cujo
instituto se aplica aos casos elencados no artigo 1628 do mesmo diploma, sendo estes: i)
falta de competência do funcioná rio que presidiu ao ato; ii) casamento urgente nã o
homologado; iii) falta de declaraçã o de vontade de um ou de ambos os nubentes; iv)
revogaçã o, nulidade ou falsidade da procuraçã o;
Anulabilidade
A invalidade do casamento tem que ser reconhecida judicialmente, mediante
processo requerido por certas pessoas, em determinados prazos.
A anulabilidade nã o goza de retroatividade se um, ou ambos, os cô njuges casaram de
boa-fé, permitindo que certos efeitos sejam ressalvados pelo casamento putativo.
Artigo 1631.º
(Causas de anulabilidade)
É anulável o casamento:
a) Contraído com algum impedimento dirimente;
b) Celebrado, por parte de um ou de ambos os nubentes, com falta de vontade ou com a vontade
viciada por erro ou coacção;
c) Celebrado sem a presença das testemunhas, quando exigida por lei.
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Sã o estabelecidos diferentes prazos consoante o tipo de interesses que se visam
proteger com a açã o de anulaçã o e cujo decurso, sem que se acione o procedimento
judicial, acarreta a sua renú ncia, e passa-se a considerar a invalidade sanada.
A validaçã o do casamento também se verifica mesmo que exista açã o de anulaçã o se
antes de transitar em julgado a sentença, ocorrer um dos factos do artigo 1633º do
CCiv.
Regime das invalidades do casamento contraído com impedimentos
dirimentes
Legitimidade
A legitimidade para intentar ou prosseguir a açã o incumbe nestes casos:
w Aos cô njuges;
w Aos seus parentes na linha reta e aos parentes até ao 4o grau da linha
colateral;
w Aos herdeiros ou adotantes;
w Ao Ministério Pú blico.
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w E, em todos os outros casos em que o casamento tenha sido celebrado com
impedimentos dirimentes, o prazo competido à s pessoas referidas decorre até
6 meses apó s a dissoluçã o do casamento. Que casos são estes?
– A existência de grau de parentesco que obste ao casamento;
– A existência de relaçã o de afinidade em grau que obste ao casamento;
– O casamento anterior nã o dissolvido, cató lico ou civil, ainda que o
respetivo assento nã o tenha sido lavrado no registo do estado civil;
Prazo:
O art.º 1644 admite um prazo de 3 anos subsequentes ao casamento para a
propositura da açã o fundada em falta de vontade de um dos nubentes.
No caso de erro vício a açã o caduca, se nã o for instaurada no prazo de 6 meses
subsequentes à cessaçã o do vício (art.º 1645).
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Casamento Putativo
O art.º 1648 define, neste regime particular, o que se considera ser a boa-fé do
cô njuge: ignorâ ncia desculpá vel do vício causador da nulidade ou anulabilidade;
declaraçã o de vontade tenha resultado de coaçã o física ou moral.
Assim, há boa-fé sempre que o cô njuge ignore o vício de que o casamento
padece, mas igualmente, há boa-fé matrimonial sempre que o nubente nã o tenha
tido consciência do ato invá lido que praticou.
Ex: O demente e o maior acompanhado agem segundo o entendimento legislativo de boa-fé, mas
também o faz o nubente que casou sob coação.
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w O cô njuge de boa-fé conserva o seu direito a receber alimentos do cô njuge
putativo, se esse for o caso;
w Pode beneficiar de efeitos sucessó rios que lhe tenham advindo antes do
trâ nsito em julgado da sentença de invalidade do casamento;
Ex: Se um cônjuge falece e o casamento é depois anulado, o cônjuge sobrevivo continua
herdeiro do outro.
v Relativos à proteção de terceiros que tenham negociado com os cô njuges:
w Os negó cios celebrados com terceiros beneficiam de uma proteçã o reflexa;
Convenções Antenupciais
Artigo 1698.º
(Liberdade de convenção)
Os esposos podem fixar livremente, em convenção antenupcial, o regime de bens do casamento, quer
escolhendo um dos regimes previstos neste código, quer estipulando o que a esse respeito lhes
aprouver, dentro dos limites da lei.
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Pressupostos Básicos do Regime
v Princípio da Imutabilidade – Art.º 1714/1 e art.º 1715 do CCiv;
v Princípio da Liberdade – Art.º 1698 e art.º 1699 do CCiv;
I. Princípio da Imutabilidade
As convençõ es antenupciais regem-se por este princípio, que postula a
impossibilidade de alterar o conteú do do contrato, exceto se a lei determinar o
contrá rio.
Nã o obstante é possível estipularem-se convençõ es sob condiçã o ou termo – artigo
nº 1713/1 do CCiv.
A doutrina diverge no que toca à interpretaçã o deste princípio, sendo que a MMSP
segue um entendimento mais restrito: quaisquer negó cios jurídicos sobre bens concretos
e para os quais nã o exista uma norma especial estariam fora do â mbito deste princípio,
podendo ser celebrados com base na autonomia privada e de acordo com as regras
gerais
As convençõ es antenupciais sã o imutá veis a nã o ser que um dos conjugues faça uma
má gestã o de patrimó nio, aí a lei permite-lhe que intente uma açã o judicial de bens
(açã o litigiosa entre conjugues).
A lei acolhe ainda outra imposiçã o legal limitativa da liberdade no que toca à
estipulaçã o do regime de bens do casamento:
v Casos em que um dos nubentes tenha descendente anterior ao casamento, o
que implica que nã o se possa escolher o regime de comunhã o geral de bens, e a
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impossibilidade de comunicar, ao respetivo nubente, aos bens pró prios do art.º
1722/1 do CCiv.
Havendo 3 regimes de bens tipificados nada impede aos nubentes uma outra
opçã o, que recolha elementos de vá rias soluçõ es ditadas por qualquer destes
regimes. Optarã o assim por um regime de bens atípico.
Ex: Podem os nubentes estipular que no geral o regime de bens do seu casamento será́ o de comunhão de
adquiridos, se bem que, contrariamente, ao que vigora para esse regime o salário auferido pelos cônjuges
seja um bem próprio.
Mas pode introduzir-se uma possibilidade de um evento aleató rio para que mude o
regime de bens, trata-se assim de uma condição.
Exemplo: “mudaremos o regime de bens para comunhão geral, caso nasça um filho
nosso”.
Cláusulas Patrimoniais
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Estas podem ser feitas pelos futuros cô njuges um ao outro, ou por terceiros a
qualquer um destes, ou a ambos.
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Pressupostos:
i) Renuncia recíproca – nã o pode apenas um dos nubentes efetuar a
renuncia, ainda que essa seja a vontade de ambos;
ii) Que o regime seja o da separaçã o de bens;
A lei impede que certas matérias possam ser reguladas por convençã o antenupcial:
i. A regulamentaçã o hereditá ria dos cô njuges, a nã o ser nos casos em que
a lei o permite;
ii. Alteraçã o das regras de administraçã o dos bens do casal;
iii. A estipulaçã o de comunicabilidade dos bens constantes do art.º 1733 do
CCiv;
A convençã o antenupcial é um negó cio jurídico bilateral e, por isso, pode enfermar
de vício e, em razã o desse facto, ser invalida.
Também pode suceder que uma convenção antenupcial contenha clá usulas invá lidas
e outras que sã o vá lidas. De acordo com o princípio do aproveitamento dos negó cios,
entender-se-á que as clá usulas vá lidas sã o aplicá veis, independentemente de terem sido
estipuladas numa convenção antenupcial lado a lado com clá usulas invalidas.
Uma convenção antenupcial declarada nula ou anulá vel, nã o invalida o casamento,
dada a sua autonomia face a este. Apenas ela será invá lida, e o casamento será vá lido.
Exemplo: Caso a cláusula impusesse o regime de separação de vens, o casamento, válido, reger-se-ia pelo
regime legal supletivo de comunhão de bens adquiridos.
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adquirido bens, em convenção antenupcial, e estivesse de boa fé́, nã o verá invocada
invalidade dessa titularidade na sua esfera jurídica.
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Regime de Bens
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O princípio deste regime é de que devem ser pró prios os bens de que cada cô njuge
for titular antes do casamento, ou os receba por doaçã o ou a título de herança – art.º
1722 do CCiv.
Consideram-se os bens comuns os que os cô njuges angariam no decurso da sua
comunhã o de vida matrimonial – art.º 1724 do CCiv.
NOTA: Os frutos dos bens comuns e dos bens pró prios sã o considerados bens
comuns do casal.
Artigo 1733.º
(Bens incomunicáveis)
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Este artigo estende-se a todos os regimes de bens na constâ ncia do casamento
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Regime de Separação de Bens
(art. º 1735 – art. º 1736 do CCiv)
O regime comporta, todavia, exceções uma vez que se entende que certos bem
pró prios, e alguns bens comuns justificam alteraçõ es na sua administraçã o.
Ø Bens pró prios administrados pelo cô njuge que nã o é seu titular;
– Bens mó veis usados como instrumento de trabalho pelo outro cô njuge.
Ex: Tá xi
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– Bens mó veis ou imó veis que o cô njuge titular nã o pode administrar
por ausência ou impossibilidade;
– Bens cuja administraçã o tenha sido atribuída por mandato ao outro;
Artigo 1690.º
(Legitimidade para contrair dívidas)
1 - Qualquer dos cônjuges tem legitimidade para contrair dívidas sem o consentimento do outro.
2 - Para a determinação da responsabilidade dos cônjuges, as dívidas por eles contraídas têm a data do
facto que lhes deu origem.
Dividas Comunicáveis
Esta classificaçã o sofre uma extensã o do regime da comunhã o de adquiridos e
engloba as dividas que os cô njuges hajam contraído antes ou depois da celebraçã o do
casamento.
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Estã o presentes as dívidas destinadas a ocorrer aos encargos familiares (ex: dívida
para fazer uma obra na casa de morada...), assim como as que aproveitam ao casal, nos
limites dos seus poderes de administraçã o.
O proveito comum nã o se presume, exceto nos casos em que a lei o declare, senã o
deverá ser o cô njuge que contraiu a divida a prová -lo.
Dívidas que onerem doaçõ es, heranças ou legados, desde que os respetivos bens
ingressem no patrimó nio comum.
Dividas Incomunicáveis
Contraídas por um dos cô njuges sem o consentimento do outro;
As dividas provenientes de crimes, de indeminizaçõ es, de restituiçõ es, de custas
judiciais ou de multas por factos imputá veis a cada um dos cô njuges. E constam
também as dívidas que onerem liberdades em proveito de apenas um dos cô njuges.
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Divórcio
O divó rcio pode ser instaurado a todo o tempo na conservató ria de registo civil
mediante requerimento assinado pelos cô njuges e alguns documentos:
– Tem que, do ponto de vista legislativo, haver um acordo prévio sobre o
exercício das responsabilidades parentais, a pensã o de alimentos e sobre o
destino da casa de morada de família, assim como sobre os animais de
companhia.
Se estes acordos nã o existirem, em rigor, o divó rcio nã o deixa de ser por mú tuo
consentimento, mas a açã o é remetida para o tribunal, porque há matérias de
interesse pú blico que transcendem a vontade dos cô njuges em divorciarem-se, e
deve ser o juiz a aferir a matéria de forma a que ninguém fique prejudicado.
Estes requerimentos documentais sã o cumulativos.
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O ministério pú blico pode considerar que o acordo nã o protege os interesses das
crianças e devolve o acordo aos progenitores para o alterarem, necessitando de ser
revisto pelo MP. Os filhos maiores nã o deixam de ser titulares a um direito a
alimentos, mas estes têm uma tramitaçã o autó noma em relaçã o aos filhos
menores.
Os litígios não implicam que o divórcio deixe de ser por mútuo acordo
Divórcio Litigioso
(art.º 1779 e segs do CCiv)
A culpa do cô njuge contra o qual é intentada a açã o de divó rcio, nã o precisa de ser
provada, apenas é preciso que se demonstre ao juiz que a sociedade conjugal
terminou.
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ANTUNES VARELA dizia que nã o eram todas as doaçõ es, sendo que as doaçõ es
liberais (ex: malas, anéis, roupa...) nã o entravam neste preceito.
União de Facto
O legislador fixa também para este regime situaçõ es impeditivas dos efeitos
jurídicos que lhe é atribuído, e que constam do art.º 2 da Lei nº 7/2001:
a) Idade inferior a 18 anos;
b) Demência notó ria;
c) Casamento nã o dissolvido, salvo se tiver sido decretada a separaçã o jurídica
de pessoas e bens;
d) Parentesco na linha reta ou no segundo grau da linha colateral. Primeiro
grau de afinidade.
e) Condenaçã o anterior como autor ou cú mplice de homicídio doloso, mesmo
que nã o tenha sido contra o cô njuge do outro;
Para a REGENTE este regime deveria ter um sistema comprovativo mais eficaz e
exigente.
A uniã o de facto comprova-se de uma forma muito vaga, ou seja, desde que eu
me dirija à junta de freguesia e apresente alguns recibos de que estou a viver em
conjunto com outra pessoa, ou que apresente testemunhas que comprovem a
uniã o de facto, esta verifica-se juridicamente.
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A e B dois jovens estudantes vivem com um compromisso típico da vida conjugal,
mas a certa altura um deles resolve ir fazer um Erasmus e, de facto, temos que
reconhecer que por isto estas duas pessoas, durante um tempo, deixaram de viver em
regime de coabitação stricto sensu.
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