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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

EXTENSÃO DE NACALA-PORTO

Filipa Nofre Cacecace

CASAMENTO PUTATIVO
PROMESSA DE CASAMENTO

Nacala-Porto, 2024
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
EXTENSÃO DE NACALA-PORTO

Filipa Nofre Cacecace

CASAMENTO PUTATIVO
PROMESSA DE CASAMENTO

Trabalho de caracter avaliativo, pertencente a disciplina Direito


da Família, curso de licenciatura em Direito, 3º ano, pós-
laboral, leccionada pela Docente: Dra. Lieda Msanga

Nacala-Porto, 2024
Índice
1. Introdução ........................................................................................................................ 4
Objectivo geral: .................................................................................................................... 4
Objectivos específicos ........................................................................................................... 4
2. Casamento Putativo ........................................................................................................... 5
2.1 Generalidades ............................................................................................................ 5
2.2 Efeitos Jurídicos do casamento putativo ....................................................................... 6
3. Promessa de Casamento ..................................................................................................... 6
3.2 Efeitos Jurídicos .............................................................................................................. 6
Conclusão ............................................................................................................................... 8
Bibliografia ............................................................................................................................. 9
1. Introdução

O tema do casamento putativo e da promessa de casamento são assuntos de grande


importância no âmbito do Direito da Família. A noção do casamento, em seus diversos
aspectos, encontra respaldo legal na legislação civil e familiar, trazendo consigo uma série de
especificidades e efeitos jurídicos que merecem ser analisados de forma aprofundada.

Objectivo geral:
Este trabalho tem como objectivo geral analisar e compreender o instituto do casamento
putativo e da promessa de casamento sob o prisma do Direito da Família, destacando suas
características, efeitos jurídicos e relevância no contexto jurídico moçambicano.

Objectivos específicos
Investigar os efeitos jurídicos do casamento putativo, em especial no que diz respeito aos
cônjuges envolvidos e à prole decorrente dessa união.

Analisar a disciplina legal do casamento putativo

Discorrer sobre a promessa de casamento, conceituando-a e abordando suas consequências


legais no caso de ruptura sem justo motivo.

4
2. Casamento Putativo
2.1 Generalidades

A noção do casamento esta prevista no artigo 8 da LF: “O casamento é a união voluntaria e


singular entre um homem e uma mulher, com o propósito de construir família, mediante
comunhão plena de vida”. De acordo com as modalidades, casamento pode ser civil, religioso
ou tradicional1.

Casamento putativo é aquele que aparenta regularidade, mas é passível de anulação.

No entanto, não basta dizer se tratar de um casamento de mentira. O casamento


putativo difere de um casamento anulável comum porque ele foi realizado de boa-fé por pelo
menos um dos envolvidos, que acredita genuinamente ser regular.

Em outras palavras, casamento putativo é um casamento reputado ser o que não é, por meio
de uma ficção, tendo em vista a boa-fé dos contraentes ou de um deles, podendo ser anulável
e, se nulo, os seus efeitos são válidos até a data da sentença que o invalidou.

Casamento putativo é, portanto, o enlace matrimonial realizado com algum


vício (determinado por algum facto previsto na lei) que o torne anulável ou nulo, mas, por
ter sido contraído de boa-fé de um ou de ambos os cônjuges, recebe protecção de efeitos.

Assim, o casamento putativo pode ser anulado, mas a protecção da boa-fé faz com que ele
mantenha seus efeitos válidos até a data da sentença que o invalidou. A manutenção protege a
boa-fé da parte inocente e aos seus filhos, se estes existirem.

A disciplina legal do casamento putativo é feita pelo art. 75 da Lei da família, que dispõe:

“Art. O casamento anulado, quando contraído de boa-fé por ambos cônjuges, produz os seus
efeitos em relação a estes e a terceiros ate ao trânsito em julgado da respectiva sentença.
§ 2. Apenas um dos cônjuges o tiver contraído de boa-fé só estes cônjuges pode arrogar-se os
benefícios do estado patrimonial e opô-los a terceiros, desde que, relativamente a estes, se
trate de mero reflexo das relações avidas entre os cônjuges.

1
Lei da família (Lei n. 22/2019 de 11 de Dezembro)
5
§ 3. O casamento declarado nulo não produz efeitos putativos, excepto para presunção de
maternidade e paternidade.

2.2 Efeitos Jurídicos do casamento putativo


Quanto aos efeitos do casamento putativo, àquele(s) que de boa-fé o contraiu lhes
aproveitarão, bem como à sua prole, como se válido fosse, até a sentença anulatória. Isto que
dizer que os efeitos operam ex tunc, ou seja, são válidos e perfeitos desde a celebração até a
sentença anulatória. Quanto aos filhos que porventura surgirem do casamento putativo
(protegidos por dispositivo constitucional que os igualou em todos os sentidos), terão seus
direitos assegurados, tais como, à sucessão, alimentos, nome etc.2

3. Promessa de Casamento

É a promessa de casamento entre os nubentes. São atitudes tomadas pelos nubentes que
indicam que pretendem casar-se. Ex.: noivado, confecção dos convites, habilitação.
Segundo o art. 21 LF: “o contrato pelo qual, a título de esponsais, desposórios ou qualquer
outro, duas pessoas se comprometem a contrair matrimónio não dá direito a exigir a
celebração do casamento, nem a reclamar, na falta de cumprimento, outras indemnizações que
não sejam as previstas no artigo 24, mesmo quando resultantes de cláusula penal”

É um negócio preliminar, uma promessa de contratar. Os esponsais servem para comprovar


o compromisso assumido entre os nubentes, que demonstre a intenção de casar, pois quando
algum deles desiste do casamento, cabe indemnização. De acordo com o n. 1. 24 da LF, diz:

“Se algum dos contraentes romper a promessa sem justo motivo e por culpa der lugar a que
o outro se retracte, deve indemnizar o esposado inocente, bem como os pais deste ou
terceiros que tenham agido em nome dos pais, quer das despesas feitas, quer das
obrigações contraídas na previsão do casamento”.

3.2 Efeitos Jurídicos


Sendo o casamento um ato de natureza pessoal, estabelece a lei que a promessa de casamento
nunca confere direito à celebração do mesmo (vide artigo 21 da LF). Também o direito a
exigir uma indemnização por rompimento da promessa sem justo motivo está limitado por lei,
prevendo o artigo 24 da LF que o esposado inocente (ou seus pais ou terceiros agindo em

2
Daniele Sousa: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/o-que-e-o-casamento-putativo-e-quais-seus-
efeitos-juridicos/1181975428
6
nome destes) apenas pode ser indemnizado pelas despesas que hajam sido feitas e pelos
compromissos assumidos tendo em vista a realização do casamento.

Estão assim excluídos danos não patrimoniais sofridos com a não celebração do mesmo.
Segundo o n. 3 do artigo 24, na fixação da indemnização, o tribunal deve julgar segundo a
equidade e ter em conta se as despesas e obrigações assumidas eram razoáveis, bem como se
ainda são susceptíveis de proporcionar vantagens, independentemente da realização do
casamento.

Quanto aos donativos que tenham sido feitos pelos esposados um ao outro, ou por terceiros
tendo em vista o casamento, a lei distingue consoante o casamento deixe de celebrar-se por
incapacidade ou retractação de algum dos promitentes ou em virtude de morte. 3

No primeiro caso, cada um dos esposados é obrigado a restituir os donativos recebidos,


incluindo cartas e retractos pessoais do outro contraente, com excepção dos bens consumidos
(vide artigo 22 da LF).

Já no segundo caso, o esposado sobrevivo pode conservar os donativos que tenha recebido,
perdendo, neste caso, o direito de exigir os que haja feito ao falecido. Quanto à
correspondência e retractos pessoais, o esposado sobrevivo pode conservar os do falecido e
exigir a restituição dos que este haja recebido da sua parte (vide artigo 23 da LF). O direito de
exigir a restituição dos donativos ou o pagamento de uma indemnização caduca no prazo de
seis meses contado a partir do rompimento da promessa ou da morte do promitente, de acordo
com o disposto no artigo 25 da LF.

3
https://diariodarepublica.pt/dr/lexionario/termo/promessa-casamento
7
Conclusão
Diante da análise realizada sobre o casamento putativo e a promessa de casamento no
contexto do Direito da Família, foi possível observar a importância desses institutos jurídicos
na regulação das relações familiares e matrimoniais. O casamento putativo, ao ser realizado
com boa-fé por pelo menos um dos cônjuges, revela a necessidade de proteger os efeitos
jurídicos decorrentes dessa união, mesmo que posteriormente anulado.

A promessa de casamento, por sua vez, estabelece um compromisso preliminar entre os


nubentes, sendo fundamentada em legislações específicas que regulam as consequências do
rompimento injustificado desse compromisso. A legislação da LF estabelece critérios para a
restituição de donativos e o direito à indemnização nos casos de descumprimento da
promessa.

Nesse contexto, é fundamental ressaltar a relevância de se conhecer e compreender esses


aspectos jurídicos, a fim de garantir a segurança jurídica e a protecção dos envolvidos em
situações de casamentos putativos e promessas de casamento.

8
Bibliografia
Artigos e sites:

Daniele Sousa: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/o-que-e-o-casamento-putativo-e-quais-seus-


efeitos-juridicos/1181975428

https://diariodarepublica.pt/dr/lexionario/termo/promessa-casamento

Legislação:

Lei da família (Lei n. 22/2019 de 11 de Dezembro)

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