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REGIME DE BENS

ÍNDICE
1. ASPECTOS CONSTITUCIONAIS......................................................................................3
Consequências do casamento....................................................................................................................................... 3

2. NOÇÕES CONCEITUAIS E PRINCÍPIOS NORTEADORES............................................5


O que é Regime de Bens?................................................................................................................................................. 5
Princípios aplicáveis ao regime de bens..................................................................................................................... 5

3. ADMINISTRAÇÃO DE BENS E PRÁTICA DOS ATOS DE DISPOSIÇÃO....................... 7


Prática de atos jurídicos por pessoas casadas.........................................................................................................7
Suprimento Judicial do Consentimento.....................................................................................................................8
Usufruto e administração dos bens dos filhos menores.....................................................................................8

4. PACTO ANTENUPCIAL....................................................................................................11

5. REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS..............................................................13

6. REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS......................................................... 15

7. REGIME DE SEPARAÇÃO CONVENCIONAL OU ABSOLUTA DE BENS.....................16


Características...................................................................................................................................................................... 16

8. REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS................................................ 17


1. Aspectos Constitucionais
Consequências do casamento
O casamento é um instituto de grande importância social que traz diversas consequências
no plano jurídico e econômico. Isso se deve ao fato de que os envolvidos no casamento
objetivam uma comunhão plena de vida, cooperando para o sustento do lar em comum e do
crescimento pessoal e patrimonial de cada um.

Dessa forma, faz-se necessária a regulação dos direitos e deveres do casal e a existência de
um acordo entre os cônjuges acerca de seu patrimônio (tanto o comum, quanto o particular).

O primeiro aspecto constitucional a se destacar é a igualdade entre os cônjuges: não há


distinção de gênero quando se trata das obrigações conjugais e dos efeitos patrimoniais do
casamento. Este aspecto deriva do princípio chamado de princípio da igualdade substancial:

CF/88

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, [...]

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.

Além disso, devido ao entrelaçamento da situação econômica das pessoas que escolhem se
casar, é garantida a liberdade aos nubentes para optar por um regime de bens que mais se
adequa à eles, respeitada a dignidade da pessoa humana.

Art. 226 [...]

§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento


familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o
exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.

O casamento também afeta o interesse de terceiros, o que torna ainda mais relevante a
disciplina dos bens adquiridos na constância do casamento e daqueles privativos de cada
cônjuge. Aqui, há um contrapeso entre a autonomia da vontade privada e a proteção da
dignidade da pessoa humana, visto que o regime de bens não pode ser utilizado como meio
de violação de direitos ou como instrumento de fraude.

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Interessante, por fim, observar que a lei prevê um regime mais protetivo para as situações
em que existe uma parte mais vulnerável, como nos casos de nubentes maiores de 70 anos.

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2. Noções Conceituais e Princípios Norteadores
O que é Regime de Bens?
O regime de bens é o estatuto disciplinador dos interesses econômicos decorrentes de um
casamento, regulamentando suas consequências ativas e passivas, em relação aos cônjuges
e a terceiros, vigente desde o casamento até a sua dissolução.

Princípios aplicáveis ao regime de bens


LIBERDADE DE ESTIPULAÇÃO
Os nubentes possuem liberdade para escolher dentre os regimes previstos em lei ou estipular
um estatuto próprio, atendendo melhor às suas necessidades. A regra, portanto, é que pode-
se estipular qualquer regime de bens que não contrarie a lei ou viole direitos.

O regime subsidiário ou padrão é o de comunhão parcial, aplicável quando o casal não define
um acordo específico ou pactua algo nulo.

CC/02

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes
aprouver.

Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges,
o regime da comunhão parcial.

Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos regimes que este
código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto
antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas.

Uma exceção à esta regra está presente no regime de separação legal ou obrigatória de bens:

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:

I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;

II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010)

III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

Neste regime é vedada a constituição de sociedade, evitando fraudes e condutas de má-


fé que possam prejudicar os cônjuges ou terceiros interessados. Além disso, não existe a
necessidade de outorga conjugal para a realização de negócios jurídicos nem o direito de
herança do cônjuge.

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VARIEDADE DE REGIMES
Assim como mencionado anteriormente, a legislação prevê uma variedade de regimes
que podem ser escolhidos pelos nubentes, de forma que o casamento não importa
necessariamente em uma consequência econômica única - cada casal tem seu estatuto
patrimonial de acordo com o regime que escolhe.

Para a criação de novos tipos de regimes, o CJF estabeleceu a seguinte instrução na IV


Jornada de Direito Civil:

Enunciado 331

O estatuto patrimonial do casal pode ser definido por escolha de regime de bens distinto daqueles tipificados no
Código Civil (art. 1.639 e parágrafo único do art. 1.640), e, para efeito de fiel observância do disposto no art. 1.528
do Código Civil, cumpre certificação a respeito, nos autos do processo de habilitação matrimonial.

MUTABILIDADE MOTIVADA
O regime de bens não é fixo, mas a sua alteração deve ser motivada pelos cônjuges. Este
princípio busca preservar o direito de terceiros e dar maior segurança jurídica, visto que o
casamento e o regime de bens são institutos públicos que podem ser verificados por outras
pessoas.

CC/02

Art. 1.639 [...]

§2º É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os
cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.

A União Estável é um instto no qual se permite o pacto entre os companheiros sobre a


disposição dos bens. Assim como no casamento, se não houver previsão alguma, aplica-se o
regime de comunhão parcial de bens.

Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais,
no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.

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3. Administração de Bens e Prática dos Atos de
Disposição
Prática de atos jurídicos por pessoas casadas
O casamento marca o início de uma comunhão de vida entre duas pessoas que passam a
conviver e constitui família e patrimônio. A vida pessoal não se encerra, mas a existência da
comunhão impõe algumas restrições à prática de determinados atos pelos cônjuges.

Tais restrições objetivam proteger o patrimônio conjunto e o interesse do casal, além de


resguardar o interesse de terceiros de boa-fé. Primeiramente, vamos observar os atos livres
de restrições:

Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente:

I - praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão, com
as limitações estabelecida no inciso I do art. 1.647;

II - administrar os bens próprios;

III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu consentimento ou
sem suprimento judicial;

IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro
cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647;

V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino,
desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado
de fato por mais de cinco anos;

VI - praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente.

Por outro lado, é necessária a outorga conjugal nos seguintes casos:

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto
no regime da separação absoluta:

I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;

III - prestar fiança ou aval;

IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.

Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia
separada.

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Quanto à união estável, a doutrina majoritária compreende que não se aplicam as regras de
necessidade de consentimento do cônjuge. Portanto, via de regra, os companheiros podem
administrar de maneira mais livre os bens comuns.

Suprimento Judicial do Consentimento


Existem casos em que a situação de administração dos bens demanda a intervenção judicial
por não ser possível obter a outorga do cônjuge ou por existir algum tipo problema relacionado
à esta autorização.

Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos cônjuges a denegue
sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.

Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato
praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade
conjugal.

Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular,
autenticado.

Veja que o ato praticado sem autorização do cônjuge e sem o suprimento judicial necessário
é considerado anulável, portanto, é possível torná-lo válido mediante instrumento público ou
particular autenticado.

Usufruto e administração dos bens dos filhos menores

Art. 1.689. O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar:

I - são usufrutuários dos bens dos filhos;

II - têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade.

Vale lembrar que autoridade é diferente de guarda pois, ainda que determinado genitor
não detenha a guarda em razão de seu poder familiar, ele pode de direito de ser usufrutuário
ou de administrar os bens de seus filhos menores.

Em seguida, observa-se que o art. 1.690 determina quem toma as decisões e menciona os
aspectos da representação:

Art. 1.690. Compete aos pais, e na falta de um deles ao outro, com exclusividade, representar os filhos menores
de dezesseis anos, bem como assisti-los até completarem a maioridade ou serem emancipados.

Parágrafo único. Os pais devem decidir em comum as questões relativas aos filhos e a seus bens; havendo
divergência, poderá qualquer deles recorrer ao juiz para a solução necessária.

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É válido ressaltar que, na presença de ambos os pais, eles devem decidir em conjunto.
Já na ausência de um deles, cabe tão somente ao genitor remanescente decidir sobre a
administração e usufruto dos bens de seus filhos menores.

Além disso, os genitores são legitimados para representar o filho menor de 16 anos ou
assistir aos maiores de 16 e menores de 18 anos, sendo também, ambos, usufrutuários dos
bens dos filhos. Interessante, não?

O Código Civil vigente inovou ao permitir tanto ao pai quanto à mãe decidirem de forma
igualitária as questões relacionadas aos seus filhos, de modo a banir a valoração do
poder paternal sobre o maternal. Dessa maneira, diante das divergências, caberá ao poder
judiciário solucionar a questão.

Como funciona a autoridade exercida pelos pais sobre a administração dos bens dos filhos
menores?
1. Incluem-se bens móveis e imóveis;
2. Não é necessário levar a registro público o usufruto, pois ele decorre de imposi-
ção legal;
3. Após a extinção do usufruto, não é necessário os pais prestarem conta a respei-
to, como ocorre nos casos de curador ou tutor. Além disso, ficam dispensados de prestar
caução do art. 1.400 do código.
E quanto a origem dos bens? É indiferente, pois esses bens podem ser oriundos de:
1. doação;
2. herança;
3. meios de obtenção a titulo oneroso (rendimentos do próprio menor).
A exceção prevista pelo Código Civil em seu art. 1.692 diz respeito a quando a administração
e/ou usufruto são subtraídos por disposição expressa do doador ou testador. Nesse
caso, o doador/testador pode nomear o administrador de sua preferência e, se não o fizer, o
juiz nomeará o curador especial para esse fim.

Quais os limites dos poderes de administrador? Eles estão previstos no art. 1.691 do Código
Civil:
1. não pode alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos. Dessa maneira,
visa-se a resguardar o direito do menor sobre o bem;
2. não pode contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da
simples administração. Cabem, como exceção, os casos de necessidade ou eviden-
te interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz.
E se ocorrer alguma das hipóteses elencadas pelo art. 1.691 sem a autorização judicial?
Esses atos poderão ser anulados, mediante requerimento:
1. dos filhos;

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2. dos herdeiros; ou
3. representante legal.
Além disso, é competente para julgar o pedido o juiz do domicílio do menor, e não o do
lugar onde se localiza o bem.

Já o art. 1692 trata da colidência de interesses entre pai e filho:

Art. 1.692. Sempre que no exercício do poder familiar colidir o interesse dos pais com o do filho, a requerimento
deste ou do Ministério Público o juiz lhe dará curador especial.

Cabe salientar que não é necessária a prova de intenção do pai ou mãe em lesar a prole.
Basta a aparência de conflito de interesses para que o curador seja nomeado.

Para encerrar, vale lembrar que o Código Civil também prevê em seu art. 1.693 os bens
excluídos do usufruto e administração dos pais:
1. os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento, antes do reconhecimento;
2. os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis anos, no exercício de atividade
profissional e os bens com tais recursos adquiridos;
3. os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição de não serem usufruídos, ou
administrados, pelos pais;
4. os bens que aos filhos couberem na herança, quando os pais forem excluídos da
sucessão.

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4. Pacto Antenupcial
O que significa pacto antenupcial? “É um ato solene e condicional, por meio do qual os
nubentes dispõem sobre o regime de bens que vigorará entre ambos, após o casamento.”
(Carlos Roberto Gonçalves)

SOLENE Exige-se forma prescrita em lei: necessário instrumento público

Condiciona-se à realização do casamento: o pacto só gera eficácia se ocorrer o


CONDICIONAL
casamento

Para a realização do pacto antenupcial, é obrigatório que ele seja feito por meio da escritura
pública. Caso não se observe esse requisito, há nulidade do ato. Além disso, para que haja
efeitos perante terceiros (erga omnes), o art. 1.657 do Código Civil exige o registro do pacto
antenupcial em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges.
Vale lembrar que lei especial também permite que o registro seja feito em Junta Comercial.

Outros requisitos para realização do pacto antenupcial dizem respeito à capacidade legal e
idade. A partir dos 18 anos, o indivíduo é dotado de livre discernimento para praticar o ato
de se casar e de dispor sobre seu pacto antenupcial.

Contudo, segundo o art. 1.654, o maior de 16 e menor de 18 anos fica condicionado


à aprovação de seu representante legal (pais, responsáveis). Observa-se ainda que,
quando o indivíduo for maior de 16 e menor de 18 anos, e não possua autorização de seu
representante para a escolha do regime de bens, vigora o regime obrigatório de separação
de bens. Conforme previsto no art. 1.641, III do Código Civil, cabe o regime obrigatório de
separação de bens a todos que dependerem, para casar, de suprimento judicial, hipótese
essa utilizada diante da recusa do representante legal em aprovar o casamento e/ou pacto
antenupcial.

Idade Capacidade
Maior de 18 anos Total capacidade
Necessidade da assistência dos
Menor de 18 anos
responsáveis
Menor de 18 anos sem a assistência dos Regime obrigatório de separação de
responsáveis bens

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Quais são os limites do pacto antenupcial? Conforme art. 1.655 do código, não se pode colocar
no pacto antenupcial qualquer tipo de convenção que contravenha disposição absoluta
de lei.

Quais são essas disposições? Que violem a ordem pública, que tratem de direitos
indisponíveis e que ofendam os bons costumes. Há ainda doutrinadores que incluem a
proibição de estabelecer regime de guarda e herança. Já outros vão mais além, como Maria
Berenice Dias, dizendo que se pode incluir no pacto antenupcial obrigações cotidianas de
ambos os cônjuges, como um deles sendo responsável pelo mercado, enquanto o outro pela
limpeza da casa.

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5. Regime de Comunhão Parcial de Bens
Segundo o art. 1.659 do Código Civil, excluem-se da comunhão parcial de bens:
1. bens que cada cônjuge possui antes do casamento, os que lhe sobrevierem na
constância do casamento por doação ou sucessão hereditária e os bens sub-roga-
dos, isto é, os bens substituídos. Essa última hipótese diz respeito a bem pertencente
ao cônjuge previamente ao pacto antenupcial ou em decorrência de doação ou suces-
são na constância do casamento, de modo que o montante oriundo de sua venda, por
exemplo, fora utilizado para a compra de outro bem;
2. bens de rendimentos pessoais, seja advindo de algum ofício ou pensões em senti-
do geral;
3. bens de uso pessoal e relacionados à profissão. Trata-se de bens que constituem
patrimônio mínimo da pessoa, destinados à reestruturação após o fim da união;
4. dívidas contraídas antes do casamento ou oriunda de ato ilícito. Excetua-se
dessa disposição legal hipóteses as quais o outro cônjuge se beneficiou do ato ilícito.
Em geral, os bens que foram adquiridos por esforço comum, após a celebração do casamento,
pertencem a ambos os cônjuges e cada um tem direito a sua metade em caso de separação.

COMO FUNCIONA A ADMINISTRAÇÃO DOS BENS?

Bens Administração dos cônjuges

Comuns Ambos

Particulares Cada titular administra seus bens

COMO SE DÁ A ADMINISTRAÇÃO DAS DÍVIDAS?

Adquiridas em proveito próprio Não se comunicam

Adquiridas da administração dos bens próprios Não se comunicam


Adquiridas em proveito da família Comunicam-se

Adquiridas na administração dos bens comuns Comunicam-se

COMO SE ADMINISTRA O IMÓVEL FINANCIADO?


Faz-se um ajuste contábil em relação ao que foi pago por cada um dos cônjuges.

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Antes do casamento e com recurso exclusivo de um dos Ele possui propriedade
cônjuges, o qual consta seu nome como proprietário do bem exclusiva do bem

Direito à meação (divisão)


Após o casamento e com colaboração monetária mútua
entre os cônjuges

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6. Regime de Comunhão Universal de Bens
Nesse modelo de regime de bens, tudo o que integrava o patrimônio dos cônjuges
antes do casamento, assim como os advindos após, pertencem a ambos. Portanto, nas
hipóteses de separação, todos os bens serão divididos entre o casal de forma igualitária, até
mesmo aqueles pertencentes a cada um dos cônjuges antes do casamento.

Todavia, o Código Civil elenca determinados bens não passíveis da comunhão universal
em seu art. 1.668:
1. bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-roga-
dos em seu lugar;
2. doações antenupciais feita por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de
incomunicabilidade. É válido lembrar a ressalva do art. 1.669, o qual dispõe que a in-
comunicabilidade não se estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante
o casamento. Isto é, ainda que o bem possua a referida cláusula, se ele estiver sendo
alugado, por exemplo, os rendimentos oriundos devem ser divididos entre os cônjuges;
3. bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de
realizada a condição suspensiva. Ou seja, quando um dos cônjuges é substituto de
posse resolúvel (fiduciário) de um bem herdado a uma determinada prole eventual (não
nascida) por cláusula testamentária, esse será excluído da comunhão, uma vez que o
fiduciário é apenas guardião de um direito eventual dos futuros herdeiros (fideicomissá-
rio);
4. dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus
aprestos (dívidas contraídas para a preparação do casamento) ou reverterem em provei-
to comum.

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7. Regime de Separação Convencional ou Absoluta de
Bens
Características
Trata-se de um regime em que há independência absoluta dos bens de cada cônjuge. Cada
um possui seus bens particulares, inexistindo qualquer intersecção entre essas esferas
patrimoniais.

O regime de separação é comumente pactuado entre aqueles que pretendem exercer a


comunhão plena de vida através da afetividade e do convívio, sem que esta comunhão atinja
o âmbito patrimonial.

CC/02

Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um
dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real.

Observe que a administração dos bens é totalmente independente de autorização do


cônjuge, sendo livre sua oneração, alteração e disposição. Importante lembrar, porém, que o
casamento e a convivência dos consortes traz uma obrigação mútua de manutenção do lar:

Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos
rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.

Portanto, num cenário em que ambos trabalham, a contribuição com as despesas do lar
serão divididas proporcionalmente aos rendimentos (salários). Isso se deve à necessidade
de manutenção do domicílio para que o casal conviva e prospere em sua comunhão de vida.

Finalmente, é importante entender que a separação se refere aos bens particulares e à sua
administração. Os bens que são adquiridos na constância do casamento presumem-se
obtidos por esforço comum (de ambos) e, portanto, são comunicáveis.

Súmula 377 STF

No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento.

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8. Regime de Participação Final nos Aquestos
Como funciona o Regime de Participação Final nos Aquestos? Durante o casamento, há
separação de bens entre os cônjuges de forma que cada um pode alienar livremente os bens
móveis de propriedade de cada um. Contudo, os bens imóveis necessitam da outorga marital
ou uxória (autorização conjugal). Nesse último aspecto, observa-se que na prática funciona
como o regime de comunhão parcial de bens. Além disso, em uma eventual separação
aplica-se de forma semelhante o regime de comunhão parcial de bens também.

O que tem de diferente no Regime de Participação Final nos Aquestos? A diferença nesse
modelo de regime é que, durante o casamento, há separação absoluta de bens e, diante
de uma separação, há divisão parcial dos bens advindos após o casamento.

O que são aquestos?

É todo o patrimônio do casal (bens móveis, imóveis, rendimentos, etc) adquirido a título
oneroso, após o casamento, sendo excluídos, conforme art. 1.674 do código:
1. os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram;
2. os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade;
3. as dívidas relativas a esses bens.
Como funciona a administração das dívidas?

Se posteriores ao casamento, contraídas por um dos cônjuges, obrigam o outro (com prova
de que este se beneficiou).

Se contraídas por um dos cônjuges e saldadas com seu patrimônio próprio, o pagamento
deverá ser atualizado e descontado da meação do outro.

Vale lembrar que as dívidas superiores à meação do devedor, não obriga ao outro ou aos
herdeiros.

Além disso, cabe salientar o artigo 1.684 do Código Civil:

Art. 1.684. Se não for possível nem conveniente a divisão de todos os bens em natureza, calcular-se-á o valor
de alguns ou de todos para reposição em dinheiro ao cônjuge não-proprietário.

Parágrafo único. Não se podendo realizar a reposição em dinheiro, serão avaliados e, mediante autorização
judicial, alienados tantos bens quantos bastarem.

Nesse caso, ocorre uma espécie de execução judicial, isto é, um dos cônjuges apanha o
número de bens até atingir o valor da divisão, ou seja, atingir o valor da dúvida que o outro
cônjuge contraíra.

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Regime de Bens

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