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INSTITUIÇÃO:

CURSO: DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL – CONTRATOS
PROFESSOR: ANDRÉ BENDELACK SANTOS
TURMA:
PERÍODO:
ALUNO:

UNIDADE I – CONCEITO

1.1. Conceito e Natureza Jurídica:

Flávio Tartuce: É um negócio jurídico bilateral ou plurilateral que visa à criação, modificação ou
extinção de direitos e deveres com conteúdo patrimonial

Clóvis Bevilaqua: É o acordo de vontades para o fim de adquirir, resguardar, modificar ou


extinguir direitos

Orlando Gomes: É o negócio jurídico bilateral, ou plurilateral, que sujeita as partes à


observância de conduta idônea à satisfação de interesses que o regulam

Álvaro Villaça Azevedo: É a manifestação de duas ou mais vontades, objetivando criar,


regulamentar, alterar e extinguir uma relação jurídica de caráter patrimonial

1.2. Pré-requisitos de existência, validade e eficácia dos contratos.

Elementos genéricos: artigo 104, Código Civil.


Elementos acidentais: termo, encargo e condição
Elementos naturais: são aqueles decorrentes da própria essência do negócio, sendo
desnecessária sua menção expressa (Ex.: arts. 441 e 447, Código Civil);

Partes e Vontade e Centro de Interesses

Obs.: representantes, sucessão, contratos personalíssimos, cessão de contratos

Obs.: manifestação de vontade é livre, salvo prescrição legal ou desejo das partes
Ex.: verbal ou escrita, instrumento público ou particular ,sinais inequívocos
Obs.: manifestação direta e indireta (exceção), Silêncio – artigo 111, Código Civil.
Obs: Capacidade não se confunde com a capacidade geral. Ex.: art. 496

Objeto:
Imediato = Obrigação e Mediato = Prestação
Obs.: lícito, possível e determinado

Apreciação pecuniária: A patrimonialidade é essencial, tendo ou não o conteúdo do contrato


aspecto patrimonial inicial.

1.3. Princípios Fundamentais dos Contratos.

1.3.1 Constitucionais:

a) Valorização da dignidade da pessoa humana: Art. 1º, III, Constituição Brasileira de 1988;

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b) Solidariedade social: art. 3º, I, Constituição Brasileira de 1988;
c) Igualdade lato sensu: art. 5º, Caput, Constituição Brasileira de 1988.

Observação:
Horizontalização dos direitos fundamentais: É o reconhecimento da existência e aplicação
desses direitos nas relações entre particulares, evitando diversas espécies de opressão que
eventualmente decorram das relações sociais, através da aplicação imediata de tais princípios.
(art. 5º, §1º, Constituição Brasileira de 1988).

1.3.2. Da autonomia da vontade.

2. Autonomia privada: É o direito indeclinável que o sujeito tem de regular os próprios


interesses, marcando o poder da vontade no direito de um modo objetivo, concreto e real,
limitado por normas de ordem pública.

Observações:
a) Decorre da dignidade da pessoa humana;
b) Substitui a autonomia da vontade, que tem conotação subjetiva, psicológica.

Liberdade de contratar e Liberdade contratual

Liberdade de contratar: São as celebrações de pactos e avenças com determinados sujeitos,


advindos do princípio de liberdade.

Liberdade contratual: Está relacionado com o conteúdo do negócio jurídico

3. Função social dos Contratos: Princípio pelo qual o contrato deve ser necessariamente
interpretado e visualizado de acordo com o contexto da sociedade, valorizando a equidade,
razoabilidade e o bom senso, visando atender os interesses da pessoa humana.

Observações:
a) arts. 421 e parágrafo único do 2.035, Código Civil (princípio de ordem pública);

Exemplos:
a) art. 108, Código Civil;
b) lesão subjetiva de um dos contratantes (art. 157, Código Civil), provocando a anulabilidade
(art. 171, II, Código Civil) ou a revisão judicial do contrato (art, 157, §2º, Código Civil);
c) art. 406, Código Civil;
d) art. 413, Código Civil;
e) art. 112, Código de Processo Civil;
f) arts. 423 e 424, Código Civil;
Ex.: 424, c/c 827 e 828, II, Código Civil.

Eficácia Interna e Eficácia Externa

Eficácia Interna: São os efeitos intra partes dos negócios jurídicos.


Ex.: Efeitos internos nos negócios jurídicos decorrentes da vontade das partes
contratantes.

Eficácia Externa: São os efeitos ultra partes dos negócios jurídicos.


Ex.: São os contratos que apesar de se revelarem perfeitamente equilibrados entre as
partes se revelem ruins para a sociedade.

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1.3.3. Do consensualismo.

Consensualismo: o simples acordo tem força suficiente para fazer surgir o contrato, não se
exigindo forma especial para a sua constituição.

Todo contrato exige acordo de vontades. No contrato de adesão o consentimento surge com o
aceite do consumidor. Nos contratos solenes e reais, o acordo de vontades antecede a
assinatura da escritura ou a entrega da coisa.

Exemplo: José aluga a João por cem reais um quartinho nos fundos de sua casa, mas no
contrato, ao invés de escrever “aluga-se um quarto”, se escreveu “aluga-se uma casa”, vai
prevalecer a intenção que era de alugar o quarto, João  não vai poder exigir a casa pois sabia
que, por aquele preço e naquelas circunstâncias, a locação era só de um aposento.

1.3.4. Da obrigatoriedade da convenção.

4. Força obrigatória dos contratos: O contrato faz lei entre as partes, constrangendo os
contratantes ao cumprimento do conteúdo completo do negócio jurídico.

Observações:
a) Este princípio encontra-se mitigado pela função social do contrato e boa-fé objetiva.

Teorias a respeito da força obrigatória dos contratos:


a) Clássica: privilegia o consensualismo, portanto, opõe-se a qualquer intervenção interna do
contrato.
b) Moderna: Admite a intervenção externa, pelo interesse coletivo que representa o contrato.

1.3.5. Da boa-fé.

5. Boa-fé objetiva: É conduta de lealdade, colaboração, dos contratantes. (art. 422, Código
Civil).

Funções:

a) Interpretação: art. 113, Código Civil;


É o meio auxiliador do aplicador do direito para a interpretação dos negócios,
particularmente dos contratos.
b) Controle: art. 187, Código Civil;
c) Integração: art. 422, Código Civil.

Observações:
a) art. 167, §2º, Código Civil;

Exemplos:

Fase pré-contratual: Promessa de aquisição de colheitas futuras, que já são adquiridas


reiteradamente no presente.
Fase contratual: rompimento de contrato com pactuação de novo contrato com o mesmo
objetivo.
Fase pós-contratual: venda de imóvel em razão da vista do mesmo, sendo que o vendedor
posteriormente constrói novo imóvel obstruindo a vista do imóvel vendido anteriormente.

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1.3.6. Da relatividade dos efeitos.

6. Relatividade dos contratos: Efeito inter partes, pelo qual o negócio celebrado, em regra,
somente atinge as partes contratantes, não prejudicando ou beneficiando terceiros estranhos
ao negócio jurídico.

Exceções:

a) Estipulação em favor de terceiro, arts. 436 e 438, Código Civil;


Ex.: contrato de seguro de vida.
b) Promessa de fato de terceiro, arts. 439 e 440, Código Civil;
Ex.: Promotor de eventos que promete um espetáculo de um cantor famoso.
c) Tutela externa do crédito, art. 608, Código Civil.

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EXECÍCIOS

1ª Questão: Assinale a opção que indica o princípio segundo o qual o que estiver
estipulado entre as partes tem força de lei, uma vez que o contrato vincula os
envolvidos no seu devido cumprimento.
Alternativas
A) princípio da função social do contrato
B) princípio da força obrigatória do contrato
c) princípio da boa-fé subjetiva
D) princípio da proibição de comportamento contraditório

2ª questão: Rejane adquiriu um automóvel de seu vizinho Altair pelo preço de R$


8.000,00. Três meses depois, todavia, veio a ser parada numa blitz e o veículo foi
apreendido porque constava que há cerca de um ano ele fora roubado do real
proprietário, que não era Altair. Diante disso, Rejane tem direito a exigir de Altair:
Alternativas
A) os R$ 8.000,00 de volta, corrigidos monetariamente, independentemente do
valor de mercado do veículo quando foi apreendido;
B) indenização pelo valor de mercado do bem, além de eventuais perdas e danos
decorrentes da apreensão, se provar que Altair tinha ciência do roubo;
C) ressarcimento pelas benfeitorias e melhoramentos que tiver feito no carro, se
provar sua boa-fé na época em que as realizou; 
D) a devolução do preço pago se no contrato com ele constasse cláusula que exclui
a garantia contra evicção, desde que ela não tenha assumido o risco relativo ao
roubo.

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