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STJ anula todas as decisões de juiz sobre Flávio Bolsonaro no caso das
rachadinhas
Por quatro votos a um, o Superior Tribunal de Justiça aceitou um pedido da
defesa do senador Flávio Bolsonaro e anulou todas as decisões do juiz
Flávio Itabaiana, do Rio, no caso das rachadinhas.
Flávio Bolsonaro tenta escapar da investigação da rachadinha desde as
primeiras notícias de que o Ministério Público do Rio recolhia provas sobre
o esquema de corrupção. A suspeita é que Flávio se apropriava de parte
dos salários dos funcionários do gabinete dele na época em que era
deputado estadual no Rio de Janeiro.
'Rachadinhas': entenda suspeitas do MP sobre Flávio Bolsonaro
Flávio Bolsonaro nega 'rachadinhas' e lavagem de dinheiro
O senador chegou a alegar que os investigadores usaram dados sigilosos,
apontou supostos vazamentos em órgãos do governo e depois passou a
invocar um recurso comum entre políticos investigados, o foro privilegiado.
Em fevereiro deste ano, a pedido da defesa do filho mais velho do
presidente Jair Bolsonaro, o Superior Tribunal de Justiça, o STJ, já tinha
anulado parte das provas contra o senador. Os ministros entenderam que
houve falta de fundamentação na decisão do juiz Flávio Itabaiana, que
cuidava do caso, e impediram o uso de informações obtidas nas quebras
dos sigilos bancário e fiscal do senador.
Agora, por 4 votos a 1, a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça aceitou
um novo pedido da defesa: reconheceu o foro privilegiado do senador e
anulou todas as decisões tomadas pelo juiz Flavio Itabaiana por entender
que o magistrado não poderia ter atuado no processo porque é da primeira
instância.
O primeiro a votar a favor de Flávio Bolsonaro foi o ministro João Otávio de
Noronha: "Não há como se sustentar que um magistrado de primeira
instância era aparentemente competente para investigar um senador da
república que tinha acabado de deixar o cargo de deputado estadual".
Ele foi acompanhado por Reynaldo Soares da Fonseca, Ribeiro Dantas e
Joel Ilan Paciornik. Apenas o relator, Jesuíno Rissato, que já havia votado
em uma sessão anterior, ficou contra o pedido da defesa.
Na prática, a decisão do STJ leva a investigação à estaca zero. Tudo o que
foi apurado até agora não poderá ser usado porque os ministros
entenderam que o senador deveria ter sido investigado em outra instância
da Justiça.
Foi com base nessa investigação que Flávio Bolsonaro e outras 16 pessoas
foram denunciadas no ano passado por peculato, lavagem de dinheiro e
organização criminosa. Entre elas, o ex-assessor Fabricio Queiroz, acusado
de ser o operador financeiro do esquema. O Coaf apontou uma
movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão em um ano na conta dele.
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sentir falta de apoio
Com base nas quebras dos sigilos bancário e fiscal do senador, o Ministério
Público do Rio afirma que Flávio Bolsonaro desviou mais de R$ 6 milhões
dos cofres da Assembleia Legislativa quando era deputado estadual e
que lavou o dinheiro na loja de chocolates que ele tinha e também na
compra e venda de imóveis.
Os promotores demostraram que as contas bancárias de Flávio e da mulher
dele foram abastecidas com dinheiro vivo em períodos anteriores aos
pagamentos das transações dos imóveis.
Outras provas apontadas pelo MP que ficam anuladas são as mensagens
de texto entre Queiroz e Danielle Mendonça da Nóbrega, ex-mulher do
miliciano Adriano da Nóbrega, morto no ano passado. Segundo os
promotores, as mensagens mostram que o ex-policial recebeu dinheiro da
rachadinha por meio da mãe e da mulher, que foram funcionárias de Flávio.
Também fica invalidado o depoimento de uma ex-funcionária de Flávio, que
confirmou a devolução de parte do salário no esquema da rachadinha.
O Ministério Público do Rio disse que espera a publicação da decisão do
STJ desta terça para definir se vai recorrer ou não e quais medidas poderá
tomar. Mas desde junho do ano passado, os promotores aguardam o
Supremo Tribunal Federal analisar se Flávio Bolsonaro tem ou não foro
privilegiado para ser investigado no caso das rachadinhas. E é o STF que
dá a palavra final.
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arquivar caso das rachadinhas
O que dizem os citados:
A defesa de Flávio Bolsonaro chamou a investigação de quase três anos de
ilegal e disse que, mesmo com arbitrariedades, vazamentos e covardias,
considerou que nada foi encontrado contra ele e que finalmente a justiça foi
feita.
Outras decisões
O MP precisará decidir se apresenta, ou não, novos pedidos de quebras
de sigilo bancário e fiscal contra os investigados, recomeçando a
investigação. A CNN apurou que os investigadores aguardam, ainda, duas
outras decisões para decidir o que fazer com o caso.
Há pendente um julgamento no STJ de uma liminar, concedida pelo
ministro João Otávio de Noronha, que suspendeu a tramitação da
denúncia contra Flávio Bolsonaro, em agosto deste ano.
E também há, no Supremo Tribunal Federal (STF), um julgamento
pendente de uma reclamação do MP contra a decisão da Justiça do Rio de
Janeiro que mudou o foro de Flávio Bolsonaro, da primeira para a segunda
instância.
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