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30.6.2023
INELEGÍVEL
65
CLUBE DE REVISTAS
/ Capa
ENFIM, INELEGÍVEL
3 | por Raphael Sanz
25 | Bolsonaro acumula quase 600
processos na Justiça, por Plinio Teodoro
edição #65
/ Política
32 | Extrema direita domina ranking
semanal dos deputados mais influentes
nas redes, por Ivan Longo
conteúdo |
/ Economia
40 | Dogmas monetários renitentes:
autonomia do Banco Central e metas para
a inflação, por Paulo Nogueira Batista Jr.
/ Meio ambiente
55 | Já pensou em morar em uma casa
feita de roupas descartadas?, por Iara Vidal
/ Global
61 | Três dias de Brasília em Portugal, por
Henrique Rodrigues
/ Cultura
70 | Viva Astrid, viva São João e a cultura
brasileira!, por Julinho Bittencourt
74 / Expediente
CLUBE DE REVISTAS
Capa
Enfim,
inelegível
por Raphael Sanz
Foto Isac Nóbrega/PR
CLUBE DE REVISTAS
A
" cabou, Bolsonaro. Você não é
presidente mais”, disse certa vez, nos
idos de 2020 e em pleno cercadinho do
Palácio do Planalto, um imigrante haitiano para
o então presidente Jair Bolsonaro (PL). Hoje,
ele poderia completar: “E nem poderá pensar
em sê-lo até 2030”.
Após um processo relativamente rápido que
focou no uso eleitoral de uma grotesca reunião
com embaixadores realizada em julho de 2022
no Palácio da Alvorada, o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) formou maioria na sexta-feira,
30 de junho de 2023, para condenar o ex-
presidente. Finalmente, Bolsonaro está inelegível.
Após um acachapante placar de 5 a 2 no
TSE, o ex-presidente e líder da extrema direita
teve seus direitos políticos suspensos por oito
CLUBE DE REVISTAS
Foto Reprodução
Bolsonaro durante reunião com embaixadores que culminou com processo movido
pelo PDT e consequente inegibilidade do ex-presidente
Primeira sessão
O julgamento começou na noite de quinta-
feira, dia 22 de junho, quando o corregedor-geral
eleitoral e relator da ação, o ministro Benedito
Gonçalves, leu o relatório. Em seguida foram
ouvidos os advogados de acusação e de defesa
de Bolsonaro. A sessão foi encerrada com o
CLUBE DE REVISTAS
pedido de Paulo Gonet Branco, vice-procurador-
geral eleitoral, pela inelegibilidade de Bolsonaro.
O voto do relator
A segunda sessão foi realizada a partir das
19h de 27 de junho, uma terça-feira, e foi
ocupada exclusivamente pelo voto do relator, o
ministro Benedito Gonçalves. Logo no começo
CLUBE DE REVISTAS
Quase lá
Na quinta-feira (29), o ministro Raul Araújo
abriu as votações. Ainda que não fosse certo,
era dada a hipótese nos meios de comunicação
de que ele pudesse pedir vista do processo
CLUBE DE REVISTAS
Matchpoint
Ao meio-dia de sexta-feira (30) foi retomado
o julgamento com os votos de Cármen
Lúcia, vice-presidente do TSE, do ministro
Nunes Marques e, fechando o julgamento,
de Alexandre de Moraes, presidente do TSE.
Cármen Lúcia abriu seu voto logo na 4ª sessão
da Corte e disse que acompanharia o relator,
votando pela condenação de Bolsonaro.
"De pronto, com todas as vênias ao eminente
ministro Raul Araújo, estou anunciando aos
Vossos Ministros que estou acompanhando o
CLUBE DE REVISTAS
Foto TSE
A ministra Cármen Lúcia
Placar: 4 a 2.
Por fim, o ministro Alexandre de Moraes deu
contornos finais ao placar do julgamento: 5 a
2 e Bolsonaro inelegível. Classificou o encontro
com os embaixadores como algo “totalmente
eleitoreiro” e com o objetivo de “instigar o seu
eleitorado contra o sistema eleitoral do Brasil”.
Durante seu voto, Alexandre de Moraes
fez questão de ressaltar que “liberdade de
expressão não é liberdade de agressão, ataque
à democracia; liberdade de expressão não é
ataque ao Poder Judiciário, principalmente por um
presidente da República candidato à reeleição”.
Assim como o relator do caso, Moraes
também fez menção à Teoria do Caos e,
especificamente, ao livro Os Engenheiros do
Caos, que analisa a tática da extrema direita
em utilizar os meios de comunicação e ataques
CLUBE DE REVISTAS
massivos de fake news para substituir a
realidade pela mentira e construir uma suposta
coesão entre o seu eleitorado.
Entenda o processo
O PDT protocolou a representação à Justiça
Eleitoral em 2022, acusando o ex-presidente de
cometer abuso de poder político e uso indevido
dos meios de comunicação ao realizar, em julho
daquele ano, a três meses das eleições, uma
reunião com embaixadores internacionais, no
Palácio da Alvorada, em que promoveu ataques
ao sistema eleitoral brasileiro.
Na reunião em questão, foi exibida uma
apresentação de PowerPoint com teorias
conspiratórias, já desmentidas em inúmeras
ocasiões, sobre suposta fraude nas urnas
eletrônicas. Entre as mentiras contadas por
Bolsonaro está, por exemplo, a de que as urnas
não seriam auditáveis.
CLUBE DE REVISTAS
“O ex-presidente da República abusou
de| suas atribuições legais ao convocar
os embaixadores. Os embaixadores
necessariamente tiveram que comparecer a
essa reunião presidencial e, ao contrário do
que se esperava, que seria uma comunicação
presidencial da mais importante ordem, ele deu
a esse evento uma roupagem eleitoral, inclusive,
atacando as instituições e colocando dúvidas a
respeito do sistema eleitoral brasileiro”, declarou
à Fórum o advogado Renato Ribeiro de Almeida,
professor de direito eleitoral e coordenador
acadêmico da Academia Brasileira de Direito
Eleitoral e Político (Abradep).
O advogado avalia que essa reunião de
Bolsonaro com embaixadores fomentou
movimentos golpistas que, depois das eleições,
passaram a contestar o resultado do pleito com
atos antidemocráticos.
"Esse tipo de comportamento foi um gatilho
pra que movimentos contestadores das
eleições viessem a ocorrer por todo o país,
tanto o ex-presidente se beneficiando quanto
utilizando para os seus propósitos o cargo para
o qual ele havia sido eleito e que ele exercia.
Então, o abuso do poder político consiste
nessa utilização de caminhos que a princípio
são lícitos, que são legais, mas que eles
contenham algo a mais. Por isso, a questão do
CLUBE DE REVISTAS
“O ex-presidente da República
abusou de suas atribuições legais
ao convocar os embaixadores. Ele
deu a esse evento uma roupagem
eleitoral, inclusive, atacando as
instituições e colocando dúvidas
a respeito do sistema
eleitoral brasileiro”
Renato Ribeiro de Almeida
Há chances de reversão
da inelegibilidade?
Com todo o contexto acima descrito, Renato
Ribeiro de Almeida aponta que o TSE deverá
“avaliar bem” o caso ao longo dos próximos
meses. Mesmo com o pedido de vista, é
improvável que o ex-presidente salve seus
direitos políticos.
“Ele [Jair Bolsonaro] estaria naturalmente
fora de todas as eleições a partir do final
desse julgamento. Como o TSE é quem dá a
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palavra final em direito eleitoral, ou seja, dada
a natureza do cargo, porque se disputava o
cargo presidencial, a instância final já é o próprio
TSE, ao contrário do que acontece nas eleições
municipais, por exemplo, que há um caminho
todo recursal partindo da zona eleitoral, depois
para o Tribunal Regional Eleitoral e, por último, o
TSE em alguns casos", pontua.
Segundo o advogado, é provável que
Bolsonaro, ao final do julgamento, apresente
recursos ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Almeida explica, contudo, que esses recursos
se dão apenas "em matéria constitucional" e
que as chances de o ex-mandatário reverter a
decisão são mínimas.
"Sendo o TSE a instância final, naturalmente,
vai dar a palavra final em direito eleitoral. É
possível que o ex-presidente acabe recorrendo,
interpondo recursos ao Supremo Tribunal
Federal? Sim, mas somente em matéria
constitucional. A própria composição do TSE
já é uma composição que conta com três
ministros do Supremo Tribunal Federal. Ou seja,
é muito difícil e eu não me lembro de cabeça de
nenhuma situação em que tenha ocorrido algum
tipo de recurso que foi julgado procedente no
Supremo Tribunal Federal contra decisão do
TSE", conclui.w
CLUBE DE REVISTAS
FILMES
EP.1
Terrorismo de Estado
Bolsonaro acumula
quase 600 processos
na Justiça
Levantamento feito pela assessoria jurídica
de Bolsonaro aponta que ele perdeu 95% das
ações já julgadas contra ele
por Plinio Teodoro
A
pós ser condenado pelo Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) em sentença
oficializada nesta sexta-feira (30)
tornando-o inelegível pelos próximos oito anos,
Jair Bolsonaro (PL) ainda vai continuar por
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muito tempo no banco dos réus, respondendo
a quase 600 ações judiciais, segundo o último
levantamento feito pela área jurídica do PL, que
vai pagar boa parte dos gastos com advogados
com recursos públicos do fundo partidário.
Caso Bolsonaro seja condenado, o montante
a ser pago em indenizações pode chegar a R$
2 milhões. Com patrimônio de R$ 2,2 milhões
declarado ao TSE nas últimas eleições, além
da renda de cerca de R$ 86 mil mensais, o ex-
presidente teria condições de arcar com todas
as custas processuais, mas resolveu pedir Pix
a seguidores, recebendo antecipadamente
dinheiro para pagar os processos.
Levantamento feito pela assessoria jurídica
de Bolsonaro aponta que ele perdeu 95% das
ações já julgadas contra ele — e que ainda
cabem recurso.
Entre as derrotas que sofreu na Justiça estão
a indenização de R$ 20 mil à deputada Maria do
Rosário (PT-RS) por ato misógino, outros R$ 35
mil à repórter da Folha, Patrícia Campos Mello,
por incitação sexual — quando sugeriu que a
jornalista "deu o furo" para produzir reportagens
contra ele —, mais R$ 150 mil por ataques a
jornalistas em dois processos e R$ 30 mil por
associar o senador Omar Aziz (PSD-AM) à
pedofilia durante a CPI da Covid.
CLUBE DE REVISTAS
Fotos Reprodução
Bolsonaro já foi derrotado na Justiça pela deputada Maria do Rosário (PT-RS), pela
jornalista Patrícia Campos Mello e pelo senador Omar Aziz (PSD-AM)
Foto Reprodução
Mira da Justiça
Nas esferas cível e criminal, Bolsonaro
coleciona centenas de processos, incluindo
as 257 ações que citam o nome do ex-
presidente no Supremo Tribunal Federal (STF).
Há desde processos por declarações em lives e
entrevistas a multa por não ter usado máscara
na pandemia ou capacete nas motociatas —
quando contava com a vista grossa da Polícia
Rodoviária Federal (PRF).
Desses processos, seis são os que mais
CLUBE DE REVISTAS
causam preocupação ao ex-presidente pela
possibilidade de o levarem à cadeia.
O primeiro é a investigação sobre fraude
na carteira de vacinação, que já levou o ex-
ajudante de ordens tenente-coronel Mauro
Cid, e outros três ex-assessores de Bolsonaro
à prisão. A ação ainda pode resultar em um
desdobramento nos Estados Unidos, já que o
ex-presidente teria fraudado o documento para
entrar no país, que pode bani-lo definitivamente.
A N O S
22JORNALISMO
DE
INDEPENDENTE
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CLUBE DE REVISTAS
Bia Kicis (PL-DF): a
primeira do ranking
A
pesar da vitória de Lula nas eleições de
2022 e da boa avaliação do governo,
a extrema direita segue com atuação
mais forte nas redes que a esquerda. Elaborado
pela FSB Pesquisa, o Índice de Performance
CLUBE DE REVISTAS
nas Redes Sociais mostra que a maioria
entre os 20 parlamentares mais influentes no
meio digital é composta por bolsonaristas —
apesar de alguns deputados e deputadas da
base governista terem registrado avanços
significativos no ranking.
Segundo o estudo, que analisou a
performance de congressistas nas redes sociais
entre os dias 19 e 25 de junho, a deputada mais
influente nesse período foi Bia Kicis (PL-DF),
sendo seguida por outros três parlamentares
bolsonaristas: Gustavo Gayer (PL-GO), Eduardo
Bolsonaro (PL-SP) e Carla Zambelli (PL-SP).
A deputada de esquerda mais bem colocada
no ranking dos 20 mais influentes nas redes
é Gleisi Hoffmann (PT-PR), que figura na
5ª posição. Logo atrás dela, em 6º, vem o
deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).
O segundo parlamentar da base governista
com melhor colocação é Guilherme Boulos
(PSOL-SP), que aparece em 9º lugar — uma
subida de cinco posições em relação à semana
anterior. Logo atrás dele vem a deputada Erika
Hilton (PSOL-SP), que ascendeu 15 colocações
e figura, agora, como a 10ª parlamentar mais
influente nas redes no período analisado.
Entre os deputados de esquerda, há ainda
uma ascensão relevante de Lindbergh Farias
(PT-RJ), que subiu cinco posições com relação
CLUBE DE REVISTAS
OS MAIS INFLUENTES
ESQUERDA DIREITA
Foto Reprodução
Política
PF prende Walter
Delgatti, o “hacker
de Araraquara”
por Lucas Vasques
A
Polícia Federal (PF) prendeu, na quarta-
feira (28), Walter Delgatti Neto, conhecido
como “hacker de Araraquara”. A
motivação foi o descumprimento de medidas
judiciais. A informação foi divulgada pelo
advogado dele, Ariovaldo Moreira.
Em relatório, a PF ressaltou que Delgatti
CLUBE DE REVISTAS
desrespeitou medida judicial que o proibia de
usar a internet. Ele criou e-mails e uma conta
em um site de compras. Os investigadores
descobriram que foi criado um e-mail vinculado
à conta bancária do hacker, com o objetivo de
receber doações por meio de Pix.
As apurações identificaram a criação de
contas para serviços de backup em nuvem nos
meses de julho, agosto e dezembro de 2022.
Uma delas continha o envio de documentos e
selfies de Delgatti.
O Ministério Público Federal (MPF) destacou
que “resta claro que Walter Delgatti Neto,
além de não ter interrompido o seu acesso à
internet, deixou propositalmente de atualizar
seu endereço perante a Justiça Federal, tendo
apenas deixado seu contato com um porteiro
do edifício de onde se mudou há mais de três
meses, sem informar outro endereço correto, o
que evidentemente demonstra o intuito de se
ocultar de eventual decisão judicial”.
Delgatti já tinha sido preso em julho de 2019,
durante a Operação Spoofing, que desarticulou,
segundo a PF, uma “organização criminosa que
praticava crimes cibernéticos”.
As investigações concluíram que o grupo
acessou contas do aplicativo de mensagens
Telegram utilizadas por autoridades, como
procuradores da Lava Jato.
CLUBE DE REVISTAS
Foto Reprodução
Walter Delgatti com a deputada bolsonarista Carla Zambelli
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Foto Montagem
Economia
Dogmas monetários
renitentes: autonomia
do Banco Central e
metas para a inflação
por Paulo Nogueira Batista Jr.
V
olto à questão do Banco Central,
paciente leitor ou leitora. Conto com
a sua paciência, característica talvez
tipicamente brasileira. Volto ao Banco Central
porque o problema que ele representa se vê
CLUBE DE REVISTAS
seriamente agravado pela teimosia do seu
presidente, que insiste em manter os juros na
lua e demora a sinalizar o início da sua redução,
já tardia, ridiculamente tardia, uma vez que os
diversos indicadores relevantes a justificam
cada vez mais claramente. Mas não quero
falar hoje da conjuntura da política monetária
brasileira, e sim do pano de fundo, isto é, de
questões estratégicas que, embora nem sempre
explicitadas, permeiam o debate sobre moeda e
juros, não só no Brasil, como em outros países.
Refiro-me a duas questões interligadas:
a autonomia do Banco Central e o regime
de metas de inflação. São políticas ainda
reverenciadas, pelo menos no Brasil, mas
muito discutíveis, para dizer o mínimo.
Viraram dogmas desde o início dos anos
1990 em grande parte do mundo ocidental,
e acabaram sendo importadas pelo Brasil:
o regime de metas em 1999 e a autonomia
legal da autoridade monetária em 2021. A
nossa adesão a esses dogmas, principalmente
ao segundo, foi tardia. E talvez por isso a
ortodoxia de galinheiro que prevalece no
debate econômico nacional se aferra a eles,
mesmo que o seu declínio se faça sentir nos
países desenvolvidos onde tiveram origem.
Na verdade, parêntese, no Brasil de hoje
não há debate econômico. O que existe não
CLUBE DE REVISTAS
é propriamente “debate”, mas a divulgação
unilateral de um só ponto de vista. E não é
propriamente “econômico”, uma vez que as
teses e opiniões apresentadas são versões
vulgares do que se conhece como economia,
seja pura, seja aplicada.
Foto @fab.brick
Meio ambiente
Já pensou
em morar em
uma casa feita
de roupas
descartadas?
por Iara Vidal
CLUBE DE REVISTAS
A
indústria têxtil é uma das mais poluentes
do mundo. Uma das facetas mais
visíveis desse rastro deixado por esse
braço da moda são os resíduos das roupas
que não queremos mais e que têm mudado
paisagens mundo afora. Talvez a mais famosa
seja a montanha de roupas descartadas no
deserto do Atacama, no Chile, que pode ser
vista até do espaço.
Vem da França, berço da moda de alto luxo,
uma alternativa para dar novo uso para os
resíduos têxteis. Trata-se do FabBRICK: tijolos
feitos a partir de roupas que não usamos mais.
Essa ideia, ainda em escala muito pequena,
é de Clarisse Merlet. Enquanto era estudante
de arquitetura, ela percebeu o quanto a
construção é uma indústria poluente e
intensiva em energia, então decidiu encontrar
uma maneira de construir de forma diferente,
especialmente utilizando resíduos de matéria-
CLUBE DE REVISTAS
Foto @fab.brick
Clarisse Merlet, a criadora da ideia de reutilizar roupas
descartadas para produzir tijolos ecológicos
Foto @fab.brick
Tijolo ecológico
Com três camisetas recicladas e uma cola
ecológica é possível fazer um tijolo. E o mais
impressionante é que ele é especialmente
isolante térmica e acusticamente.
Clarisse decide então lançar uma campanha
de financiamento coletivo na internet para
financiar o projeto que rapidamente ganha
impulso. Hoje, 42 mil tijolos foram criados a
partir de 12 toneladas de roupas recicladas.
Falta escala
Diante do passivo da indústria da moda,
CLUBE DE REVISTAS
Foto skifi
A montanha de roupas descartadas no deserto do Atacama, no Chile, atingiu
proporções tão grandes que já pode ser vista do espaço
Foto Reprodução
Global
J
á tem alguns anos que, mesmo que
informalmente, o centro nervoso da
política brasileira é transferido por alguns
dias para o outro lado do Atlântico, instalando-
se em Lisboa. Sim, resumidamente, Brasília é
transportada para a capital portuguesa e, de lá,
vêm as notícias mais importantes dos bastidores
CLUBE DE REVISTAS
do poder. Isso ocorre durante o Fórum Jurídico
de Lisboa, que este ano teve sua 11ª edição,
entre os dias 26 e 28 deste mês que se encerra.
Organizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino,
Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), que tem como
um de seus sócios o ministro Gilmar Mendes, do
STF, pelo Instituto de Ciências Jurídico-Políticas da
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
(ICJP) e pelo Centro de Inovação, Administração
e Pesquisa do Judiciário da FGV Conhecimento
(CIAPJ/FGV), o badaladíssimo e concorrido evento
acontece nas dependências da Faculdade de
Direito da Universidade de Lisboa e é amplamente
visto como o mais importante congresso da área
do direito no mundo lusófono.
No dia da abertura, segunda-feira (26), já estava
claro que a temperatura ia manter-se elevada.
Não só a temperatura do ambiente, já que o
começo do verão na Europa é sufocantemente
insuportável, mas também a da atmosfera política.
Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos
Deputados, participou logo da mesa inicial, ao
lado de Gilmar Mendes, mas com cara de poucos
amigos. Havia uma razão para isso: o parlamentar
é alvo de investigações pela Polícia Federal,
que tem visto indícios de participação sua no
escândalo dos kits de robótica comprados com
dinheiro de emendas parlamentares liberadas para
seus aliados, cujo destino seriam escolas públicas
CLUBE DE REVISTAS
Foto Reprodução
Participaram do fórum: o ministro da Justiça Flávio Dino, o ministro do STF
José Roberto Barroso, o banqueiro André Esteves, o governador de São Paulo
Tarcísio de Freitas, o governador de Goiás Ronaldo Caiado e o presidente da
Câmara dos Deputados Arthur Lira
de seu estado.
Lira até tentou disfarçar falando grosso contra
os terroristas bolsonaristas que atacaram as
sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro, ao
afirmar que “a Câmara reagiu de forma firme,
reunindo seus parlamentares em menos de 24
horas, em pleno recesso, responderemos às
ações antidemocráticas com doses maiores
de democracia”, só que seu semblante de
desconforto era visível. O constrangimento era
ainda maior porque seu homólogo português, o
deputado Augusto Santos Silva, presidente da
Assembleia da República de Portugal, estava ali,
CLUBE DE REVISTAS
sentado bem ao seu lado.
A irritação e a impaciência do deputado
alagoano também eram vistas por muita gente
como causadas por outro fator.
500k
Valeu,
comunidade!
CLUBE DE REVISTAS
U
ma discussão da advogada Gabriela
Prioli com a apresentadora Astrid
Fontenelle na semana passada foi
parar entre os assuntos mais comentados
do Twitter. Entre mortos e feridos, a conversa
CLUBE DE REVISTAS
sobre as festas juninas no Brasil terminou com
a internet curiosamente desabando em críticas
sobre Prioli, por sua defesa do mercado e da
“modernização” dos eventos, provocando a
sua aculturação.
A advogada foi pra cima da apresentadora,
que se dizia indignada e frustrada com as
festas modernas, em que não se ouve mais
forró nem se come amendoim cozido. Prioli
retrucou com uma justificativa lapidar do
pensamento neoliberal:
Fotos Reprodução
A advogada Gabriela Prioli e a apresentadora Astrid Fontenelle
Diretor de Redação
_ Renato Rovai
Editora executiva
_ Dri Delorenzo
Designer Revisão
_ Marcos Guinoza _ Laura Pequeno
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