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ConJur - TSE abre investigação contra dono da Jovem Pan e Bolsonaro https://www.conjur.com.br/2022-out-16/ministro-tse-determina-citacao...

CONTRA A PAREDE

Ministro do TSE abre investigação contra dono da


Jovem Pan e Bolsonaro
16 de outubro de 2022, 10h51

Por Rafa Santos

Se uma emissora de TV ou rádio direciona sua programação para divulgar notícias falsas
que prejudicam adversários de um candidato e a integridade das eleições, é necessário
avaliar os impactos dessa conduta sobre a normalidade eleitoral.

Isac Nóbrega/PR
Esse foi o entendimento utilizado pelo ministro
Benedito Gonçalves, do Tribunal Superior
Eleitoral, para aceitar um pedido de investigação
contra o proprietário da Jovem Pan, Antônio
Augusto Amaral de Carvalho Filho, o candidato a
presidente Jair Bolsonaro e seu vice, Braga Neto.
A ação de investigação judicial eleitoral foi
ajuizada pela campanha de Luiz Inácio Lula da
Bolsonaro também foi citado pelo
Silva à Presidência da República. ministro do TSE Benedito Gonçalves

O ministro, contudo, negou os pedidos liminares


dos advogados do ex-presidente Lula por entender não estarem presentes requisitos
indispensáveis para a concessão da tutela provisória.

Na ação, os advogados da campanha de Lula apontam que a Jovem Pan é uma


concessionária de serviços públicos que se engajou no ecossistema bolsonarista e passou a
ser uma das principais fontes de notícias falsas nas eleições deste ano. Também
argumentam que o grupo de mídia se beneficia de grandiosos aportes financeiros que
serviram de incentivo para executar estratégia de desinformação durante o período eleitoral.

Ao analisar o pedido, o ministro afirmou que a gravidade do uso indevido dos meios de

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comunicação decorre do amplo alcance da rádio, da televisão e dos canais de YouTube da


Jovem Pan, com potencial impacto na escolha de milhões de eleitores e eleitoras que foram
expostos diuturnamente à desinformação divulgada com a roupagem de jornalismo e debate
crítico.

O magistrado usa como exemplo a conduta dos comentaristas da Jovem Pan ao opinar sobre
algumas decisões do TSE. "É possível constatar da leitura dos trechos e do acesso aos
vídeos que, em um efeito cíclico, os comentaristas da Jovem Pan não apenas persistem na
divulgação de afirmações falsas sobre fatos (coisa que difere da legítima opinião que
possam ter sobre a realidade), como somente se mostram capazes de 'explicar' as decisões a
partir de novas e fantasiosas especulações, trazidas sem qualquer prova, de que haveria uma
atuação judicial favorável um dos candidatos."

Apesar de entender que os comentaristas da Jovem Pan, em programas de grande audiência,


têm reverberado discursos do candidato Jair Bolsonaro, inclusive no que diz respeito aos
ataques a adversários e ao processo eleitoral, sem significativo contraponto, o ministro
afirmou que o tema é sensível e demanda análise, em contraditório, do cenário mais amplo
em que se inserem as práticas da empresa.

A Coligação Brasil da Esperança, de Lula, é representada pelos escritórios Aragão e


Ferraro Advogados e Zanin Martins Advogados.

Clique aqui para ler a decisão


Processo 0601483-41.2022.6.00.0000

Rafa Santos é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 16 de outubro de 2022, 10h51

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