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PGR-00230968/2020

MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL


PROCURADORIA GERAL ELEITORAL

Promoção de Arquivamento nº 296/20-GABVPGE


Expediente: PGR-00584652/2018

Assinado com certificado digital por RENATO BRILL DE GOES, em 19/06/2020 16:38. Para verificar a autenticidade acesse
Noticiante: Metrópoles (veículo de imprensa)
Interessado: Jair Messias Bolsonaro

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EXPEDIENTE. SUPOSTA PROPAGANDA ELEITORAL EM
TEMPLO RELIGIOSO. ESPÉCIE DO GÊNERO ABUSO DO
PODER ECONÔMICO. A LIBERDADE RELIGIOSA, COMO A
LIBERDADE POLÍTICA, TOLERA O DISCURSO
PERSUASIVO. É O ABUSO QUE NÃO PODERÁ SER
CONSAGRADO. É DADO, POIS, À JUSTIÇA ELEITORAL
AGIR SOBRE ATOS QUE ATENTEM CONTRA A
NORMALIDADE E LEGITIMIDADE DAS DISPUTAS
ELEITORAIS E QUE QUEBREM A IGUALDADE DE
OPORTUNIDADES ENTRE OS CANDIDATOS.
1. A UTILIZAÇÃO DO DISCURSO RELIGIOSO PARA ALA-
VANCAR CANDIDATURAS, INFUNDINDO A ESCOLHA
POLÍTICA DO LÍDER RELIGIOSO - PERSONAGEM
CARISMÁTICO - INTERFERE NA ESCOLHA DOS SEUS
SEGUIDORES E EM SEUS VOTOS.
2. O TEMOR REVERENCIAL PELO NÃO ACATAMENTO DA
ESCOLHA DO LÍDER RELIGIOSO NÃO SE COADUNA COM
A LAICIDADE DO ESTADO BRASILEIRO. PRECEDENTE.
3. DECURSO DO PRAZO PARA AJUIZAMENTO DE
REPRESENTAÇÃO. ARQUIVAMENTO.

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Ministério Público Eleitoral
Procuradoria-Geral Eleitoral

PROMOÇÃO DE ARQUIVAMENTO

Trata-se de expediente, oriundo da 15ª Promotoria de Justiça


Eleitoral do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, noticiando
suposta irregularidade em propaganda eleitoral em favor do então candidato

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à Presidência da República Jair Bolsonaro, consubstanciada em suposto apoio
do Pe. Moacir Anastácio de Carvalho, em missa celebrada no dia
30/09/2018, na Paróquia São Pedro, em Taguatinga Sul/DF.

A notícia foi inicialmente encaminhada à 15ª Promotoria de


Justiça Eleitoral pelo jornal Metrópoles, por e-mail (fl. 02), com mídia em CD

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(fl. 06), que contém imagens do representante religioso em local ascendente
do templo que, em pé, profere o seguinte discurso:

“Padre Moacir Franco – (...) Pregar para orar por você. E


depois nós teremos a missa de libertação e depois nós
vamos orar pedindo ao senhor, pedindo a São Miguel, na
autoridade que Deus lhe deu, que ele venha libertar essa
cidade e esse país porque no domingo seguinte nós
vamos certamente para as urnas. E nós vamos votar. E
votar em quem? E votar por quê? Tem uns que não
gostam de votar e uns que não vão votar, 3 milhões de
brasileiros não vão votar porque não atualizaram o título
e eu acho que eu também não atualizei não… mas eu
vou! Eu vou! Tem aí uma campanha feita pelas moças da
Rede Globo, principalmente essas artistas da Rede Globo
que são totalmente contrárias à palavra de Deus. Nele
não. E eu te digo nele sim. Exatamente, nele sim, porque
é o único cristão que nós temos aí (aplausos ao fundo).
Deus, o Brasil acima de tudo, o Brasil acima de todos e
Deus acima de tudo. Não é isso? Deus… como é que é? O
Brasil acima de tudo e Deus acima de todos. Ou ao
contrário. Pegue o contrário, nele sim, porque é cristão e
só ele é contra o aborto, só ele é contra casam… ele é
contra tudo aquilo que a palavra é contra (...)”.

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Recebidos os autos, a Promotoria “verificou que a conduta


aparentava ir de encontro aos termos da Recomendação nº 01 da
Procuradoria Regional Eleitoral/DF, uma vez que, após falar sobre as eleições
gerais que seriam realizadas no domingo posterior, o mencionado padre
passou a fazer supostamente referência ao movimento ‘#elenão’, que seria
realizado por ‘artistas da Globo’, para em seguida afirmar ‘eu digo, nele sim,

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exatamente nele sim, porque ele é o único cristão que nós temos aí’”.

Promovida então a oitiva do autor (Pe. Moacir Anastácio), às


fls. 30-v e 31, ocasião em que declarou “ que se manifestou em relação ao
movimento #Elenão, que estava sendo amplamente comentado pela
sociedade; que estava chateado com a situação do país porque tem muito

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contato com a população sofrida (…) que o declarante, naquela ocasião,
pretendeu posicionar-se contra o movimento #Elenão, e de forma favorável
ao movimento #Elesim, tendo em vista os posicionamentos do candidato no
sentido contrário às bandeiras levantadas pelo referido movimento, como o
aborto, que não refletem valores cristãos; que o declarante não tinha
conhecimento da proibição de se manifestar (...)”.

A Notícia de Fato em epígrafe foi então encaminhada à Vice-


Procuradoria-Geral Eleitoral, para as providências consideradas cabíveis, por
versar sobre assunto relacionado às eleições presidenciais.

É o relatório.

O Tribunal Superior Eleitoral, por ocasião do julgamento do


Recurso Ordinário nº 2653-08.2010.6.22.0000 1, assentou a tese de que
“ainda que não haja expressa previsão legal sobre o abuso do poder religio-
so, a prática de atos de propaganda em prol de candidatos por entidade reli-
giosa, inclusive os realizados de forma dissimulada, pode caracterizar a hi-
pótese de abuso do poder econômico, mediante a utilização de recursos fi-
nanceiros provenientes de fonte vedada”.
1 Relatado pelo Ministro Henrique Neves da Silva, acórdão publicado no DJe em 5 de abril
de 2017.

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Isso porque, a teor do art. 24, VIII, da Lei nº 9.504/97, “ é ve-


dado, a partido e candidato, receber direta ou indiretamente doação em di-
nheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qual-
quer espécie, procedente de:” […] “entidades beneficentes e religiosa”.

No julgamento do aludido precedente, destacou-se que o Su-


premo Tribunal Federal, nos autos da ADI nº 4.650, assentou a impossibili-

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dade de as pessoas jurídicas contribuírem para as campanhas eleitorais.

Com base nesse julgado, o Relator do recurso ordinário nº


2653-08.2010.6.22.0000 asseverou que “ a normalidade e a legitimidade dos
pleitos impõem que sejam observadas regras igualitárias em relação às pes-

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soas jurídicas, não cabendo discriminá-las a partir de critérios religiosos. Se
todas as pessoas jurídicas estão proibidas de contribuir para as campanhas
eleitorais, as igrejas também estão”.

Destacou, ainda, que “a proteção à livre manifestação de cren-


ça e a liberdade religiosa não atingem ou amparam situações em que o culto
religioso é transformado em ato ostensivo de propaganda, com a presença e
o pedido de voto em favor dos candidatos ”, pois “a liberdade religiosa e a
separação entre o Estado e a igreja não autorizam a admissão de atos que
atentem contra a normalidade e legitimidade das disputas eleitorais e que
quebrem a igualdade de oportunidades entre os candidatos ”.

Da análise dos fundamentos constantes do aludido preceden-


te, verifica-se que essa Corte Superior Eleitoral, ao admitir a possibilidade de
configuração do chamado “abuso de poder religioso” (em verdade, abuso de
poder econômico), consignou que ele se perfaz por meio da indevida utiliza-
ção de entidade religiosa, do abuso da liberdade religiosa em prol de deter-
minado candidato. Ou seja, esse ilícito é marcado pelo engajamento de líde-
res religiosos, aproveitando-se da ascendência sobre seus fiéis decorrente da
fé, em campanhas eleitorais.

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O abuso de poder relacionado a contextos de religião e fé


pode se materializar de diversas formas, seja pelo uso indevido de meios de
comunicação em igrejas e locais de culto; abuso de poder econômico, em
que o dinheiro recebido das doações de dízimos e ofertas podem ser usadas
em prol da candidatura de algum clérigo e, por fim, através do abuso de
autoridade religiosa2.

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Com enfoque nos limites, Alexandre Francisco de Azevedo 3
acabou por concluir que não ultrapassaria o liame para um agir abusivo, as
seguintes situações:
Pensamos que não seria adequado, por exemplo,
considerar abusivo o candidato, qualquer que seja a sua

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religião, comparecer em templo religioso e ali receber
uma oração, mesmo com a imposição de mãos, sem que
haja qualquer pedido de votos ou mesmo uso de palavra
por parte do candidato.
De igual modo, pensamos que as entidades religiosas
podem promover debates entre os candidatos, a fim de
que os fiéis tenham a oportunidade de verificarem quais
possuem propostas mais consentâneas com sua fé.
Também não estará o candidato impedido de exercer a
função eclesiástica, desde que não faça uso político do
2 SILVA, Alexandre Assunção e; ASSUNÇÃO, Magaly de Castro Macedo. Abuso do poder religioso nas eleições:
desincompatibilização de sacerdotes e pastores. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 18, n. 3797, 23 nov. 2013.
Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/25860 >.
Sobre o tema, Amilton Augusto Kufa expõe, dentre as modalidades de abuso de poder, o “abuso do poder
carismático ou ideológico”, pois: (…) temos no carisma uma relação de dominação, submetendo-se os cidadãos à
autoridade contínua e legitimamente reivindicada por aqueles que possuem a autoridade religiosa. (…). Decorre,
então, que o abuso do poder religioso, tema no qual iremos nos ater, pode ser considerado como o desvirtuamento
das práticas e crenças religiosas, visando a influenciar ilicitamente a vontade dos fiéis para a obtenção do voto, para
a própria autoridade religiosa ou terceiro, seja através da pregação direta, da distribuição de propaganda eleitoral,
ou, ainda, outro meio qualquer de intimidação carismática ou ideológica, casos que extrapolam os atos
considerados como de condutas vedadas, previstos no art. 37, § 4º, da Lei nº 9.504/97. O abuso religioso, nesse
contexto, refere-se à manipulação psicológica e aos danos causados pelo desvirtuamento dos ensinamentos ou
doutrinas da religião, perpetrada por membros da mesma fé, que se consagram da posição de superioridade e
autoridade que possuem sobre as pessoas geralmente mais vulneráveis emocionalmente, atos estes que podem
variar intencionalmente tanto para o bem quanto para o mal. […] é isso o que temos visto nas campanhas eleitorais,
a tentação pelo uso da fé como forma de exercer influência sobre as pessoas, utilizando-se do poder conferido pelo
carisma, no sentido de alcançar intentos políticos, desequilibrando a disputa eleitoral e garantindo, muitas das
vezes, a vitória nas urnas, em grave ofensa ao princípio da lisura e da isonomia. (…).”
(O controle do Poder Religioso no processo eleitoral, à luz dos princípios constitucionais vigentes, como garantia do
Estado Democrático de Direito. Ballot. Rio de Janeiro: UERJ. Volume 2 Número 1 Janeiro/Abril 2016. pp. 113-135).
Disponível em: [http://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/ballot].
3 AZEVEDO, Alexandre Francisco de. Abuso de poder religioso nas eleições. Revisa Jurídica Verba Legis. Nº XII,
2017. Disponível em: http://apps.tre-go.jus.br/internet/verba-legis/2017/Artigos-01_Abuso-do-poder-religioso-
nas-eleicoes.php.

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serviço religioso.
Também não configurará, segundo nosso entendimento,
abuso religioso, o ato de autoridade eclesiástica que
explicite apoio à determinada candidatura, desde que não
faça utilizando-se do serviço religioso – sermão nas
missas, ou pregação nos cultos. Aliás, o serviço religioso
poderá ser utilizado, licitamente, para defender que os
fiéis votem em candidatos que defendam os princípios da

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fé, desde que não haja a citação específica de pessoas,
sejam implícita ou explicitamente.

Já Amilton Augusto Kufa4 entende presente o abuso, nas


seguintes situações:
E os abusos vão desde o registro de candidatura até o dia

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das eleições, configurados por inúmeros atos, entre eles:
registro de números de candidaturas que possuam
identificação com números bíblicos; criação de células
dentro do seio da entidade religiosa com o intuito de
arregimentar os discípulos como cabos eleitorais; pedidos
de votos na porta das igrejas e até mesmo apelos mais
enfáticos e impositivos vindos do altar, durante os cultos
de celebração, tudo amparado na crença e, por vezes, na
ignorância e inocência dos fiéis seguidores.

O art. 37 e seu §4º da Lei 9.504/97 proíbem a veiculação de


propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta e
exposição de placas, estandartes, faixas, cavaletes, bonecos e assemelhados
nos bens de uso comum, conceito no qual incluem “aqueles a que a
população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros
comerciais, templos, ginásios e estádios, ainda que de propriedade privada.

As notícias acerca do episódio não relatam que o candidato


tenha feito pedido de votos. Isso, entretanto, não é necessário para que se
configure a propaganda eleitoral, de acordo com o entendimento
consolidado do Tribunal Superior Eleitoral, no sentido de que “ Entende-se
como ato de propaganda eleitoral aquele que leva ao conhecimento geral,
ainda que de forma dissimulada, a candidatura, mesmo que apenas
4 O controle do Poder Religioso no processo eleitoral, à luz dos princípios constitucionais vigentes, como
garantia do Estado Democrático de Direito. Ballot. Rio de Janeiro: UERJ. Volume 2 Número 1 Janeiro/Abril 2016.
pp. 113-135).

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postulada, a ação política que se pretende desenvolver ou as razões que


induzam a concluir que o beneficiário é o mais apto ao exercício da função
pública” (TSE, Respe n° 16.183 - CLASSE 22a – Minas Gerais, Relator Min.
Eduardo Alckmin, julgado em 17/02/2000).

A prática de propaganda eleitoral em bem pertencente ao

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Poder Público poderia sujeitar o candidato ao pagamento de multa, de R$
2.000,00 a R$ 8.000,00. Já o abuso do poder econômico poderia resultar na
cassação do registro ou do diploma do candidato beneficiado, com
consequente inelegibilidade por oito anos, se demonstrada a gravidade da
conduta, sua capacidade de atingir a legitimidade e a normalidade do pleito e
sua adequação ao princípio da proporcionalidade (TSE, Respe 448-

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55.2016.6.13.0320 - Classe 32 – Minas Gerais, Relator Min. Tarcísio Vieira
de Carvalho Neto, julgado em 20/08/2019).

Ocorre que a apuração desses fatos poderia ensejar o


ajuizamento da Representação de que trata o art. 37 da Lei 9.504/97, até a
data da eleição (TSE, REspe nº 060240258, Relator Min. Tarcísio Vieira De
Carvalho Neto, DJE de 12/11/2019), ou da Ação de Investigação Judicial
Eleitoral prevista no art. 22 da Lei Complementar 64/90, até a data da
diplomação (Lei 9.504/97, art. 73, §12), marcos preclusivos atualmente
ultrapassados.

Ante o exposto, não havendo outras providências a serem


tomadas, determino o arquivamento5 do expediente epigrafado nesta
promoção, com envio de cópia eletrônica desta promoção ao noticiante.

Brasília, 17 de junho de 2020.

RENATO BRILL DE GÓES


Vice-Procurador-Geral Eleitoral
5 Sistema único – Promover o arquivamento por decadência.
TADA – ausência ocorrência específica.

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