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Informativo TSE

Assessoria Consultiva do Tribunal Superior Eleitoral (Assec)


Brasília, 6 a 26 de agosto – Ano XX – nº 11

SUMÁRIO

SESSÃO JURISDICIONAL______________________________________ 2
•• Proposta de alteração estatutária e inobservância do percentual mínimo de distribuição
do Fundo Partidário e do Fundo de Financiamento de Campanha entre gêneros

•• Pedido de votos em evento religioso e configuração de abuso de poder econômico

•• Ausência de crime eleitoral na utilização de insígnias e na designação de prefeitura


em panfletos de campanha de candidato a prefeito

PUBLICADOS NO DJE_________________________________________ 4
OUTRAS INFORMAÇÕES_______________________________________ 6

SOBRE O INFORMATIVO: Este informativo, elaborado pela Assessoria Consultiva, contém resumos não oficiais de decisões do TSE
pendentes de publicação e reprodução de acórdãos publicados no Diário da Justiça Eletrônico (DJE).
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SESSÃO JURISDICIONAL

Proposta de alteração estatutária e inobservância do percentual mínimo de distribuição do


Fundo Partidário e do Fundo de Financiamento de Campanha entre gêneros

A inobservância do percentual de distribuição do Fundo Partidário e do Fundo Especial de


Financiamento de Campanha (FEFC) entre gêneros inviabiliza o deferimento de alteração
promovida no estatuto do partido perante a Justiça Eleitoral.

No caso, o Partido da Social Democracia Brasileira encaminhou alteração de seu estatuto para
anotação perante este Tribunal, em razão do advento da Lei nº 13.487/2017, que instituiu o FEFC.

O Ministro Admar Gonzaga, relator, destacou que, no julgamento da ADI nº 5.617/DF, o Supremo
Tribunal Federal assentou que a distribuição dos recursos oriundos do Fundo Partidário e do
Fundo de Financiamento de Campanha deve ser feita na exata proporção das candidaturas
de ambos os sexos, respeitado o patamar mínimo de 30% previsto no art. 10, § 3º, da Lei
nº 9.504/1997.

Dessa forma, asseverou que a alteração estatutária proposta não atendia a esse novo parâmetro
jurídico, razão pela qual não poderia ser deferida.

Pet nº 109, Brasília/DF, rel. Min. Admar Gonzaga, julgada em 21.8.2018.

Pedido de votos em evento religioso e configuração de abuso de poder econômico

Configura abuso de poder econômico o uso de evento religioso de grande proporção e de


elevado valor econômico a favor de candidatura, às vésperas do pleito, não declarado em
prestação de contas e integralmente custeado por entidade religiosa.

Esse foi o entendimento sufragado pelo Plenário, ao analisar recurso ordinário interposto de
decisão prolatada por instância recursal em ação de investigação judicial julgada juntamente
com ação de impugnação de mandato eletivo.

Na espécie, determinada entidade religiosa promoveu evento às vésperas das eleições, aberto ao
público em geral, tendo participado cerca de 5 mil pessoas, em que fora conclamado pelo líder
religioso dirigente que os fiéis votassem nos candidatos de sua predileção, que se encontravam
ao seu lado.

A Ministra Rosa Weber, relatora, destacou que a utilização do discurso por líderes religiosos como
elemento propulsor de candidaturas, infundindo orientação política a tutelar a escolha política
dos fiéis e induzindo o voto não somente pela consciência pública, mas, primordialmente, pelo
temor reverencial, não se coaduna com a própria laicidade que informa o Estado brasileiro.

Além disso, enfatizou que estava evidenciada a utilização premeditada do evento religioso, cujo
dispêndio econômico foi estimado em R$929.980,00 (novecentos e vinte e nove mil e novecentos
e oitenta reais), não declarados na prestação de contas dos recorridos.

Recurso Ordinário n° 5370-03, Belo Horizonte/MG, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 21.8.2018.

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Ausência de crime eleitoral na utilização de insígnias e na designação de prefeitura em
panfletos de campanha de candidato a prefeito

Não configura crime eleitoral a distribuição de material publicitário de candidato a prefeito em


que constem insígnias do município – brasão e bandeira – ou expressão designativa da prefeitura
municipal. Por tratar-se de elementos de domínio público diretamente relacionados ao cargo
em disputa, sua utilização não torna ilícitas as propagandas de campanha, notadamente quando
inexiste semelhança ou associação à frase ou à expressão já empregada por órgão de governo
para identificar sua administração.

Conforme assentado pela jurisprudência deste Tribunal Superior, o tipo previsto no art. 40 da Lei
nº 9.504/1997 visa a coibir abusos na associação de certa candidatura a determinado órgão de
governo, empresa pública ou sociedade de economia mista. O citado dispositivo não se aplica a
casos em que, embora inscritos no material publicitário, as expressões e os “símbolos nacionais,
estaduais e municipais (nos quais se incluem a bandeira e o brasão)” são inaptos a estabelecer
qualquer vínculo entre o candidato e a administração municipal em questão.

O Plenário firmou, ainda, que, mesmo na hipótese de configuração do ilícito, “a melhor solução
para a demanda ocorreria no campo cível-eleitoral”, pois “apenas os interesses mais relevantes,
bens especialmente importantes para a vida social, são merecedores da tutela penal”. Por isso,
não seria razoável entender que a conduta em análise fosse suficiente para caracterizar crime
eleitoral, considerando as graves consequências que eventual condenação implicaria – por
exemplo, a inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da Lei Complementar nº 64/1990.

Recurso Especial nº 38-93, Ipojuca/PE, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 21.8.2018.

Informativo TSE – Ano XX – nº 11 3


PUBLICADOS NO DJE

Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral nº 30-72/SE


Relator: Ministro Jorge Mussi
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÕES 2014. DOAÇÃO ACIMA DO
LIMITE LEGAL. PESSOA FÍSICA. ART. 23, § 1º, I, DA LEI nº 9.504/97. APRESENTAÇÃO. DECLARAÇÃO.
IMPOSTO DE RENDA. RECEITA FEDERAL. TETO DE ISENÇÃO. PARÂMETRO. INAPLICABILIDADE.
DECISÃO MONOCRÁTICA. POSSIBILIDADE. DESPROVIMENTO.
1. A teor do art. 36, § 6º, do RI-TSE, é facultado ao relator decidir de forma monocrática, negando
seguimento a recurso quando “manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou
em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Tribunal, do Supremo Tribunal
Federal ou de Tribunal Superior”. Precedentes.
2. No caso, não há falar em inaplicabilidade do art. 36, § 6º, do RI-TSE, pois o recurso especial teve
seguimento negado com base em jurisprudência consolidada do Tribunal Superior Eleitoral a
respeito da matéria, como se verá adiante.
3. No caso, o TRE/SE manteve sentença que condenou a agravante a pagar multa – em patamar
mínimo, no valor de R$1.404,71 – por doação de recursos nas Eleições 2014 acima do limite
estabelecido no art. 23, § 1º, I, da Lei nº 9.504/97.
4. Não há como considerar a quantia de R$25.661,70 – valor máximo fixado pela Receita Federal
para fim de isenção do imposto de renda no exercício de 2014 – como base de cálculo para
se verificar o limite legal de 10%, pois a agravante de fato declarou os rendimentos auferidos.
Precedentes.
5. Agravo regimental desprovido.

DJE de 6.8.2018

Recurso Especial Eleitoral nº 415-84/SP


Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho
Ementa: ELEIÇÕES 2016. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTAÇÃO POR CONDUTA VEDADA A
AGENTE PÚBLICO JULGADA PROCEDENTE PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. PREFEITO NÃO
CANDIDATO. VEICULAÇÃO DE CONVITES – VIA FACEBOOK DA PREFEITURA E APLICATIVO
PARTICULAR WHATSAPP – PARA DIVERSOS EVENTOS PROMOVIDOS PELO EXECUTIVO MUNICIPAL.
PUBLICIDADE INSTITUCIONAL EM PERÍODO VEDADO. ART. 73, INCISO VI, ALÍNEA b, DA LEI
9.504/97. CONDENAÇÃO SOMENTE AO PAGAMENTO DE MULTA. ANOTAÇÃO NO CADASTRO
ELEITORAL DO CÓDIGO ASE 540. IMPOSSIBILIDADE. SANÇÃO PECUNIÁRIA PELA PRÁTICA DE
CONDUTA VEDADA NÃO GERA INELEGIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL DE ANTONIO LUIZ COLUCCI
A QUE SE DÁ PARCIAL PROVIMENTO, TÃO SOMENTE PARA AFASTAR A ANOTAÇÃO NA INSCRIÇÃO
ELEITORAL DO RECORRENTE DO CÓDIGO ASE 540.
1.  Tem-se que o TRE de São Paulo manteve a condenação de ANTONIO LUIZ COLUCCI – o qual
estava exercendo seu segundo mandato como Prefeito de Ilhabela/SP – ao pagamento de multa
pela prática da conduta vedada a agente público prevista no art. 73, VI, b, da Lei das Eleições –
publicidade institucional em período defeso –, consubstanciada na distribuição de convites para
diversos eventos promovidos ou apoiados pelo Poder Executivo Municipal por meio da conta da
Prefeitura na rede social Facebook e do aplicativo particular WhatsApp.
2.  Na linha da jurisprudência deste Tribunal Superior, ressalvadas as exceções de lei, os agentes
públicos das esferas administrativas cujos cargos estejam em disputa (§ 3o do art. 73 da

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Lei das Eleições) não podem veicular publicidade institucional dos atos, programas, obras,
serviços ou campanhas dos respectivos órgãos durante o período vedado, ainda que haja em
seu conteúdo caráter informativo, educativo ou de orientação social.
3.  A lei eleitoral proíbe a veiculação, no período de três meses que antecedem o pleito, de toda e
qualquer publicidade institucional, excetuando-se apenas a propaganda de produtos e serviços
que tenham concorrência no mercado e os casos de grave e urgente necessidade pública
reconhecida pela Justiça Eleitoral (AgR-REspe 500-33/SP, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,
DJe de 23.9.2014).
4.  A jurisprudência deste Tribunal é na linha de que as condutas vedadas do art. 73, VI, b, da Lei
das Eleições possuem caráter objetivo, configurando-se com a simples veiculação da publicidade
institucional dentro do período vedado, independente do intuito eleitoral (AgR-AI 85-42/PR,
Rel. Min. ADMAR GONZAGA, DJe de 2.2.2018).
5.  O fato de a publicidade ter sido veiculada em rede social de cadastro e acesso gratuito não afasta a
ilicitude da conduta (AgR-AI 160-33/RS, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJe de 11.10.2017).
6.  Tem-se que a Corte Regional manteve a determinação cominada na sentença de anotação no
cadastro eleitoral de ANTONIO LUIZ COLUCCI do código de inelegibilidade (ASE 540), apesar de
sua condenação ter sido tão somente ao pagamento de multa, no valor de 5 Ufirs, pela prática da
conduta vedada prevista no art. 73, VI, b, da Lei 9.504/97.
7.  A aplicação de sanção pecuniária ao recorrente pela prática de publicidade institucional em
período vedado não ensejará a declaração de inelegibilidade prevista na alínea j do inciso I do
art. 1o da LC 64/90 em eventual pedido de Registro de Candidatura, sendo, portanto, indevida a
determinação de anotação do código ASE 540 em seu cadastro eleitoral.
8.  Ainda que a jurisprudência deste Tribunal Superior seja na linha de que a anotação administrativa
tem caráter meramente informativo e de que o registro da ocorrência no cadastro eleitoral não
implica declaração de inelegibilidade nem impede a obtenção da certidão de quitação eleitoral
(AgR-AI 31-26/MG, Rel. Min. LUCIANA LÓSSIO, DJe de 19.12.2016), não é possível a determinação
de anotação no cadastro eleitoral de informações inverídicas ou de hipóteses que não poderão
ensejar uma das situações descritas no art. 51 da Res.-TSE 21.538/03.
9.  Recurso Especial de ANTONIO LUIZ COLUCCI ao qual se dá parcial provimento, tão somente para
afastar a determinação de anotação na inscrição eleitoral do recorrente do código de inelegibilidade
ASE 540, mantendo-se o acórdão regional quanto à prática da conduta vedada prevista no art. 73,
VI, b, da Lei das Eleições e a condenação ao pagamento de multa no valor de 5 Ufirs.

DJE de 7.8.2018

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OUTRAS INFORMAÇÕES

ESTUDOS ELEITORAIS

ESTUDOS Volume 13 – número 1


ELEITORAIS
VOLUME 13 ̶ NÚMERO 1
JANEIRO/ABRIL 2018

BRASÍLIA ̶ 2018 A revista Estudos Eleitorais, de periodicidade quadrimestral,


oferece subsídios para reflexões históricas, teóricas e práticas
não apenas sobre o Direito Eleitoral material e processual, mas
também sobre o processo político-eleitoral.

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http://www.tse.jus.br/o-tse/cultura-e-historia/catalogo-de-
publicacoes

Ministra Rosa Weber


Presidente
Estêvão André Cardoso Waterloo
Secretário-Geral da Presidência
Elaine Carneiro Batista Staerke de Rezende
Antônio Soares Feitosa
Paulo José Oliveira Pereira
Assessoria Consultiva do Tribunal Superior Eleitoral (Assec)
assec@tse.jus.br

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