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emissão de conceitos.
FAMÍLIA E PROTEÇÃO SOCIAL
PROFª ME. LAURA HÊMILLY CAMPOS MARTINS
SUMÁRIO
AULA 01 SOBRE OS CONCEITOS DE FAMÍLIA 05
INTRODUÇÃO
AULA 1
SOBRE OS CONCEITOS
DE FAMÍLIA
Nunca se pensou e repensou tanto sobre família como nos últimos tempos. Estudiosos
conjugam esforços para aprofundar conhecimentos, atualizar teorias e trazer à tona
produções intelectuais históricas e atuais, mobilizando debates desafiadores e diversos
de contribuições e pontos de vista, muitas vezes contrastantes, em torno do assunto.
Nesta seção inicial, resgatamos algumas noções introdutórias imprescindíveis para o
estudo da categoria família.
A terminologia família provém da Roma Antiga para designar o conjunto dos escravos
que pertenciam a um mesmo homem, originado de fomulus, que nominava o escravo
doméstico. Na Idade Média, a família tinha por desígnio a conservação das propriedades,
a prática comum de um ofício, a ajuda mútua, a preservação da honra e das vidas. Ela não
refletia o papel afetivo (ÁRIES, 2006).
A família: santuário ou instituição sitiada? É com esse questionamento que Lasch (1991)
aborda o problema da erosão da família na sociedade contemporânea. O autor pondera
que à medida que os negócios, a política e a diplomacia se tornam mais selvagens e
beliciosos, as pessoas buscam refúgio na vida privada e, sobremaneira, na família.
Contudo, a vida doméstica parece cada vez mais incapaz de proporcionar este conforto.
Será então que a família ainda oferece um refúgio num mundo sem coração?
Com quais facetas a família se apresenta? A partir dessa indagação, oportuno se toma
resgatar Hooks (2019) para quem a família é uma importante estrutura de pertencimento:
uma base comum para pessoas ligadas por vínculos de consanguinidade, hereditariedade
e laços emotivos; um ambiente de cuidado e afirmação, especialmente para aqueles
muitos jovens e muitos velhos, para aqueles que não podem cuidar de si; um espaço
para partilha comum de recursos. Mas Hooks (2019) expressa ressalvas e adverte que
a sociedade atual, ocidental, a opressão sexista perverte e distorce a função positiva da
família. Sendo assim, a família existe como um espaço em que somos educados desde o
berço para aceitar e apoiar formas de opressão.
Retomando o questionamento será que a família ainda oferece um refúgio num
mundo sem coração? Convém salientar a partir de Hooks (2019), mesmo quando somos
amados e cuidados por nossa família, ela simultaneamente nos ensina que esse amor
não é tão importante quanto poder dominar outras pessoas. A luta pelo poder, as regras
autoritárias coercitivas, o gesto bruto de dominação moldam a tal ponto a vida familiar
que não raro ela se torna palco de dor e sofrimento.
Indubitável é que a família é um espaço complexo e multifacetado que expressa a
dinâmica da vida social e carrega consigo um universo de perguntas inacabadas. Dito
isto, algumas indagações surgem, tais como: o que é família? Um grupo de pessoas
ligadas por vínculos de aliança, consanguinidade, parentesco, afinidade? Lugar de afeto e
solidariedade? Mediação na relação entre indivíduo e sociedade?
A autora suscita ainda uma relevante observação: pensar família como uma
realidade que se constitui pela narrativa sobre si própria, é uma forma de buscar uma
definição que não se antecipe à sua própria realidade, mas que nos conduza a pensar
como ela se constrói, constrói sua noção de si, considerando claramente que isto se
faz em cultura e, portanto, conforme os parâmetros coletivos do tempo e espaço que
ordenam as relações de parentesco.
ANOTE ISSO
A família tem sido abordada sob distintos ângulos que desencadeiam muitas
discussões em torno de seu arcabouço teórico. Enquanto realidade diversa e
contraditória, a família apresenta variados recortes para análise e intervenções a partir
de distintos enfoques, muitas vezes, conflitantes entre si. Desta forma, não havendo
um conceito único para família e, levando em conta os variados aspectos da sociedade
(cultura, economia, educação, política), podem ser observadas múltiplas composições
familiares. Essas composições familiares serão alvo de aprofundamento em aulas
posteriores. Mas já adianto o assunto citando dois exemplos de diversificação do
modelo de família:
Família monoparental: é aquela constituída por um dos pais e seus filhos, ou seja,
formada por apenas a mãe ou o pai e seus descendentes e terá somente a presença
de um genitor que será responsável pelo sustento, educação e criação dos filhos.
Família anaparental: a família anaparental decorre do prefixo “ana”, de origem
grega, indicativo de “falta”, “privação”, quer dizer, se caracteriza pela família sem a
presença dos pais. Ela se constitui basicamente pela convivência entre parentes ou
pessoas, em um mesmo lar.
Ao abrir um trabalho sobre família, espera o leitor ou a leitora encontrar, pelo menos,
uma resposta à indagação: afinal o que é uma família? Ora, a diversidade de arranjos
familiares aliados às coordenadas de gênero e as novas formas de conjugalidades
torna cada vez mais difícil delimitar as fronteiras que cercam a categoria família.
Assim sendo, uma das especificidades das famílias é a fluidez desta definição.
[...]
Sem coragem para entrar, ela sentiu escorrer no rosto a primeira lágrima. As mãos
começaram a tremer. A boca secou. As pernas bambearam. Precisava sentar-se.
Queria entrar. Não entrou. Sentou-se ali mesmo. Encostou-se no marco da porta,
dobrou os joelhos, abraçou-os. A qualquer momento o ônibus de Pedro chegaria.
Carmem jamais pensou em ter que arrumar as malas do filho. A melhor mãe do
mundo faz malas apenas para passeios.
Por quê?
Ela chorava a culpa que nem mesmo sabia se existia. Acusava-se de ter escolhido
mal, ao mesmo tempo em que tinha certeza: o sacrifício da mãe não é infinito. Há
limite.
Em seu romance A história de Carmem Rodrigues, Ana Luiza Libânio convida a
pensar novos tipos de representações das conjugalidades não hegemônicas. Com
uma descrição fluida e poética do cotidiano, a autora narra a história de Carmem
Rodrigues, uma mulher que, após se apaixonar por Clarissa, resolve romper com
o seu casamento e com o círculo de violência que atravessa sua relação abusiva.
Carmem tem um filho, Pedro, de quem perde a guarda para o seu ex-companheiro
em retaliação ao fato de ela estar em um novo relacionamento e a pessoa ser outra
mulher.
A história de Carmem Rodrigues é um terreno de provocações: liberdade,
descoberta de si, relacionamento abusivo, agressões verbais e físicas, divórcio,
guarda de criança, tentativa de homicídio, religião e Deus como discursos
para legitimar a homofobia, “cura gay”, preconceitos. O romance oferece a
possibilidade de reflexão sobre questões afetas à sexualidade, à homoafetividade, à
heteronormatividade, à violência doméstica, à família, dentre outras historicamente
presentes nas relações sociais fundadas em estruturas opressoras dominantes
e que continuam tão fortes, firmes e ferrenhas. Por fim, após muitas venturas e
desventuras, Carmem Rodrigues alcança a paz que tanto deseja quando o ex-
marido é preso depois de ter tentado matá-la e ela pode viver a plenitude do seu
amor por Clarissa.
AULA 2
FAMÍLIA E TEORIA SOCIAL
Os temas da vida privada, das relações familiares e das grandes mutações
operadas nestes planos nas sociedades contemporâneas no âmbito da família e dos
seus processos de transformação têm ocupado cada vez mais o espaço público.
Reflexões substanciais que remontam a alguns “cânones” do pensamento social
ocidental ocupam a presente seção.
Sociologia
Fonte: https://es.wikipedia.org/wiki/Sociolog%C3%ADa#/media/Archivo:Grafsect.png
que as crianças ainda estejam subordinadas ao pai, podem ter o próprio destino. É
a intervenção do Estado que torna possível a liberdade e a autonomia. As decisões
do tribunal, por exemplo, a respeito do trabalho infantil; as situações de regulação do
poder parental em caso de divórcio; a limitação ou mesmo interdição do exercício do
poder parental no caso de maus tratos às crianças; a interdição e a criminalização da
violência conjugal constituem exemplos da intervenção mais intensa do Estado na
esfera de ação do grupo doméstico.
como pai cabe-lhe socializar os filhos, quer mediando a sua integração na sociedade,
quer sendo um modelo de papel de gênero. Já “o afeto” na família atribui à mulher,
como mãe, o papel expressivo de zelar pela vida emocional dos seus membros,
assim como a responsabilidade pela gestão doméstica. Em outras palavras, o pai,
especializado no seu papel instrumental, é emocionalmente mais distante das crianças
e a mãe protagoniza o exercício do afeto. Em suma, a figura materna desempenha o
protagonismo no processo de socialização e desenvolvimento das crianças. Já o pai
deve exercer atividades remuneradas no mercado de trabalho (PARSONS, 1956).
É preferível que tais incumbências sejam desempanhadas pelos dois sexos. As
mulheres, por exemplo, quando têm a seu cargo crianças, não devem trabalhar no
exterior, pois isso poderia ter como consequência uma competição no terreno familiar.
Se os atributos não cooperam, mulheres e homens lançam-se na competição, deixando
a entidade familiar de operar a contento, ou seja, como terreno proteção e segurança.
ANOTE ISSO
Cuidado com o termo “família desestruturada”, pois está equivocado! Ora, o mundo
contemporâneo é palco de profundas e aceleradas mutações cujos impactos
repercutem nos domínios mais íntimos da vida dos indivíduos. Ademais, nos dias
atuais, a família se mantém flexível, viva, multifuncional e mutável. Não existe
“família desestruturada”, existe, sim, pluralidade de arranjos familiares, com variados
formatos de composição de seus membros. As famílias não são todas iguais.
Fonte: elaboração da autora.
AULA 3
A FAMÍLIA NAS SOCIEDADES
CONTEMPORÂNEAS
Nesta seção, abordamos o tema da família nas sociedades contemporâneas e,
para tanto, convocamos autores que privilegiam o contexto internacional e autores
que tratam especificamente da realidade brasileira.
Família e diversidade
Fonte: https://pixabay.com/pt/vectors/fam%c3%adlia-amor-arco-%c3%adris-menino-2112266/
ANOTE ISSO
No Brasil, o modelo de família constituído no século XIX, que inspirou o Código Civil
de 1916, assumia a feição de nuclear, heterossexual, patriarcal, dominada pela figura
do pai que encarnava a sua honra, dando-lhe nome, sendo seu chefe e gerente,
representando o grupo familiar, cujos interesses sempre prevaleciam sobre as
aspirações dos demais membros. Já a Constituição de 1988 alargou o conceito de
família e concedeu especial proteção à entidade familiar, como base da sociedade.
Em seu Art. 226, parágrafo 5º, a CF assegurou que “homens e mulheres têm os
mesmos direitos na constância da sociedade conjugal”, revogando praticamente
todas as disposições do Código Civil que legitimavam a subordinação feminina.
as famílias, as quais são um lugar central na sua produção, o que inclui a divisão sexual
do trabalho doméstico e remunerado e diversas representações sobre masculinidade
e feminilidade, construídas, reproduzidas ou transformadas nas dinâmicas familiares.
A passagem abaixo condensa o argumento da autora:
Destarte, realça a autora que famílias são realidades difíceis de serem enquadradas
em qualquer definição unívoca. Não existe uma definição clara, não ambígua do que
é família, pois a ela é pouco mais do que uma ideologia que influencia e informa as
maneiras pelas quais as pessoas interagem e coresidem umas com as outras. Em
muito se confunde a ideologia da família (um modelo que cada época, sociedade ou
segmento da mesma afirma como “dever ser”) com as famílias reais, as quais são
sempre plurais, complexas e em constante fluxo (ITABORAÍ, 2017).
Por fim, lembramos que a sociedade moderna passou a apresentar muitas formas
alternativas de organizar a família, sobretudo a partir das novas posturas da mulher
no universo do lar e no mercado de trabalho, além das conquistas dos movimentos
gay e feministas mundo afora.
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20
FAMÍLIA E PROTEÇÃO SOCIAL
PROFª ME. LAURA HÊMILLY CAMPOS MARTINS
AULA 4
O PÚBLICO E O PRIVADO
Abordamos aqui o tema da dicotomia público/privado e suas relações com a
categoria família.
O privado: composto pela família, pela nossa vida privada, íntima, individual.
Em momentos históricos anteriores, as esferas privada e pública eram
separadas (fisicamente e filosoficamente), perpetuava-se a concepção de que
público/privado seriam entidades diferentes a ponto de o político e público serem
debatidos de forma isolada em relação ao privado, ao pessoal. Do público, era
abstraída a vida doméstica, relegando-a ao esquecimento. Entretanto, é consensual
que, nas complexas sociedades contemporâneas, a vida pública e a vida privada estão
implicadas e conectadas e aquilo que acontece na vida íntima ou privada não está
imune às dinâmicas da esfera pública.
conformação de uma esfera pública mostra que os valores que nela imperam não são
abstratos nem universais, mas se definiram, historicamente, a partir da perspectiva
de alguns indivíduos em detrimento de outros. Vamos ver na íntegra a tese de Biroli
(2014):
Ela prossegue e adverte que a posição de classe incide também sobre o entendimento
que se tem da vida doméstica e familiar. A família pode assumir a feição de um refúgio
para integrantes de grupos que sofrem discriminação e opressão sistemáticas na
sociedade mais ampla. Pode, também, funcionar como um dos poucos mecanismos
de suporte para pessoas em posição desprivilegiada e socialmente vulnerável. Do
mesmo modo, as privações associadas à opressão de gênero podem ter sentidos
muito distintos para as mulheres em função das variáveis econômicas e sociais.
As dores psicológicas relacionadas à domesticidade e aos papéis convencionais de
gênero, expressas a partir da experiência das mulheres de classe média, não são
equivalentes às privações materiais que incidem diretamente na organização da
esfera doméstica, mas também na relação entre esfera doméstica, trabalho e esfera
pública na vida das mulheres pobres. As formas de organização da esfera doméstica
e seu sentido, assim como o acesso à privacidade, variam não apenas de acordo com
o gênero, mas com a condição de classe e o suporte material disponível.
Outro ponto suscitado por Biroli (2014) diz respeito à dualidade convencional entre
vida pública e vida doméstica que contribuiu para impedir a tematização da violência
doméstica e do estupro no casamento. A primeira foi, por muito tempo, tida como
um problema particular e, em forte medida, naturalizada como parte constitutiva da
relação esperada entre homens e mulheres. O estupro no casamento, por sua vez, até
recentemente foi visto como impossibilidade lógica, uma vez que o direito ao corpo
da mulher era entendido como algo que é transferido para o marido no momento
do casamento. Um dos efeitos desse “pertencimento”, que é, simultaneamente, uma
localização (na esfera doméstica) e uma subordinação (ao marido ou, antes dele,
ao pai), é que em sociedades nas quais prevalecem práticas sexistas e misóginas, a
mulher é alvo de violência tanto na esfera doméstica quanto fora dela, quando esses
laços “protetores” não são reconhecidos.
A ameaça difusa que a violência sexual representa para as mulheres pode ser
pensada como um dos aspectos que as definem como um grupo social distinto dos
ANOTE ISSO
Migrando para outro exemplo, surge a situação hipotética: tenho mais de 70 anos e
quero casar, posso escolher o regime de bens? A resposta é não e convocamos o
Art. 1.641, inciso II Código Civil Brasileiro para esclarecer que é obrigatório o regime
da separação de bens no casamento da pessoa maior de sessenta anos.
E você, futuro (a) assistente social, o que acha da colisão entre a atuação do Estado
e a vida privada? Fica a reflexão, pois isto acontece na prática.
Fonte: elaborado pela autora.
AULA 5
FEMINISMOS E PARENTALIDADE
Destacamos, na presente aula, as ideias tributárias da matriz feminista como
preponderantes para a positivação da igualdade entre mulheres e homens no âmbito
da parentalidade.
Hooks (2019) entende o feminismo como a luta para acabar com a opressão
sexista. Seu objetivo não é beneficiar apenas um grupo específico de mulheres, uma
raça ou uma classe social de mulheres em particular. E não se trata de beneficiar as
mulheres em detrimento dos homens.
Como movimento político, o feminismo tem sua gênese no século XIX, sendo
tributários de ideias e articulações que foram gestadas do decorrer dos séculos
anteriores. À luz de Biroli (2014), sublinha-se que os feminismos, em suas várias
versões, combinam a militância pela igualdade de gênero com a investigação relativa
às causas e aos mecanismos de reprodução da dominação masculina – voltam-se
substancialmente para transformações nas relações de poder e dominação.
O feminismo compreendido como movimento social foi originado em um cenário
moderno e, em seu momento embrionário, estava relacionado ao leque de exigências
por direitos sociais e políticos, tendo a luta sufragista como ponto focal da mobilização
das mulheres.
Não se pode incorrer no equívoco de que os movimentos feministas possuem
uma linearidade. De modo didático, a história deles é narrada por meio da metáfora
das “ondas”, quer dizer, marcos temporais que auxiliam no entendimento e na
caracterização mais clara e precisa das suas pautas.
Em linhas sumarizadas, resumimos aqui as três grandes ondas. A primeira onda
do feminismo surgiu em meados do século XIX, onde as reivindicações giravam em
torno do reconhecimento de direitos políticos, sociais e econômicos para as mulheres,
que eram subordinadas socialmente pelo estatuto civil. As Revoluções Francesa e
Industrial, bem como a Primeira e Segunda Guerras mundiais foram marcas do
quadro histórico em que a identificação das causas da discriminação das mulheres
A brasileira Bertha Lutz durante a Conferência de São Francisco, em 1945. Ela teve um papel primordial na menção sobre igualdade de gênero no texto
da Carta das Nações Unidas.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Feminismo#/media/Ficheiro:Bertha_Lutz_na_Confer%C3%AAncia_de_S%C3%A3o_Francisco_02.jpg
A autora assinala ainda que, a partir dos anos 1990, surge uma rediscussão
na concepção das desigualdades entre os sexos baseada em gênero. Assim, “o
movimento feminista pode articular reivindicações em defesa dos direitos negados
e violados, definir prioridades e exercer pressões na comunidade internacional” (p.
83). Em síntese, vem se experimentando maior flexibilidade nos papéis maternos e
paternos, devido aos processos mudanças nas definições de gênero e relações de
ANOTE ISSO
AULA 6
A FAMÍLIA NO PENSAMENTO
SOCIAL BRASILEIRO
Na presente aula o objetivo recai no diálogo com estudiosos cânones do pensamento
social brasileiro e com que enfrentam em seus mais diversos horizontes, as versões
da história e da sociabilidade brasileira que, por muito tempo, foram consideradas as
únicas versões oficiais.
Nos limites das linhas que seguem, as informações históricas aqui apresentadas
buscam trazer luz e ampliar a compreensão da categoria família, mas não pretendem
ser exaustivas.
Sierra (2011) mostra que os estudos sobre família no Brasil colônia foram realizados
na década de 1920 e 1930, com objetivo de conhecer e interpretar a formação da
cultura nacional. A articulação entre o patriarcalismo, a miscigenação, a colonização, a
escravidão, o latifúndio e a monocultura estão na base do pensamento social brasileiro
e expressam o esforço intelectual para identificação da especificidade cultural brasileira.
tempo, unidade política, econômica e social que teria uma função fundamental na
definição da história brasileira. Pelo que o autor defende, tal família foi um marco
fulcral na formação sócio-histórica do país.
Ao enfatizar as diferenças culturais entre os povos que se encontram no continente
americano a ser colonizado, Freyre lança seu ponto de vista sociológico, tendo como
eixo central a chamada “família patriarcal”. Nessa perspectiva, ele explana sobre como
se organizaram as famílias no Brasil - em um cenário em que, para a colônia, era
necessário se apossar e povoar urgentemente o novo território -, a partir do intercambio
de algumas culturas: a europeia, do português colonizador; a latino-americana, do índio
colonizado; e a africana, do negro escravizado. Em 1532, no século XVI, a sociedade
brasileira começou a se organizar civil e economicamente com domínio quase exclusivo
da família rural ou semirrural. Nessa conjuntura foi a agricultura que deu as bases para
o fortalecimento dessa sociedade em conjunto com outros fatores como a estabilidade
patriarcal da família, o trabalho fruto da escravização, as uniões entre portugueses e
índias, ao passo que se firmou uma sociedade agrária na estrutura, escravocrata na
técnica de exploração econômica, híbrida de índio - e mais tarde de negro - na composição.
A família patriarcal se instalava em regiões de imensa unidades agrárias de
produção, engenhos de açúcar, fazendas de criação ou de plantação de café. A
estrutura doméstica descrita pelo autor caracterizava-se pela centralidade do núcleo
conjugal e da autoridade masculina, retratada na figura do patriarca, chefe ou coronel
dono do poder. Mais características da família do Brasil colônia: rígida distribuição
de papéis conforme o sexo, controle da sexualidade feminina, regulamentação da
procriação para fins de perpetuar a herança.
ANOTE ISSO
Um dos aspectos marcantes do pensamento de Freyre (2003) é a maneira como
valoriza a contribuição das raças na construção da identidade nacional. Diz ele
que a cultura negra e a indígena são presenças vivas e ativas no desenvolvimento
nacional. Ora, apesar de valiosa, a obra de Freyre (2003) não consegue dar conta
das estruturas e dinâmicas familiares de todo o Brasil de extensão continental,
bem como traz uma harmonia inexistente para as famílias de pertença racial negra,
portanto apresenta limites para dizer da pluralidade étnica na nossa sociedade
e dos conflitos e dificuldades que as famílias não brancas e que não eram da
elite passaram para ter uma família. Outra problemática na teoria de Freyre é a
insistência na ideia de que era as próprias índias que iam buscar relações com
os colonizadores sem mencionar, uma única vez, as violências sexuais praticadas
pelos colonizadores contra elas.
Os casamentos dos senhores nobres não impediam, nas ideias de Freyre (2003),
que eles mantivessem seus amores furtivos e suas concubinas, na maioria dos casos,
escravizadas, o que reforça o ponto de vista que a formação do Brasil colônia encontra
raízes no sistema poligâmico. Os concubinatos possibilitavam o perfilhamento dos
filhos ilegítimos. Esse foi um quadro pintado mesmo com a presença da igreja na
vida das casas-grandes coloniais, época em que a igreja e os seus ministros eram
considerados autoridade.
Segundo Holanda (1995), a construção da identidade nacional brasileira passa
pelas relações familiares, quer dizer, a família se apresenta como central na definição
de “quem somos” enquanto povo-nação.
Alguns estudiosos têm em comum a compreensão de que esse modelo de estrutura
familiar característico da família brasileira não era único e sofreu variações em sua
organização em função do tempo, do espaço dos diferentes grupos sociais, tendo a
historiografia ocultado formas alternativas de família e privilegiado apenas o modelo
dominante de organização familiar (SAMARA, 2002; BRUSCHINI, 2000).
demonstrado que “as famílias extensas do tipo patriarcal não foram as predominantes,
sendo mais comuns aquelas com estruturas mais simples e menor número de
integrantes” (SAMARA, 2002, p. 28). Nesses termos, a autora adverte que a descrição
de Freyre foi impropriamente utilizada e deve ser reelaborada nos estudos de família, a
partir de critérios que levem em conta temporalidade, etnias, grupos sociais, contextos
econômicos regionais, razão de sexo e movimento da população.
Voltando-se especificamente para o século XVIII, Samara (2002) parte do “Primeiro
Censo Geral do Brasil, realizado durante o Império em 1872, até a última contagem
estatística tomada no ano de 1996” (SAMARA, 2002, p. 29) e, ao verificar que houve
uma tendência no aumento da população feminina em relação ao número total de
habitantes, afirma que essa variável, associada ao aumento da expectativa de vida
das mulheres e o acesso ao mercado de trabalho, refletiu nos casamentos e, por
conseguinte, na organização das famílias. Em se tratando de Brasil, ela sugere que
as mudanças econômicas interferiram estreitamente nos arranjos familiares, de
modo que as famílias podem ser analisadas em conjunturas distintas: as primeiras
configurações de família no Brasil é, em geral, caracterizada e associada aos
engenhos no Nordeste dos séculos XVI e XVII, como pode se depreender também da
obra de Freyre; o segundo momento gira em torno da descoberta das minas de ouro,
ou seja, a mineração no século XVIII; depois, vê-se um padrão de família que é a que
se apresenta com o apogeu do café no século XIX; e, por fim, pesquisas múltiplas
áreas, sobretudo por parte de pesquisadoras atentas às questões de gênero, abordam
as famílias, no plural, dos séculos XX e XXI. As considerações desta pesquisadora
ajudam a compreender a discussão sobre a formação da “família patriarcal”.
Chegando no século XVIII, Samara (2002) demonstra que a descoberta das minas
de ouro atrai o interesse da metrópole e, a partir de então, o eixo econômico que se
centrava unicamente no Nordeste volta-se para o interior do país, para o sul. No trajeto
histórico em que a vida urbana se torna mais intensa e o controle social por parte dos
poderes constituídos fica mais difícil, eram grandes os números de celibatários e havia
muitos concubinatos. As mulheres “exerciam atividades econômicas fora do âmbito
doméstico e as solteiras com prole natural chefiavam famílias” (SAMARA, 2002, p.
33). Resta evidente que o modelo de família patriarcal estava, em geral, restrito à
elite agrária que imperou, sobretudo, nos séculos XVI e XVII. Embora esses arranjos
alternativos, como os formados por mulheres chefes de famílias, não apareçam em
narrativas como as de Freyre, os estudos com ênfase nas relações de gênero dão uma
perspectiva mais ampla das relações familiares dos primeiros séculos de colonização.
É no século XVIII que o passado colonial é encerrado e o século XIX carimba uma
etapa decisiva na trajetória do Brasil, isto é, será possível observar mudanças em
todos os espectros, como o social, político e econômico, ou seja, uma nova etapa da
história do país. Além da mudança da corte portuguesa para o Brasil, outros eventos
políticos, econômicos e sociais, como a Independência em 1822, em que findou o
colonialismo formal, a abolição da escravatura 1888, a proclamação da República
em 1889 e a entrada de imigrantes no país vão marcar este século e alterar padrões
sociais, sobretudo no que se refere à família:
AULA 7
A FAMÍLIA NAS CONSTITUIÇÕES
BRASILEIRAS: PARTE I
Agora a atenção volta-se para a família no cerne das Constituições Brasileiras e
para o modo como o Estado tratou do assunto. Iniciando pela Constituição Imperial
até Constituição de 1988, que será alvo de aprofundamento na aula 8.
O casamento civil somente foi legitimado por meio do Decreto n. 181 de 1890:
Art. 108. O casamento civil, único válido nos termos do art. 108 do Dec.
N. 181 de janeiro último, precederá sempre as cerimônias religiosas de
qualquer culto com que desejem solenizá-lo os nubentes. O ministro
de qualquer confissão que celebrar as cerimônias religiosas do
casamento antes do ato civil, será punido com seis meses de prisão
e multa correspondente à metade do tempo.
Já a Constituição de 1937 (a Polaca), que criou o Estado Novo de Getúlio Vargas tinha
traços autoritários e centralizadores. O novo normativo constitucional foi outorgado
pela autoridade que vigorava quando da elaboração da Constituição de 1934 e pôs
em cena inovações: à família, continuou sendo dispensada a devida proteção especial
do Estado; notou-se preocupação com a educação dos filhos, cuja obrigação deixou a
cargo dos pais com a colaboração Estatal; verificou-se o reconhecimento de igualdade
entre os filhos naturais e os legítimos; foi dada, por parte do Estado, atenção com a
infância e juventude. Esta Constituição, muito embora atribua à família o dever de
cuidado com os membros da família, chama para o Estado, a responsabilidade, em
casos de falta grave e abandono por parte dos responsáveis (CASTANHO, 2012).
Tratar-se-á em conjunto, das Constituições de 1946, 1967 e 1969 (ou Emenda
Constitucional n. 1 de 17.10.1969). Isto porque, no nexo constitucional da família houve
pouca alteração com relação às constituições anteriores, ou seja, mantiveram-se os
institutos emprestados das Constituições já mencionadas - a família sob a especial
proteção do Estado, o casamento continuava indissolúvel e reconhecimento do casamento
religioso e civil. A inovação que se acresce é o alargamento da assistência à maternidade,
infância e adolescência. É o que se confere com base nos artigos transcritos:
ANOTE ISSO
AULA 8
A FAMÍLIA NAS CONSTITUIÇÕES
BRASILEIRAS: PARTE II
A família, a Constituição de 1988 e algumas legislações adicionais que versam sobre
o assunto são alvos de aprofundamento nesta aula. O reconhecimento da importância
da família no contexto da vida social está expresso no Art. 226, da Constituição Federal
de 1988, quando afirma que: “a família, base da sociedade, tem especial proteção do
Estado”, endossando o Art. 16, da Declaração dos Direitos Humanos, que traduz a
família como sendo o núcleo natural e fundamental da sociedade, e com direito à
proteção da sociedade e do Estado.
ANOTE ISSO
vínculos de filiação com quem exerce as funções parentais. Por exemplo, se os filhos
completamente abandonados pelo pai passarem a ter estreita vinculação com o
companheiro ou marido da mãe, eles só poderão ser adotados por essas pessoas
com o consentimento expresso do pai. Dias (s/d) aduz que essa restrição revela a
sacralização do vínculo familiar originário em detrimento do elo de afetividade que se
cristaliza.
Mencionamos, segundo elucida Freire (2020), a aprovação da Lei Maria da Penha
(Lei n.º 11.340/2006) que, embora tivesse como propósito coibir a violência doméstica
e familiar contra a mulher, trouxe a previsão de outras formas de entidade familiar
quando definiu família, de forma inédita, como sendo “qualquer relação íntima de afeto”
(artigo 5º, III), tanto por parentesco quanto por relação de afetividade, heterossexual
ou homossexual, alargando assim o rol constitucional; já a alteração do Estatuto da
Criança e do Adolescente (Lei n.º 12.010/2009) apresentou o conceito de família
extensa ou ampliada, como sendo aquela que se estende para além da unidade pais e
filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança
ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.
inegável, por exemplo, que as mudanças operadas nas últimas décadas alteraram
o lugar social que homens e mulheres ocupam na família. Atualmente, um grande
contingente de mulheres ocupa o lugar de principal provedora, embora ocupem as
vagas de emprego mais precarizadas e com menor remuneração. O tamanho das
famílias também diminuiu com os avanços tecnológicos, que permitiram o controle
da concepção e o planejamento familiar.
Fonte: http://www.cfess.org.br/arquivos/2017-CfessManifesta-VisibilidadeLesbica.pdf
AULA 9
FAMÍLIA E LEGISLAÇÃO: O
CÓDIGO CIVIL E O ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Privilegiamos alguns elementos que consideramos essenciais naquilo que diz
respeito ao Código Civil e ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no trato da
categoria família e proteção social.
emancipação, nos termos do art. 5 o , parágrafo único; pela maioridade; pela adoção;
por decisão judicial. Ainda na esteira do Código Civil, importa frisar:
familiar adequado.
• A colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou
adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não-governamentais, sem
autorização judicial.
• A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional,
somente admissível na modalidade de adoção.
• Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem
e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos.
ANOTE ISSO
Em suma e para finalizar, resta esclarecer alguns pontos que merecem ênfase.
Pois bem, a Doutrina da Proteção Integral firmou-se com a promulgação do ECA,
assegurando às crianças e adolescentes o pleno gozo pleno dos direitos humanos e
dos direitos fundamentais. O melhor interesse da criança e do adolescente deita raízes
no princípio da condição peculiar de pessoas em desenvolvimento, ou seja, a criança e
o adolescente encontram-se em desenvolvimento físico, emocional e intelectual. Em
suma, o ECA regulamentou os pressupostos suscitados pela Constituição Federal
de 1988, formalizando, assim, a Doutrina da Proteção Integral e consolidou um
arcabouço de princípios e regras. O princípio do melhor interesse determina a primazia
das necessidades da criança e do adolescente como critério de interpretação da lei,
deslinde de conflitos, ou mesmo para elaboração de futuras regras. O princípio da
prioridade absoluta, por sua vez, assegura às crianças e adolescentes a prioridade
seja no âmbito judicial, extrajudicial, familiar, social ou administrativo.
AULA 10
FAMÍLIA E LEGISLAÇÃO: A
GUARDA COMPARTILHADA
Na presente aula trataremos das noções de guarda compartilhada, acentuando
seus conceitos, regulamentação e requisitos, abrangendo a incorporação da Lei nº
13.058/2014 como modelo para a parentalidade no Brasil.
Afinal, quem faz a lei? Para atender que finalidade? Para ser aplicada por quem e
sob que condições? As leis, bem como sua interpretação e implementação fazem eco
às relações de poder e padrões socioeconômicos e culturais vigentes. Seu conteúdo
normativo e sua legitimidade social estão situados no domínio político e abrangem
embates de poder nacionais e internacionais. Leis e, também, políticas públicas, estão
correlatas a conjunturas políticas. Foi sob a pressão dos feminismos que o Direito
evoluiu no âmbito da vida privada.
Sierra (2011) comenta que o divórcio e a separação são uma das faces da vida conjugal
e das biografias familiares, na medida em que se tornaram experiências sociais inerentes
à própria conjugalidade, que inscrevem as grandes transformações sociais promovidas
pelo processo de modernização social nas trajetórias e nas vidas individuais.
O Código Civil Brasileiro traz em seu Art. 1.583 as modalidades de guarda possíveis
no ordenamento jurídico, firmando que ela será unilateral ou compartilhada - sendo
Deveras, o texto trazido pelo artigo acima transcrito não impede que outras
modalidades possam ser concedidas, desde que visem ao bem-estar e aos interesses
da criança. No contexto brasileiro, Gagliano e Pamplona Filho (2014) aduzem que,
em geral, têm-se quatro modalidades de guarda: guarda unilateral; guarda alternada;
guarda de nidação ou aninhamento e guarda compartilhada. Frisa-se mais uma
vez que o Código Civil brasileiro faz alusão a apenas duas modalidades de guarda:
a guarda unilateral e a guarda compartilhada. Todavia, nos limites das linhas que
seguem, trataremos apenas da guarda compartilhada.
A expressão “guarda compartilhada” de crianças refere-se à possibilidade de os filhos de
pais separados serem assistidos por ambos os pais. Nela, os pais têm efetiva e equivalente
autoridade legal, não só para tomar decisões importantes quanto ao bem-estar de seus
filhos, como também de conviver com esses filhos em igualdade de condições.
A guarda jurídica compartilhada já era reconhecida no ordenamento jurídico brasileiro
antes mesmo da primeira lei sobre guarda compartilhada (Lei n. 11.698/2008), no
entanto, a lei não foi assimilada pelo Poder Judiciário, haja vista que, em 2012, apenas
6,01% dos divórcios com filhos tiveram essa modalidade de guarda determinada.
Já a Lei n°. 13.058/2014 alterou a redação dos arts. 1.583 e 1.634 do Código Civil
para instituir, expressamente, tanto a guarda jurídica compartilhada quanto a guarda
física compartilhada. O art. 1.634, que trata a respeito da autoridade parental,
ganhou a expressão “qualquer que seja a situação conjugal dos pais”, ao mencionar
caber a ambos o pleno exercício do poder familiar, consagrando a guarda jurídica
compartilhada (ROSA, 2015; RAMOS, 2016, RIBEIRO, 2017).
A propósito, sancionada em 22 de dezembro de 2014 pela Presidente Dilma
Rousseff, a chamada “Nova Lei da Guarda Compartilhada” – Lei n° 13.058, alterou os
artigos 1.583 a 1.585 e 1.634, da Lei n° 10.406/2002 – Código Civil para estabelecer
o significado da expressão guarda compartilhada e para dispor sobre a aplicação
desse instituto jurídico. A Lei n° 13.058/2014 trouxe algumas inovações: os genitores
separados passam a ter tempo de convívio com os filhos e uma distribuição equilibrada,
devendo dividir as decisões sobre a sua vida. Se não houver acordo entre os genitores,
o Juiz (a), nos termos da previsão legal, pode determinar obrigatoriamente que ela
seja compartilhada, salvo exceções previstas no art. 1.584 §2º e §5º do Código Civil.
A Lei n° 11.698/2008 presumia que a opção do compartilhamento seria aplicada
quando houvesse uma convivência harmoniosa entre os pais (RODRIGUES, 2017). A partir
da publicação da Lei n° 13.058 de 2014, como se depreende, a mudança na legislação
normatiza o deferimento da guarda compartilhada mesmo quando houver litígio, quer
dizer, quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-
se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada esta modalidade.
Por derradeiro, destaca-se que artigo 1.584, § 2º, do Código Civil normatiza apenas duas
situações em que o sistema da guarda não será exercido de forma compartilhada: quando
um dos genitores não estiver apto a exercer o poder familiar; quando um dos genitores
declarar ao magistrado que não deseja o exercício da guarda dos filhos.
Duas situações, de caráter excepcional, autorizariam a aplicação da guarda
unilateral: 1) o reconhecimento do quadro grave de alienação parental por parte de
um dos genitores; 2) alguma situação apresentada pelos profissionais atuantes nas
lides familiares, a ser verificada no caso concreto.
Outro aspecto a ser aferido é no tocante a uma eventual medida protetiva, prevista
na Lei Maria da Penha, em relação a um pai que tenha praticado algum tipo de
violência doméstica contra a companheira (ou ex-companheira). Rosa (2015) oberva
que tal fato não implica na impossibilidade do exercício da guarda compartilhada.
Em havendo o deferimento da medida que pode, inclusive, impedir o contato com a
mulher ofendida, o juiz pode restringi-lo às decisões da vida da criança/adolescente
ou solicitar que a comunicação seja realizada por intermédio de pessoa de confiança
da mulher (ROSA, 2015).
Outra ressalva da Lei n° 13.058/2014 foi a previsão de multa para o estabelecimento
público ou privado que negar informações a um dos pais sobre seus filhos, visto
que cabe a ambos o acompanhamento do direito à educação e à saúde destes.
Imperioso referir que a Lei n. 11.698/2008 ao estabelecer a possibilidade da guarda
compartilhada no ordenamento jurídico brasileiro, trouxe a seguinte redação ao art.
1.584, § 2º, do Código Civil: quando “não houver acordo entre a mãe e o pai quanto
à guarda do filho, será aplicada, sempre que possível, a guarda compartilhada”.
Entretanto, com a expressão “sempre que possível”, acabou sendo equivocadamente
interpretado que o compartilhamento somente seria possível com acordo entre os
genitores (Rosa, 2015). Ora, filhos de pais que mantêm o diálogo e se entendem bem,
sequer precisam de normas e princípios sobre guarda compartilhada. “A lei jurídica
vigente é exatamente para quem não consegue estabelecer um diálogo, ou seja, para
aqueles que não se entendem sobre o compartilhamento das responsabilidades dos
próprios filhos” (MOCELIN, 2017, p. 37).
ANOTE ISSO
Código Civil (redação original Código Civil (após a Código Civil (após após a
Lei 10.406/2002) Lei n° 11.698/2008) Lei n° 13.058/2014)
Art. 1.583. No caso de dissolu- Art. 1.583. A guarda será unila- Sem alteração
ção da sociedade ou do vínculo teral ou compartilhada.
conjugal pela separação judicial
por mútuo consentimento ou
pelo divórcio direto consensual,
observar-se-á o que os cônjuges
acordarem sobre a guarda dos
filhos.
AULA 11
FAMÍLIA E LEGISLAÇÃO:
A LEI MARIA DA PENHA
Esta aula tem por objetivo versar sobre o fenômeno da violência contra as mulheres,
com ênfase no marco jurídico de avanço nos direitos presentes na Lei Maria da Penha.
ANOTE ISSO
Passamos a observar tópicos da Lei Maria da Penha que merecem um olhar atento.
Em suas disposições preliminares, a Lei n° 11.340/2006 cria mecanismos para
coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º
do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir,
Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais
ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência
e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Deveras, toda
mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura,
nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa
humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem
violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual
e social.
Vejamos o que diz o Art. 5°:
No ano de 2012, a Lei Maria da Penha foi considerada pela Organização das Nações
Unidas (ONU) como a terceira melhor lei do mundo no combate à violência doméstica,
ficando atrás apenas do Chile e da Espanha. A Lei n° 11.340/2006 representa um
potencial avanço para a sociedade brasileira. Mas, apesar dos incrementos e garantias,
não é difícil constatar que a violência doméstica continua a crescer.
Em 2020 a Lei Maria da Penha celebrou catorze anos de existência com duas
significativas alterações e alguns desafios: a primeira em 3 de abril, na Lei nº 13.984,
e a segunda em 7 de julho, na Lei nº 14.022. A Lei nº 13.984 tornou obrigatório que
agressores frequentem centros de educação e de reabilitação e sejam acompanhados
AULA 12
FAMÍLIA E LEGISLAÇÃO:
O ESTATUTO DO IDOSO
Esta aula tem por objetivos: apontar considerações sobre marcos regulatórios que
dispõem sobre a velhice; elencar elementos essenciais que estão contemplados no
Estatuto do Idoso.
Conselho Municipal do Idoso de Coronel Fabriciano, em Minas Gerais, durante o desfile do Dia da Pátria
Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_Idoso#/media/Ficheiro:Conselho_Municipal_do_Idoso_no_desfile_do_Dia_da_Independ%C3%AAncia_2015,_Coronel_
Fabriciano_MG.JPG
Nos últimos 20 anos o Brasil não para de envelhecer. Neste país, a história das
pessoas na velhice vem sendo atravessada pela efervescência de lutas e desafios,
principalmente no que diz respeito à garantia de direitos e à efetivação de políticas
públicas.
A Constituição Federal inaugurou uma nova concepção de política social,
assegurando direitos sob a égide da Seguridade Social. A CF de 1988 direciona o foco
para as pessoas velhas nos artigos 203, 229 e 230. O Art. 203 preconiza o seguinte:
Já o Art. 229 firma que os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos
menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade. Por fim, o Art. 230 determina que:
ANOTE ISSO
AULA 13
FAMÍLIA E PROTEÇÃO
SOCIAL: A ASSISTÊNCIA
SOCIAL NO BRASIL
A presente aula tem por finalidades: elencar elementos essenciais que estão
contemplados na organização da assistência social no Brasil; tecer considerações
sobre documentos que dispõem sobre a assistência social no Brasil e fornecem
subsídios para a melhoria da qualidade de vida de famílias em situação de pobreza e
vulnerabilidade.
Fonte: https://www.google.com/search?q=senado+federal+wikipedia&tbm=isch&ved=2ahUKEwjCn_-U7YbxAhV1u5UCHTCqABEQ2-cCegQIABAA&oq=senado+fed
eral+wikipedia&gs_lcp=CgNpbWcQAzIECAAQGDoICAAQsQMQgwE6BQgAELEDOgIIADoECAAQAzoECAAQQ1CIww1YmeMNYOrkDWgAcAB4AIAB7wGIAaEjkgEGM
C4xOS41mAEAoAEBqgELZ3dzLXdpei1pbWfAAQE&sclient=img&ei=gMO-YMLfH_X21sQPsNSCiAE&bih=969&biw=1920#imgrc=-pt98l7_oj16qM
passou a figurar no rol das políticas públicas no âmbito da Seguridade Social. Vejamos
abaixo o Art. 194 da CF de 1988:
O Art. 4º diz que a assistência social rege-se pelos princípios que seguem:
ANOTE ISSO
AULA 14
FAMÍLIA E PROTEÇÃO SOCIAL:
PAIF E PAEFI
Seguindo com o tema “família e proteção social” nesta aula vamos centralizar a
atenção nos Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), Serviço de
Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI).
14.1 O PAIF
social especial. Ambos são unidades públicas estatais instituídas no âmbito do Suas,
que possuem interface com as demais políticas públicas e articulam, coordenam e
ofertam os serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social.
Pois bem, a Resolução n° 109, de 11 de novembro de 2009, do Conselho
Nacional de Assistência Social (CNAS), aprovou a Tipificação Nacional de Serviços
Socioassistenciais, organiza Sistema Único de Assistência Social por níveis de
complexidade: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média e Alta
Complexidade. Veja a síntese abaixo:
I - Serviços de Proteção Social Básica:
• Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF);
• Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos;
• Serviço de Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com deficiência
e idosas.
II - Serviços de Proteção Social Especial de Média Complexidade:
• Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos
(PAEFI);
• Serviço Especializado em Abordagem Social;
• Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida
Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA), e de Prestação de Serviços à Comunidade
(PSC);
• Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e
suas Famílias;
• Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua.
III - Serviços de Proteção Social Especial de Alta Complexidade:
• Serviço de Acolhimento Institucional, nas seguintes modalidades: - abrigo
institucional; - Casa-Lar; - Casa de Passagem; - Residência Inclusiva;
• Serviço de Acolhimento em República;
• Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora;
• Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e de Emergências.
14.2 O PAEFI
ANOTE ISSO
AULA 15
FAMÍLIA E PROTEÇÃO
SOCIAL: MATRICIALIDADE
SOCIOFAMILIAR
Ainda no assunto “família e proteção social”, vamos direcionar luz sobre a
matricialidade sociofamiliar prevista na Política Nacional de Assistência Social.
• Matricialidade Sociofamiliar.
• Descentralização político-administrativa e Territorialização.
• Novas bases para a relação entre Estado e Sociedade Civil.
• Financiamento.
• Controle Social.
• O desafio da participação popular/cidadão usuário.
• A Política de Recursos Humanos.
• A Informação, o Monitoramento e a Avaliação.
ANOTE ISSO
O texto da PNAS nos informa ser preponderante retomar que as novas feições
da família estão intrínseca e dialeticamente condicionadas às transformações
societárias contemporâneas, ou seja, às transformações econômicas e sociais, de
hábitos e costumes e ao avanço da ciência e da tecnologia. O novo cenário tem
remetido à discussão do que seja a família, uma vez que as três dimensões clássicas
de sua definição (sexualidade, procriação e convivência) já não têm o mesmo grau
de imbricamento que se acreditava outrora. Nesta perspectiva, podemos dizer que
estamos diante de uma família quando encontramos um conjunto de pessoas que
se acham unidas por laços consanguíneos, afetivos e, ou, de solidariedade. Como
resultado das modificações acima mencionadas, superou-se a referência de tempo e
de lugar para a compreensão do conceito de família. O reconhecimento da importância
da família no contexto da vida social está explícito no artigo 226, da Constituição Federal
do Brasil, quando declara que a: “família, base da sociedade, tem especial proteção
do Estado”, endossando, assim, o artigo 16, da Declaração dos Direitos Humanos,
que traduz a família como sendo o núcleo natural e fundamental da sociedade, e
com direito à proteção da sociedade e do Estado. No Brasil, tal reconhecimento se
reafirma nas legislações específicas da Assistência Social – Estatuto da Criança e do
Adolescente – ECA, Estatuto do Idoso e na própria Lei Orgânica da Assistência Social
– LOAS, entre outras.
Embora haja o reconhecimento explícito sobre a importância da família na vida
social e, portanto, merecedora da proteção do Estado, tal proteção tem sido cada vez
mais discutida, na medida em que a realidade tem dado sinais cada vez mais evidentes
de processos de penalização e desproteção das famílias brasileiras. Nesse contexto,
a matricialidade sociofamiliar passa a ter papel de destaque no âmbito da Política
Nacional de Assistência Social – PNAS. Esta ênfase está ancorada na premissa de
que a centralidade da família e a superação da focalização, no âmbito da política de
Assistência Social, repousam no pressuposto de que para a família prevenir, proteger,
promover e incluir seus membros é necessário, em primeiro lugar, garantir condições
de sustentabilidade para tal. Nesse sentido, a formulação da política de Assistência
Social é pautada nas necessidades das famílias, seus membros e dos indivíduos.
Pesquisas sobre população e condições de vida nos informam que as transformações
ocorridas na sociedade contemporânea, relacionadas à ordem econômica, à
organização do trabalho, à revolução na área da reprodução humana, à mudança de
valores e à liberalização dos hábitos e dos costumes, bem como ao fortalecimento
Para finalizar, realçamos que somos classe trabalhadora e devemos lutar pelos
direitos da população e pelas condições dignas de trabalho e garantias trabalhistas
para a categoria.
AULA 16
FAMÍLIA E GÊNERO: QUESTÕES
PARA O SERVIÇO SOCIAL
Chegamos ao final do percurso e o tema da última aula é “família e gênero”. A
categoria gênero possibilita desvelar significados atribuídos às relações sociais e aos
comportamentos individuais na sociedade. O gênero desponta como uma categoria
marcante para compreender a representação das desigualdades no âmbito familiar e
social.
ANOTE ISSO
Pois bem, já Bento (2015) sugere as seguintes indagações: como o gênero funciona
nas relações sociais? De que maneira o gênero dá sentido à organização e à percepção
do conhecimento histórico? Quais as representações simbólicas em torno das
diferenças percebidas entre os sexos? Como e por que estas diferenças contribuem
para criação e manutenção de poderes? Gênero talvez seja uma das categorias
primeiras que são interiorizadas. Difícil é delimitar quando aprendeu que o fato de
possuir um pênis ou uma vagina seria o pilar definidor de hábitos, comportamentos e
condutas. A autora referida ilustra que, quando nascemos, já encontramos a sociedade
na qual estamos inseridos com as classificações do que seja pertencente ao gênero
masculino e ao gênero feminino. Ela diz:
As teorias travadas no bojo das discussões sobre gênero são imensas e impossíveis
de serem contempladas neste tópico. A intenção aqui foi suscitar alguns pontos que
parecem significativos.
CONCLUSÃO
A disciplina de Família e Proteção Social teve por objetivo trazer à tona um panorama
de discussões que atravessam os fundamentos teórico–metodológicos da dinâmica
familiar em sua trajetória histórica e no contexto sociopolítico do país, lançando luz
sobre autores e debates fundamentais para a constituição desse campo e situando
as principais reflexões que têm estabelecido diálogos e intersecções entre família e
proteção social. Além disso, examinamos a legislação específica da área e o trabalho
do Serviço Social junto à família.
Para concluir, convocamos indagações já aludidas: o que pretendemos
circunscrever ao definirmos família? Qual o estatuto teórico do termo família? Pois
bem, a multiplicidade de arranjos familiares aliados às relações de gênero, as novas
formas de conjugalidades torna cada vez mais difícil atribuir concepção única à
categoria família. Assim sendo, uma das particularidades das famílias é a fluidez
desta definição. A família é um instituto em eterna mutação.
De resto e por fim, reforçamos que o Código de Ética do assistente social deve
referenciar todas as ações da categoria profissional para que possamos contribuir com
a promoção de espaços garantidores de direitos e, desse modo, recordamos alguns
princípios fundamentais: reconhecimento da liberdade como valor ético central e das
demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos
indivíduos sociais; defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do
autoritarismo; empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando
o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à
discussão das diferenças.
ELEMENTOS COMPLEMENTARES
LIVRO
Título: Família: teorias e debates
Autor: Vania Morales Sierra
Editora: Editora Saraiva
Sinopse: Trata das dinâmicas e processos
familiares, objeto de preocupação prática e teórica
do Serviço Social brasileiro. Vania Morales Sierra
contribui, de forma didática e abrangente, para
a apreensão de suas problemáticas e questões
mais recorrentes.
FILME
Título: Que horas ela volta?
Ano: 2015
Sinopse: Aborda os conflitos que acontecem
entre uma empregada doméstica e seus
patrões de classe média alta e faz uma crítica
as desigualdades da sociedade brasileira.
WEB
REFERÊNCIAS
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BEAUVOIR, S. O Segundo sexo – fatos e mitos. 4 ed. São Paulo: Difusão Européia
do Livro, 1980.
BRASIL. Lei n° 13.058, de 22 de dezembro de 2014. Altera os arts. 1.583, 1.584, 1.585
e 1.634, da Lei n° 10.406/2002 – Código Civil para disciplinar a guarda compartilhada.
BRASIL. Lei nº 11.698, de 13 de junho de 2008. Altera os arts. 1.583 e 1.584 da Lei
nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, para instituir e disciplinar a guarda
compartilhada.
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Graal, 1989.
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HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. 26. ed. SãoPaulo: Companhia das Letras, 1995.
LIBÂNIO, A. L. A história de Carmen Rodrigues. São Paulo: Editora Ser Mais, 2014.
LYRA, J.; LEÃO, L. S.; LIMA, D. C.; TARGINO, P.; CRISÓSTOMO, A.; SANTOS, B.
Homens e cuidado: uma outra família? In: ACOSTA, Ana Rojas; VITALE, Maria Amalia
Faller. (Orgs.). Família: Redes, Laços e Políticas Públicas. 4 ed. São Paulo: Cortez
Editora, p. 79-91, 2003.
MIGUEL, L. F.; BIROLI, F.. Feminismo e política: uma introdução. São Paulo:
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NERIS, C. A família entre o público e o privado. Revista Tomo, n. 19: jul./dez, 2011.
SARTI, C. Famílias enredadas. In: ACOSTA, A.; VITALE, M.(Orgs). Família: redes,
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