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CULTURAIS E
ANTROPOLÓGICOS
Introdução
Neste capítulo, você vai conhecer as questões que envolvem as concepções
de família. Além disso, vai ver o papel socializador que a família desempenha
em relação à criança, levando-a a se desenvolver e a se reconhecer na socie-
dade em que vive. Em seguida, você vai estudar a conceituação de família no
plural e conhecer os novos padrões familiares da sociedade contemporânea.
Por fim, vai ver como a sociedade acolhe (ou não) essas novas famílias, tanto
em termos de direitos como em termos de reconhecimento social.
A construção familiar
O que se pode dizer sobre a família contemporânea? E sobre as famílias mais
antigas? A ideia de construção familiar pode variar de acordo com as gerações?
A partir de que noções é possível compreender a família? Essas são perguntas
que precisam ser destrinchadas aos poucos. Ao longo deste capítulo, você
vai perceber que algo que parece natural pode ser, na verdade, construído
socialmente, podendo variar de acordo com cada sociedade.
Segundo Saraceno (1997, p. 14):
[...] o ponto de partida é o olhar para esse agrupamento humano como um núcleo
em torno do qual as pessoas se unem, primordialmente, por razões afetivas dentro
de um projeto de vida em comum, em que compartilham um quotidiano, e, no
decorrer das trocas intersubjetivas, transmitem tradições, planejam seu futuro,
acolhem-se, atendem aos idosos, formam crianças e adolescentes.
Ao mesmo tempo, isso não significa que esse agrupamento humano tem
de ser homogêneo, como diz Sarti (2000), com os mesmos gostos e valores,
Família e parentesco 3
https://goo.gl/R186i8
Família no plural
A partir do que você viu até aqui, pode considerar que as concepções de família
mudam com o tempo e o lugar. Por isso é importante conhecer e refletir sobre
as diferentes formas de composição da família. Mas por que é importante
conhecer a família enquanto conceito?
[...] a família é um grupo social concreto e o parentesco uma abstração, uma estru-
tura formal, que resulta da combinação de três tipos de relações básicas: a relação
de descendência (entre pais e filhos), a de consanguinidade (entre irmãos) e a de
afinidade, que se dá pela aliança, através do casamento (BRUSCHINI, 1997, p. 60).
Em 2007, a revista científica Cadernos Pagu apresentou uma edição de dossiê temático
sobre famílias em movimento. No link a seguir, você pode acessar essa edição da revista.
Nela, há textos com discussões específicas, mas também reflexões abrangentes que
permitem compreender o agenciamento do conceito de família a partir da análise
e da reflexão antropológica sobre a relação entre os membros dos grupos sociais.
https://goo.gl/WR9Cbh
Leituras recomendadas
BILAC, E. D. Sobre as transformações nas estruturas familiares no Brasil: notas muito
preliminares. In: RIBEIRO, I.; RIBEIRO, A. C. T. (Org.). Família em processos contemporâneos:
inovações culturais na sociedade brasileira. São Paulo: Loyola, 1995.
CADERNOS PAGU. Repensando relações familiares. 2007. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0104-833320070002&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em: 13 nov. 2018.
FONSECA, C. Caminhos da adoção. São Paulo: Cortez, 1995.
FONSECA, C. Concepções de família e práticas de intervenção: uma contribuição
antropológica. Saúde e Sociedade, v. 14, n. 2, maio/ago. 2005. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902005000200006&lng=
en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 13 nov. 2018.
FREYRE, G. Casa grande e senzala: formação da família brasileira sob regime da economia
patriarcal. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978.
SARACENO, C.; NALDINI, M. Sociologia da família. Lisboa: Editorial Estampa, 2003.
SCHUCH, P. Trama de significados: uma etnografia sobre sensibilidades jurídicas e
direitos do adolescente no plantão da delegacia do adolescente infrator e no juizado
da infância e da juventude de Porto Alegre/RS. In: LIMA, R. K. (Org.). Antropologia e
direitos humanos II: Prêmio da Associação Brasileira de Antropologia/Fundação Ford.
Niterói: EDUFF, 2003.
SINGLY, F. de. Sociologia da família contemporânea. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.
WALSH, F. Processos normativos da família: diversidade e complexidade de Froma Walsh.
4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
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