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Introdução
- «Abrir» a família a outros contextos educativos com quem vai partilhar a tarefa
da educação;
as empresas de serviços e outras pessoas estranhas à família, como as amas. Só com esta
disseminação a família pode conciliar “as suas necessidades com as suas
responsabilidades” (Orte, 1999, p.78). Esta necessidade de independência e de
autonomia implica novas dependências nas relações e nas vinculações que a família
estabelece com o meio que a rodeia (Alarcão, 2002). Se a família perdeu parte das suas
funções, conserva não obstante uma parte essencial da educação, no desempenho das
suas funções de “transmissão de valores, da formação de atitudes cívicas e políticas, dos
ideais de vida e da orientação profissional” (Quintana, 1993, p.21). A família é
insubstituível como «escola dos sentimentos», na expressão de Rosich (2001), pois tem
um papel decisivo na configuração da personalidade dos indivíduos.
objetivo de possibilitar a reunificação familiar (Neil, Cossar, Lorgelly & Young, 2010).
A família de origem da criança acolhida não pode ser alheada da colocação. O
aperfeiçoamento progressivo da intervenção ao nível da preservação familiar tem
permitido aumentar o número de casos em que a criança permanece com a sua família,
fruto de um trabalho específico de apoio sócio-educativo, o que significa, em
contrapartida, que o grau de dificuldade dos casos que são encaminhados para o
acolhimento tende a aumentar (Amorós & Palacios, 2004).
sua vida seja o mais normal possível, que respeitem as suas origens, que os planos para
a sua vida sejam claros e previsíveis e que o acolhimento constitua uma oportunidade
para desenvolverem as suas competências na família, na escola ou no emprego (Sinclair,
Wilson & Gibbs, 2001).
A etapa das origens abarca o longo período de tempo desde a fundação do país até
à década de 70 do século XX. À semelhança da adoção, o acolhimento familiar sempre
existiu na sociedade portuguesa como prática acordada entre famílias ou como destino
para um grupo de crianças órfãs ou abandonadas, provenientes, em grande parte, dos
casos da assistência desenvolvida pela Igreja Católica. O acolhimento assenta no
espírito de grupo, nos laços comunitários, construídos na solidariedade da família, da
vizinhança ou da localidade. No decurso deste longo período de evolução, o
acolhimento em colégios, asilos e reformatórios consolida-se como a principal medida
de proteção da infância, à semelhança do que sucede nos outros países europeus,
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destacando-se o papel das ordens religiosas, das Misericórdias e da Casa Pia de Lisboa.
No decurso desta etapa, o acolhimento familiar é privado, uma vez que resulta do
acordo entre as partes, as famílias ou os grupos envolvidos (Delgado, 2011).
Esta é a terceira fase, a da expansão, que se prolonga desde 1992 até 2008, em que
a medida se consolida como uma opção para a colocação de crianças e jovens, atingindo
uma expressão quantitativa que não voltará a ter até ao presente. Em 2002 o sistema
chegou a ter 4731 famílias de acolhimento. Neste universo, 1533 famílias de
acolhimento não tinham laços de parentesco e as restantes 3198 tinham laços de
parentesco com a criança acolhida. À data, encontravam-se acolhidas em família 6480
crianças (Delgado, 2007).
O Decreto-Lei n.º 190/92 manteve-se em vigor mais de 15 anos, até ser publicado
o Decreto-Lei n.º 11/2008, de 17 de janeiro, que estabelece o novo regime de execução
do acolhimento familiar, atualmente em vigor. Como consequência da sua entrada em
vigor, operou-se uma classificação restrita do âmbito da medida, permitindo a colocação
apenas na família sem laços de parentesco, o que fez diminuir, de modo expressivo, o
papel do acolhimento familiar no âmbito das medidas de colocação. Por outro lado,
apesar do novo diploma consagrar o alargamento e aprofundamento dos requisitos e
condições de candidatura no processo de seleção dos acolhedores e apostar no aumento
do nível social e económico das famílias de acolhimento, associado a níveis mínimos de
escolaridade, não se procedeu à divulgação da medida nem se desenvolveram processos
de seleção de novos acolhedores. A aplicação de critérios mais rigorosos no
acompanhamento e na avaliação do desempenho dos acolhedores, essenciais para a
transparência e para a defesa os princípios, valores e finalidades da proteção, associada
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- baixa mobilidade, uma vez que poucas crianças cessam o acolhimento: em 2011,
foram menos 198 crianças acolhidas que cessaram o acolhimento, se comparado com
2010;
- uma longa permanência, que se reflete num acolhimento superior a 2 anos para
55% das crianças acolhidas. Constata-se uma relação direta entre o avanço da idade das
crianças e a permanência em acolhimento.
Em suma, estão menos crianças acolhidas do que nos anos anteriores mas foi
maior o número de crianças que iniciou o acolhimento em 2011 (mais 167 do que em
2010). São 64,3% os jovens que têm mais de 12 anos, revelando uma população
acolhida mais velha e situando-se predominantemente na adolescência. A diminuição do
número de entradas é um dado positivo, indiciando " uma melhoria nas dinâmicas de
intervenção garantidas junto das crianças e suas famílias ainda no meio natural de vida
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A maioria das crianças com idades entre 0 e 3 anos são admitidas em centros de
acolhimento temporário (78,7%), uma percentagem menor vai para lares de infância e
juventude (14,4%) e um número residual para o acolhimento familiar (0,7%), ao
contrário do que sucede em outros países ocidentais. Na interação entre medidas, só se
registam 13 casos de transições dos Lares para o acolhimento familiar. Todavia,
assinalam-se 140 transições de acolhimento familiar para lar.