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“MAIS FAMÍLIA, MAIS JOVENS”

Um programa grupal de educação parental


para pais de jovens dos 10 aos 18 anos

MANUAL

Autor: Maria Filomena Ribeiro da Fonseca Gaspar


Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
Coimbra
(não é permitida a utilização e qualquer tipo de reprodução sem autorização prévia da autora:
ninigaspar@fpce.uc.pt)
SESSÃO 01

O COMPORTAMENTO DOS NOSSOS FILHOS É MULTIDETERMINADO: RAZÕES


PARA OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DOS ADOLESCENTES

01. Apresentação e boas-vindas


02. Objetivos individuais da participação no programa
03. Regras básicas do grupo
04. Tópico do dia “Razões para os problemas de comportamento dos adolescentes”
05. O Programa
06. Objetivos para a semana e atividades em casa – desafios da semana
07. Avaliação da sessão pelos pais
08. Encerramento

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As sessões 1 e 2 correspondem à fase da motivação/envolvimento dos pais no programa
através da redução da culpa parental (“gift giving”) e de os pais tomarem consciência que
têm de ter a autoridade na família e serem consistentes:
- Natureza transacional do comportamento da criança/adolescentes
(caraterísticas de temperamento): reduzir a culpa que os pais sentem pelos problemas de
comportamento;
- Natureza sistémica do comportamento da criança/adolescente (escola,
colegas…): fazer os pais sentirem que se não assumem a autoridade podem “perder” o
adolescente;
- Normalizar os problemas e sentimentos da família: todos os pais de adolescentes
difíceis se sentem assim e no grupo os pais partilham sentimentos semelhantes;
- Aumentar a esperança dos pais: se os pais restabelecerem o afeto e assumirem a
autoridade perdida a mudança pode acontecer;
- Experienciar uma relação de confiança e compreensão com o dinamizador:
muitas vezes oposta ao que sentem com as redes formais (escola; CPCJ; centro de saúde…)
e informais (famílias de outros adolescentes; família alargada e até a própria família
nuclear).

1. Apresentação e boas-vindas (em duetos)


- Cada dinamizador apresenta o outro dinamizador: nome com que pode ser tratado
(e escreve-o numa etiqueta/crachá que coloca num dos lados do peito), experiência
com o programa, caraterísticas profissionais (formação, experiência com
criança/adolescentes, …) e pessoais (filhos ou experiência na interação com
criança/adolescentes na sua família ou no seu círculo de amigos) relevantes para
aquele grupo.
- Depois pedem que cada elemento do grupo faça o mesmo (apresente outro elemento)
tendo de para isso de conversar 5 minutos com esse. Com esse objetivo há 6 pares
diferentes de símbolos (smiles; frutos; …) em cartões. Cada membro retira um cartão
e terá assim de descobrir a quem saiu o outro cartão igual e conversar com ele
(“dueto”) identificando: 1) o nome com que quer ser tratado no grupo; 2) número e
idade dos filhos; 3) o “maior desafio” que ser pai/mãe coloca; 4) a sua “característica

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positiva” que lhe tem permitido lidar com esse e outros desafios da parentalidade. 1
minuto antes do fim o dinamizador dá um lembrete de que daí a um minuto vão
terminar.
- Durante a apresentação de cada elemento pelo com que esteve a conversar o
codinamizador escreve o nome do membro que está a ser apresentado pelo outro
numa etiqueta e dá ao membro para colar ou colocar (se forem crachás que serão
usados em todas as sessões). Nesta apresentação não interessam outras
características (como profissão, nível de escolaridade,…) mas serão aceites se
partilhadas espontaneamente. O codinamizador regista a partilha no flipchart em 4
colunas.
- No fim da partilha o codinamizador sintetiza enfatizando as semelhanças nos
desafios e nas características positivas. O objetivo desta dinâmica em “dueto” é
quebrar o gelo no grupo, começar a construir relações dentro do grupo, empatizar com
as dificuldades que os pais têm sentido e dar-lhes espaço para as expressar e colocar
o foco no “positivo”, nas potencialidades que têm, dando-lhes “poder”. Serve também
para o início do desenvolvimento da “escuta ativa” nos elementos do grupo.

2. Objetivos individuais de participação no programa (em grande grupo)

- O dinamizador pede a cada membro que especifique quais são os seus objetivos de
participação no programa colocando a pergunta “o que gostariam que mudasse e
qual/quais os comportamentos do vosso filho que vos mostrarão que essa mudança
aconteceu”: ajudar os pais a focarem-se em mudanças específicas que queiram ver
acontecer e ajudá-los também a ver as possíveis e as impossíveis e a colocarem
prioridades (focarem-se nas que serão mais facilmente atingidas em 12 semanas).
Nesta identificação podem ser sempre distinguidos os objetivos relativos ao
comportamento do pai e ao do filho que selecionam como alvo para a participação
no programa (devem selecionar apenas um filho como alvo, apesar de poderem
aplicar as estratégias com todos lá em casa): desta forma é possível os pais
começarem a ver que estão relacionados e que a mudança num é que implica a
mudança no outro. Se os pais tiverem dificuldade, usar objetivos que a maioria dos
pais concorda e perguntar se se identificam a algum desses: “estudar todos os dias
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sem ser preciso uma discussão” “levantar-se de manhã a horas de se preparar para a
escola” “respeitar os professores” “aumentar o respeito entre os membros da
família” “reduzir a preocupação que tenho”.
- Os objetivos devem ser sempre “específicos” (comportamento/s indicadores de
mudança) e formulados na positiva (o que querem ver acontecer mais versus o que
querem ver acontecer menos”: o dinamizador apoia os pais na reformulação para
mudanças positivas quando os pais apresentam o objetivo na negativa.
- O codinamizador escreve no quadro os “objetivos para os filhos” (não colocar os
dos pais, embora os valide) com o nome dos pais e no fim da sessão, quando
estiverem a registar os objetivos para a semana na “capa de objetivos”, pedir a cada
membro que registe no topo da folha os objetivos que identificou como sendo o alvo
a atingir com a participação no programa. Desta forma, ao longo do programa, o
dinamizador pode sempre usar estes objetivos para reduzir a resistência dos pais à
mudança, implicando-os. Este folheto “objetivos da minha participação no
programa” deve ser depois colocada na parede nas sessões seguintes e pode ser
objeto de modificação sempre que um elemento o deseje.

3. Regras do grupo
- Pede-se a participação dos membros do grupo na definição das regras (colocar
na positiva). O codinamizador regista-as no quadro e nas sessões posteriores
estarão sempre afixadas na parede, em local visível, numa cartolina. Podem ser
acrescentadas outras ao longo do programa. É muito importante que todos
concordem pois aumenta a responsabilização de cada elemento por as cumprir.
Por este motivo o dinamizador só escreve a regra depois de todos concordarem.
Os dinamizadores também assumem compromissos: preparar sessões; fazer
cumprir as regras do grupo; respeitar o plano da sessão; estar meia hora antes da
hora de início do grupo; dar feedback todas as semanas e telefonar.
- A pergunta inicial pode ser algo como: “Vamos estar juntos 12 semanas. Vamos
partilhar opiniões. Vamos também partilhar situações mais difíceis e pessoais. Que
regras entendem que devemos ter para o podermos fazer com segurança e para
nos sentirmos bem neste grupo? E mais? E mais?” (Exemplos de regras: começar e

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terminar a horas; todos têm direito a falar; todas as opiniões devem ser
respeitadas; o que acontece e se fala no grupo fica no grupo; ...).

4. Tópico do dia: “Razões para os problemas de comportamento dos


adolescentes”
Objetivos:
- Compreender que os problemas que as criança/adolescentes apresentam têm muitas
causas e não apenas uma (o pai, a mãe, a criança/adolescente, um irmão ou irmã, a
escola, os colegas, a vizinhança, …) e que a mudança num dos fatores pode conduzir à
mudança na criança/adolescente e, por sua vez, essa mudança conduz a outra
mudanças (natureza sistémica do comportamento).
- Motivar os pais para a mudança, restabelecendo o afeto e a autoridade perdidos, e
reduzir a culpa que sentem pelos problemas da criança/adolescente.
- Compreender que se não assumirem a autoridade perdida e restabelecerem o afeto
podem perder a relação com o adolescente.

Atividades: Razões que estão na origem dos problemas de comportamento dos


adolescentes

4.1. Mostrar um problema no CD do programa Parentalidade Sábia


(Parenting Wisely):

- Sugere-se o “Problema 5 - Lidar com um amigo que é uma má influência”; para procurar
gerar razões para o facto de o Tó ter baixado as notas e ter escolhido um amigo que os
pais consideram uma má influência. Pode ser selecionado outro Problema que os
dinamizadores considerem que se adequa mais às características do grupo.
- Introduzir o Problema: “Vamos ver uma família: um pai, uma mãe e um filho adolescente.
Este está a baixar as notas na escola” e a pergunta orientadora: “Pensem quais poderão
ser algumas das razões que podem estar a contribuir para o Tó estar a baixar as notas na
escola?”
- Mostrar apenas o Problema (não mostrar nenhuma das soluções) e parar antes do
narrador perguntar sobre as soluções para esse problema.

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4.2 Em “duetos” identificam três razões que possam justificar esse
comportamento do adolescente.

4.3 Partilha em grande grupo: o dinamizador regista e no fim deve


mostrar como muitos elementos se focaram na mesma causa e refletir sobre isso.

Alguns dos princípios a que os pais devem chegar são:


I. 7 RAZÕES RELACIONADAS COM O ADOLESCENTE E OS PAIS E OS GRUPO DE PARES
RAZÃO 1. REGRAS POUCO CLARAS
- regras verbais podem ser interpretadas de diferentes formas por diferentes pessoas e
por isso é importante serem escritas. Se não forem claras são mais facilmente não
cumpridas.
- a regra deve explicitar o que tem o adolescente de FAZER e DIZER para demonstrar que
está a cumprir o comportamento desejado
- importância de um contrato escrito claro com as consequências e recompensas para um
comportamento bem definido

RAZÃO 2. CONSEQUÊNCIAS QUEBRÁVEIS


- face a uma consequência o adolescente procura imediatamente uma forma de lhe dar a
volta
- as consequências têm por isso de ser previamente definidas e os pais têm de ser
consistentes na sua aplicação

RAZÃO 3. TOCAR NOS PONTOS FRACOS DOS PAIS ou OS PAIS TOCAREM NOS PONTOS
FRACOS DO ADOLESCENTE
- para evitar cumprir uma ordem ou uma punição (consequência) o adolescente tenta
obter o controlo da situação fazendo com que os adultos percam esse controlo e assim
deixem de pensar com clareza: o adulto perde a calma e a firmeza e “reage” em vez de
“agir” com calma
- os pais ao perderem o controlo “descem” ao nível dos filhos e deixam de poder exercer
o papel de pais

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- o oposto também acontece: pelos “sermões” levar o adolescente a perder o controlo e a
“reagir” em vez de “agir”

RAZÃO 4. ADOLESCENTES EMBRIAGADOS COM O PODER QUE CONSEGUEM TER NA


FAMÍLIA
- com o mau comportamento o adolescente controla o humor de toda a família
- tem o poder de um adulto sem estar desenvolvimentalmente capaz de lidar com esse
poder. Parte dele não quer este poder: quer ESTRUTURA e DISCIPLINA
- este poder “vicia”: por vezes é necessário usar consequências extremas para que ele
aprenda que pode viver sem este poder e melhore
- dos 12 aos 18 anos a energia do adolescente deve ser usada para: ser um adolescente,
um miúdo, ir á escola, jogar, fazer desporto, namorar, ter um trabalho, preparar-se para
se autonomizar e sair de casa...não para ter um poder negativo
- a adolescente “sem controlo” não tem infância/adolescência

RAZÃO 5. O PRINCIPIO DO PRAZER: “FAÇO O QUE QUERO, QUANDO QUERO E COMO


QUERO”
- viver para o “momento”, para o que dá gratificação imediata
- dificuldade em ver o FUTURO: vivemos numa sociedade em que as tecnologias
colocaram o foco no “IMEDIATO”: comida instantânea (em vez de preparar); mensagens
instantâneas (em vez de se levantar e discar um número; em vez de esperar pelo correio);
mudar de canal num botão (em vez de se levantar e mudar na TV)
- temos de TREINAR os MÚSCULOS DA PACIÊNCIA dos nossos adolescentes e ensiná-los
a adiar a gratificação imediata: para um adolescente dá mais prazer estar na Net que estar
a estudar para um teste
- razão porque os “sermões” falham. As consequências têm de ser estabelecidas de forma
a que “ganhem mais” cumprindo que não cumprindo. Têm de competir com o “prazer
imediato” que o mau comportamento dá. Um sermão sobre sexo desprotegido ou fumar
não tem qualquer hipótese face ao prazer de um cigarro ou de uma aventura

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RAZÃO 6. PODER DOS PARES (DOS IGUAIS)
- a mudança hormonal entre os 12 e os 13 anos coloca os adolescentes num limbo: entre
a Infância e a Adultez. Parte é uma criança e procura o afeto dos pais; parte é um adulto e
precisa de explorar e experimentar como é ser crescido e ter amigos crescidos
- esta fase no país de ninguém pode ser uma fase de grande SOLIDÃO e CONFUSÃO: o que
aumenta a SENSIBILIDADE À ACEITAÇÃO dos seus iguais = os que se parecem, sentem e
pensam como ele (e não os seus pais que não se parecem, que não pensam e que não
sentem como ele)
- “para evitar ser expulso do CLUBE” o adolescente pode ter de pagar um preço muito alto:
tem de aceitar as REGRAS do clube e as quais podem ser: fumar, beber, não estudar, gozar
com os mais novos e fracos, …
- o truque é usar os “iguais” como aliados; se não for possível é preciso procurar ajuda na
comunidade (professores; conselheiros; outros pais)
- quanto maior a “qualidade da relação afetiva” com os pais mais protegidos estão desta
necessidade de aceitação do grupo

RAZÃO 7. RECORRER A AJUDAS EXTERNAS (APENAS)


- procurar apenas ajudas em psicólogos, psiquiatras, grupo, campos, ...., medicação, pode
ser um pau de dois bicos: o adolescente não tem motivo para respeitar os pais e
reconhecê-los como fonte de poder e a qualidade da relação baixa

II. OUTRAS RAZÕES (FATORES DE RISCO)


INDIVIDUAIS e EM OUTROS MICROSSISTEMAS (escola; comunidade local; família
alargada); MESOSSISTEMA (Relação entre microssistemas: família com escola; família
com comunidade local…); EXOSSISTEMA (Local de trabalho dos pais;
emprego/desemprego; …); MACROSSISTEMA (conceções de adolescência; organização
do sistema educativo; sociedade).

1. INDIVIDUAIS: uso de drogas e/ou álcool; ser rapaz; problemas de saúde mental (por
ex. PH/DA); problemas de comportamentos, na escola, de início precoce; baixo QI;
dificuldades físicas e/ou problemas de saúde; atitude favorável face à delinquência;
mentira; ...

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2. FAMÍLIA: pobreza (pelo stresse associado e outros problemas); pais envolvidos em
atividades criminais/ilegais; divórcio conflituoso com triangulação do adolescente;
ausência de figura paterna; negligência; abuso

3. ESCOLA: resultados escolares negativos; atitude negativa face à escola; as regras da


escola são pouco claras e/ou a disciplina é inconsistente; professores desmoralizados, não
implicados ou com relações negativas com os alunos

4. AMIGOS: dificuldades em ter amigos; o grupo é uma má influência

5. VIZINHANÇA: pobreza, crime, drogas são comuns; a vizinhança não apoia a família

6. SOCIAS: mudanças geradas pelo avanço tecnológico com impacto negativo da


comunicação na família; mudanças nos papéis dos homens e mulheres com impacto na
definição dos papéis familiares e parentais; aumento das taxas de divórcio; dificuldades
em conciliar vida familiar e trabalho

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5. Apresentação da estrutura do programa e das modalidades de
funcionamento que irão caracterizar cada sessão
Partindo das razões encontradas e das competências parentais identificadas como
necessárias para restabelecer o afeto e a autoridade na família e com o adolescente
apresentar a estrutura do programa e as competências que o Programa permite aos pais
adquirir:

Objetivo do programa
- o objetivo do programa é aumentar a qualidade das relações entre pais e filhos,
desenvolvendo estratégias que reduzam o mau comportamento da criança/adolescente
em casa, na escola e com os colegas. O símbolo do programa é um barco com duas velas, a
maior simboliza os pais e a mais pequena o filho; a base é o suporte que toda a sociedade,
incluindo as políticas de trabalho, as escolas, os profissionais de saúde, os vizinhos, a
família alargada e este programa dão aos pais e à criança/adolescente. Ambas as velas são
necessárias, o capitão do navio são os pais e cada barco escolhe o seu caminho para chegar
ao mesmo destino.
- para que isso seja possível o programa está estruturado em 12 sessões (passar a
apresentar a a estrutura).

Estrutura do programa
- Apresentar as temáticas: os temas das sessões têm como objetivo apoiar os pais a
Restabelecer a Comunicação, a Confiança e o Afeto, ao mesmo tempo que Controlam os
problemas e se restabelecem a Autoridade. A primeira metade do programa visa o
restabelecimento do afeto, da comunicação para aumentar a probabilidade de o
adolescente desejar obedecer e colaborar e, deste modo, reduzir os problemas que
preocupam os pais. Na segunda parte vamos ver algumas estratégias que os pais podem
utilizar para reduzir o comportamento negativo que continua a acontecer.
- Distribuir uma folha com as temáticas de cada sessão (lista das sessões) e com o
cronograma (à frente de cada o dia em que vai acontecer a sessão) (cf. Materiais nº2)

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- Explicar a utilização do frigorífico/parque de estacionamento: necessidade de os temas
das sessões trem uma sequência e não existir dispersão em cada sessão; são registados e
na sessão sobre a temática serão discutidos (cf. Materiais nº 4)
- Explicar a estrutura de casa sessão: abertura; rever os objetivos e as atividades da
semana; introduzir o novo tópico; visualizar um “problema” do Programa (CD –
Parentalidade Sábia – Adolescentes); trocar ideias em “duos” ou “grande grupo”; praticar
com dramatizações; estabelecer os objetivos para a semana e as atividades para os
implementar; avaliar; encerrar.
- Explicar que serão atribuídos pontos para sinalizar a importância que o programa dá à
implicação dos pais na mudança: chegar a horas; fazer telefonemas ou outro tipo de
contacto com outros membros do grupo a partir da sessão 3; realizar os desafios da
semana e partilhá-los, mesmo que tenham ficado aquém das suas próprias expetativas (se
não forem atribuir pontos especificar o tipo de recompensas que vão utilizar). Enfatizar
que é também uma forma de modelar o que o programa propões que deve acontecer em
casa com os filhos. (cf. Materiais nº 6)
- Mostrar a lista de “competências” (cf. Manual do Programa) que é esperado que os pais
adquiram com a participação no programa. Pode dizer-se que a investigação mostra que
no fim do programa é esperada uma redução nos problemas de comportamento em pelo
menos 40 a 50% dos adolescentes que são difíceis (dos 12 aos 16 anos) o que é uma taxa
de sucesso muito superior à maioria das intervenções com este tipo de adolescentes
(Pushak, p. 33 do Parenting Wisely Teen: Group Curriculum).

6. Objetivos para a semana e atividades em casa “Pais como detetives de bom


comportamento” – Desafios da semana
- Pedir a cada pai para durante a semana fazer uma lista dos comportamentos que gostou
de ver no seu filho. Se lhe fizer sentido pedir que peça ao outro conjugue uma lista igual
e/ou também ao filho/a.
- Ajudar cada elemento a pensar em alguns “obstáculos” que estejam a identificar que lhes
possam dificultar/impedir de atingir esses objetivos que definiram para a semana e em
formas de os “ultrapassar” para conseguir atingir (deste modo estamos a assegurar que

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definem objetivos realistas, a aumentar as probabilidades de sucesso e assim a
restabelecerem a confiança na sua competência e autoeficácia).
- Utilizar com o grupo a “capa de objetivos” se entenderem que é uma estratégia
promotora do envolvimento dos pais (cf. folha de registo de objetivos no fim desta
sessão). Caso não seja os pais devem dizer o objetivo oralmente e os dinamizadores
registam para poderem utilizar no telefonema que vão fazer durante a semana para
aumentar a motivação e implicação dos pais na mudança
- Distribuir a folha “desafios da semana”
- Se os pais tiverem um nível de literacia que lhes permita ler textos e tenham interesse
escolher um dos textos recomendados, que esteja em língua portuguesa, e distribuir uma
cópia pelos pais sugerindo que vão lendo ao longo das próximas semanas (não tem de ser
para a próxima semana). Podem também selecionar um outro texto que entendam ser útil
em vez dos recomendados.

7. Avaliação da sessão
- Os pais preenchem a folha de avaliação da sessão (cf. Materiais nº 8) que colocam dentro
da “capa de objetivos”

- Distribuir o folheto “7 razões para o mau comportamento dos adolescentes” e “Outras


razões”

8. Encerramento

- Avaliação da sessão pelo dinamizador e codinamizador: os dinamizadores devem no fim


da sessão preencher uma ficha de autoavaliação (Checklist de automonitorização do
facilitador; Anexo 11c).

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7 RAZÕES PARA OS PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO DOS ADOLESCENTES
(Parenting Your Out-of_control Teenager; Scott Sells, 2001)

RAZÃO 1. REGRAS POUCO CLARAS


- regras verbais podem ser interpretadas de diferentes formas por diferentes pessoas e
por isso é importante serem escritas. Se não forem claras são mais facilmente não
cumpridas.
- a regra deve explicitar o que tem o adolescente de FAZER e DIZER para demonstrar que
está a cumprir o comportamento desejado
- importância de um contrato escrito claro com as consequências e recompensas para um
comportamento bem definido

RAZÃO 2. CONSEQUÊNCIAS QUEBRÁVEIS


- face a uma consequência o adolescente procura imediatamente uma forma de lhe dar a
volta
- as consequências têm por isso de ser previamente definidas e os pais têm de ser
consistentes na sua aplicação

RAZÃO 3. TOCAR NOS PONTOS FRACOS DOS PAIS ou OS PAIS TOCAREM NOS PONTOS
FRACOS DO ADOLESCENTE
- para evitar cumprir uma ordem ou uma punição (consequência) o adolescente tenta
obter o controlo da situação fazendo com que os adultos percam esse controlo e assim
deixem de pensar com clareza: o adulto perde a calma e a firmeza e “reage” em vez de
“agir” com calma
- os pais ao perderem o controlo “descem” ao nível dos filhos e deixam de poder exercer
o papel de pais

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- o oposto também acontece: pelos “sermões” levar o adolescente a perder o controlo e a
“reagir” em vez de “agir”

RAZÃO 4. ADOLESCENTES EMBRIAGADOS COM O PODER QUE CONSEGUEM TER NA


FAMÍLIA
- com o mau comportamento o adolescente controla o humor de toda a família
- tem o poder de um adulto sem estar desenvolvimentalmente capaz de lidar com esse
poder. Parte dele não quer este poder: quer ESTRUTURA e DISCIPLINA
- este poder “vicia”: por vezes é necessário usar consequências extremas para que ele
aprenda que pode viver sem este poder e melhore
- dos 12 aos 18 anos a energia do adolescente deve ser usada para: ser um adolescente,
um miúdo, ir á escola, jogar, fazer desporto, namorar, ter um trabalho, preparar-se para
se autonomizar e sair de casa...não para ter um poder negativo
- a adolescente “sem controlo” não tem infância/adolescência

RAZÃO 5. O PRINCIPIO DO PRAZER: “FAÇO O QUE QUERO, QUANDO QUERO E COMO


QUERO”
- viver para o “momento”, para o que dá gratificação imediata
- dificuldade em ver o FUTURO: vivemos numa sociedade em que as tecnologias
colocaram o foco no “IMEDIATO”: comida instantânea (em vez de preparar); mensagens
instantâneas (em vez de se levantar e discar um número; em vez de esperar pelo correio);
mudar de canal num botão (em vez de se levantar e mudar na TV)
- temos de TREINAR os MÚSCULOS DA PACIÊNCIA dos nossos adolescentes e ensiná-los
a adiar a gratificação imediata: para um adolescente dá mais prazer estar na Net que estar
a estudar para um teste
- razão porque os “sermões” falham. As consequências têm de ser estabelecidas de forma
a que “ganhem mais” cumprindo que não cumprindo. Têm de competir com o “prazer
imediato” que o mau comportamento dá. Um sermão sobre sexo desprotegido ou fumar
não tem qualquer hipótese face ao prazer de um cigarro ou de uma aventura

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RAZÃO 6. PODER DOS PARES (DOS IGUAIS)
- a mudança hormonal entre os 12 e os 13 anos coloca os adolescentes num limbo: entre
a Infância e a Adultez. Parte é uma criança e procura o afeto dos pais; parte é um adulto e
precisa de explorar e experimentar como é ser crescido e ter amigos crescidos
- esta fase no país de ninguém pode ser uma fase de grande SOLIDÃO e CONFUSÃO: o que
aumenta a SENSIBILIDADE À ACEITAÇÃO dos seus iguais = os que se parecem, sentem e
pensam como ele (e não os seus pais que não se parecem, que não pensam e que não
sentem como ele)
- “para evitar ser expulso do CLUBE” o adolescente pode ter de pagar um preço muito alto:
tem de aceitar as REGRAS do clube e as quais podem ser: fumar, beber, não estudar, gozar
com os mais novos e fracos, …
- o truque é usar os “iguais” como aliados; se não for possível é preciso procurar ajuda na
comunidade (professores; conselheiros; outros pais)
- quanto maior a “qualidade da relação afetiva” com os pais mais protegidos estão desta
necessidade de aceitação do grupo

RAZÃO 7. RECORRER A AJUDAS EXTERNAS (APENAS)


- procurar apenas ajudas em psicólogos, psiquiatras, grupo, campos, ...., medicação, pode
ser um pau de dois bicos: o adolescente não tem motivo para respeitar os pais e
reconhecê-los como fonte de poder e a qualidade da relação baixa

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II. OUTRAS RAZÕES (FATORES DE RISCO) PARA OS PROBLEMAS DE
COMPORTAMENTO DOS ADOLESCENTES

INDIVIDUAIS e EM OUTROS MICROSSISTEMAS (escola; comunidade local; família


alargada); MESOSSISTEMA (Relação entre microssistemas: família com escola; família
com comunidade local…); EXOSSISTEMA (Local de trabalho dos pais;
emprego/desemprego; …); MACROSSISTEMA (conceções de adolescência; organização
do sistema educativo; sociedade).

1. INDIVIDUAIS: uso de drogas e/ou álcool; ser rapaz; problemas de saúde mental (por
ex. PH/DA); problemas de comportamentos, na escola, de início precoce; baixo QI;
dificuldades físicas e/ou problemas de saúde; atitude favorável face à delinquência;
mentira; ...

2. FAMÍLIA: pobreza (pelo stresse associado e outros problemas); pais envolvidos em


atividades criminais/ilegais; divórcio conflituoso com triangulação do adolescente;
ausência de figura paterna; negligência; abuso

3. ESCOLA: resultados escolares negativos; atitude negativa face à escola; as regras da


escola são pouco claras e/ou a disciplina é inconsistente; professores desmoralizados, não
implicados ou com relações negativas com os alunos

4. AMIGOS: dificuldades em ter amigos; o grupo é uma má influência

5. VIZINHANÇA: pobreza, crime, drogas são comuns; a vizinhança não apoia a família

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6. SOCIAS: mudanças geradas pelo avanço tecnológico com impacto negativo da
comunicação na família; mudanças nos papéis dos homens e mulheres com impacto na
definição dos papéis familiares e parentais; aumento das taxas de divórcio; dificuldades
em conciliar vida familiar e trabalho

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OBJETIVOS PARA O PROGRAMA e PARA AS SEMANAS

O meu nome é: _________________________________________________________

Os meus objetivos (o que quero conseguir atingir no FIM) coma minha participação neste
programa/grupo são:
 Para o meu filho/minha filha
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________
 Para mim e/ou para a minha família (opcional)
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________

1ª sessão
 O meu objetivo com o meu filho/minha filha para esta semana é
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________

 Atingi este objetivo? ___________________________________________________________


2ª sessão
 O meu objetivo com o meu filho/minha filha para esta semana é
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________

 Atingi este objetivo? ___________________________________________________________


3ª sessão
 O meu objetivo com o meu filho/minha filha para esta semana é
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________

 Atingi este objetivo? ___________________________________________________________


4ª sessão
 O meu objetivo com o meu filho/minha filha para esta semana é

__________________________________________________________________________________________________________________

 Atingi este objetivo? ___________________________________________________________

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5ª sessão
 O meu objetivo para esta semana é O meu objetivo com o meu filho/minha filha para esta semana
é
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________

 Atingi este objetivo? ___________________________________________________________


6ª sessão
 O meu objetivo para esta semana é O meu objetivo com o meu filho/minha filha para esta semana
é
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________

 Atingi este objetivo? ___________________________________________________________

7ª sessão
 O meu objetivo para esta semana é O meu objetivo com o meu filho/minha filha para esta semana
é
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________

 Atingi este objetivo? ___________________________________________________________


8ª sessão
 O meu objetivo para esta semana é O meu objetivo com o meu filho/minha filha para esta semana
é
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________

 Atingi este objetivo? ___________________________________________________________


9ª sessão
 O meu objetivo para esta semana é O meu objetivo com o meu filho/minha filha para esta semana
é
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________

 Atingi este objetivo? ___________________________________________________________

20
10ª sessão
 O meu objetivo para esta semana é O meu objetivo com o meu filho/minha filha para esta semana
é
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________

 Atingi este objetivo? ___________________________________________________________


11ª sessão
 O meu objetivo para esta semana é O meu objetivo com o meu filho/minha filha para esta semana
é
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________

 Atingi este objetivo? ___________________________________________________________


12ª sessão
 Os meus objetivos para os próximos meses são
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________
 Para atingir esses objetivos eu vou
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________

21
PROGRAMA MAIS FAMÍLIA MAIS JOVEM
DESAFIOS DA SEMANA – SESSÃO 1

Faça uma lista dos comportamentos que gosta no seu filho/na sua filha. Depois, caso se
aplique, peça ao pai/à mãe para fazer uma lista (ou a um outro adulto que eduque
consigo o seu filho/filha) e também ao seu filho/à sua filha.

Comportamentos que gosto no meu filho/na minha filha:


_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

Comportamentos que o pai/a mãe do meu filho/da minha filha gosta nele/a (ou
outro adulto que educa comigo):
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
Comportamentos que o meu filho/a minha filha gosta nele/a próprio/a:
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________

22
SESSÃO 02

PRINCÍPIOS DA PARENTALIDADE POSITIVA & PAIS COMO


MODELO:
RESTABELECER O AFETO E SALIENTAR O QUE DE MELHOR TÊM
OS NOSSOS FILHOS

01 Boas-vindas
02 Revisão dos princípios discutidos na última sessão e da sua aplicação em casa
durante a semana: os objetivos e desafios da última semana
03 Tópico do dia “princípios de uma parentalidade positiva” e “pais como modelo”
04 Objetivos para a semana e atividades em casa: desafios da semana
05 Avaliação da sessão pelos pais
06 Encerramento

23
1. Boas-vindas
- O dinamizador dá as boas vindas e elogia os membros do grupo por estarem à hora
marcada para a sessão.
- Recompensar a vinda à sessão: a) Atribuir 1 ponto na “folha de pontos” (que acumulado
pode ser trocado por recompensas) 2) No caso de não ser possível dar recompensas –
pontos concretas – usar rebuçados/bombons/passas/nozes/outros frutos secos para
mostrar o reconhecimento pelo esforço de mudança que significa estarem a participar na
sessão.

2. Última sessão e aplicação dos princípios em casa


- O dinamizador pede que cada um descreva uma coisa que correu bem com a realização
dos desafios da semana relativos a identificar comportamentos positivos e também se isso
foi ou não feito pelos outros membros da família. Se não se orientar assim a discussão os
pais falarão de tudo, mesmo que não tenha nada a ver com os desafios da última semana.
Permitir que falem de algo que os preocupa mas sem se perderem e apenas se estiver a
ser útil para os outros membros do grupo. Colocar no frigorífico se for o caso. Se for algo
pessoal dizer que quando a sessão do grupo terminar poderão conversar. Fazer a ligação
das partilhas com os Princípios da última sessão (grandes ideias a que os pais chegaram
sobre as razões e com o nome dos pais que formularam essa razão; o codinamizador
organizou essas grandes ideias e elaborou uma folha com esses princípios).
- Ilustrar como o que os pais descrevem mostra que os filhos têm muitos comportamentos
positivos além dos negativos que querem ver alterados e que por fizeram um “bom
trabalho” como pais ao reduzirem algumas das “razões” que podem estar a contribuir
para o problema do filho que os preocupa. Fazer a ligação com o objetivo que definiram
na primeira sessão, mostrando que o que fizeram está já a contribuir para o atingir.
- Recompensar: utilizar de novo pontos que os pais podem acumular ou dar outro tipo de
recompensa imediata (um autocolante se gostarem)

24
3. Tópico do dia
3.1. Princípios de uma parentalidade positiva (características de pais eficazes) =
FOICES – ceifar para crescer de novo – renovar

Linha sobre as características de um “bom patrão” e de um “mau padrão”


- Dizer aos pais que para se ser um pai/mãe eficaz há algumas competências que temos
de desenvolver, mesmo que já as tenhamos. Para as encontrarem pedir aos pais que
ajudem a completar uma linha horizontal, com uma marca no meio, em que de um lado se
colocam as características um “bom patrão”, no sentido de um patrão eficaz, positivo, com
quem gostámos ou gostamos de trabalhar e de outro as de um “mau patrão”, alguém de
quem não gostamos e com quem nos é ou foi difícil trabalhar.
- Podem, em alternativa, pensar em professores que os marcaram: um positivamente e
outro de forma negativa.
- Não pensarem em ninguém com quem tiveram ou têm uma relação familiar ou afetiva.

- Os pais em duetos (podem ser construídos com pares de imagens) pensam


primeiro em um dos piores superiores ou professores que já tiveram e identificam duas
características negativas dessa pessoa. Depois fazem o mesmo mas pensando no melhor
professor/superior que tiveram.

- Partilha: Primeiro o dinamizador pergunta e o codinamizador regista as


do “mau patrão”. Serão muito semelhantes e o dinamizador reflete sobre isso com os pais:
afinal o que nos torna “maus” ou ineficazes são poucas características. Em seguida faz o
mesmo para o “bom patrão” e a mesma reflexão: não são muitas as características.
- Por fim pede a cada pai mãe que pense (sem ter de dizer) onde nessa linha o seu filho o
colocaria como pai (mais perto de que extremo? no meio?) tendo em conta quais dessas
características os filhos de cada um lhes iriam reconhecer.
- Pedir aos pais que partilhem o que esta atividade lhes permitiu compreender: o objetivo
é os pais reconhecerem que com os nossos filhos nem sempre usamos as estratégias que
gostamos que os outros usem connosco e que reconhecemos a um pai/mãe positivo, a um
pai/mãe “modelo”. O princípio é o de que nós somos os principais MODELOS dos nossos

25
filhos e não lhes podemos pedir aquilo que nós próprios não fazemos. E que ser “positivo”
se resume a um conjunto muito pequeno de características que nos vamos esforçar por
desenvolver ao longo do programa e que podem ser colocadas na sigla FOICES (metáfora
de ceifar para crescer de novo; renovar a relação; esperança no que pode crescer de novo
a partir das mesmas raízes, que são o que suportam)
Estas características devem ser também dadas aos pais e ser afixadas na parede para
recorrer sempre que necessário e sempre que o tópico da sessão cubra especificamente
uma ou várias dessas características.
No fim deverá ser possível chegar às seis características seguintes. Podem ser
acrescentadas outras, mas estas serão as centrais e as que guiarão a discussão do grupo
até ao fim do programa.

F - Resposta significativa frequente


Escolher apenas um ou dois comportamentos que quer ver acontecer mais, dos mais
fáceis, e usar com esse comportamento respostas positivas frequentes (atenção positiva,
elogios, recompensas concretas, como por exemplo uma saída extra ou mais tempo no
computador…). Quanto mais atenção positiva (e negativa também) se der a um
comportamento mais probabilidades teremos de ele se desenvolver e manter. Dar
atenção positiva FREQUENTE ao comportamento que queremos ver acontecer e que é
muitas vezes o oposto positivo do negativo que queremos ver reduzido.

O – Objetivos, específicos, claros


Dizer exatamente à criança/adolescente o que se espera dela: Em vez de “arruma o
quarto” dizer “põe a roupa suja no cesto da roupa”; em vez de “vem cedo para casa” dizer
“quero-te em casa às 18 horas”,… Recordar que as criança/adolescentes têm cérebros
menos desenvolvidos, linguagem menos complexa, e que precisam que se lhes diga
exatamente o comportamento que deve ter. Tal como uma patroa que diz a uma
empregada “faça o almoço cedo” e não diz que é para as “12 horas” e a empregada faz para
as “13 horas” porque para ela isso é cedo. Sendo objetivos, claros, se ele não cumprir os
pais poderão punir “o ato e não a pessoa; o comportamento do adolescente e não o
adolescente”.

26
I – Resposta positiva imediata
Se a resposta positiva a um bom comportamento não for imediata a criança/adolescente
não vê a relação entre essa resposta positiva e o comportamento e será ineficaz na sua
manutenção. As punições/perda de privilégios mesmo que não sejam imediatas podem
ser eficazes, o que reduz o risco de os pais serem demasiado impulsivos na sua aplicação,
por estarem demasiado zangados. Os elogios têm de ser imediatos e as recompensas
formuladas também no imediato, mesmo que o adolescente só venha a usufruir mais
tarde. As crianças/adolescentes têm mais dificuldade em adiar recompensas que um
adulto. Quanto mais nova a criança mais imediata tem de ser a recompensa. Por ex. se um
empregado se esforçou e o patrão ao ver o serviço não elogia, mesmo que pense que está
muito bem feito, o empregado sentir-se-á menos motivado para se continuar a empenhar.
Se o nosso filho tem um comportamento que apreciamos isso deve ser-lhe dito
imediatamente a seguir.

C – Consistente
A criança/adolescente tem de saber exatamente aquilo que esperam dela, caso contrário
aprenderá a manipular. Tem de se ser consistente quer com as coisas positivas
(recompensas, elogios e atenção positiva) quer com as negativas (perda de privilégios).
Os pais têm mais dificuldade com as primeiras, mas ser consistente com as respostas
positivas leva a uma modificação mais rápida do comportamento. Ninguém é 100%
consistente, mas tentar torna a vida familiar mais simples e fácil. Somos menos
consistentes quando estamos cansados, doentes, com pressa ou nos sentimos culpados
por algo (por ex. por ter passado pouco tempo com os filhos nessa semana).
Um patrão que um dia dá um enorme elogio a um empregado por ele ter acabado um
relatório antes do tempo e na vez seguinte não o faz, tem menos probabilidade que o
empregado da próxima vez se empenhe. Ser consistente é não mudar o que esperamos
dos nossos filhos porque nos apetece. É mantermos os nossos acordos com eles, incluindo
aplicar de forma consistente as consequências que eles escolheram ter (ao não cumprir
com o acordo).

E - Equilíbrio entre o positivo e o negativo


Usar com equilíbrio respostas positivas e negativas: não ficar preso na espiral das
punições, em que a criança/adolescente está sempre de castigo e sem poder fazer aquilo

27
que gosta. A criança/adolescente perderá todo o prazer em agradar aos pais. Estar atento
ao positivo e recompensar imediatamente. Mesmo que pensemos que ao “criticar”
estamos a motivar e que castigar é para o bem da criança/adolescentes, se pensarmos em
nós como adultos percebemos que se só somos criticados deixamos de investir e
desistimos de tentar.

S – Significativo: respostas com significado para o adolescente


As recompensas e punições têm de ser adequadas à criança/adolescente: o que resulta
com uma pode não resultar com outra.
Também nós adultos somos assim. Se um empregado que não usa gravata receber uma
gravata por um serviço em que se empenhou terá menos probabilidade de manter a
motivação do que se essa recompensa for um bilhete para um jogo de futebol (ele gosta
de assistir a jogos ao vivo). Os pais devem pensar naquilo que agrada/desagrada aos seus
filhos.

3.2. Pais como MODELO

- Mostrar o PROBLEMA 3 – CHEGAR TARDE A CASA


1) PROBLEMA: introduzir e mostrar a Cena, parando antes do narrador apresentar as
soluções:
CENA: A mãe está à espera da Ana que está a voltar tarde para casa. A Ana não telefonou
à mãe para a avisar que iria chegar tarde.
2) SOLUÇÃO 3: introduzir e Solução 3 pedindo aos pais que pensem quais poderão ser
algumas das consequências do comportamento da mãe no comportamento futuro da Ana
SOLUÇÃO 3: Perguntar à Ana os motivos do atraso, mas dar-lhe na mesma um castigo
CENA: Na semana seguinte a Ana está outra vez atrasada)

- Centrar a reflexão no facto de que “Perdermos o controlo e insultarmos


os nossos filhos é um exemplo de mau Modelo de Comportamento. Há uma grande
probabilidade de a Ana vir a imitar a mãe, zangando-se e insultando-a. Os filhos procuram
nos pais modelos de bom comportamento e por vezes isso exige muita paciência e
sensatez. Mas não é isso que queremos para os nossos filhos?”

28
- Pode usar algumas das perguntas de reflexão que estão indicadas no Manual do
Programa a seguir à Solução 3:

3) SOLUÇÃO 2: Mostrar a Solução mais eficaz e pedir aos pais que encontrem nela as
características FOICES por eles identificadas como centrais na parentalidade positiva e
eficaz.
SOLUÇÃO 2 - Conversar com a Ana na manhã seguinte e pedir-lhe para fazerem um plano
para a próxima saída

Características observadas
Frequente atenção positiva – recompensa o que quer ver acontecer
Objetiva no comportamento que quer ver mudado – especifica no que quer ver acontecer
Imediata nas recompensas e punições que vai ter - claras
Consistente na sua aplicação pois até elaboram e assinam um contrato
Equilibrada entre recompensar e punir – dar atenção ao positivo oposto do negativo
Significado: envolve a filha na resolução para que ela se implique e as recompensas e
punições tenham significado para ela

4. Objetivos para a semana e atividades em casa: desafios da semana


- Pedir a cada pai para
1) dar atenção positiva frequente aos comportamentos positivos que identificou na
semana anterior
2) pensando no comportamento que querem ver mudado (identificado na primeira
sessão) procurar identificar algumas mudanças que podem fazer em comportamentos
seus tendo em conta as características FOICES, de modo a contribuir para a redução desse
comportamento
- Relacionado com estes desafios os pais identificam os seus objetivos para a próxima
semana, registando na Capa de Objetivos se estiverem a utilizar

29
5. Avaliação da sessão
- Os pais preenchem a folha de avaliação da sessão que colocam dentro da pasta onde se
encontra a folha dos objetivos
- Distribuir o folheto “FOICES”

6. Encerramento
- Avaliação da sessão pelo dinamizador e codinamizador: os dinamizadores devem no fim
da sessão preencher a checklist de automonitorização do facilitador

30
PAIS POSITIVOS E EFICAZES - FOICES
Os pais são os MODELOS dos filhos: comporte-se com o seu filho/a sua filha como
gostaria que ele/ela se comportasse consigo.
SEJA:
F - Resposta significativa frequente
Escolher apenas um ou dois comportamentos que quer ver acontecer mais, dos mais
fáceis, e usar com esse comportamento respostas positivas frequentes (atenção positiva,
elogios, recompensas concretas, como por exemplo uma saída extra ou mais tempo no
computador…). Quanto mais atenção positiva (e negativa também) se der a um
comportamento mais probabilidades teremos de ele se desenvolver e manter. Dar
atenção positiva FREQUENTE ao comportamento que queremos ver acontecer e que é
muitas vezes o oposto positivo do negativo que queremos ver reduzido.
O – Objetivos, específicos, claros
Dizer exatamente à criança/adolescente o que se espera dela: Em vez de “arruma o
quarto” dizer “põe a roupa suja no cesto da roupa”; em vez de “vem cedo para casa” dizer
“quero-te em casa às 18 horas”,… Recordar que as criança/adolescentes têm cérebros
menos desenvolvidos, linguagem menos complexa, e que precisam que se lhes diga
exatamente o comportamento que deve ter. Tal como uma patroa que diz a uma
empregada “faça o almoço cedo” e não diz que é para as “12 horas” e a empregada faz para
as “13 horas” porque para ela isso é cedo. Sendo objetivos, claros, se ele não cumprir os
pais poderão punir “o ato e não a pessoa; o comportamento do adolescente e não o
adolescente”.
I – Resposta positiva imediata
Se a resposta positiva a um bom comportamento não for imediata a criança/adolescente
não vê a relação entre essa resposta positiva e o comportamento e será ineficaz na sua
manutenção. As punições/perda de privilégios mesmo que não sejam imediatas podem
ser eficazes, o que reduz o risco de os pais serem demasiado impulsivos na sua aplicação,
por estarem demasiado zangados. Os elogios têm de ser imediatos e as recompensas
formuladas também no imediato, mesmo que o adolescente só venha a usufruir mais

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tarde. As crianças/adolescentes têm mais dificuldade em adiar recompensas que um
adulto. Quanto mais nova a criança mais imediata tem de ser a recompensa. Por ex. se um
empregado se esforçou e o patrão ao ver o serviço não elogia, mesmo que pense que está
muito bem feito, o empregado sentir-se-á menos motivado para se continuar a empenhar.
Se o nosso filho tem um comportamento que apreciamos isso deve ser-lhe dito
imediatamente a seguir.
C – Consistente
A criança/adolescente tem de saber exatamente aquilo que esperam dela, caso contrário
aprenderá a manipular. Tem de se ser consistente quer com as coisas positivas
(recompensas, elogios e atenção positiva) quer com as negativas (perda de privilégios).
Os pais têm mais dificuldade com as primeiras, mas ser consistente com as respostas
positivas leva a uma modificação mais rápida do comportamento. Ninguém é 100%
consistente, mas tentar torna a vida familiar mais simples e fácil. Somos menos
consistentes quando estamos cansados, doentes, com pressa ou nos sentimos culpados
por algo (por ex. por ter passado pouco tempo com os filhos nessa semana).
Um patrão que um dia dá um enorme elogio a um empregado por ele ter acabado um
relatório antes do tempo e na vez seguinte não o faz, tem menos probabilidade que o
empregado da próxima vez se empenhe. Ser consistente é não mudar o que esperamos
dos nossos filhos porque nos apetece. É mantermos os nossos acordos com eles, incluindo
aplicar de forma consistente as consequências que eles escolheram ter (ao não cumprir
com o acordo).
E - Equilíbrio entre o positivo e o negativo
Usar com equilíbrio respostas positivas e negativas: não ficar preso na espiral das
punições, em que a criança/adolescente está sempre de castigo e sem poder fazer aquilo
que gosta. A criança/adolescente perderá todo o prazer em agradar aos pais. Estar atento
ao positivo e recompensar imediatamente. Mesmo que pensemos que ao “criticar”
estamos a motivar e que castigar é para o bem da criança/adolescentes, se pensarmos em
nós como adultos percebemos que se só somos criticados deixamos de investir e
desistimos de tentar.
S – Significativo: respostas com significado para o adolescente
As recompensas e punições têm de ser adequadas à criança/adolescente: o que resulta
com uma pode não resultar com outra.

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Também nós adultos somos assim. Se um empregado que não usa gravata receber uma
gravata por um serviço em que se empenhou terá menos probabilidade de manter a
motivação do que se essa recompensa for um bilhete para um jogo de futebol (ele gosta
de assistir a jogos ao vivo). Os pais devem pensar naquilo que agrada/desagrada aos seus
filhos.

33
PROGRAMA MAIS FAMÍLIA MAIS JOVEM

DESAFIOS DA SEMANA – SESSÃO 2

Veja a sua folha de registo dos DESAFIOS DA SEMANA da última sessão (Sessão 1)

1) Dê atenção positiva frequente aos comportamentos positivos do seu filho/da sua


filha que identificou

2) Pensando no comportamento do seu filho/da sua filha que quer mudar e em


algumas das razões que podem estar a contribuir para esse comportamento
identifique algumas das mudanças em comportamentos seus que pode
implementar tendo como referência as características de um pai FOICES
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

Se possível, fazer esta atividade com o marido (companheiro) ou com a sua mulher
(companheira) ou com um outro adulto que eduque consigo o seu filho/sua filha.

34
SESSÃO 03

ELOGIOS & RELATÓRIOS DE ACONTECIMENTOS POSITIVOS:


RESTABELECER O AFETO E SALIENTAR O QUE DE MELHOR
TÊM OS NOSSOS FILHOS

01 Boas-vindas
02 Revisão utilização das características FOICES discutidas na última sessão e dos
pais como MODELO e da sua aplicação em casa durante a semana: os objetivos e
desafios da última semana
03 Tópico do dia “Elogios” e “Relatórios de Acontecimentos Positivos”
04 Objetivos para a semana e atividades em casa – a introdução dos telefonemas entre
membros do grupo
05 Avaliação da sessão pelos pais
06 Encerramento

35
1. Boas-vindas
- O dinamizador dá as boas vindas e elogia os membros do grupo por estarem à hora
marcada para a sessão. Atribui recompensas concretas ou pontos.

2. Última sessão e aplicação dos princípios em casa


2.1. O dinamizador pede a participação dos membros do grupo na partilha da aplicação
em casa das características FOICES (não pedir que digam o que significa cada uma das
iniciais da sigla mas sim para darem exemplos de situações em que utilizaram essas
competências; o objetivo não é cognitivo mas reflexivo e para os pais se
consciencializarem de alterações que introduziram na relação com os filhos) e de
situações em que ficaram mais conscientes do seu papel como MODELOS. Se tiverem
elaborado folha de Princípios da última sessão, depois da discussão o codinamizador
distribui a folha (ou se preferir distribui antes da partilha e utiliza-os como ponte de
partida para essa).

2.2. Ligando com a atividade anterior o dinamizador recorda que uma das
características que o grupo atribui a um “bom patrão” e da FOICES é dar atenção positiva
frequente às coisas bem feitas. Pedir aos pais que em “duos” partilhem o que aconteceu
de positivo quando em casa, durante a semana, deram atenção positiva aos
comportamentos positivos identificados na primeira semana? E que dificuldades
sentirem em o fazer?

2.3. Partilhar colocando duas colunas no quadro com as vantagens de dar


atenção positiva ao comportamento. Depois discutir as dificuldades em o fazer – não
registar as dificuldades. Este exercício ajuda cada pai a explorar as suas próprias atitudes
de elogiar e a ver outras perspetivas. Também ajuda o dinamizador do grupo a
compreender alguns dos valores e atitudes que podem criar resistência aos pais a utilizar
o elogio.

36
O dinamizador, em função da lista realizada, pode comentar que muitas vezes, os pais
sentem-se inseguros sobre a forma e o momento em que devem elogiar os seus filhos.
Reconhecem que as crianças/adolescentes devem ser elogiadas por coisas especiais, mas
sentem que é desnecessário elogiar as coisas simples que elas fazem todos os dias. Estes
comportamentos são, muitas vezes, dados como certos. De facto, muitos pais acham que
as crianças “devem saber” comportar-se sem serem elogiadas ou recompensadas. Se o
comportamento positivo foi reforçado ou valorizado pelos pais é mais provável que ele
volte a acontecer. Mas se ele foi ignorado será menos provável que ele volte a ocorrer no
futuro. Consequentemente, nenhum comportamento deve ser tomado como certo, ou não
tardará a desaparecer. Por vezes, os pais têm receio de que o elogio em excesso seja mau.
Talvez pensem que, quando a criança/adolescente recebe muitos elogios, fique mimada
ou presunçosa, ou que passe a depender tanto de reforços exteriores que os peça a toda a
hora e precise cada vez de mais. De facto, o que é verdade é exatamente o contrário. As
investigações mostram que os pais bem sucedidos não poupam nos elogios e incentivos.
O que se passa é que as crianças/adolescentes que são elogiadas interiorizam o reforço
positivo e desenvolvem uma autoestima positiva, sentem-se competentes, confiantes e
parecem precisar menos de elogios. Elogiar é a forma de mostrarmos aos nossos filhos
que apreciamos os seus esforços e isso motiva-as para continuarem e contribui para
aumentar a qualidade da relação com eles e uma vinculação mais segura.

3. Tópico do dia
Dar “atenção positiva” aos comportamentos adequados do adolescente através do
“elogio”: salientar o que há de melhor nos nossos filhos

3.1.
1) Mostrar PROBLEMA 6 – OBEDECER ÀS ORDENS E FALAR DE FORMA EDUCADA COM
OS PAIS: O PROBLEMA DA MÚSICA ALTA
Introduzir a cena: antes de passar a cena referir que vão ver um pai e uma adolescente
em que este lhe dá uma ordem. Pedir aos pais que pensem em qual o comportamento que
o pai devia elogiar quando acontecer?

37
Processar cena:
1) Qual o comportamento que o pai devia elogiar quando acontecer?

2) SOLUÇÃO 1 - TIRAR-LHE A APARELHAGEM DA PRÓXIMA VEZ QUE ACONTECER


Introduzir a cena: Colocar a Solução 1 e antes pedir que reflitam sobre o risco de os pais
não equilibrarem o positivo e o negativo e de colocarem a sua atenção apenas na punição
do negativo?

O pai entra na cozinha ao voltar do trabalho. A música está de novo com o volume no
máximo.
Processar a cena:
1) Quais os riscos de o pai punir o comportamento negativo (desobedecer) antes de
começar a elogiar o comportamento positivo (obedecer)?
2) Mais algum risco?

Reflexão: O pai origina mais do que um problema ao agir de forma zangada com a filha
desde o princípio. Ele exige e ameaça em vez de ter uma conversa com ela. Ele criou as
condições para a resposta mal educada que teve da parte dela.
O castigo que ele lhe deu é demasiado severo e ao mesmo tempo demasiado vago. O pai
não lhe diz durante quanto tempo vai ficar sem a aparelhagem, nem a tinha avisado
antes que isso ia acontecer.

3.2. Opostos positivos: pedir ao grupo que identifique qual o


“comportamento negativo” que o pai quer ver reduzir (que a Joana ouça música alto); o
“comportamento positivo” contrário positivo que o pai quer ver acontecer? (que a Joana
ouça a música baixo?) Qual o elogio que lhe deve dar quando a vir a fazer isso?
Escrever em 3 colunas no quadro: o comportamento a alterar, o contrário positivo, o
elogio

3.3. OPOSTOS/CONTRÁRIOS POSITIVOS: Em “duetos” para os


comportamentos negativos que gostariam de ver reduzidos encontrar os
opostos/contrários (usar o termo mais fácil de ser apropriado pelos pais) positivos e o

38
elogio que vão fazer ao filho quando virem esse comportamento acontecer. Usar o folheto
“Registo de Comportamentos”. Cada dueto encontra 2 comportamentos, um indicado por
cada um dos elementos e em conjunto pensam nos opostos positivos e nos elogios.
Partilha escrevendo em 3 colunas no quadro: o negativo; o positivo; o elogio. No fim da
partilha analisem cada um dos elogios explicitando se contém as COMPONENTES do
elogio eficaz e, no caso de não conter, pedir alteração a quem formulou (para não se sentir
desqualificado) para reformular.

Exemplos de elogios

Elogios pouco específicos Elogios específicos

Isso mesmo Estou tão contente que tenhas dito “Obrigada”


Já é alguma coisa Fico orgulhoso quanto te esforças
Muito bem Conseguiste subir a nota porque te esforçaste
Fantástico Fico muito contente quando vens para a mesa
logo quando te chamo
Muito obrigado Muito obrigado por levantares o teu prato sem ser
preciso eu mandar
Excelente trabalho Excelente trabalho. É mesmo original.
Boa A apresentação do teu trabalho é muito criativa
Que giro Essa camisola dá-te um ar mais velho
Boa És mesmo persistente. Continuas a tentar.
Muito bem És um excelente amigo. Desculpaste o teu amigo
porque percebeste que foi um erro.

39
COMO TORNAR O ELOGIO MAIS EFICAZ1

O elogio é uma maneira importante de deixar que nossos filhos saibam o quanto
apreciamos os seus esforços. Quando as crianças/adolescentes recebem elogios e se
sentem valorizadas/os, elas/es ficam mais motivadas/os para se empenharem e
obedecerem.
Em média os pais elogiam os seus filhos uma vez a cada 90 minutos. A maioria dos pais
nesse mesmo período faz mais comentários negativos ou críticas. Para cada comentário
negativo, critica ou castigo que faça ou utilize esforce-se por fazer 4 elogios ou ter 4
interações positivas. Os pais mais eficazes usam elogios com muita frequência.

Vantagens do elogio eficaz:


• Faz com que o comportamento elogiado aumente (e o contrário negativo reduza)
• Ajuda a desenvolver uma autoestima positiva
• Ajuda as crianças/adolescentes a saberem o que os pais gostam
• As crianças/adolescentes adoram ser o centro da atenção positiva dos pais
• As crianças/adolescentes vão querer passar mais tempo com os pais
• No longo prazo, elogios frequentes aumentam a eficácia de outras coisas que os pais
fazem

Como usar:
1. Use elogios imediatamente. O elogio é mais eficaz se for dado o mais imediatamente
possível depois de o seu filho fazer que quer que ele faça mais vezes
2. Use um tom de voz sincero e entusiasta. Certifique-se de que seu filho sabe que gosta
do que está a fazer.
3. Seja específico. Isso permite que seu filho saiba exatamente o que gosta no que ele
está a fazer. Ser específico torna o elogio mais eficaz
4. Use sinais não verbais de aprovação. Pode duplicar a eficácia do seu elogio ao
acompanhá-lo com sorrisos, uma piscadela de olho, uma palmadinha nas costas, uma
festa no cabelo, dar um abraço ou um “high five” (dá cá mais cinco)

1
Pushak, Robert (s/d). Parenting wisely child. Parent Group Curriculum: Instructor’s Guide,
p. 107. OH: Parenting Wisely.
40
Existem três tipos de elogios que demonstraram ser particularmente eficazes para
ajudar as crianças/adolescentes a serem mais cooperativas e obedecerem:
• Isso (dizer o comportamento) foi mesmo muito inteligente ou uma boa ideia
• Eu sei que consegues ...
• És muito importante para mim (ou para a nossa família) porque…
Não precisa usar exatamente estas mesmas palavras. As pessoas tendem a ter os seus
próprios hábitos na forma como fazem e dizem as coisas. É uma boa ideia experimentar
diferentes maneiras de dar elogios, pois terá mais impacto se dissermos de forma
diferente.

3.4. Fazer uma dramatização: um faz de pai; outro faz de Joana; outro faz de
dinamizador para ajudar a seguir os passos identificados: “A Joana está com a música alta.
O pai vai ter com ela e numa voz calma diz o que quer ver acontecer “baixar o som”. A
Joana obedece e o pai faz-lhe um elogio específico.
Processar:
- o que foi eficaz neste elogio?
- quais as vantagens de o pai elogiar este comportamento da filha?

3.5. Autoelogio e elogiar os outros adultos


Fazer uma dinâmica de grupo sobre autoelogio e elogiar os outros adultos em que:
1º. Cada elemento identifica uma mudança que teve como pai/mãe nas últimas
semanas e pela qual merece ser autoelogiado: “Eu mereço elogiar-me porque desde
que comecei este programa….”
2º - De seguida esse mesmo elemento elogia o elemento com esteve a trabalhar em
“dueto” por uma característica positiva que tenha observado nas três sessões em que
já estiveram juntos
3º. O outro elemento deste duo identifica uma mudança que teve como pai/mãe nas
últimas semanas e pela qual merece ser autoelogiado: “Eu mereço elogiar-me porque
desde que comecei este programa….”

41
4º - De seguida esse mesmo elemento elogia o elemento com esteve a trabalhar em
“dueto”, e de quem já recebeu um elogio, por uma característica positiva que tenha
observado nas três sessões em que já estiveram juntos.
5º - Prosseguir para os outros duetos e proceder do mesmo modo, até que todos os
elementos do grupo se tenham autoelogiado e elogiado o colega do dueto.
Se antecipar que os pais vão ter dificuldade em realizar esta dinâmica modelar, antes
da dinâmica, com o codinamizador: autoelogio e elogios na sua dinamização do grupo
desde a 1ª sessão.

Cada membro recebe um RAP dos dinamizadores (papel dobrado) que abre e lê em voz
alta e assim introduzimos esta nova ferramenta para os pais usarem para aumentar o
comportamento positivo (os dinamizadores trazem preparados para a sessão 3 um RAP
para cada elemento do grupo onde os elogiam por uma mudança positiva que viram
acontecer desde o início do programa). Apresentar os RAP de seguida aos membros do
grupo.

3.6. Os RAP: Relatório de Acontecimentos Positivos


Os pais são “detetives de bom comportamento” e quando apanharem o adolescente a fazer
algo positivo que raramente faz, escrevem uma NOTA POSITIVA e deixam-na num local
que sabem que o adolescente vai ver (debaixo da almofada; em cima do prato ao jantar;
dentro do bolso do casaco; ...; não colocar em sítios em que se o adolescente tirar à frente
de outros correr o risco de ser gozado – por exemplo se ao abrir a mochila cair no chão e
um colega na escola ler...).
No primeiro mês usar continuamente. Depois começar a usar intermitentemente: tal
como as máquinas de moedas dos casinos.

42
Comportamentos que podem ser objeto de RAP:

ESCOLA ARTES
4 ou 5 num teste Escreve uma letra de música
Faz os TPC sem o mandarem Desenha algo expressivo
Estuda concentrado Participa numa peça

TAREFAS RELAÇÃO
Faz as suas tarefas sem lhe pedirem Ouve quando alguém partilha os
problemas
Arranja um pequeno “trabalho”
Ajuda o irmão ou irmã
Participa numa visita a um
lar/instituição
Faz voluntariado

DESPORTO LIDAR COM STRESSE


Experimentou um desporto novo Foi rejeitado mas falou sobre isso
Jogou bem apesar de terem perdido Não perdeu a calma num momento de
tensão

FEZ ALÉM DA OBRIGAÇÃO USOU AUTOCONTROLO


Ajudou a cozinhar Evitou uma luta
Fez algo não esperado Tirou um tempo para acalmar

EU VI
!!!

RAP: RELATÓRIO DE ACONTECIMENTOS POSITIVOS

PARA:
ASSUNTO: Ganhaste este RAP porque eu vi que tu
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
ÉS FANTÁSTICO Dia
Assinatura (pai/mãe)

43
4. Objetivos para a semana e atividades em casa: desafios da semana
4.1. Pedir a cada pai que escolha um comportamento positivo que seja o oposto
negativo do que quer ver reduzir e elogie-o sistematicamente cada vez que esse
comportamento ocorrer durante a semana. Por exemplo fazer TPC sem ser preciso
mandar, pôr roupa suja no cesto, partilhar coisas com os outros, só ligar a TV à hora
combinada, fazer a cama ... Pedir a cada pai que escreva o comportamento que vai
elogiar essa semana na capa dos objetivos “Elogiar …..”.
Pedir que usem RAP associados a esses elogios.
4.2. Pedir que escrevam um comportamento positivo do companheiro/marido ou da
companheira/mulher (ou de uma outra pessoa com quem eduquem a
criança/adolescente) e de um/a professor/a e que elogiem nessa semana.
4.3. Designar os pares que vão telefonar um ao outro. Cada par mantém-se durante
duas semanas e depois trocam – quem faz o telefonema é que tem 1 ponto de
recompensa. Pares constituídos com base em afinidades: filhos na mesma escola;
problemas comuns; complementaridade no temperamento (alguém tímido com
alguém extrovertido, …).

Distribuir os folhetos (Como Tornar o Elogio Mais Eficaz; Elogiar-me e aos Outros) e
folhas com RAP para serem preenchidos.

5. Avaliação da sessão
- Os pais preenchem o objetivo para a semana e a folha de avaliação da sessão que colocam
dentro da pasta onde se encontra a folha dos objetivos

6. Encerramento

- Avaliação da sessão pelo dinamizador e codinamizador: os dinamizadores devem no fim


da sessão preencher a checklist de automonitorização do facilitador

44
REGISTO DE COMPORTAMENTO

Comportamentos que Comportamentos Elogio específico


quero ver cada vez positivos opostos que
(por ex. Gostei de te ver a
menos: (por ex., gritar) quero ver cada vez
falar com um tom de voz
mais: (por ex., falar
baixo)
baixo)

45
COMO TORNAR O ELOGIO MAIS EFICAZ2
O elogio é uma maneira importante de deixar que nossos filhos saibam o quanto
apreciamos os seus esforços. Quando as crianças/adolescentes recebem elogios e se
sentem valorizadas/os, elas/es ficam mais motivadas/os para se empenharem e
obedecerem.
Em média os pais elogiam os seus filhos uma vez a cada 90 minutos. A maioria dos pais
nesse mesmo período faz mais comentários negativos ou críticas. Para cada comentário
negativo, critica ou castigo que faça ou utilize esforce-se por fazer 4 elogios ou ter 4
interações positivas. Os pais mais eficazes usam elogios com muita frequência.

Vantagens do elogio eficaz:


• Faz com que o comportamento elogiado aumente (e o contrário negativo reduza)
• Ajuda a desenvolver uma autoestima positiva
• Ajuda as crianças/adolescentes a saberem o que os pais gostam
• As crianças/adolescentes adoram ser o centro da atenção positiva dos pais
• As crianças/adolescentes vão querer passar mais tempo com os pais
• No longo prazo, elogios frequentes aumentam a eficácia de outras coisas que os pais
fazem

Como usar:
1. Use elogios imediatamente. O elogio é mais eficaz se for dado o mais imediatamente
possível depois de o seu filho fazer que quer que ele faça mais vezes
2. Use um tom de voz sincero e entusiasta. Certifique-se de que seu filho sabe que gosta
do que está a fazer.

2
Pushak, Robert (s/d). Parenting wisely child. Parent Group Curriculum: Instructor’s Guide,
p. 107. OH: Parenting Wisely.
46
3. Seja específico. Isso permite que seu filho saiba exatamente o que gosta no que ele
está a fazer. Ser específico torna o elogio mais eficaz
4. Use sinais não verbais de aprovação. Pode duplicar a eficácia do seu elogio ao
acompanhá-lo com sorrisos, uma piscadela de olho, uma palmadinha nas costas, uma
festa no cabelo, dar um abraço ou um “high five” (dá cá mais cinco)

Existem três tipos de elogios que demonstraram ser particularmente eficazes para
ajudar as crianças/adolescentes a serem mais cooperativas e obedecerem:
• Isso (dizer o comportamento) foi mesmo muito inteligente ou uma boa ideia
• Eu sei que consegues ...
• És muito importante para mim (ou para a nossa família) porque…
Não precisa usar exatamente estas mesmas palavras. As pessoas tendem a ter os seus
próprios hábitos na forma como fazem e dizem as coisas. É uma boa ideia experimentar
diferentes maneiras de dar elogios, pois terá mais impacto se dissermos de forma
diferente.

47
ELOGIAR-ME E AOS OUTROS

EU
Elabore uma lista de coisas pelas quais se deve auto-elogiar. Exemplos
Ter a casa arrumada
Bater à porta do quarto do meu filho antes de entrar
Não dizer mal dos professores e da escola à frente dos meus filhos
Fazer refeições saudáveis para a minha família
Não dizer palavrões à frente dos meus filhos
Não discutir à frente dos meus filhos
Ter a roupa que o meu filho me pediu lavada e passada para ele levar

OUTROS ADULTOS
CÔNJUGE
Cada cônjuge faz uma lista de coisas que gostaria que o outro lhe fizesse.
Penduram essas listas e todos os dias cada um procura fazer ao outro uma
das coisas que está na lista dele/a.
Exemplos:
Perguntar como me correu o dia e ouvir-me
Ouvir música romântica antes de adormecermos
Dar-me a mão quando vamos passear
Arranjar alguém que fique com os nossos filhos e irmos sair
Deixar-me uma noite trabalhar até tarde
Corrigir os TPC enquanto faço o jantar
Sair com os nossos filhos para eu dormir até tarde num dia do fim de semana

PROFESSORES/OUTROS PROFISSIONAIS
Elogiar os professores por comportamentos específicos
Exemplos
Ser justo para o meu filho
Ser simpático para mim e não me culpar
Dizer-me o que o meu filho tem de positivo

48
Ajudar o meu filho a aprender coisas novas
Ajudar o meu filho a dar-se com os outros colegas
Dar-me sugestões sobre como posso ajudar o meu filho
Tornar a sala um lugar agradável
Ajudar o meu filho a sentir-se bem consigo mesmo
Ensinar competências sociais ao meu filho
Tentar modificar o comportamento do meu filho adequadamente
Manter-me informado sobre o currículo

EU VI
!!!

RAP: RELATÓRIO DE ACONTECIMENTOS POSITIVOS

PARA:

ASSUNTO: Ganhaste este RAP porque eu vi que tu


_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____
ÉS FANTÁSTICO/A Dia
Assinatura (pai/mãe)

49
EU VI
!!!

RAP: RELATÓRIO DE ACONTECIMENTOS POSITIVOS

PARA:

ASSUNTO: Ganhaste este RAP porque eu vi que tu


_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____
ÉS FANTÁSTICO/A
Dia
Assinatura (pai/mãe)

50
PROGRAMA MAIS FAMÍLIA MAIS JOVEM

DESAFIOS DA SEMANA – SESSÃO 3

 Escolha um comportamento que gostaria que o seu filho/a sua filha tivesse mais
vezes, e que seja o “oposto positivo” de um que quer ver reduzir, e elogie-o/a
sistematicamente cada vez que esse comportamento ocorrer durante a semana.
(Por exemplo: fazer os TPC sem ser preciso mandar, pôr roupa suja no cesto,
partilhar coisas com os outros, só ligar a TV à hora combinada, fazer a cama...).
Escreva o comportamento que vai elogiar esta semana:
____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

 Use um RAP - Relatório de Acontecimentos Positivos para esse comportamento

 Escreva um comportamento do pai/da mãe do seu filho/da sua filha que vai elogiar
esta semana (ou da sua companheira/do seu companheiro ou de uma outra pessoa
com quem educa o seu filho/a). Pode também usar um RAP
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

 Escreva um comportamento de um professor/uma professora do seu filho/da sua


filha que vai elogiar esta semana. Pode também usar um RAP
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

 Não se esqueça de telefonar/contactar ao outro elemento do grupo, se for a sua


vez.

51
Eu vi

RAP: Relatório de Acontecimentos Positivos


PARA:
ASSUNTO: Ganhaste este RAP porque eu vi que tu
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________

ÉS FANTÁSTICO!

Assinatura: Dia:

…………………………………………………………………………………………………………………………

Eu vi

RAP: Relatório de Acontecimentos Positivos


PARA:
ASSUNTO: Ganhaste este RAP porque eu vi que tu
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________

ÉS FANTÁSTICO!

Assinatura: Dia

52
SESSÃO 04

A COMUNICAÇÃO POSITIVA - ESCUTA ATIVA & MENSAGENS EU:


A RESTABELECER O AFETO E SALIENTAR O QUE DE MELHOR TÊM OS
NOSSOS FILHOS

01. Boas-vindas.

02. Revisão dos princípios discutidos na última sessão e da sua aplicação em casa
durante a semana: os objetivos e desafios da última semana

03. Tópico do dia Comunicação Positiva: “Escuta Ativa” & “Mensagens Eu"
04. Objetivos para a semana e atividades em casa: os desafios da semana

05. Avaliação da sessão pelos pais

06. Encerramento

53
1. Boas-vindas
- O dinamizador dá as boas vindas e elogia os membros do grupo por estarem à hora
marcada para a sessão. Faz passar um saco com os nomes para a atribuição de
recompensas concretas ou pontos.

2. Última sessão e aplicação dos princípios em casa


- Partilha sobre a realização dos desafios da semana, fazendo a ponte com os princípios
da sessão anterior (distribuir folha de Princípios se houver), com a seguinte ordem:
1º) Como foi dar elogios ao filho e o que aconteceu com o comportamento que começaram
a elogiar. Dificuldades? Como as ultrapassaram?
2º) O que é que os RAP vieram acrescentar ao elogio. Desafios?
3º) Como foi dar elogios aos conjugues ou a uma outra pessoa que com eles partilha a
educação da criança/jovem. O que é que a reação deles indica?
4º) Como deram elogios a um ou mais professores. Dificuldades? Como as ultrapassaram?
Distribuir a

- Faça uma dramatização espontânea, se necessário, com sugestões do grupo


para ultrapassar dificuldades que um dos membros tenha sentido e com as quais não
conseguiu lidar: por exemplo, a rejeição do elogio pelo outro (e neste caso praticar que
nesse momento se ignora esse comportamento de rejeição e que mais tarde continua-se
a elogiar, pois quem mais rejeita é quem mais precisa de elogios)
- Pergunte sobre os telefonemas/contactos com o seu par
- Recompense

54
3. Tópico do dia: Comunicação positiva com os adolescentes: “escuta ativa” e
“mensagens EU”

3.1.Chuva de ideias:
3.1.1. Vantagens
Quais as vantagens de os pais, quando conversam com os adolescentes sobre algo que os
preocupa ou sobre um problema, o fazerem de forma calma, mostrando que
compreendem o que o adolescente lhes está a dizer mas também, e ao mesmo tempo,
fazendo-o saber o que estão a sentir, sem o julgar ou culpar? Algumas das vantagens a que
podem chegar são:
- não assumir o pior sobre os motivos dos adolescentes mostra-lhes que valorizam a
opinião deles;
- ao mostrar que ouvem os adolescentes isso fá-los sentir compreendidos e por isso
aumenta a probabilidade de colaborarem num plano a que cheguem em conjunto;
- não julgar modela não julgamento contribuindo para o desenvolvimento de
adolescentes mais pró-sociais nas relações com outros adultos e pares;
- aumenta a probabilidade de os adolescentes falarem mais com os pais sobre as suas
dificuldades e problemas;
- aumenta a qualidade da relação e contribuir para uma vinculação segura.

3.1.2. Barreiras
De seguida perguntar: se ouvir e falar de forma positiva com os adolescentes tem tantas
vantagens, o que impede os pais de o fazerem mais vezes? Algumas das barreiras a que
podem chegar são:
- face a um problema ficam tão zangados ou desesperados que reagem em vez de agir de
forma calma;
- assumem as razões negativas dos adolescentes: mentir; manipular; preguiça;
desinteresse;
- não sabem como o fazer;
- cansaço;
- características temperamentais do adolescente: desafiador; impulsivo; ...

55
3.2. Mostrar (no vídeo clip do Problema 4 do programa Parenting Wisely:
Young Child Edition disponibilizado durante a formação)

1) PROBLEMA 4 – Trabalhos de casa e más notas


CENA: O pai e o Michael estão na cozinha
Introduzir a cena: O pai está a conversar com o Michael sobre como estava a correr a
escola e o filho diz-lhe que está tudo a correr bem. O pai vê o boletim de notas do Michael
na mochila e tira-o enquanto o Michael vai buscar água. Vê que baixou as notas a 3
disciplinas e que não tem feita as tarefas e os trabalhos de casa.
Perguntar aos pais:
- Como é que o pai se está a sentir?
- Qual o risco de não procurar compreender a versão do filho sobre o que está a acontecer
e ter uma conversa positiva com ele sobre as razões para que isso esteja a acontecer, na
qual o Michael se sinta escutado e compreendido e o pai consiga explicitar o que está a
sentir de forma clara e positiva?

2) Mostrar a SOLUÇÃO 1 –
Repreender o Michael e pô-lo de castigo até melhorar as notas.
Introduzir a cena: O pai pensa que o filho lhe está a mentir. Repreende-o e põe-o de
castigo até que ele melhore as notas. Pedir aos pais que estejam atentos ao que as
“acusações” de mentira fazem o filho sentir e quais as implicações dessas acusações?
Processar a cena:
- Qual o comportamento que o pai quer ver aumentar no filho?
- Quais as implicações que tem para a relação futura entre o pai e o filho o pai ter acusado
o filho de ele lhe ter mentido e não escutar a opinião dele sobre a situação?
- Como é que o pai poderia ter dito ao filho o que estava a sentir, motivando-o a partilhar
e a mudar? (Mensagens Eu)
- E como é que o pai poderia, nessa conversa, mostrar ao filho que o estava a ouvir e a
compreender o que eles dizia? (Escuta ativa)
Narrador: O pai assume o pior a respeito dos motivos do Michael e exagera na reação. Ele
pensa que o Michael o enganou deliberadamente. O pai zanga-se, o que o faz gritar e

56
ameaçar o Michael. É preciso muita prática e esforço para não ter reações exageradas face
ao comportamento das crianças. É errado chamar nomes às crianças. Chamar nomes
magoa a autoestima de uma criança e é com frequência uma memória dolorosa, mesmo
muito depois de as palavras terem sido ditas. O pai chama mentiroso ao Michael. Seria
melhor se o pai usasse uma "MENSAGEM-EU" para dizer ao Michael como se sente quando
pensa que está a ser enganado. O pai pensar o pior magoa o Michael e prejudica a sua
relação pai-filho. A autoestima de um rapaz depende muito do que o pai pensa dele. O pai
desperdiça a oportunidade de perceber porque é que as notas do Michael são baixas, ao
não lhe perguntar a sua versão da história. Pôr o Michael de castigo não lhe dá o apoio ou
a estrutura necessários para o ajudar a melhorar as notas.

3) Mostrar a Primeira parte da SOLUÇÃO 3 –


Conversar com o Michael sobre as notas e fazerem um plano.
Introduzir a cena: O pai conversa com o Michael sobre as notas e fazem um plano. Vejam
como é que o pai mostra ao Michael que compreende o que ele lhe está a dizer e como é que
mostra ao filho o que está a sentir com a situação.
Processar a cena:
- Como é que o pai se mantém calmo em vez de reagir a “quente” como fez na solução
anterior? (Usa “pensamentos calmantes”: Estou zangado, mas tenho de manter a calma e
de lhe dizer como isto me fez sentir."; Reenquadra a situação procurando outras razões:
"Talvez ele não perceba bem os prazos dos trabalhos de casa ou as tarefas que tem de
fazer." "Não é a criança mais organizada do mundo." "Como eu, quando tinha a idade
dele...)
- Como é que o pai diz ao filho o que está a sentir, sem o acusar? (Usa uma mensagem Eu:
“Eu confesso que estou um pouco desapontado por algumas das notas terem baixado”)
- E como é que o pai nesta conversa mostrar ao filho que o está a ouvir e a compreender o
que ele lhe diz? (Usa Escuta ativa ao procurar identificar o que ele lhe está a dizer:
Também estás surpreendido por as tuas notas terem baixado)
- Porque é que foi importante o pai ter ignorado quando o filho lhe disse “Está bem, mas
não me envergonhes!” depois de o pai ter dito que quer ir falar com a professora? (Porque
o importante é o pai fazer o filho saber que valoriza a comunicação com a escola e com a
professora e que vai supervisionar; e porque quando o filho diz isso não é porque tenha
vergonha do pai, não é algo de pessoal com o pai, mas porque se sente inseguro)

57
Narrador: O pai pensa em várias razões para o Michael estar a ter problemas e prepara a
conversa a ter com ele. Ele não assume automaticamente o pior sobre os motivos do
Michael e aborda o filho com calma. Não se precipita a julgar o Michael, dado que se
lembra de como também era naquela idade. O pai pensa bem no plano antes de reagir. Ao
usar uma MENSAGEM-EU e ESCUTA ATIVA, o pai estabelece uma boa comunicação e
envolve o Michael na definição de um plano que ajude a resolver o problema. O pai diz ao
Michael que se sente desapontado e em seguida repete o que o Michael disse de como
ficou surpreendido com as notas. Esta abordagem calma encoraja o Michael a ouvir o que
o pai tem a dizer e a cooperar.
Nota: Informar os pais que a segunda parte da solução, quando o pai vai à escola com o
Michael encontrar-se com a professora , vai ser visionada na próxima sessão em que o
tópico são a utilização de recompensas para motivar os adolescentes a mudar, pois o pai
vai utilizar recompensas, sob a forma de sistema de pontos, com o Michael e vai envolver
a professora nesse plano.

3.3. ESCUTA ATIVA


- A Escuta Ativa é empregue quando queremos demonstrar a outra pessoa que lhe
estamos realmente a prestar atenção. Desta forma, a pessoa sentir-se-á importante,
e saberá que nos interessamos por ela e pelo que diz. Use a Escuta Ativa com os
seus filhos sempre que possível. É particularmente útil quando estão zangados e a
precisar da sua atenção e compreensão. Ficarão mais predispostos a falar consigo
no futuro se usar a Escuta Ativa com frequência.

Vantagens
 Faz com que a outra pessoa saiba que a está a escutar atentamente
 Aumenta o respeito dos outros por si
 Reduz os mal-entendidos
 Aumenta o apoio que dá aos seus filhos
 Ajuda todos a pensar mais positivamente sobre as coisas

Como usar:
1.Escute com atenção o que a outra pessoa está a dizer enquanto a olha
nos olhos.

58
2. a) Repita com as suas próprias palavras o que a pessoa disse
ou
b) Deduza o significado do que lhe foi dito e transmita-o
ou
c) Diga à pessoa o que acha que ela está a sentir
3. Continue com os passos 1 e 2 depois de ela dizer algo mais

3.3.1. Praticar:
1. Criança (entusiasmada): “Vai chegar um grande filme este fim de semana aos
cinemas e todos meus amigos vão vê-lo.”

- Divida os pais em 3 grupos e peça-lhes que usem ESCUTA ATIVA, escrevendo o que
diriam, dando as seguintes instruções:
Grupo 1) faz escuta ativa repetindo com as próprias palavras
Grupo 2) faz escuta tentando adivinhar o significado
Grupo 3) faz escuta ativa tentando adivinhar os sentimentos que estão por detrás da
afirmação
Algumas das frases a que os pais poderão chegar são:
Grupo 1) “Então vai chegar brevemente aos cinemas um filme que achas que é bom e os
teus amigos estão a planear ir vê-lo”.
Grupo 2) “Queres ir com os teus amigos este fim de semana ver um filme novo”.
Grupo 3) “Pareces muito entusiasmado com esse filme novo. Parece que gostavas mesmo
de ir vê-lo com os teus amigos”.

2. Repetir com outra situação: Criança: (suspirando): “ A Sara mudou de ideias


sobre eu passar a noite na casa dela. Em vez disso vai para casa da Ana e eu não fui
convidada.”
Os grupos trocam de papéis (quem repetiu vai tentar adivinhar o significado; quem tentou
adivinhar significado vai adivinhar sentimentos; quem adivinhou sentimentos vai repetir)
Grupo 3) (repetindo com as suas próprias palavras): “Então a Sara cancelou os planos que
tinha contigo. E fez outros planos com a Ana que não te incluem.”

59
Grupo 1) (tentando adivinhar o significado): “A Sara portou-se mal contigo e deixou-te
sem planos para à última da hora ”.
Grupo 2) (tentando adivinhar os sentimentos que estão por detrás da afirmação):
“Imagino que estás muito magoada com a Sara. Ela não só mudou de planos, como nem
sequer tentou envolver-te nos novos planos convidando-te. Eu também ficaria muito
desiludida.”

3.4. MENSAGENS EU
- Objetivos do uso das mensagens EU e as 3 componentes destas mensagens
 O grande objetivo das mensagens Eu é transmitirmos aos outros o que estamos a
sentir sem colocar a culpa neles e assim aumentando a probabilidade de nos
ouvirem. Uma mensagem Eu, tal como o nome indica, começa sempre por EU e
clarifica o que o comportamento da outra pessoa me faz sentir e pensar.
 São muito úteis para evitar que se envolva numa discussão com outra pessoa
(incluindo com os nossos filhos), cujo comportamento o está a irritar ou a
descontrolar.
 Enunciam: o que estamos a pensar + o que estamos a sentir + as razões que me
fazem sentir assim
VANTAGENS
 - Permite a outra pessoa saber o que queremos;
 - Evita discussões e reduz interpretações erradas;
 - Permite-nos dizer de forma calma o que estamos a sentir com o comportamento
de alguém;
 - Resulta em maior cooperação da parte dos outros, incluindo os nossos filhos;
 - Os pais estão a modelar esse comportamento nos filhos e assim a aumentar as
suas competências de interação social e a reduzir a probabilidade de
comportamentos negativos.
O QUE CONTÊM
- O que estamos a sentir sobre o comportamento;
- O comportamento específico que nos está a aborrecer;
- Sugere o que queremos ver acontecer da próxima vez;
- Pode (opcional) incluir uma consequência negativa (punição) quando o
comportamento voltar a acontecer

60
“Eu sinto-me ……………quando tu ……….. . Da próxima vez gostava que……….. . Se voltar a
acontecer, então…………….”

3.41. Praticar: Em grande grupo transformar uma mensagem tu


numa mensagem eu:
- escrever o quadro a mensagem seguinte e pedir aos pais que a transformem numa
mensagem eu (no quadro estão registadas as 4 componentes que estas mensagens
devem ter para que os pais possam acrescentar o que falta: 1) O que sente...2) O
comportamento que o faz sentir isso.....3) A mudança a acontecer.....4) A consequência se
essa mudança não acontecer....)
1. “Nunca fazes as coisas quando te peço. És impossível.”
“Eu sinto-me muito zangada (O QUE SENTE) quando te peço para fazeres uma coisa e
tenho que te dizer quatro ou cinco vezes (O COMPORTAMENTO QUE A ABORRECE). Eu
quero que faças as coisas a primeira vez que te digo (QUE MUDANÇA QUER VER).” Se
voltar a acontecer então nesse dia não tens autorização para ligar a net (CONSEQUÊNCIA
NEGATIVA/PUNIÇÃO).

3.4.2. Formular uma mensagem EU


1) Manter os pais organizados nos três grupos para formularem uma mensagem
EU e depois cada grupo escolhe um elemento que apresenta a mensagem ao grupo: ter
as seguintes componentes escritas no quadro (se tiver um grupo pequeno faça apenas
dois grupos):
1º Identificar o que está a sentir (zangada, frustrada, preocupada, triste).
2º Identificar o que a faz sentir assim (bater e chamar nomes, não saberem escolher à
vez o canal de T).
3º Indique o que quer ver acontecer (as vossas discussões e lutas têm de acabar, vocês
têm de chegar a um acordo e mantê-lo).
4º Indique as consequências se esse comportamento continuar (desliga a TV e só volta a
ligar quando chegarem a um acordo).
2) Distribua a cada grupo uma das quatro situações seguintes, (escolha em
função das características do seu grupo), e peça aos pais que criem uma Afirmação na

61
Primeira Pessoa para cada uma delas (os dinamizadores vão apoiando os grupos
durante a atividade. Estas situações estão impressas e distribui o folheto com a
mensagem a reformular e os quatro passos:
1. Concordou deixar o Pedro ir a uma festa desde que ele se comprometesse a
chegar a casa à 1:00. À 1:45 o Pedro regressa e gritou-lhe que teve de voltar cedo
demais e que foi o primeiro a sair da festa.
Usando os quatro passos das Afirmações na Primeira Pessoa, o que diria ao
Pedro?
Eu sinto-me __________________quando tu__________________________.
Da próxima vez, eu gostaria que_____________________________________ . Se isto voltar a
acontecer, eu terei de_____________________________.

2. A Jéssica de 15 anos chega a casa depois das aulas e anuncia que vai a uma festa
com o Sérgio, um aluno mais velho que não terminou o ensino secundário e que é
conhecido por consumir drogas. Quando lhe começa a levantar objeções ela grita
“Nunca me deixas fazer nada!”
AGORA, usando os quatro passos, o que diria exatamente à Jéssica?
Eu sinto-me __________________quando tu__________________________.
Da próxima vez, eu gostaria que_____________________________________ . Se isto voltar a
acontecer, eu terei de_____________________________.

3. As tarefas do Raúl em casa são manter o quarto arrumado, arrumar a louça que
está na máquina e passear o cão. Ultimamente ele tem-se esquecido de arrumar a
louça, mesmo depois de ser chamado à atenção várias vezes
AGORA, usando os quatro passos, o que diria exatamente ao Raúl?
Eu sinto-me __________________quando tu__________________________.
Da próxima vez, eu gostaria que_____________________________________ . Se isto voltar a
acontecer, eu terei de_____________________________.

62
4. Descobre que a sua filha Catarina tirou dinheiro do seu porta-moedas. Tinham
conversado sobre a hipótese de lhe emprestar algum dinheiro quando ela há dias
referiu que precisava para comprar algumas coisas.
Usando estes quatro passos, o que diria à Catarina?
Eu sinto-me __________________quando tu__________________________.
Da próxima vez, eu gostaria que_____________________________________ . Se isto voltar a
acontecer, eu terei de_____________________________.

4. Objetivos para a semana e atividades em casa: desafios da semana


- Pedir que usem Escuta Ativa e Mensagens Eu quando estiverem a conversar com o
filho/filha
- Pedir que usem Escuta Ative e Mensagens Eu quando conversarem com os professores
na escola (e se quiserem com colegas no seu local de trabalho).

- Manter os pares para os telefonemas e recordar a importância de os fazerem

5. Avaliação da sessão
- Preenchem a capa com os objetivos para a semana
- Os pais preenchem a folha de avaliação da sessão que colocam dentro da pasta onde se
encontra a folha dos objetivos.

- Distribuir os folhetos “Recompensas” e “Escuta Ativa”

6. Encerramento
- Avaliação da sessão pelo dinamizador e codinamizador: os dinamizadores devem no fim
da sessão preencher a checklist de automonitorização do facilitador

63
ESCUTA ATIVA
A Escuta Ativa é empregue quando queremos demonstrar a outra pessoa que lhe
estamos realmente a prestar atenção. a. Desta forma, a pessoa sentir-se-á
importante, e saberá que nos interessamos por ela e pelo que diz. Use a Escuta Ativa
com os seus filhos sempre que possível. É particularmente útil quando estão
zangados e a precisar da sua atenção e compreensão. Ficarão mais predispostos a
falar consigo no futuro se usar a Escuta Ativa com frequência.
Vantagens
 Faz com que a outra pessoa saiba que a está a escutar atentamente
 Aumenta o respeito dos outros por si
 Reduz os mal-entendidos
 Aumenta o apoio que dá aos seus filhos
 Ajuda todos a pensar mais positivamente sobre as coisas
Como usar:
1.Escute com atenção o que a outra pessoa está a dizer enquanto a olha
nos olhos.
2. a) Repita com as suas próprias palavras o que a pessoa disse
ou
b) Deduza o significado do que lhe foi dito e transmita-o
ou
c) Diga à pessoa o que acha que ela está a sentir
3. Continue com os passos 1 e 2 depois de ela dizer algo mais

USE ESCUTA ATIVA DA PRÓXIMA VEZ QUE O SEU FILHO VIER CONTAR-LHE ALGUMA
COISA. VEJA DURANTE QUANTO TEMPO CONSEGUE ESPELHAR O QUE ELE DIZ E
REPARE COMO ELE GOSTA DE ESTAR A FALAR CONSIGO

64
AFIRMAÇÕES NA PRIMEIRA PESSOA
MENSAGENS EU

As Afirmações na Primeira Pessoa são muito úteis quando está aborrecido ou


magoado com o que alguém está a fazer. São uma forma de o comunicar à outra
pessoa sem entrar em discussões. As Afirmações na Primeira Pessoa expressam
os seus pensamentos, o que está a sentir e porque se sente desse modo.
Geralmente começam com a palavra “eu”.
Se seguir os passos desta estratégia reduz a probabilidade de deixar que as suas
emoções destruam a eficácia da sua mensagem.

Vantagens

 Faz com que a outra pessoa saiba o que quer.


 Evita discussões e reduz os mal-entendidos.
 Permite-lhe dizer calmamente o que acha do comportamento da
outra pessoa.
 Resulta numa melhor colaboração por parte dos outros.

Como usar:
1. Diga como VOCÊ se sente relativamente ao comportamento.
2. Refira o comportamento específico que o incomoda.
3. Sugira o que deseja que aconteça da próxima vez.
4. (opcional) Avise qual a consequência específica (punição) se o

65
comportamento continuar.

Exemplos
1. “Eu fico preocupada e zangada quando vens tarde e não me
telefonas. Eu quero que me telefones para que eu saiba onde estás.
Se da próxima vez não fizeres isso, ficas de castigo e não sais
durante o fim de semana”.
2. “Eu fico magoada quando me chamas nomes. Quero que isso pare.
Se continuares a chamar-me nomes deixo de te ajudar nas tuas
tarefas em casa.”
3. “Eu sinto-me frustrada quando tenho de te pedir quatro ou cinco
vezes para ires levar o lixo e eu não gosto de estar a implicar
contigo. Eu quero que vás levar o lixo quando te pedir a primeira
vez”.

66
PROGRAMA MAIS FAMÍLIA MAIS JOVEM

DESAFIOS DA SEMANA – SESSÃO 4

 Use “escuta ativa” e “mensagens Eu” com o/a seu/sua filho/a e com outros
adultos (professores; colegas de trabalho)

Exemplos de Mensagens EU que utilizei:


_____________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

 Continue a usar elogios. Mantenha-se calmo/a.

 Se for a sua vez, não se esqueça de contactar o seu par do grupo

67
SESSÃO 05

RECOMPENSAS & RELAÇÃO COM A ESCOLA:


RESTABELECER O AFETO E SALIENTAR O QUE DE MELHOR TÊM OS NOSSOS
FILHOS

01. Boas-vindas.
02. Revisão dos princípios discutidos na última sessão e da sua aplicação em casa
durante a semana: os objetivos e desafios da última seman
03. Tópico do dia “Recompensas” e “Relação com a Escola”
04. Objetivos para a semana e atividades em casa: os desafios da semana
05. Avaliação da sessão pelos pais
06. Encerramento

68
1. Boas-vindas
- O dinamizador dá as boas vindas e elogia os membros do grupo por estarem à hora
marcada para a sessão. Faz passar um saco com os nomes para a atribuição de
recompensas concretas ou pontos.

2. Última sessão e aplicação dos princípios em casa


- Partilha sobre a realização dos desafios da semana, fazendo a ponte com os princípios
da sessão anterior (distribuir folha de Princípios se houver), com a seguinte ordem:
1º) Como foi utilizar Escuta Ativa com o/a filho/a. Mudanças na comunicação daí
resultantes? Dificuldades? Como as ultrapassaram?
2º) Como foi utilizar Mensagens Eu com o/a filho/a. Mudanças na comunicação daí
resultantes? Dificuldades? Como as ultrapassaram?
3º) Como foi usar essas duas estratégias de comunicação positiva com os conjugues ou a
uma outra pessoa que com eles partilha a educação da criança/jovem. O que é que a
reação deles indica?
4º) E no local de trabalho usaram? Mudanças daí resultantes?

- Faça uma dramatização espontânea, se necessário, com sugestões do grupo


para ultrapassar dificuldades que um dos membros tenha sentido e com as quais não
conseguiu lidar

- Pergunte sobre os telefonemas/contactos com o seu par


- Recompense

3. Tópico do dia
a. RECOMPENSAS
Dar “atenção positiva” aos comportamentos dos nossos filhos que queremos
aumentar

69
O dinamizador recorda que nas sessões temos usado recompensas concretas (imediatas
ou com pontos para trocar) para comportamentos que queremos ver acontecer cada vez
mais vezes: chegar a horas, fazer as atividades de casa e os telefonemas/contactos durante
a semana. Essas recompensas têm a capacidade de aumentar em nós a motivação para
nos empenharmos porque são uma forma de atenção positiva, de o dinamizador mostrar
que ficou satisfeito por os pais terem cumprido e que quer continuar a ver esse
comportamento a acontecer. Dizer que hoje vamos falar exatamente desse
comportamento dos pais “positivos”: o uso de RECOMPENSAS CONCRETAS.
Recompensas concretas (prémios).

3.1.1.Chuva de ideias:
O dinamizador coloca a questão – Que comportamentos dos nossos filhos queremos ver
aumentar?
Recordam os “opostos positivos” que identificaram na última sessão (formular na
positiva)
 Levantar-se de manhã quando o chamam
 Estar pronto à hora combinada para ir para escola
 Fazer os TPC com a TV desligada
 Fazer os TPC sem ser preciso mandarem-no
 Fazer os TPC à hora combinada
 Tomar duche todos os dias
 Jogar pelo menos um jogo por dia com o irmão na Play-Station
 Emprestar o PSP (Play Station Portátil) durante meia hora por dia
 Vir para casa à hora combinada
 Se estiver atrasado avisar
 Pedir sempre autorização para alterar algo que estava combinado fazer

Este exercício ajuda cada pai a centrar-se em comportamentos específicos e que


queremos ver aumentar (POR ISSO TÊM DE SER FORMULADOS NA POSITIVA). Também
ajuda o dinamizador do grupo a compreender alguns dos valores e atitudes que podem
impedir a utilização eficaz de recompensas, nomeadamente se os pais estão a ser realistas,

70
ou seja, se estão a ser demasiado ambiciosos e a não considerar os pequenos passos que
têm de ser recompensados antes do comportamento final; ou se estão a ser demasiado
ambiciosos tendo em conta a idade e características do filho (ex. Não se pode pedir que
estude mal chegue a casa. Precisa de descansar pelo menos meia hora antes. Não se pode
pedir que tenha o quarto impecavelmente arrumado. Especificar que a cama tem de estar
feita e a roupa suja no cesto).

3.1.2. Duetos:
Em duetos os participantes do grupo identificam recompensas de baixo custo ou sem
nenhum custo que podem ser utilizadas com os filhos. Partilham no fim. Alguns exemplos:
 30 minutos a mais para ver televisão
 Tempo extra (1/2 hora) para jogar no computador
 Irem juntos ao cinema
 Comer um gelado
 Alugar um filme
 Ter um amigo a dormir em casa
 Decidir o que comer à sobremesa
 Escolher o canal de TV nessa noite

3.1.3. Mostrar
4) PROBLEMA 2 – AJUDAR OS FILHOS A TEREM MELHORES RESULTADOS NA
ESCOLA
CENA: A mãe atende o telefone.
Introduzir a cena: Mãe que recebe um telefonema da escola porque o filho anda
desmotivado e não tem feito os trabalhos de casa.
- Perguntar aos pais como é que a mãe poderia utilizar recompensas para resolver este
problema?
Processar a cena:
- Perguntar aos pais como é que a mãe poderia utilizar recompensas para resolver este
problema?

71
Os pais devem chegar aos seguintes princípios FOICES:
1) ser Objetivo, ou seja, definir exatamente o comportamento que quero ver acontecer e
que será objeto de recompensa. Por exemplo, “Se fizer os trabalhos, depois de os mostrar
à mãe pode ter mais 30 minutos de TV ou computador nesse dia”
2) ser Consistente: A REGRA DO “PRIMEIRO / DEPOIS” ou “Se….então……": a
diferença entre subornar e recompensar
Por vezes os pais estão confusos sobre se estarão a subornar ou a recompensar os seus
filhos. A principal diferença é que o suborno é dado antes do comportamento acontecer.
Uma recompensa, por outro lado, é dada por um comportamento positivo depois do
comportamento adequado ter ocorrido. É importante aplicar sempre a regra do “primeiro
/ depois”; ou seja, primeiro temos o comportamento adequado e depois a recompensa:
“Se………….. então ……..”. Está relacionado com a “Consistência” (C-FOICES). Só depois do
comportamento acontecer é que recebe a recompensa. Se não acontecer não recebe.
3) elogiar Imediatamente a seguir ao comportamento (I)
4) a recompensa tem de ser significativa (S) caso contrário o adolescente não se irá
empenhar na mudança

- As recompensas andam sempre de mão dada com o elogio: pois são uma medida
temporária, até o comportamento começar a ser frequente – nessa altura continuar a
elogiar e utilizar recompensas com outro comportamento que se quer ver aumentar.
- Nunca utilizar como punição retirar uma recompensa que já foi ganha (“Quem dá e tirar
ao inferno vai parar”)

2) Mostrar a SOLUÇÃO 2 - CONVERSAR COM O QUIM E FALAR SOBRE AS


RECOMPENSAS E CASTIGOS PARA A REALIZAÇÃO SEMANAL DOS TRABALHOS DE
CASA
Introduzir a cena: A mãe desliga o telefone e fica a pensar. Pedir aos pais que estejam
atentos ao comportamento que ela quer ver aumentar no filho e à forma como ela vai
explicar a utilização de recompensas para o motivar
Processar a cena:
- Qual o comportamento que ela quer ver aumentar no filho?
- Como é que utiliza recompensas para o motivar? Como é que lhe explica?

72
- O que fez a mãe que fez com que o filho se sentisse compreendido e que a mãe estava
verdadeiramente interessada em o ajudar a resolver o problema?
- Acham que é importante o Quim saber que a mãe vai supervisionar a realização dos
trabalhos de casa e que para isso vai também falar com a professora?
- Porque é que é importante os nossos filhos saberem que nós e os professores estamos
juntos para os ajudar a aprenderem e a ultrapassar os seus problemas?

NARRADOR:
A mãe encoraja o Quim a falar sobre o seu problema utilizando Escuta Ativa, refletindo
aquilo que ele está a dizer. Os filhos adoram quando os pais os escutam com atenção e os
fazem sentir que os ouvem e compreendem os seus sentimentos. Esta mãe usa uma
abordagem afetuosa e calma.
A mãe e o Quim Estabelecem um Contrato. As recompensas e punições para
comportamentos específicos são estabelecidas de forma clara. Há ganhos e perdas em
relação aos quais estão de acordo. Isto aumenta a probabilidade de um contrato ser eficaz
e o Quim resolver o problema com os trabalhos de casa.
A mãe utiliza a Supervisão para se assegurar que o Quim faz os trabalhos de casa. Quando
os nossos filhos sabem que estamos interessados o suficiente para supervisionarmos os
seus progressos ficam mais motivados para melhorar. A Supervisão é também uma forma
de acompanharmos os seus progressos e de lhes darmos apoio quando eles precisam de
melhorar.

3.1.4 Dramatização 1
- Um pai explica a um adolescente a utilização de uma recompensa para aumentar a
realização dos trabalhos de casa: começar por referir comportamentos positivos que tem
tido; especificar o comportamento alvo de recompensa que é preciso aumentar; propor a
recompensa e ouvir a opinião do adolescente sobre isso e ajustar se necessário (a
adolescente propõe outra recompensa e o pai negoceia com ele para chegarem a um
acordo).

73
3.1.5. Envolver os professores no plano de mudança do comportamento: a relação
com a escola

3.1.5.1 Mostrar (no vídeo clip do Problema 4 do programa Parenting Wisely:


Young Child Edition disponibilizado durante a formação)

1) Parte 2 da Solução 3 do PROBLEMA 4


Recordar o Problema 4 e a Solução 3
Qual as vantagens de envolvermos os professores nos planos de estabelecemos com os
nossos filhos que impliquem o seu trabalho na escola? Mostrar aos nossos filhos que
valorizamos a escola e os professores; mostrar à escola que estamos empenhados em
ajudar os nossos filhos a mudar e que precisamos do apoio do/a professor/a; mostrar aos
professores que os respeitamos e ao trabalho deles e valorizamos a sua opinião; mostrar
aos nossos filhos que vamos apoiá-los, mas que também vamos supervisionar.
Qual a vantagem de o pai usar pontos pelas várias tarefas diárias que depois serão
trocados por recompensas? Atenção positiva aos comportamentos específicos;
supervisão mais eficaz; maior autorregulação do adolescente pois sabe especificamente o
que tem de fazer. Referir que este será o tópico da próxima sessão: como elaborar e
implementar sistemas de pontos para aumentar o comportamento positivo dos
adolescentes.
Narrador: O pai mantém o plano de reunir com a professora, apesar dos protestos do
Michael. O pai diz ao Michael que, embora saiba que ele poderia lidar com isso sozinho, quer
ouvir exatamente quais são as expetativas da professora e perceber porque é que não as está a
conseguir atingir. Quando os pais se reúnem com os professores, podem trabalhar juntos para
ajudar as crianças a melhorar.
O pai mostra respeito pela professora ao vestir-se bem.
Começa por pedir a opinião da professora sobre o problema. O pai responsabiliza-se por
SUPERVISIONAR o Michael em casa. Ele pede à professora que ajude a lembrar o Michael
para registar os trabalhos de casa. A maioria dos professores adoram envolver pais que estão
dispostos a apoiar os esforços da escola em casa. O pai desenvolve um plano que vai resultar,
porque envolve SUPERVISÃO, CONSISTÊNCIA e CONSEQUÊNCIAS. O pai usa a
SUPERVISÃO ao fazer um quadro para registar o progresso do Michael e ao definir datas para
voltar a falar com a professora. Planear CONSEQUÊNCIAS previsíveis gera

74
CONSISTÊNCIA. Usar um SISTEMA DE PONTOS é uma excelente estratégia de O Michael
esforçar-se-á para receber a aprovação do pai e as recompensas pelas melhorias, ao mesmo
tempo que poderá ver diariamente o seu progresso. Tornar as expetativas claras, ser consistente
e motivar as crianças a melhorarem. O pai pede ao Michael que repita as partes principais do
plano para se assegurar de que ele o entendeu. Registar o plano por escrito reduz os eventuais
mal-entendidos.

3.1.5.2. Dramatização 2
- Um pai vai à escola e com o adolescente explica à diretora de turma o plano que estão a
utilizar em casa para que ele faça os trabalhos de casa e pede a colaboração da professora
para: verificar se ele na aula passa os trabalhos de casa para o caderno; para lhe mandar
um email de 15 em 15 dias a relatar os progressos, quer na realização dos trabalhos de
casa quer em outros comportamentos que entenda (ou uma mensagem de telemóvel se
for mais fácil). O pai também se compromete a avisar por email/mensagem de telemóvel
se algum dia houver alguma razão que impeça o adolescente de fazer os trabalhos.
Compromete-se a vir 1 vez por mês falar com ela: combinam o melhor dia e horário para
ambos. A professora é colaborativa e elogia o pai por ele estar empenhado em trabalhar
em equipa com os professores, pois o que os une é a aprendizagem e o sucesso do
educando.
(Nota: se algum pai/mãe diz que isso não seria possível pois o diretor de turma nunca
colaboraria fazerem uma dramatização espontânea com esse pai a fazer de professor e o
resto do grupo a dar sugestões de como é que um outro pai poderia lidar com esses
desafios e envolver o professor no plano, mesmo com alguma resistência).

3.1.6. Recompensas para mim


Em duetos partilham três coisas agradáveis que gostariam de proporcionar a si
própria/os. Depois todas as semanas escolhem alguma recompensa da lista para dar a si
mesma/o principalmente quando conseguem algo que exigiu esforço, ou mesmo não
conseguindo continuam a tentar e não desistem. Partilham em grande grupo, cada

75
elemento do duo uma, e refletem a importância de os pais estarem “bem” para poderem
ser pais “eficazes”
Exemplos:
Jantar com um amigo/a.
Ir ao cinema.
Ir fazer uma massagem.
Ter uma lição de piano.
Passear pelo parque.
Tomar um banho de espuma.
Comprar e ler uma revista.

4. Objetivos para a semana e atividades em casa: desafios da semana


- Pedir a cada pai que escolha um comportamento que gostaria que o seu filho tivesse mais
vezes e que possa mudar com uma recompensa concreta imediata: SE … ENTÃO…. (Ex. Se
preparares a mochila e a roupa para o dia seguinte então podes ver mais meia hora de TV
depois de jantar).
- Pedir que se autorrecompensem por algo que estão a tentar e não desistem ou por algo
que atingem durante a semana
- Convidá-los a irem à escola falar com o Diretor de Turma e, se necessário, pedir o apoio
para a resolução de um problema relacionado com a escola. Utilizar nessa conversa
estratégias que já adquiriram no programa: elogios e escuta ativa
- Manter os pares para os telefonemas e recordar a importância de os fazerem

5. Avaliação da sessão
- Preenchem a capa com os objetivos para a semana
- Os pais preenchem a folha de avaliação da sessão que colocam dentro da pasta onde se
encontra a folha dos objetivos.
- Distribuir os folhetos “Recompensas” e “Escuta Ativa”

6. Encerramento
- Avaliação da sessão pelo dinamizador e codinamizador: os dinamizadores devem no fim
da sessão preencher a checklist de automonitorização do facilitador

76
RECOMPENSAS
RECOMPENSAS TOP 10

DINHEIRO Dar extra como recompensa

NET/TELEMÓVEL Aumentar a comunicação com os/as


amigos/as ou namorado/a: mais tempo na
net; mais dinheiro no telemóvel

LIBERDADE Aumento de liberdade de qualquer tipo


(saídas diárias ou saída no fim de semana
ou ida a uma festa)

ROUPAS E APARÊNCIA Representam uma identidade: a mãe/pai


lava e passa a preferida; peça extra de
roupa ou outra; corte de cabelo ou um
outro serviço extra

BENS MATERIAIS Voltar a colocar no quarto a TV, o


computador, a coleção de CDs favoritos

CONFIANÇA Restabelecer a confiança e não andar


sempre a monitorizar

TEMPO JUNTOS Apenas quando a relação já está


restabelecida e o adolescente aceita que
gosta de fazer coisas juntas com os pais:
compras…

Uma chamada de atenção: As recompensas são apenas uma medida temporária. Uma
vez que tenha ensinado ao seu filho um novo comportamento, poderá mantê-lo com
reforços sociais como o elogio.
Claro que é obrigação dos nossos filhos fazerem os TPC sem terem qualquer espécie de
recompensa concreta. Mas se isso é um problema temos de usar recompensas concretas
para o mudar e então, depois de estabelecido, podemos mantê-lo só com o elogio.
Lembre-se: se gosta de algo, reforce-o.

77
PROGRAMA MAIS FAMÍLIA MAIS JOVEM

DESAFIOS DA SEMANA – SESSÃO 5

 Escolha um comportamento que gostaria que o seu filho tivesse mais vezes e
que possa mudar com uma recompensa concreta imediata: Se ... Então ... (Ex. Se fores fazer
a cama então podes ver mais meia hora de TV depois de jantar).
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________

 Envolva o/a Diretor de Turma na resolução de um problema do seu filho


relacionado com a escola ou simplesmente vá falar com ele para mostrar a sua
disponibilidade e interesse em se envolver com a escola e acompanhar o desenvolvimento
do seu filho.

 Se for o caso, não se esqueça do contacto com outro elemento do grupo.

78
SESSÃO 06
OS SISTEMAS DE PONTOS: RESTABELECER O AFETO E
SALIENTAR O QUE DE MELHOR TÊM OS NOSSOS FILHOS

01. BOAS-VINDAS
02. REVISÃO DOS PRINCÍPIOS DISCUTIDOS NA ÚLTIMA SESSÃO E DA SUA APLICAÇÃO EM CASA DURANTE
A SEMANA: OS OBJETIVOS DA ÚLTIMA SEMANA

03. TÓPICO DO DIA “SISTEMA DE PONTOS”


04. OBJETIVOS PARA A SEMANA E ATIVIDADES EM CASA: ESCOLHA DE NOVOS PARCEIROS PARA OS
TELEFONEMAS

05. AVALIAÇÃO DA SESSÃO PELOS PAIS


06. ENCERRAMENTO

79
1. Boas-vindas
- O dinamizador dá as boas vindas e elogia os membros do grupo por estarem à hora
marcada para a sessão. Atribui recompensas concretas ou pontos.

2. Última sessão e aplicação dos princípios em casa


- O dinamizador pede a participação dos membros do grupo no recordar dos princípios
da última sessão. Depois da discussão o codinamizador distribui a folha onde esses
princípios se encontram.
- Perguntar sobre os telefonemas e as autorrecompensas.

- Em duetos partilham as recompensas que usaram com os


filhos e os comportamentos que foram objeto dessas recompensas. Identificam
dificuldades e formas de as ultrapassar.

- Partilhar em grande grupo os comportamentos e recompensas:


identificar os pontos comuns
- Partilhar em grande grupo os desafios/barreiras e formas de ultrapassar: identificar
que um dos desafios/barreiras é existirem muitos pequenos comportamentos positivos
contidos num grande comportamento positivo e que é difícil estar sempre a atribuir
recompensas & outra barreira é a dificuldade de encontrar recompensas de baixo custo
satisfatórias para o adolescente. O tópico de hoje permite ultrapassar estas barreiras e é
mais uma estratégia para aumentarmos os comportamentos positivos: sistema de
pontos

Fazer, se necessário, uma dramatização


- Distribuir recompensas/pontos

80
- Partilhar a utilização de Escuta Ativa
- Perguntar sobre os telefonemas
- Recompensar

3. Tópico do dia: Dar “atenção positiva” aos comportamentos dos nossos


filhos que queremos aumentar usando o “sistema de pontos”

3.1 Mostrar
Por vezes podemos também utilizar um sistema de pontos para motivar os nossos
filhos a modificar o seu comportamento. Recordar o Problema 5 que viram na Sessão 1

PROBLEMA 5 - LIDAR COM UM AMIGO QUE É UMA MÁ INFLUÊNCIA


Pai: As últimas notas dele foram horríveis.
Mãe: Sim, elas costumavam ser mais ou menos, mas agora…
Pai: É o João. Esse João com quem ele anda por aí.
Mãe: Acho que ele foi suspenso por andar envolvido em brigas. Mas não é isso que vai
impedir o Tó de andar com ele.
Pai: Não vejo o Tó a brigar, mas é o andarem a inventar coisas sobre ele que me
preocupa…
O Tó entra.
Tó: O que é o jantar?
Mãe: É verdade - o João foi suspenso?
Tó: (ri à socapa) Sim.
Pai: Ouve. Recebemos as tuas notas.
O Tó depara-se com o olhar fixo do pai.
Mãe: As coisas têm mudar…
Tó: Vocês só não gostam dele! Isto não tem nada a ver com o João!

81
Antes de mostrar a Solução mais eficaz perguntar aos pais o que
aconteceria se os pais proibissem o Tó de se encontrar com o João e mostrar essa
Solução ineficaz primeiro

SOLUÇÃO 1 - PROIBIR O TÓ DE SE VOLTAR A ENCONTRAR COM O JOÃO


Pai: (para si mesmo) Quem é que ele pensa que está a enganar?
Pai: Ele significa problemas e eu não gosto de problemas. As tuas notas eram boas antes
de ele meter aqui o bedelho.
Tó: Ele não meteu o bedelho. Ele não tem nada a ver com as minhas notas.
Mãe: O João é um sem futuro e tu Tó és influenciável. Não vou deixar o nosso trabalho
árduo ir por água abaixo…
Mãe: (para o Tó) Não te encontras mais com ele e pronto.
No dia seguinte o João está à espera do Tó na rua e encontram-se.
João: Olá
Tó: Olá
João: Logo vais até lá a casa?
Tó: Sim, sim. Só vou buscar música.
Em casa, depois, junto à entrada. O Tó está pronto para sair.
Tó: (mentindo) Vou a casa do Chico.
Mãe: Nada de andares com o João.
Tó: O Chico não se encontra com esse pessoal.
O Tó sai para ir ter com o João.

Algumas perguntas para reflexão? (cf. Manual)


1) Qual é problema de os pais atribuírem castigos demasiado severos?
a. Os adolescentes terão menor motivação para tentar fazer progressos.
b. Os adolescentes não darão ouvidos aos seus pais.
c. Os pais parecerão injustos e os filhos deixarão de os respeitar.
d. Os pais não serão levados a sério no futuro.
e. a, b, c.

82
2) Quais são as duas razões plausíveis pelas quais os pais de Tó insistem em o manter
afastado do João?
a. Eles não acreditam que o Tó se mantenha afastado de confusões.
b. Eles acham que ambos os rapazes são sorrateiros e desonestos.
c. Eles temem que o Tó corra riscos só para agradar ao João.
d. Eles temem que a atitude do João adversa às tarefas escolares esteja a
influenciar o Tó.
3) Porque é que os adolescentes defendem os amigos? Porque se sentem criticados
quando nós criticamos os seus amigos.
4) Qual é o problema em que os pais se devem centrar? O que devem recompensar
para que esse comportamento se altere (opostos positivos específicos)?

NARRADOR:
O pai está a criar condições para ter conflitos com o Tó ao ser demasiado agressivo. Os
adolescentes precisam de mais independência dos pais que as criança pequenas. E
impor-lhes o que têm de fazer geralmente não resulta.
Eles defendem os amigos porque se sentem criticados quando nós criticamos os seus
amigos.
Os pais não se centram no problema que podem supervisionar – os trabalhos de casa. É
muito difícil mantermos os nossos filhos longe de alguns amigos porque não podemos
controlar o que acontece fora de casa. Podemos estar a afastá-los de todos os seus
amigos se formos demasiado exigentes.

Esta não foi a solução mais eficaz. Dizer ao grupo para verem as diferenças com a
Solução em que os pais recorrem a um Sistema de Pontos

SOLUÇÃO 3 - DIZER AO TÓ O QUE OS PREOCUPA, PEDIR-LHE QUE SE ENCONTRE


COM O JOÃO SÓ NA SUA CASA E SUPERVISIONAR OS SEUS TRABALHOS ESCOLARES
Pai: (para si mesmo) Mantém a calma, dá a volta ao texto. Sê positivo. Tremo de medo de
pensar que ele nos vá escapar entre os dedos.
Mãe: Claro que ele defende os seus amigos, os miúdos fazem isso.
Pai: Olha, não é o João, sou eu. Eu receio que te rotulem (tal como fazem com ele). Nós
mal o conhecemos.

83
Mãe: Convida-o para vir cá a casa.
Tó: Boa tentativa. Mas os professores odeiam-me, acham que eu valho nada.
Mãe: E é isso que eles sentem em relação ao João?
Tó: Sim, mas os pais dele estão-se nas tintas.
Mãe: Então na escola pensam que vocês são uns inúteis?
Tó encolhe os ombros.
Tó: Sim.
Pai: E tu vais mostrar-lhes como é? Olha que a única maneira de lidar com os professores
é mostrar-lhes que eles estão errados. Dá a volta à questão.
Mãe: E se vocês os dois viessem cá para casa? Depois das aulas? Eu deixava-vos um
lanchinho e se fizesses os trabalhos de casa e as notas melhorassem podias sair à noite
com o João.
Tó: Recebias o João cá?
Mãe: Se for para fazer os trabalhos, sim.
Pai: Nós só vos queremos aos dois cá em casa para não se meterem em sarilhos. Se fores
rotulado, eu sei lá, ou por uma pessoa local, ou pela polícia, ficas marcado. Mas nem
penses em tentar. Se te portares mal, em breve saberemos e depois ficas de castigo.
Tó: Sim, mas tu não me podes impedir de estar com os meus amigos.
Mãe: Podemos combinar recompensas – tal como cinco pontos por todas as tarefas
feitas. Junta-os para um divertimento.
Tó: Mãe.
Mãe: Guarda para o que quiseres.
Tó: O João acharia isso infantil.
Pai: Ah, mas os pais dele tiverem uma ideia melhor, não tiveram?
Tó: Na verdade acho que ele se sente sozinho. Expulso da escola, anda nas ruas.
Mãe: Mais uma razão para eu o querer aqui.
Tó: Eu não quero que vocês fiquem aqui a envergonhar-me.
Pai: Se juntares pontos suficientes podes ficar com a garagem.
Tó: Fixe. A garagem.
Pai: Se tu o mereceres, eu de qualquer modo nunca lá ponho o carro. Não penses que não
vamos andar em cima da jogada no que diz respeito à escola. E não penses que nos
enganas!
Mãe: Amor. Temos de confiar nele…

84
Três semanas depois…
O Tó e o João estão a fazer os trabalhos de casa. A televisão está ligada, ouve-se uma
aparelhagem em alto volume, há muitas coisas desarrumadas, mas eles estão a
trabalhar. O pai vai levar-lhes o lanche.
Pai: Bolas, eu não seria capaz de me ouvir a mim próprio a pensar…mas se resulta com
vocês…..
Tó: Esta noite eu e o João vamos ao cinema. Ganhámos os pontos, não ganhámos?.
Pai: Sim. Muito bem.
Tó: O velho (referindo-se a um professor) nem queria acreditar quando viu as minhas
boas notas.
João: Eu volto à escola para a semana.
Pai: Então parabéns para todos – nada melhor que um rápido levantamento de notas
para mostrar a esses professores o que valem. Continuem e teremos de limpar a
garagem…
O pai dirige-se à porta para sair.
João: Obrigado Sr. Durães…
Tó: Adeus pai…
O Pai volta-se ligeiramente e acena com a cabeça.

NARRADOR:
Em vez de culpá-lo, o pai cria as condições para o diálogo com o Tó usando uma
Afirmação na Primeira Pessoa. Quando lhe diz “Eu receio que te rotulem tal como fazem
com ele”, dá a conhecer ao Tó que está preocupado com o seu bem-estar, e que não é
uma questão de não confiar no filho.
Os pais do Tó supervisionam os seus progressos com os trabalhos de casa ao manterem-
se em contacto regular com os professores.
O Tó vai sentir-se mais motivado para melhorar os seus resultados ao perceber que os
pais estão interessados em envolver-se nos seus progressos escolares a. Também
passaram a ter informações corretas pois serão dadas pelos professores.
Os pais recorrem a um Sistema de Recompensas e de Elogios para motivar o Tó e
aumentar a qualidade da relação com ele. Os nossos filhos empenham-se mais para
ganharem a aprovação dos pais e recompensas do que para evitarem críticas.
Quando o pai está a perder o controlo com o Tó a mãe pede-lhe para se acalmar.

85
A mãe e o pai podem Supervisionar quando o João está em casa deles. Podem assim
conhecer o João e desenvolver uma relação com ele. O Tó pode ganhar mais confiança
dos pais ao mostrar que é responsável quando está ao pé do João.

Considerações

I. Que estratégias disciplinares eficazes usaram os pais aqui?


Mensagens Eu; Escuta Activa; Supervisão; Recompensas; Consequências lógicas;
Modelamento; Elogio

II. O que fizeram os pais eficaz?


Usaram um tom de vez menos zangado e perguntaram ao filho qual a sua opinião
(resolução de problemas) sobre ter o amigo lá em casa?

III. Quais alguns dos aspetos positivos de o Tó poder ter o amigo lá em casa?
Permitir que o filho esteja em casa com o amigo dá aos pais a oportunidade de
controlarem (supervisão) ao mesmo tempo que permite ao filho estar com o amigo. Deste
modo reduzem a probabilidade de o filho lhes desobedecer.

IV. Como é que o pai inicia a conversa com o filho sem meter o amigo ao barulho?
Usou uma mensagem eu: “Olha, não é o João, sou eu. Eu receio que te rotulem. Nós mal o
conhecemos. Não culpa o amigo sobre os problemas do filho mas diz-lhe o que a situação
o faz sentir. Deste modo está também a ser um bom “Modelo” para o filho.

V. É uma boa estratégia o pai encorajar o filho a provar aos professores que eles
estão enganados? (“E tu vais mostrar-lhes como é? Olha que a única maneira de
lidar com os professores é mostrar-lhes que eles estão errados.”) O pai está a correr o
risco de modelar alguma falta de respeito para com os professores e criar no filho essa
ideia sobre todos os professores. Ele corre esse risco porque sabe que uma boa maneira
de motivar o filho é ele surpreender os professores.

86
VI. Porque é que é uma boa ideia os pais informarem o Tó de que vão estar atentos
ao que se vai passar na escola e que vão falar com os professores? (“Não penses
que não vamos andar em cima da jogada no que diz respeito à escola e não penses que
nos enganas”)Porque assim ele sabe que os pais vão estar rapidamente informados
sobre os seus progressos na escola. Ele sabe que não basta fingir que estuda em casa e
dar-lhes a volta. Também sabe que as opiniões dos seus professores vão ser decisivas
para ele ser recompensado ou punido. Na adolescência os pais têm de continuar a
exercer supervisão: os filhos precisam de saber que os pais estão atentos ao que fazem
e aos seus comportamentos e notas na escola. A supervisão permite aos pais
aconselharem e apoiarem os seus filhos e ao mesmo tempo os filhos sabem quais são as
regras e que os pais estão atentos a se eles as cumprem ou não (Disciplina Assertiva).
Mostram aos filhos que estão interessados neles e se preocupam com eles. A supervisão
tem de aumentar quando os filhos estão a ter problemas.

VII. Os pais não atacaram o amigo do Tó. Porque é que isto é eficaz?
Ajuda o Tó a não se colocar numa atitude defensiva e estar aberto ao que os pais têm
para dizer. Ao permitirem-lhe estar com o amigo estão a respeitar os seus
sentimentos e ele sente que se preocupam com o que ele sente.

VIII. O que conseguem os pais ao usarem um sistema de Recompensas e


Supervisão em vez de ameaças?
Conseguem a cooperação do filho e aumentam-na com elogios e recompensas. Isto
fortalece a relação com o seu filho. Ao falarem com os professores mostram também
ao filho que estão atentos e que controlam os seus resultados na escola.

Chuva de Ideias
Razões pelas quais os adolescentes escolhem os seus amigos
a) Para aumentarem a sua auto-confiança de que conseguem fazer boas escolhas,
b) Para praticar a tomada de decisões.
c) Para gradualmente aumentarem a sua autonomia.
d) Não o fazem para manterem os pais fora dos seus assuntos e não os deixar saber
demais.

87
Razões pelas quais devemos supervisionar os nossos filhos quando eles passam
tempo com os amigos:
a) Ter mais informações sobre o nosso filho e conhecer os pontos fracos e fortes dos
seus amigos;
b) Se estivermos presentes podemos orientar e se necessário dar autorização para
algo;
c) Eles serão mais responsáveis porque sabem que estamos presentes; Quando o
nosso filho nos fala dos amigos temos mais informação para poder falar com ele;
d) A supervisão mostra aos nossos filhos que nos preocupamos e estamos
interessados neles. Quando há problemas a supervisão tem de aumentar.

Razões pelas quais os pais evitam falar com os professores sobre os


problemas/dificuldades dos seus filhos na escola
a) Não querem acreditar que o seu filho está a ter problemas;
b) Pensam que é um problema para ser resolvido em família;
c) Sentem-se pouco confortáveis na escola e não se querem sentir julgados;
d) Pensam que os professores resolveram implicar com o seu filho.

3.2 Distribuir o folheto “Como estabelecer um sistema de pontos” e ver os


diferentes passos com os pais

Em grande grupo utilizam o sistema de pontos para resolver uma


situação de uma família: a família Marques.

A família Marques: A Helena de 10 anos e o Renato de 14 anos raramente estão


em casa. Ambos andam com outros miúdos que já tiveram problemas na escola e
com a polícia. Quando estão em casa, os pais chateiam-nos por causa dos TPC da
escola, das tarefas que deviam fazer e da sua aparência. Os pais, a Laura e o João,
sabem que o facto de andarem a implicar com os filhos está a afastá-los de casa. O
Renato é mal-educado com a mãe quando o pai não está por perto. A Helena
começou a responder à mãe com agressões verbais. Os pais gostariam de conhecer
os amigos dos filhos, mas estes nunca aparecem. Os pais sentem que estão a perder
o controlo sobre os filhos e receiam que estes se metam em sarilhos.

88
O dinamizador distribui uma folha onde está descrita a situação e pede aos
membros do grupo que
a) Indiquem os comportamentos positivos que os pais querem ver acontecer com a
Helena: o codinamizador regista
b) Atribuam pontos a cada um desses comportamentos em função do grau de
dificuldade: quanto mais difícil mais pontos
c) Identifiquem recompensas que a Helena pode gostar
d) Distribuam pontos por essas recompensas: o adolescente pode escolher ir
acumulando pontos ou pode querer logo recompensas no próprio dia
e) Preencher a grelha de pontos: distribuir uma por cada membro do grupo
Comportamentos:
Helena
 vir para casa depois das aulas (2 pontos)
 conversar com os pais sobre os planos com os amigos (1 ponto)
 trazer os amigos lá a casa (1 ponto)
 fazer os trabalhos de casa e mostrá-los aos pais (4 pontos)
 cumprir tarefas de casa sem ter de ser lembrada (3 pontos)
 cumprir as tarefas de casa depois de lembrada uma vez (1 ponto)
 falar educadamente mesmo quando discorda (1 ponto)
Recompensas:
 jogar às cartas com a mãe (6 pontos)
 dormir em casa de uma amiga (25 pontos)
 ficar uma amiga a dormir lá em casa (15 pontos)
 ir para a cama uma hora mais tarde aos fins de semana (sexta e sábado) (15
pontos)
 ir a um restaurante de fast food com os pais (22 pontos)
 alugar/pagar para ver um filme (30 pontos)
 a mãe ou o pai levar a Helena e um/a amigo/a a fazerem uma atividade à sua
escolha (por ex. visitar um local; ir ao cinema; …) (40 pontos)
 ir com a mãe a um local especial que deseja há muito numa outra cidade (120
pontos

89
Nome: Helena_____________________________________________________________

Comportamento Seg. Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo TOTAL


trazer amigos
casa (1P)
mostrar TPC
concluídos aos
pais (4P)
fazer tarefas
sem ser
lembrada (3P)
fazer tarefas
com um
lembrete (1P)
falar
educadamente
mesmo
quando
discorda (1P)

Total de pontos
por dia

✓ Recompensas________________________ Pontos________
✓ jogar às cartas com a mãe 6 pontos
✓ ficar em casa de uma amiga 25 pontos
✓ ficar uma amiga na sua casa 15 pontos
✓ ficar mais uma hora acordada ao fins de semana 20 pontos
✓ ir a um restaurante de fast food com os pais 22 pontos
✓ alugar/pagar para ver um filme 30 pontos
✓ a mãe ou o pai levar com um/a amigo/a a fazer uma atividade 40 pontos
✓ saída especial com a mãe a outra cidade 120 ponto

90
3.4 Role-Play
_ Pedir a um pai que explique um sistema de pontos ao Renato (que será um outro pai)
que era o filho na família para a qual estabeleceram o sistema de pontos para a irmã.
- Antes da dramatização iniciar pedir a todos os membros do grupo para definirem os
comportamentos que o pai quer ver acontecer mais vezes – recordar a importância de
ser específico e de definir o comportamento na positiva. Definir as recompensas também
em grande grupo
- Relembrar o folheto com os passos
- Iniciar
- Pedir ao outro pai que sempre que não compreenda algo actue como se fosse o filho e
coloque questões.

Renato: comportamentos
 vir para casa depois das aulas (3 pontos)
 conversar com os pais sobre os planos com os amigos (2 pontos)
 trazer os amigos lá a casa (1 ponto)
 fazer os trabalhos de casa (4 pontos)
 cumprir tarefas sem ter de ser lembrado (3 pontos)
 cumprir tarefas depois de lembrada uma vez (1 ponto)
 não falar de forma desrespeitadora com a mãe durante 3 dias (5 pontos)

Renato: recompensas
✓ ficar um amigo a dormir lá em casa (20 pontos)

✓ alugar um jogo de vídeo (25 pontos)

✓ escolher a ementa para o jantar (15 pontos)

✓ sair mais uma hora aos fins de semana (sexta ou sábado) (20 pontos)

✓ ir com um amigo ao cinema ( 40 pontos)

✓ jogar jogos de tabuleiro, ou outro, com a mãe e o pai (8 pontos)

✓ ir ver um jogo profissional (futebo

91
Noe: Renato_____________________________________________________________
Comportamento Seg. Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo TOTAL

trazer amigos
casa (1P)
mostrar TPC
concluídos aos
pais (4P)
fazer tarefas
sem ser
lembrada (3P)

fazer tarefas
com um
lembrete (1P)
falar
educadamente
mesmo
quando
discorda (1P)

Total de pontos
por dia

✓ Recompensas________________________ Pontos________
✓ ficar um amigo na sua casa 20 pontos
✓ alugar um jogo de vídeo 25 pontos
✓ escolher a ementa para o jantar 15 pontos
✓ sair mais uma hora ao fim de semana 20 pontos
✓ convidar e ir com um amigo ao cinema 40 pontos
✓ jogar jogos com a mãe e o pai 8 pontos
✓ ir ver um jogo profissional com o pai 180 ponto

92
3.5 Chuva de ideias:
Vantagem de usar um sistema de pontos para aumentar os comportamentos positivos e
barreiras a usarmos um sistema desses (escrever no quadro à medida que os pais vão
identificando).

Vantagens:
Os nossos filhos ficam mais motivados para realizarem o comportamento.
Os nossos filhos aumentam a autoestima: sabem que acreditamos que são capazes
Uma forma sistemática de controlar os comportamentos.
Desenvolve o sentido de responsabilidade (autorregulação): eles escolhem se querem ou
não fazer.
Os pais desenvolvem uma relação mais positiva com os filhos: reduz as discussões.
Exige uma supervisão permanente dos pais: mostra que se interessam pelos filhos.

Barreiras:
Um adolescente mais velho pode achar muito infantil – aí usaremos os Contratos
Exige uma supervisão permanente dos pais: os pais por vezes sentem-se cansados e
frustrados e sem energia para o fazerem.
Se não usarmos recompensas que os nossos filhos realmente querem, eles podem não se
envolver.

Pontos mais importantes que devemos ter em atenção quando montamos um


sistema de pontos (cf. folheto)
I. Sente-se e explique o sistema ao seu filho. Escolha um momento em que estejam
bem dispostos e que não tenham estado a discutir.
II. Envolva o seu filho na identificação dos comportamentos positivos que ele precisa
de aumentar. Seja realista (não exija mudanças irrealistas). Mostre-lhe que confia
que ele será capaz.
III. Identifique comportamentos específicos – cada pequeno passo deve ser um
comportamento.
IV. Só escolha comportamentos que sabe que vai conseguir controlar se o seu filho
cumpriu ou não.

93
V. Escolha o sistema de recompensas: pergunte que recompensas gostaria de ter e
defina (aqui o pai é que decide o que é ou não realista) as que pode dar. Depois,
pergunte dessas, a que ele mais deseja – esta deverá ser aquela a que o pai vai
atribuir mais pontos, pois o filho tem de se empenhar em mudar mais
comportamentos para a atingir.
VI. As crianças em idade escolar devem ganhar qualquer coisa passados poucos dias.
Por exemplo no fim da semana. Os adolescentes conseguem adiar mais um pouco,
mas não muito. Por isso tente definir recompensas para as quais não é preciso
obter um grande número de pontos. Tente um equilíbrio entre o valor das
recompensas e o esforço que precisam de fazer para as conseguir.
VII. Certifique-se que consegue manter as suas regras; reveja o quadro todas as
semanas ou de duas em duas semanas. Se um comportamento está a ser muito fácil
reduza o número de pontos, e se outro estiver a ser muito difícil aumente o número
de pontos.
VIII. Marque diariamente, com uma cruz, os comportamentos que o seu filho atingiu. Se
o seu filho preferir podem colocar um autocolante nesse espaço (estrelas, smiles,
os cromos preferidos…). Se não fizer isto diariamente o seu filho vai desmotivar-
se. O fim do jantar pode ser um bom momento para o fazerem.
IX. Ao marcar o comportamento atingido não se esqueça de elogiar – o reforço social
é tão importante como as recompensas concretas. Faça-o saber como está
orgulhoso dele e do esforço e responsabilidade que têm mostrado. Serão estes
elogios de que os nossos filhos se lembrarão um dia mais tarde e são extremamente
importantes para sentirem que têm valor para os seus pais. Esta é a principal
receita para os tirar de sarilhos – se eles acreditarem que valem muito para os seus
pais terão uma auto-estima mais positiva, que os vai proteger ao longo da vida.
X. Não coloque nada naqueles comportamentos que o seu filho não atingiu (deixe o
espaço vazio). Também não lhe dê um sermão nem chame a atenção (recordar que
a atenção negativa mantém aqueles comportamentos que não queremos verem
acontecer).
XI. Nunca retire pontos por mau comportamento (mais à frente no programa serão
discutidas estratégias para lidar com a desobediência e o mau comportamento) –
seria como o seu chefe prometer-lhe um pagamento extra por um trabalho e depois
decidir que não lhe paga porque um dia chegou a atrasado de manhã

94
XII. O quadro de pontos tem de estar num local visível (por ex. frigorífico).
XIII. Se tem mais de um filho faça um quadro para cada um: as recompensas e
comportamentos são estabelecidos para cada um deles – vão motivar-se um ao
outro.
XIV. Depois de um comportamento se ter tornado um hábito deve retirá-lo da tabela.
Porém não se esqueça de continuar a elogiar cada vez que acontecer – se não o
fizer ele poderá voltar a desaparecer.

Uma chamada de atenção: Os sistemas de pontos são apenas uma medida temporária.
Uma vez que tenha ensinado ao seu filho um novo comportamento, poderá mantê-lo
com reforços sociais como o elogio.
Claro que é obrigação dos nossos filhos fazerem os TPC sem terem qualquer espécie de
recompensa concreta. Mas se isso é um problema temos de usar recompensas concretas
para o mudar e então, depois de estabelecido, podemos mantê-lo só com o elogio.
Lembre-se: se gosta de algo, reforce-o.

4. Objetivos para a semana e atividades em casa


- Pedir a cada pai que utilize o sistema de pontos com o seu filho seguindo os passos
identificados (recordar o folheto distribuído na sessão)
- Dar uma tabela de pontos por preencher a cada pai (cf. manual) e pedir que o
preencham com o filho: definir os comportamentos, os pontos que valem, as
recompensas e respetivos pontos. Encorajá-lo a pensar como vai explicar o sistema ao
filho (nunca o fazer depois de uma discussão). Pedir que na próxima sessão tragam a
tabela preenchida.
- Telefonema entre pares: mudar nesta sessão o par ou se não conseguiram telefonar
manter ainda mais duas semanas os pares distribuídos na sessão 3.

5. Avaliação da sessão
- Definição do objetivo para a semana.

95
- Os pais preenchem a folha de avaliação da sessão que colocam dentro da pasta onde se
encontra a folha dos objetivos.

6. Encerramento
Avaliação da sessão pelo dinamizador e codinamizador: os dinamizadores devem no fim
da sessão preencher uma ficha de autoavaliação.

96
SISTEMAS DE PONTOS
 Sente-se e explique o sistema ao seu filho. Escolha um momento em que estejam
bem dispostos e que não tenham estado a discutir.
 Envolva o seu filho na identificação dos comportamentos positivos que ele
precisa de aumentar. Seja realista (não exija mudanças irrealistas). Mostre-lhe
que confia que ele será capaz.
 Identifique comportamentos específicos – cada pequeno passo deve ser um
comportamento.
 Só escolha comportamentos que sabe que vai conseguir controlar se o seu filho
cumpriu ou não.
 Escolha o sistema de recompensas: pergunte-lhe que recompensas gostaria de ter
e defina (aqui o pai é que decide o que é ou não realista) as que pode dar. Depois
pergunte dessas a que ele mais deseja – esta deverá ser aquela a que o pai vai
atribuir mais pontos pois o filho tem de se empenhar em mudar mais
comportamentos para a atingir.
 As crianças em idade escolar devem ganhar qualquer coisa passados poucos dias.
Por exemplo no fim da semana. Os adolescentes conseguem adiar mais um pouco
mas não muito. Por isso tente definir recompensas para as quais não é preciso
obter um grande número de pontos. Tente um equilíbrio entre o valor das
recompensas e o esforço que precisam de fazer para as conseguir.
 Certifique-se que consegue manter as suas regras; reveja o quadro todas as
semanas ou de duas em duas semanas. Se um comportamento está a ser muito
fácil reduza o número de pontos que lhe dá e outro que esteja a ser muito difícil
aumente o número de pontos.

97
 Marque diariamente, com uma cruz, os comportamentos que o seu filho atingiu.
Se o seu filho preferir podem colocar um autocolante nesse espaço (estrelas,
smiles, os cromos preferidos…). Se não fizer isto diariamente o seu filho vai
desmotivar-se. O fim do jantar pode ser um bom momento para o fazerem.
 Ao marcar o comportamento atingido não se esqueça de elogiar – o reforço social
é tão importante como as recompensas concretas. Faça-o saber como está
orgulhoso dele e do esforço e responsabilidade que têm mostrado. Serão estes
elogios de que os nossos filhos se lembrarão um dia mais tarde e são
extremamente importantes para sentirem que têm valor para os seus pais. Esta é
a principal receita para os tirar de sarilhos – se eles acreditam que valem muito
para os seus pais terão uma autoestima mais positiva que os vai proteger ao
longo da vida.
 Não coloque nada naqueles comportamentos que o seu filho não atingiu (deixe o
espaço vazio). Também não lhe dê um sermão nem chame a atenção (a atenção
negativa mantém aqueles comportamentos que não queremos verem acontecer).
 Nunca retire pontos por mau comportamento (mais à frente no programa serão
discutidas estratégias para lidar com a desobediência e o mau comportamento) –
seria como o seu chefe prometer-lhe um pagamento extra por um trabalho e
depois decidir que não lhe paga porque um dia chegou a atrasado de manhã.
 O quadro de pontos tem de estar num local visível (por ex. frigorífico).
 Se tem mais de um filho faça um quadro para cada um: as recompensas e os
comportamentos são estabelecidos para cada um deles – vão motivar-se um ao
outro.
 Depois de um comportamento se ter tornado um hábito deve retirá-lo da tabela.
Porém não se esqueça de continuar a elogiar cada vez que acontecer – se não o
fizer ele poderá voltar a desaparecer.

98
PROGRAMA MAIS FAMÍLIA MAIS JOVEM

DESAFIOS DA SEMANA – SESSÃO 6

 Pense como vai explicar o sistema de pontos ao seu filho (atenção: nunca o faça
depois de uma discussão) e explique-lhe (use o folheto sobre Sistemas de Pontos).

 Preencha uma tabela de pontos com o seu filho: Defina os comportamentos, os


pontos que valem, as recompensas e respetivos pontos. Na próxima sessão, traga a tabela
que preencheu.

 Se for a sua vez, não se esqueça de contactar o seu par do grupo.

99
Nome:____________________________________________________________
Comportamento Seg. Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo TOTAL

Total de pontos
por dia

✓ Recompensas________________________ Pontos________
✓ _____________________ ___ pontos
✓ _____________________ ___ pontos
✓ _____________________ ___ pontos
✓ _____________________ ___ pontos
✓ _____________________ ___ pontos
✓ _____________________ ___ pontos
✓ _____________________ ___ pontos

100
SESSÃO 07

DAR ORDENS E ESTABELECER LIMITES:


RESTABELECER A AUTORIDADE

01. Boas-vindas
02. Revisão dos princípios discutidos na última sessão e da sua aplicação em
casa durante a semana: os objetivos e desafios da última semana
03. Tópico do dia "Dar ordens e estabelecer limites"
04. Objetivos para a semana e atividades em casa: desafios da semana
05. Avaliação da sessão pelos pais
06. Encerramento

101
1. Boas-vindas
- O dinamizador dá as boas vindas e elogia os membros do grupo por estarem à hora
marcada para a sessão. Atribui recompensas concretas ou pontos.

2. Última sessão e aplicação dos princípios em casa

- O líder do grupo deve começar por pedir que em duetos partilhem como
estabeleceram o sistema de pontos com o filho identificando dificuldades na
definição e na aplicação e procurando gerar soluções para as ultrapassar.
Colocar em dueto pessoas que tenham escolhido para usar o sistema de pontos um
problema semelhante.

- Depois partilham em grande grupo as dificuldades e como é que


no dueto surgiram ideias para as ultrapassar.

É importante ter algum tempo durante esta sessão para rever cuidadosamente o
sistema de pontos que cada um definiu. Isto pode significar que haverá menos tempo
para o novo assunto, mas é tempo bem gasto.
Perguntar sobre os telefonemas/contactos.
Recompensar.

3. Tópico do dia
É necessário que os adultos ou pais controlem e estabeleçam limites para os
comportamentos desapropriados dos seus filhos, quando não é possível ignorar. De
facto, as famílias onde as regras não são claramente comunicadas têm uma maior
probabilidade de terem crianças/adolescentes com mau comportamento. A sessão
de hoje será sobre estratégias eficazes para dar ordens e estabelecer limites claros.
Quando neste programa falámos de patrões e pais eficazes uma das características
FOICES era ser E: “específico; claro”.

102
3.1 Chuva de ideias:
Quais são os possíveis benefícios que o seu filho pode ter se existirem limites
“claramente” estabelecidos em casa? Registar as ideias no quadro.
O que é que impede os pais de estabelecerem limites? Não registar.

a. SERÁ QUE AS SUAS ORDENS SÃO SEMPRE NECESSÁRIAS?


A primeira e mais difícil tarefa para os pais é a de decidirem antes do tempo quais
as ordens que é mesmo necessário darem aos filhos. É importante tornar
significativas as ordens realmente utilizadas. Por vezes, os pais têm dificuldades não
tanto porque dão demasiadas ordens/instruções desnecessárias, mas sim porque
dão muitas instruções/ordens umas a seguir às outras. Não dão tempo ao filho para
obedecer à primeira ordem/instrução antes de começarem a dar uma série de
outras ordens/instruções. Isto pode conduzir o adolescente a desistir antes de
tentar cumprir a ordem. A próxima situação pretende mostrar isso mesmo.
Faça uma dramatização: um pai faz de filho deitado no sofá, com as sapatilhas
calçadas, a ver TV alto, com o computador ligado. A mochila está no chão, um copo
sujo de leite e um pacote de bolachas meio aberto. A mãe chega e dá um conjunto de
ordens tal como está no guião (dar esse guião ao membro do grupo que faz de mãe)

Dramatização
Situação: Uma mãe chega a casa. O filho deitado no sofá, com as sapatilhas calçadas,
a ver TV alto, com o computador ligado. A mochila está no chão, um copo sujo de
leite e um pacote de bolachas meio aberto.
Mãe: (mal entra na sala, a berrar). Não acredito. Como podes ver TV e estares com o
computador ligado? E estás outra vez com a porcaria das sapatilhas em cima do sofá.
E mais uma vez estiveste a lanchar e deixaste o copo e o pacote das bolachas no chão
para te fazerem companhia. E aposto que ainda nem fizeste os TPC. És uma
vergonha.

103
No fim processar a dramatização colocando a seguinte questão ao filho:
Que efeito têm estas ordens/instruções e a forma como as dá no comportamento
atual e futuro do filho?
De seguida colocar a mesma questão ao grupo e depois as seguintes:
Questões facilitadoras da discussão para colocar ao grupo:
Serão todas as ordens/instruções dadas pela mãe necessárias?
Como é que a mãe poderia ter abordado esta situação de uma forma diferente?
Qual o efeito de colocar uma questão sobre a TV e o computador? Como é que
poderia ter dado uma ordem clara na afirmativa?
Considerações
A mãe comete uma série de erros na sua tentativa de fazer com que o filho cumpra
uma série de ordens. Ela emite uma série de ordens/instruções, não dando tempo
suficiente ao filho. As ordens não são claras, mas dadas de uma forma sarcástica ou
sobre a forma interrogativa.
Depois, termina com uma apreciação negativa sobre o filho como pessoa (o que nada
tem a ver com os comportamentos que ele teve), o que terá como efeito desmotivar
ainda mais o filho.
Por vezes os pais zangam-se quando dão uma ordem e, como resultado, tornam a
sua ordem ineficaz ao incluir críticas ou comentários negativos. Tente evitar criticar
quando está a dar uma ordem, porque o resultado é que o seu filho se sente
incompetente e defensivo e por isso é menos provável que obedeça à ordem. Os
sentimentos de um filho acerca dele próprio como uma pessoa importante devem
ser preservados e considerados pelo menos tão importantes como a obediência. Um
adolescente que se sinta mal ou sem valor tenderá a atuar de acordo como se sente.
Uma ordem negativa que diga ao adolescente o que não pode fazer é também uma
declaração crítica. Por exemplo, ordens como “Para de gritar,” “Não faças isso,” “Para
com isso,” “Para,” são ordens negativas. Em vez de obter os melhores resultados, é
melhor focar em ordens do tipo “faz” por vez de ordens do tipo “para”, e dizê-las com
uma voz firme, positiva e educada.
Antes de dar uma ordem para cumprir deve ser dado um aviso prévio. Se o
adolescente está a meio do seu programa de TV favorito deve dizer-se “No fim do
programa vais…” ou se está a jogar dizer “Daqui a 15 minutos, às 20h30, quero-te
sentado na mesa para jantarmos”

104
- 3.2. Mostrar PROBLEMA 1 – CONSEGUIR QUE OS FILHOS AJUDEM
NAS TAREFAS DOMÉSTICAS EM CASA
1) Mostrar o problema
Introduzir a cena:
A mãe acabou de chegar do seu trabalho de auxiliar de enfermagem e está a arrumar
a cozinha para poder preparar o jantar. O pai trabalha num a pequena empresa de
engenharia. Ele chega a casa, abre a porta e queixa-se do barulho.
Pedir-lhes que pensem como é que o pai e a mãe poderiam resolver esta situação?
Depois da cena terminar pedir-lhes algumas ideias para os pais resolverem a
situação e mostrar a solução 1

2) Mostrar a Solução 1 - SOLUÇÃO 1 - O PAI RALHA COM OS FILHOS E


CASTIGA-OS
Introduzir a cena:
Reparem como é que este pai resolveu a situação?
Processar a cena:
- Quais são algumas das razões que podem explicar que os filhos não não tenham
realizado as tarefas que a mãe estipulou? Eles não sabiam “especificamente” o que
era para fazer e quando fazer. Estavam a adiá-las até concluírem coisas mais
interessantes que estavam a acabar de fazer. Quando não fazem não têm
consequências e quando fazem não são elogiados.
- Porque é que a forma como o pai deu as ordens faz com que as filhas não as
cumpram e saiam de casa? o pai está a berrar e a exigir que façam as tarefas
imediatamente; os pais não foram claros sobre o que esperavam que eles fizessem:
o problema não foi definido de uma forma específica, nem as regras estabelecidas e
dadas de forma clara, o tom de voz foi negativo. Salientar a importância de definir
as regras de casa previamente e de dar as ordens na positiva, de forma específica e
educada.
- Porque é que a mãe gritou com o pai? Ela estava com pressa e frustrada. Ele
também não ajuda, tal como os miúdos. Ele espera que ela realize todas as tarefas

105
domésticas em casa .Ela gostaria de sentir que ambos fazem parte da mesma equipa
e não tem sentido isso.

NARRADOR:
Gritar com os filhos não é a melhor forma de conseguir a sua colaboração. Eles vão
tornar-se defensivos e podem até ficar revoltados. Os adolescentes não gostam que
os pais lhes deem ordens. A mãe e o pai deviam resolver este problema como uma
equipa. Os filhos levam-nos mais a sério quando percebem que eles estão unidos.
O castigo que o pai lhes deu foi demasiado duro. Mais tarde vai possivelmente voltar
atrás quando perceber que por estar irritado foi demasiado severo.

3.3. Distribuir o Folheto “reescreva as ordens ineficazes em ordens


eficazes ”
Em duetos reformulam ordens tornando-as específicas e formuladas na positiva
(dizer o que querem ver acontecer em vez de naquilo que não querem ver
acontecer). Cada dueto reformula 2 regras da lista e depois cada elemento do dueto
partilha uma delas.

3.4. Distribuir o Folheto sobre o “Dar ordens e estabelecer limites” e refletir


sobre cada um dos aspetos enunciados

DAR ORDENS E ESTABELECER DE LIMITES

 Dê só as ordens necessárias.
 Não misture ordens com pedidos
 Dê uma ordem de cada vez.
 Dê ordens curtas e específicas/claras.
 Antes de dar uma ordem, tenha a certeza de que o seu filho(a) está a ouvir.
Estabeleça contacto visual, diga o nome dele, etc.

106
 Seja realista nas suas expetativas: use ordens apropriadas à idade e
competências do seu filho.

 Use ordens “faz” (não use ordens na negativa: “não faças” “não…”).
 Torne as ordens positivas e educadas. Elimine as ordens sob a forma de
perguntas ou sugestões.
 Utilize avisos e lembretes quando o seu filho está a fazer algo que gosta,
avise-o antes de dar uma ordem.
 Faça um uso limitado das explicações depois de ter dado a ordem. Muitas
vezes, os filhos pedem explicações ou razões no momento que lhe dá a
ordem só para evitar cumprir uma ordem. As razões devem ser dadas antes
da ordem (“Vamos visitar a avó, por isso tens meia hora para te vestir”).
 Sempre que possível dê opções ao seu filho (sempre que ele possa
escolher; por exemplo “podes escolher sair na sexta ou no sábado à noite,
mas não podes sair nos dois dias, escolhe”).
 Apoie/reforce as ordens que o seu companheiro der.
 Dê ao seu filho a oportunidade para cumprir.
 Recompense a obediência.
 Certifique-se que as regras que o seu filho tem de cumprir são claras para
ele e envolva-o na sua definição tendo em conta a opinião dele, sempre que
possível: regras claras evitam que tenha de dar ordens.
 Toda a família deve ser ouvida na definição das “grandes regras da família”
e o seu filho deve compreender o porquê de cada uma das regras.

4. Objetivos para a semana e atividades em casa


- Pedir que escolham um momento em que costumam dar muitas ordens e vejam
quantas ordens dão e em quantos minutos.
- Pedir que escolham uma ordem que costumam dar e que a reformulem em função
dos princípios discutidos na sessão.
- Pedir que em família definam 5 regras da CASA que todos têm de cumprir: as
“grandes regras da nossa casa”

107
5. Avaliação da sessão
Os pais preenchem a folha de avaliação da sessão que colocam dentro da pasta onde
se encontra a folha dos objetivos.

6. Encerramento
- Avaliação da sessão pelo dinamizador e codinamizador: os dinamizadores devem
no fim da sessão preencher a checklist de automonitorização do facilitador

108
__ DUETO: reescreva as ordens ineficazes em ordens eficazes
Ordens Ineficazes Reescreva em ordens eficazes
Encontraste o copo aí no chão?

Estás à espera de quê para ires estudar?

Não penses que vou arrumar o teu


quarto.

Para com isso.

Não fales assim comigo.

Não grites.

Achas que sou tua criada?

Continua assim que vais longe. (está no


sofá a jogar no telemóvel)
Quantas vezes tenho que te mandar ir
tomar banho?
Isso são maneiras de comer?
Olha para ti, são maneiras de estar
sentado?
Não tens outras calças para vestir?

109
DAR ORDENS E ESTABELECER LIMITES
 Dê só as ordens necessárias.
 Não misture ordens com pedidos
 Dê uma ordem de cada vez.
 Dê ordens curtas e específicas/claras.
 Antes de dar uma ordem, tenha a certeza de que o seu filho(a) está a ouvir.
Estabeleça contacto visual, diga o nome dele, etc.
 Seja realista nas suas expetativas: use ordens apropriadas à idade e
competências do seu filho.
 Use ordens “faz” (não use ordens na negativa: “não faças” “não…”).
 Torne as ordens positivas e educadas. Elimine as ordens sob a forma de
perguntas ou sugestões.
 Utilize avisos e lembretes quando o seu filho está a fazer algo que gosta,
avise-o antes de dar uma ordem.
 Faça um uso limitado das explicações depois de ter dado a ordem. Muitas
vezes, os filhos pedem explicações ou razões no momento que lhe dá a
ordem só para evitar cumprir uma ordem. As razões devem ser dadas antes
da ordem (“Vamos visitar a avó, por isso tens meia hora para te vestir”).
 Sempre que possível dê opções ao seu filho (sempre que ele possa
escolher; por exemplo “podes escolher sair na sexta ou no sábado à noite,
mas não podes sair nos dois dias, escolhe”).
 Apoie/reforce as ordens que o seu companheiro der.
 Dê ao seu filho a oportunidade para cumprir.
 Recompense a obediência.

110
 Certifique-se que as regras que o seu filho tem de cumprir são claras para
ele e envolva-o na sua definição tendo em conta a opinião dele, sempre que
possível: regras claras evitam que tenha de dar ordens.
 Toda a família deve ser ouvida na definição das “grandes regras da família”
e o seu filho deve compreender o porquê de cada uma das regras

111
PROGRAMA MAIS FAMÍLIA MAIS JOVEM

DESAFIOS DA SEMANA – SESSÃO 7

• Escolha previamente um momento em que costuma dar muitas ordens e verifique


quantas ordens dá e em quantos minutos.
Registe:
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

• Escolha uma ordem que costuma dar e redefina-a em função dos princípios
discutidos nesta sessão.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

• Definam, em família, as 5 regras da casa: as “grandes regras da NOSSA CASA”

_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

 Se for a sua vez, não se esqueça de contactar o seu par do grupo.

112
SESSÃO 08

IGNORAR & APRENDER A MANTER A CALMA E A DESLIGAR OS BOTÕES DE


ALARME & BATER:
RESTABELECER A AUTORIDADE

01. Boas-vindas
02. Revisão dos princípios discutidos na última sessão e da sua aplicação em
casa durante a semana: os desafios e os objetivos da última semana
03. Tópico do dia “Ignorar” e “Aprender a manter a calma
04. Objetivos para a semana e atividades em casa – escolha dos novos pares
para os telefonemas
05. Avaliação da sessão pelos pais
06. Encerramento

113
1. Boas-vindas
- O dinamizador dá as boas vindas e elogia os membros do grupo por estarem à hora
marcada para a sessão. Faz a atribuição de recompensas concretas ou pontos.

2. Última sessão e aplicação dos princípios em casa


- Distribuir (se tiver) folha de princípios da última sessão.
- Partilha sobre sucessos e dificuldades em dar ordens conforme os princípios da
última sessão.
- Número de ordens que habitualmente dão e como isso pode estar a dificultar o
seu cumprimento.
- Partilha das 5 regras da casa: refletir sobre regras comuns e especificidade de
cada família.
- Como é que têm continuado a dar atenção aos comportamentos positivos.
- Falar sobre os telefonemas
- Recompensar

3. Tópico do dia: IGNORAR E MANTER A CALMA


Na última sessão falámos das ordens.
Sempre que damos uma ordem ou aplicamos uma consequência devemos ter
presente que temos de ser consistentes com ela, isto é, temos de a manter: é a
característica C (consistência) dos pais positivos (FOICES).
Por isso temos de pensar previamente se temos ou não condições de a manter e, se
não temos, então é preferível não dar a ordem.
A consistência por parte dos pais é muito importante para os filhos. É isso que torna
o comportamento previsível e o mundo seguro. Pelo contrário, se os pais são
inconsistentes, torna-se mais difícil para o adolescente aprender o que é um
comportamento apropriado e a ser responsável pelas suas escolhas. Para sermos
consistentes temos de estar calmos, para podermos agir em vez de “reagir”.
Hoje vamos falar sobre a importância de IGNORARMOS alguns comportamentos dos
nossos filhos em vez de lhes darmos ordens desnecessárias. IGNORAR significa que
deve ser interrompido o contacto visual, o contacto físico, a expressão facial deve

114
ser neutra e não se entra em discussão com o adolescente. Mal o adolescente comece
a exibir o comportamento desejado, os pais devem começar a prestar-lhe atenção e
elogiá-lo sem sarcasmo.
É importante estar a contar que, quando se utiliza a estratégia de ignorar, o
comportamento tende a piorar no início, antes de começar a melhorar. É preciso ser
firme e consistente – caso se ceda face à insistência do adolescente, eliminamos o
comportamento indesejável (berrar, discutir) no imediato, mas ensinamos-lhe que
quando quer levar a dele avante tudo quanto tem de fazer é argumentar (reforço do
comportamento indesejável).
É difícil ignorar um adolescente se ele começa a argumentar. Nestas circunstâncias
pode ser necessário afastar-se fisicamente para uma outra divisão da casa.

3.1. Chuva de ideias: Comportamentos NEGATIVOS (que


queremos reduzir ou que não queremos que aconteçam) que podemos
INGORAR
 Que comportamentos devem ser ignorados? Os pais podem por exemplo
referir
a) Amuos ou mau humor
b) Gritar
c) Discutir
d) Praguejar
e) Não responder a perguntas
f) Ameaças
g) Expressões faciais de enfado

 Que comportamentos não podem ser ignorados? Os pais podem por exemplo
referir
a) Violência contra os pais ou irmãos
b) Que causem estragos materiais
c) Que perturbem de um modo intolerável os outros
d) Que coloquem em perigo a saúde física e emocional do próprio
e) Linguagem que é inaceitável utilizar em casa

115
 Como podemos ignorar? Devem chegar às seguintes estratégias
o Não estabelecimento de contacto visual
o Postura corporal relaxada
o Ausência de resposta verbal
o Expressão facial neutra
o Mudar de divisão
 Como nos podemos manter calmos enquanto ignoramos um comportamento
indesejável.
a) Respirar fundo
b) Contar até 5
c) Pensamentos positivos
d) Técnicas de relaxamento
e) Sair da situação
f) Ligar a música

3.2. Dramatização
Não pedir voluntários: escolher com base nas partilhas na sessão, se possível, dois
elementos que vivam essa situação em casa.
Explicar em que consiste a “situação” que vão praticar e explicar o que faz a mãe e o
adolescente.
Recordar a importância de “praticar” na sessão para depois de aplicar em casa com
mais eficácia.
Situação: Um adolescente discute com a mãe depois de a mãe lhe ter dito que não
pode sair à noite à semana durante as aulas. Só ao fim de semana e apenas um dos
dias (sexta ou sábado).
Peça a uma mãe que faça de adolescente e a outra de mãe. O adolescente deve ser
insistente, puxar a cara da mãe para ela o ouvir, usar vários argumentos (sem nunca
usar linguagem inaceitável em casa), comparar-se com os amigos que saem todas as
noites e têm piores notas que ele, ameaçar que vai fugir de casa um dia destes,
ameaçar que vai descer as notas, dizer que não tem culpa de a mãe ter crescido no
século passado e não sair nunca com os amigos, de nem sequer ter amigos, etc. A

116
mãe deve ignorá-la virando a cara, não respondendo, virando as costas e no limite
pode mesmo abandonar a sala onde estavam os dois.

Discussão:
Pedir à mãe que fez de adolescente para dizer o que sentiu (frustração e fizesse o
que fizesse ou dissesse o que dissesse a mãe não mudaria de opinião; cansaço). Pedir
à mãe que fez de mãe que diga o que sentiu (vontade de responder; de lhe explicar
porque é que não pode sair à noite, mesmo já o tendo feito quando definiram as
regras das saídas; vontade de o ameaçar com consequências). Perguntar que
pensamentos foi tendo e se esses pensamentos a ajudaram ou, pelo contrário,
dificultaram ignorar.
O grupo deve discutir porque é que o comportamento da mãe foi eficaz e o que é que
o filho aprendeu com a consistência da mãe. Discutir também o que teria acontecido
se a mãe discutisse com o filho (estaria a treiná-lo para no futuro ele contestar todas
as ordens). Discutir que quando os dois estiverem calmos é importante definirem as
regras de saída à noite durante o tempo de aulas e se necessário fazerem um
contrato (sessão 10).

3.3. Como é que os pensamentos dos pais os podem impedir de


manterem-se calmos e ignorar: PROBLEMA 2 – AJUDAR OS FILHOS A TEREM
MELHORES RESULTADOS NA ESCOLA
1) Mostrar o Problema 2 de novo
Dizer aos pais que vão ver de novo um problema que já viram: o da mãe que é
contactada pela professora do filho, o Quim.
2) Solução 3: Ameaçar o Quim de ser castigado se não melhorar o seu
desempenho
Diga que vão ver uma outra resposta que a mãe poderia ter nesta situação e para
estarem atentos para perceberem como é que o PENSAMENTO que a mãe tem a faz
SENTIR e como é que esses sentimentos determinam o COMPORTAMENTO que tem
a seguir, impedindo-a de ser consistente e de resolver o problema de modo eficaz
Mostrar Solução 3

117
2) Processar:
- Como é que o pensamento da mãe determinou o comportamento dela? Quando
encaramos o comportamento dos nossos filhos como algo de pessoal, tal como a mãe
fez quando disse para si mesma “Ele pensa que eu sou estúpida” preparamo-nos
para um confronto de onde ninguém sai a ganhar. Esse pensamento faz disparar na
mãe um “botão de alarme” que a leva a sentir EMOÇÕES NEGATIVAS (zangada) que
a fazem REAGIR de forma agressiva em vez de agir de forma calma. São respostas
provocadas por uma área cerebral que se chama “amígdala” que é ativada quando
temos pensamentos e emoções negativos aos quais reagimos, em lugar de tomar
consciência deles e acalmarmo-nos.
- Ver com o os pais folheto Top 10: 10 Botões de Alarme
- Quais as consequências do comportamento da mãe: modelo negativo; não definiu
de forma específica o problema; não se focou no aumento do comportamento que
queria ver acontecer do que queria ver acontecer…
- Depois da discussão mostrar a reflexão feita pelo “narrador” no fim da
solução 3.
NARRADOR:
Quando a mãe pensa para si própria, “Ele pensa que eu sou ingénua?” isso fá-la
ficar zangada. E porque ficou zangada isso torna-a agressiva, o que a leva a dar um
castigo ao Quim sem lhe dar oportunidade de conversar.
A mãe não foi clara quando disse ao Quim que ficaria sem a bicicleta se não
melhorasse as notas. Uma vez que ele até teve algumas melhorias fica magoado e
zangado quando a mãe não ficou satisfeita.

. 3.4. Como é que os pensamentos dos pais os podem impedir de


manterem-se calmos e ignorar: O problema de ameaçar bater
Pela primeira vez introduz-se a questão do Bater como estratégia disciplinar, pois
nesta altura do programa os pais já dominam técnicas alternativas e percebem como
funcionam e já têm uma relação de confiança com os dinamizadores e com o grupo.

118
Colocar de novo o Problema 8 Levantar-se da cama de manhã e ficar pronto para ir
para a escola seguido da SOLUÇÃO 2 - Insistir com o João para se levantar e ameaçá-
lo de que será punido caso ele não o faça
1) Introdução: Introduzir a cena dizendo que vão voltar a ver a situação do
pai do João e a dificuldade que tem em conseguir que o João se levante cedo a horas
de o levar para a escola e que a seguir vão ver uma das respostas que o pai encontrou
para lidar com a situação: a solução 2. Pedir-lhes que pensem no efeito que o pai ao
não se ter conseguido manter calmo a ameaçar bater pode ter no João e na relação
dele com o pai.
2) Processar: Perguntar ao grupo o que pode acontecer se o pai de facto
“bater” no João como ameaça fazer.
- Ter em conta as seguintes informações para orientar a discussão e registar no
quadro em quatro quadrículas: as vantagens do bater e das estratégias disciplinares
positivas; as desvantagens do bater e das estratégias disciplinares positivas (no fim
as vantagens das estratégias disciplinares positivas têm de ser tantas como as
desvantagens do bater e as vantagens do bater tantas como as desvantagens das
estratégias positivas):

 O bater é frequentemente usado pelos pais porque é rápido e geralmente


interrompe o mau comportamento no curto prazo. O problema com o bater
é que tem desvantagens a longo prazo. A primeira é que quando os pais
batem nos filhos eles estão a modelar uma resposta agressiva. Assim,
crianças/adolescentes que são batidas frequentemente aprendem a recorrer
a respostas agressivas quando estão frustradas. E, o que ainda é pior, quando
os pais batem, muitas vezes perdem o controlo ou sentem-se descontrolados.
Esta perca de controlo, além de ser uma experiência aterrorizadora para o
filho, cria sentimentos de culpa nos pais, logo que eles se acalmam. Podem,
então, ter tendência a responder a esse sentimento de culpa compensando o
filho com recompensas (podendo fazer com que o filho tolere ser batido pelos
prémios que sabe irá receber em seguida) ou evitando qualquer uso de
disciplina no futuro. Outra dificuldade relacionada com o bater é que este
tende a “limpar o cadastro” do adolescente, deixando-o sem qualquer
sensação de remorso pelo mau comportamento. O resultado é que, com

119
frequência, estes adolescentes não aprendem a responsabilizar-se pelo mau
comportamento e têm tendência a portar-se de uma forma pouco apropriada
quando estão noutro contexto. Ainda outro resultado do bater é que o
adolescente aprende a esconder ou a mentir acerca dos problemas, para
evitar apanhar. De facto, quanto mais rígida for a disciplina – seja sob a forma
de críticas humilhantes ou punições físicas – mais desviante e resistente o
adolescente se torna.

 Ao bater os pais estão a modelar respostas violentas que os adolescentes vão


repetir com os irmãos e amigos e, no extremo, com outros adultos, incluindo
pais e professores.

 Pelo contrário, uma abordagem disciplinar positiva, ao mesmo tempo que


permite ao adolescente aprender quais os comportamentos que são
inadequados, dá-lhe a expetativa positiva de que será capaz de fazer melhor
na próxima vez e transmite-lhe a ideia de que ele é amado. Métodos como os
que já falámos, como o ignorar, as consequências lógicas, a perda de
privilégios; e outros de que iremos falar, como a resolução de problemas e os
contratos, são abordagens disciplinares positivas, que cumprem esses
critérios. Modelam uma resposta não violenta ao conflito. O ignorar
interrompe o conflito e a frustração, fornece tanto aos filhos como aos pais
um período para acalmar e mantém uma relação de respeito e de confiança,
na qual o adolescente sente que pode ser honesto com os seus pais acerca
dos seus problemas e erros. Contribuem para uma relação onde se sente
seguro e amado, a qual lhe permite estar mais disponível para as
aprendizagens na escola e autonomizar-se. A família é para estes
adolescentes o porto seguro: de onde podem partir com segurança e voltar
sempre que desejem/necessitem.

 Ao contrário do bater, as estratégias disciplinares positivas também obrigam


o adolescente a refletir e fomentam o desenvolvimento de um sentido
interior de responsabilidade ou consciência. Moldam o caráter e a capacidade
de aceitação e de se perdoarem a si mesmo e aos outros

120
 Bater tem vantagens no curto prazo para os pais (não para os filhos) e
desvantagens a longo prazo para ambos. Pelo contrário, as estratégias
positivas discutidas têm desvantagens a curto prazo para os pais (demoram
tempo e pode ser difícil levar a situação até ao fim) e vantagens a longo-prazo
para ambos

TOP TEN: 10 BOTÕES DE ALARME


(Parenting Your Out-of control Teenager; Scott, 2001)

São os pontos fracos dos pais: o adolescente toca neles e o alarme dos pais dispara
e isso fá-los sentir zangados ou tristes e fá-los perder o controlo (ajudar os pais a
estabelecer uma relação entre o PENSAMENTO que é ativado, a EMOÇÃO que é
gerada e o COMPORTAMENTO que é tido em função desses pensamentos e
emoções).

Botão O que ativa


1. Nunca me deixas fazer nada Os pais procuram justificar que não e
deixam de ser focar no verdadeiro
problema
2. Tu não queres saber de mim, não gostas Induz culpa e leva os pais a questionarem-
de mim se sobre a sua qualidade de pais, em vez de
os ajudar a explicar que pedir que
cumpram regras não tem nada a ver com
amor. A ideia é evitar o castigo (tal como o
remédio que sabe mal)
3. Odeio-te. Odeio esta família Faz os pais perderem o controlo pois
sentem que o seu carácter pessoal está a
ser alvo de ataque. Limita a capacidade dos
pais de aplicarem as consequências
4. Praguejar ou abusos verbais A ideia é que os pais esqueçam as
consequências e o verdadeiro problema

121
5. Tu não és meu pai (minha mãe); não Colocar em causa os padrastos e
tenho de te ouvir madrastas, pois ao frustrá-los retira-lhes
poder
6. Gestos específicos, uma voz irritante; Os pais ao tomarem isto como pessoal
revirar os olhos; linguagem corporal perdem a noção de qual é o verdadeiro
problema e como o enfrentar
7. Vou-me matar; vou… Visam assustar os pais e fazê-los recuar
8. Mentir Os pais odeiam mentiras e os adolescentes
sabem e usam-nas para os irritar
9. Odeio a escola A maioria dos pais valorizam a escola e
sentem que os adolescentes estão a
colocar em risco o futuro deles e ficam
descontrolados
10. Eu vou fugir, vou desparecer Visa fazer com que os pais sintam medo e
recuem

3.4.Em duetos:
- Identificar um comportamento do/a filho/a que podem IGNORAR, mas que não
conseguem ignorar, que os faz ter pensamentos perturbadores/sentimentos
negativos (por ex. o/a filho/a dizer que ela é uma frustrada, que não tem vida).
- Identificar a emoção NEGATIVA que esse comportamento ou faz sentir ou um
PENSAMENTO perturbador que costumam ter quando estão a tentar ignorar esse
comportamento. Cada dueto identifica assim 2 sentimentos ou 2 pensamentos.
- Identificar como é que isso que SENTEM e/ou PENSAM determina o
comportamento que têm a seguir (por ex. ele não me respeita – sinto-me frustrado,
irritado – berro com ele porque me sinto frustrada e digo coisas que mais tarde me
arrependam).
- Identificar pensamentos “calmantes” que podem ter para substituir esses
pensamentos “perturbadores” ou outras coisas que possam fazer para se
acalmarem e conseguirem ignorar

122
Partilhar em grande grupo
Colocar no quadro 3 colunas: o comportamento; os pensamentos perturbadores
e/ou emoções negativas; pensamentos calmantes; coisas que podem fazer para se
acalmar

3.5. Ver os folhetos

“O QUE FAZER QUANDO ME SINTO MESMO ZANGADO/A”


 Preste atenção à sua tensão corporal, respire fundo e relaxe.
 Esteja atento/a a qualquer autocrítica e substitua-a por autoencorajamento.
 Pergunte a si mesmo/a se aquilo que o/a está a fazer sentir tenso/a é
realmente importante. Será que isso vai fazer alguma diferença daqui a uma
semana? Um ano? Quando tiver 70 anos?
 Visualize um acontecimento passado maravilhoso que teve com o seu filho
(por exemplo ele a rir consigo quando era pequenino; ... ) ou sonhe com o
futuro.
 No meio de um conflito, respire fundo, acalme-se, leve para a brincadeira e
afaste-se durante alguns minutos.
 Faça uma pausa (vá dar uma volta, tome um banho, leia um jornal...).

“PENSAMENTO POSITIVO”!
 Quando a mudança ocorre, é normal as coisas ficarem pior antes de
melhorarem
 Isto não dura para sempre; as coisas vão melhorar.
 Eu consigo lidar com isto; consigo controlar-me .
 Eu consigo ensiná-lo a ...
 Os problemas acontecem por isso todos temos de aprender a resolver
conflitos.
 Posso falar com ele... e encontrar algumas soluções.
 Vamos arranjar uma maneira; todos temos de tentar para aprender.

123
 Toda a gente comete erros.
 Eu posso ajudar se ...
 As suas qualidades são...
 Eu sou um bom pai/mãe porque estou a tentar...
 Eu consigo manter-me calmo a maior parte do tempo.
 Gosto muito de estar com ele/a, especialmente quando nós...

3.6. Substituir pensamentos “perturbadores” por


pensamentos positivos “calmantes”
Dinâmica do “diabo-anjo”: o dinamizador, assumindo o papel de “diabo” diz a cada
um dos pais à vez algo que lhes pode gerar um pensamento “perturbador” e cada
pai, à vez, gera um pensamento “positivo”, calmante, que contraria esse pensamento
perturbador. Os pais podem colocar, à vez, uma coroa de anjo, quando estão a gerar
esse pensamento. Podem usar alguns dos que estão registados no quadro.

4. Objetivos para a semana e atividades em casa: desafios da semana


- Pedir a cada pai que escolha um comportamento desadequado a que costuma dar
atenção e que vai ignorar nessa semana. Pedir para estar atento ao que pensa, ao
que sente e ao que faz para conseguir substituir pensamentos perturbadores por
pensamentos que o ajudem a acalmar e outras coisas que faz para se acalmar.
- Faça uma lista dos seus botões de alarme.
- Escolher novos pares para os telefonemas nas próximas duas sessões.

5.Avaliação da sessão
Os pais preenchem a folha de avaliação da sessão que colocam dentro da pasta onde
se encontra a folha dos objetivos.

6. Encerramento
- Avaliação da sessão pelo dinamizador e codinamizador: os dinamizadores devem
no fim da sessão preencher a checklist de automonitorização do facilitador

124
O QUE FAZER QUANDO ME SINTO MESMO ZANGADO/A
 Preste atenção à sua tensão corporal, respire fundo e relaxe.
 Esteja atento/a a qualquer autocrítica e substitua-a por autoencorajamento.
 Pergunte a si mesmo/a se aquilo que o/a está a fazer sentir tenso/a é
realmente importante. Será que isso vai fazer alguma diferença daqui a uma
semana? Um ano? Quando tiver 70 anos?
 Visualize um acontecimento passado maravilhoso que teve com o seu filho
(por exemplo ele a rir consigo quando era pequenino; ... ) ou sonhe com o
futuro.
 No meio de um conflito, respire fundo, acalme-se, leve para a brincadeira e
afaste-se durante alguns minutos.
 Faça uma pausa (vá dar uma volta, tome um banho, leia um jornal...).

“PENSAMENTO POSITIVO”!
 Quando a mudança ocorre, é normal as coisas ficarem pior antes de
melhorarem
 Isto não dura para sempre; as coisas vão melhorar.
 Eu consigo lidar com isto; consigo controlar-me .
 Eu consigo ensiná-lo a ...
 Os problemas acontecem por isso todos temos de aprender a resolver
conflitos.
 Posso falar com ele... e encontrar algumas soluções.
 Vamos arranjar uma maneira; todos temos de tentar para aprender.
 Toda a gente comete erros.
 Eu posso ajudar se ...

125
 As suas qualidades são...
 Eu sou um bom pai/mãe porque estou a tentar...
 Eu consigo manter-me calmo a maior parte do tempo.
 Gosto muito de estar com ele/a, especialmente quando nós...

126
PROGRAMA MAIS FAMÍLIA MAIS JOVEM

DESAFIOS DA SEMANA – SESSÃO 8

 Escolha um comportamento desadequado a que costuma dar atenção e que vai ignorar
nessa semana.
_____________________________________________________________________________

 Esteja atento, enquanto ignora esse comportamento, ao que pensa, ao que sente e ao
que faz para conseguir substituir pensamentos perturbadores por pensamentos que o
ajudem a acalmar e outras estratégias que utiliza para se acalmar.
Registe:
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

 Faça uma lista dos seus botões de alarme.


______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

 Se for a sua vez, não se esqueça de contactar com o seu par do grupo.

127
SESSÃO 09

CONSEQUÊNCIAS PARA OS COMPORTAMENTOS INADEQUADOS:


RESTABELECER A AUTORIDADE

01. Boas-vindas
02. Revisão dos princípios discutidos na última sessão e da sua aplicação em
casa durante a semana: os objetivos e desafios da última semana
03. Tópico do dia “Consequências lógicas e naturais”
04. Objetivos para a semana e atividades em casa: Escolha de novos parceiros
para os telefonemas
05. Avaliação da sessão pelos pais
06. Encerramento

128
1. Boas-vindas
- O dinamizador dá as boas vindas e elogia os membros do grupo por estarem à
hora marcada para a sessão. Atribui recompensas concretas ou pontos.

2. Última sessão e aplicação dos princípios em casa


- Distribuir a folha de princípios da última sessão (se tiver).
- Rever as experiências que os pais tiveram essa semana em casa com as tentativas
de IGNORAR e MANTER A CALMA: o que resultou melhor e quais os efeitos no
comportamento dos filhos; o que dificultou. Quais os botões de alarme que
identificaram.
- Como é que têm continuado a dar atenção aos comportamentos positivos.
- Falar sobre os telefonemas.

3. Tópico do dia
3.1 Consequências que utilizam

Pedir aos pais que em duetos partilhem as Consequências que utilizam


em casa para aplicarem quando não podem ignorar um comportamento
inadequado? Por exemplo, quando o adolescente quebra uma regra ou não obedece
a uma ordem? Explicar que o tópico da sessão de hoje é falar sobre esse último
aspeto, ou seja, o adolescente perder o direito de fazer coisas que gosta porque não
cumpre uma ordem “Se…então….” (consequência lógica).

Partilhar em grande grupo.


- Fazer uma lista das consequências no quadro, sem ainda discutir se são ou não
adequadas. Dizer que vão voltar a elas depois de visionarem e discutirem as cenas
de vídeo da sessão de hoje.

129
3.2. Mostrar PROBLEMA 8: LEVANTAR-SE DA CAMA DE MANHÃ E
FICAR PRONTO PARA IR PARA A ESCOLA
1) CENA:
Introduzir a cena: Dizer que vão ver o pai do João a chamá-lo de manhã para ir
para a escola e que o João não se está a levantar. Pedir que pensem em algumas
consequências que o pai poderia utilizar se o João desobedece-se
Processar: Perguntar que consequências é que o pai do João podia utilizar.
Dizer que agora vão ver a resposta que o pai deu à situação
2) SOLUÇÃO 2 - INSISTIR COM O JOÃO PARA SE LEVANTAR E AMEAÇÁ-LO DE
QUE SERÁ PUNIDO CASO ELE NÃO O FAÇA
Introduzir: Peça aos pais para pensarem quais os riscos para a relação do pai com
o João da forma como o pai reagiu à situação.
Processar:
Qual a consequência que o pai definiu ?(tirar a mesada para sempre e ficar de
castigo duas semanas e ameaçou bater)
Serão estas consequências eficazes? (não, o pai não lhe vai tirar a mesada para
sempre e não é específico sobre o que significa ficar de castigo).
Como é que o pai devia ter especificado qual a regra? (o pai pode dar um aviso
prévio, 10 minutos antes de o chamar para se levantar, depois chama-o e se ele se
levantar elogia-o; caso não se levante dá-lhe a escolher: ou te levantas agora ou….)?
Que consequências podia o pai do João aplicar?
Referir que no próxima sessão vão falar da “ameaça de bater que o pai fez”.
Passar o narrador
“O pai está zangado porque considerou o atraso do João como algo pessoal.
Ele não compreende como é difícil para muitos adolescentes levantarem-se cedo.
Com efeito, este atraso não decorre do facto de ter sido o pai a chamá-lo.
Ameaçar o João de que lhe vai bater e de que o vai castigar durante duas semanas é
uma reação exagerada. A punição física pode destruir seriamente a relação com os
nossos filhos. E punições severas convidam à rebeldia, como o João mostrou aqui.
O pai vai perder o respeito do filho ao ameaçar com um castigo que não vai poder
manter porque é exagerado.

130
3.3. Consequências lógica e consequências naturais
- As consequências ensinam os nossos filhos a serem mais responsáveis. Estas
estratégias são mais eficazes para aqueles problemas recorrentes, em que os pais
são capazes de decidir antecipadamente o que poderão fazer quando o mau
comportamento voltar a ocorrer.
- Os pais devem desenvolver nos seus filhos a tomada de decisão, o sentido de
responsabilidade e a capacidade de aprender com os erros através do uso das
consequências lógicas e naturais.
 A consequência é natural quer resulte da ação do adolescente, quer pela
inação, na ausência de intervenção adulta. Ou seja, se o Rui adormece ou se
se recusa a ir no autocarro da escola, a consequência natural poderá ser que
ele terá de ir a pé para a escola. Se a Catarina não quer vestir o casaco, então
ela irá sentir frio. Nestes exemplos, o adolescente aprende experienciando as
consequências diretas da sua própria decisão – aqui eles não foram
protegidos da possibilidade de uma consequência desagradável como
resultado do seu comportamento, por nenhuma ordem dos pais.
 Uma consequência lógica, por seu lado, é configurada pelos pais. É
concebida como uma “forma de remediar o crime”. Uma consequência lógica
para um adolescente que estragou o computador poderá ser ele trabalhar até
conseguir pagar os custos do arranjo.
 Por causa das competências cognitivas que envolvem, as consequências
naturais funcionam melhor com adolescentes que com crianças. Por
exemplo, as crianças muito novas não conseguem ver a conexão entre não
comer e ficar com fome duas horas mais tarde.

3.4. Discutam alguns dos princípios que se devem ter em conta na


escolha e aplicação das consequências e analisem a listagem (que está no quadro)
de consequências que fizeram com os pais vendo se cumprem alguns desses
princípios:
 dar consequências próprias para a idade;

131
 estar seguro de que consegue viver com as consequências que estabeleceu –
ser consistente = disciplina assertiva;
 o tamanho da consequência tem de estar relacionado com a gravidade da
regra quebrada e com a persistência do comportamento “NÃO USAR
MARTELOS PARA MATAR MOSQUITOS”;
 devem ser indicadas para o adolescente: o que funciona com um adolescente
não funciona com o outro;
 dar ao adolescente a possibilidade de escolher antecipadamente,
envolvendo-o na escolha das consequências e, deste modo,
responsabilizando-o;
 estabelecer consequências não punitivas;
 ser amigável e positivo quando aplica as consequências: escolheste não
obedecer então ............;
 oferecer rapidamente novas oportunidades de aprender a ter sucesso.
- Distribuir o folheto “Consequências”

- Distribuir e discutir o folheto “Consequências TOP 10” e


acrescentar mais consequências às listadas no quadro

132
CONSEQUÊNCIAS TOP 10
DINHEIRO Retirar como consequência
NET/TELEMÓVEL Impedir a comunicação com os amigos
ou namorados
LIBERDADE Perda de liberdade de qualquer tipo
(saídas diárias ou saída no fim de
semana ou ida a uma festa
ROUPAS Representam uma identidade: retirar
ou não lavar e passar a ferro algumas
peças de roupa preferidas (evitar
humilhar obrigando a usar roupas que
detesta). Retirar outros itens ligados à
aparência: óculos escuros, relógios, …
APARÊNCIA Só em situações extremas: apareça na
escola vestida de uma forma que
embarace o seu filho (ele sabia
antecipadamente que se quebrasse a
regra iria fazê-lo): com rolos; ou com
uma roupa da sua mãe. Isto motiva-o a
cumprir
TRANSPORTE Se costuma ir levá-lo e buscá-lo deixe de
o fazer, ele passa a andar a pé ou de
autocarro
BENS MATERIAIS Retirar do quarto a TV, o computador, a
coleção de CDs favoritos

133
4. Objetivos para a semana e atividades em casa: desafios da semana
- Pedir a cada pai que escolha um comportamento desadequado ao qual vão atribuir
consequências lógicas “Se……então…….”. Devem conversar antecipadamente com o
adolescente sobre essa consequência .
- Fazer uma lista de consequências possíveis de aplicar.
- Continuar com os telefonemas com o par da última sessão.

5. Avaliação da sessão
Os pais preenchem a folha de avaliação da sessão que colocam dentro da pasta onde
se encontra a folha dos objetivos.

6. Encerramento
- Avaliação da sessão pelo dinamizador e codinamizador: os dinamizadores devem
no fim da sessão preencher a checklist de automonitorização do facilitador

134
CONSEQUÊNCIAS TOP 10
DINHEIRO Retirar como consequência
NET/TELEMÓVEL Impedir a comunicação com os amigos
ou namorados
LIBERDADE Perda de liberdade de qualquer tipo
(saídas diárias ou saída no fim de
semana ou ida a uma festa
ROUPAS Representam uma identidade: retirar
ou não lavar e passar a ferro algumas
peças de roupa preferidas (evitar
humilhar obrigando a usar roupas que
detesta). Retirar outros itens ligados à
aparência: óculos escuros, relógios, …
APARÊNCIA Só em situações extremas: apareça na
escola vestida de uma forma que
embarace o seu filho (ele sabia
antecipadamente que se quebrasse a
regra iria fazê-lo): com rolos; ou com
uma roupa da sua mãe. Isto motiva-o a
cumprir
TRANSPORTE Se costuma ir levá-lo e buscá-lo deixe de
o fazer, ele passa a andar a pé ou de
autocarro
BENS MATERIAIS Retirar do quarto a TV, o computador, a
coleção de CDs favoritos

135
CONSEQUÊNCIAS

 dar consequências próprias para a idade;


 estar seguro de que consegue viver com as consequências que estabeleceu –
ser consistente = disciplina assertiva;
 o tamanho da consequência tem de estar relacionado com a gravidade da
regra quebrada e com a persistência do comportamento “NÃO USAR
MARTELOS PARA MATAR MOSQUITOS”;
 devem ser indicadas para o adolescente: o que funciona com um adolescente
não funciona com o outro;
 dar ao adolescente a possibilidade de escolher antecipadamente,
envolvendo-o na escolha das consequências e, deste modo,
responsabilizando-o;
 estabelecer consequências não punitivas;
 ser amigável e positivo quando aplica as consequências: escolheste não
obedecer então ............;
 oferecer rapidamente novas oportunidades de aprender a ter sucesso.

136
PROGRAMA MAIS FAMÍLIA MAIS JOVEM

DESAFIOS DA SEMANA – SESSÃO 9

• Faça uma lista de consequências que possam ser usadas sempre que o/a seu/sua
flho/a não cumprir uma regra ou ordem e sente-se com ele deixando claro em que situações é
que serão utilizadas. Ouça-o e seja flexível, sem deixar de ser consistente.

_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

 Se for a sua vez, não se esqueça de contactar com o seu par do grupo.

137
SESSÃO 10

COMO ESCREVER UM CONTRATO À PROVA DE ADOLESCENTE:


RESTABELECER A AUTORIDADE

01. Boas-vindas
02. Revisão dos princípios discutidos na última sessão e da sua aplicação em
casa durante a semana: os objetivos e desafios da última semana
03. Tópico do dia: os “Contratos”
04. Objetivos para a semana e atividades em casa: desafios da semana
05. Avaliação da sessão pelos pais
06. Encerramento

138
1. Boas-vindas
- O dinamizador dá as boas vindas e elogia os membros do grupo por estarem à hora
marcada para a sessão. Faz a atribuição de recompensas concretas ou pontos.

2. Última sessão e aplicação dos princípios em casa


- Recordar os princípios da última semana (distribuir folha de princípios de tiver).
- Rever as experiências que os pais tiveram essa semana em casa com a utilização de
mensagens na primeira pessoa: efeitos em si e nos outros; dificuldades e como as
ultrapassaram.

3. Tópico do dia CONTRATOS À PROVA DE ADOLESCENTE


Os contratos são particularmente úteis para usar com adolescentes porque ensina-
os a ser responsáveis e a estabelecer e manter acordos.

3.1. Mostrar PROBLEMA 1


- Mostrar de novo o Problema 1 e apresentar a SOLUÇÃO 3 - Os pais fazem uma
lista das tarefas domésticas com os filhos
1) Introdução: referir que vão ver de novo o problema em que o pai chegava a casa
e encontrava a mãe frustrada por os filhos não terem realizado as tarefas de casa
que eram da responsabilidade deles fazerem. Acrescentar que vão ver uma outra
solução, diferente daquela em que o pai impôs a realização das tarefas sem utilizar
as estratégias da parentalidade positiva. Podem mais uma vez referir que esta
mudança pode acontecer depois de os pais participarem em grupos como aquele em
que estão a participar.
Orientar a visualização sugerindo que estejam particularmente atentos à forma
como ambos os pais estabelecem um acordo com os filhos sobre a realização das
tarefas que são da responsabilidade deles.
2) Processar:
- Qual a vantagem de os pais fazerem com os filhos a lista de tarefas e assinalarem
nessa lista quando eles as realizam? (Fazer uma lista de tarefas e assinalar quando

139
os filhos as realizam reduz as discussões. Os filhos ficarão mais responsáveis e
podem visualizar o seu desempenho.)
- Porque é importante estabelecer não apenas consequências para o não
cumprimento, mas também recompensas quando cumprem? (motiva a
continuarem; responsabiliza quando não realizam; aprendem a escolher e deste
modo a serem mais responsáveis em casa e também em outros contextos)
- Porque é importante os pais manterem a calma e como é que o fazem? Os pais ao
manterem a calma são Modelos Positivos para os filhos de como controlar as
emoções. A mãe usa autodiálogo dizendo para si mesma: “Ok. Não adianta gritar –
ninguém gosta disso.” O pai e a mãe reconhecem as suas emoções negativas e
comportam-se como uma equipa, passando, deste modo, a mensagem aos filhos que
estão de acordo e se respeitam e apoiam, o que dá uma imensa segurança aos filhos:
“Mãe: (para o pai): Desculpa…sabes, eu fico frustrada, ninguém me ouve (no
trabalho) o dia inteiro. Depois chego a casa e é mais do mesmo por parte dos miúdos.
Pai: Pois, bem, tu tens razão em relação aos labregos do meu trabalho…eu sou tão
bem sucedido com eles como sou cá em casa.”
- Porque é que é importante a situação ser resolvida com toda a família presente e
porque é que é importante os pais ouvirem a opinião dos filhos? Cria um sentido de
coesão familiar que aumenta a segurança dos filhos e sentido de pertença e
aceitação. Quando a mãe pergunta: “OK. Então o que é que tem de ser feito, quais são
as recompensas e quais as tarefas extra?” faz os filhos sentirem-se validados e abre
portas à negociação, o que ao mesmo tempo os responsabiliza pelo acordo a que
chegarem.
- Porque é que é importante a mãe ter papel e esferográfica para registar a lista de
tarefas e o acordo a que chegarem sobre recompensas e consequências?
Responsabiliza, dá segurança e garante que todos compreenderam as suas
responsabilidades, evitando mal entendidos.
- Nesta discussão tenha em conta as grandes vantagens dos Contratos
_ Vantagens de estabelecer um Contrato:
 Conduz a uma melhor compreensão do problema.
 Todos estão envolvidos e ouvem o mesmo. Uma vez que todos estão
envolvidos, será mais fácil que cumpram o estabelecido,
comparativamente às famílias em que são os pais que “ditam as leis”.

140
 Existe uma estratégia clara para obtenção de acordo. A cooperação é
melhor do que quando as ordens são impostas pelos pais,
especialmente quando os filhos já são mais velhos.
 É especialmente importante com adolescentes porque lhes ensina o
sentido de responsabilidade e como fazer e manter acordos.
 Contribuem para aumentar a qualidade da relação entre pais e filhos
e para um clima familiar mais positivo.
3) Passar o narrador no final do processamento em grande grupo
NARRADOR:
“A mãe e o pai comportam-se como uma equipa e usam uma comunicação clara e
calma. Este é um exemplo de um bom Modelo de Comportamento.
Uma vez que os filhos imitam o comportamento dos pais devemos ter cuidado com
o que lhes demonstramos. Mantermos o controlo das nossas emoções é um bom
exemplo.
A mãe usa uma “Afirmação na 1ª pessoa” quando diz, “Eu fico chateada por ter de
pedir constantemente. Eu não quero ter de estar sempre a ralhar.” É muito mais
eficaz quando ela diz o que sente face ao que os filhos fizeram, do que culpá-los.
Fazer uma lista de tarefas e assinalar quando os filhos as realizam reduz as
discussões. Os filhos ficarão mais responsáveis e podem visualizar o seu
desempenho. Os pais precisam de recompensar os esforços dos seus filhos.
Estabelecer recompensas e penalizações para o cumprimento ou não das tarefas é
uma forma de Contrato ou Sistema de Pontos. Se os castigos e as recompensas forem
apropriados, os filhos ficarão mais motivados para cumprirem o que se espera
deles.”

3.2. Estabelecer um contrato


- Distribuir o folheto “Como estabelecer um contrato”. Pedir a cada membro que
leia um dos pontos e que o explique por palavras suas.
Folheto: Como estabelecer um contrato
1. IDENTIFICAR O PROBLEMA. Cada elemento da família tem de ter
a oportunidade de apresentar o seu ponto de vista sobre o

141
problema, dizer até que ponto o problema o afeta e o seu papel no
mesmo.
2. EXPLORAR O PROBLEMA. Conversem sobre as causas que
conduziram ao problema e as suas consequências. Deste modo são
acrescentados mais detalhes ao passo 1.
3. LEVANTAMENTO DE SOLUÇÕES. Todos os presentes devem
apresentar uma ou duas possibilidades de resolução do problema.
Ninguém deve fazer comentários sobre as sugestões que dá ou as
dadas pelos outros antes de chegar ao próximo passo. Ideias
irrealistas e divertidas são bem-vindas, desde que todos
contribuam. Peça um voluntário para registar todas as ideias.
4. AVALIAR CADA SOLUÇÃO E DECIDIR QUAL É A MELHOR.
Debatam as diferentes soluções apresentadas, uma a uma, e
discutam identificando os prós e contras de cada uma. Mais uma
vez, todos devem contribuir. Pergunte a cada elemento da família,
depois do debate, qual a solução que acha que irá resultar melhor.
Proponha que todos concordem em tentar uma das soluções ou
com uma combinação de duas ou mais boas soluções.
5. REDIGIR O CONTRATO. Conversem sobre o papel que cada
pessoa pode ter na implementação da solução e na resolução do
problema. Registe os acordos, começando por registar quem faz o
quê. Discuta sobre quais as recompensas por manterem os acordos
do contrato e quais as punições por não os cumprirem. Registe-as
também. Se o contrato for um pouco complicado, peça para cada
um dizer o que acha que consta no contrato para se assegurar que
todos o compreendem. Corrija qualquer mal-entendido.

- Divida o grupo em dois e peça a cada grupo que simule um contrato


para a resolução do problema que lhes vai ser distribuído. Cada um dos
dinamizadores apoia um dos subgrupos na redação. Peça que escrevam os
principais pontos do contrato e partilhem no fim.

142
1) Distribua os seguintes dois problemas um para cada grupo (para a realização
desta atividade os pais terão de ter no mínimo 15 minutos):

1. A filha de 13 anos quer sair até mais tarde aos fins-de -semana. Tem havido
muitas discussões ultimamente por ela não chegar a horas a casa quando sai
aos fins-de-semana.
1. IDENTIFICAR O PROBLEMA.
2. EXPLORAR O PROBLEMA.
3. LEVANTAMENTO DE SOLUÇÕES.
4. AVALIAR CADA UMA DAS SOLUÇÕES E DECIDIR QUAL A MELHOR.
5. REDIGIR O CONTRATO.

2. Os filhos de 10 e 12 anos refilam e choram cada vez que a mãe lhes diz que
são horas de se irem deitar, pedindo para ficar a ver televisão. O pai tem quase
sempre de se zangar com eles e gritar para que eles obedeçam e se vão deitar.
1. IDENTIFICAR O PROBLEMA.
2. EXPLORAR O PROBLEMA.
3. LEVANTAMENTO DE SOLUÇÕES.
4. AVALIAR CADA UMA DAS SOLUÇÕES E DECIDIR QUAL A MELHOR.
5. REDIGIR O CONTRATO.
2) Distribua os 2 folhetos sobre como família Calvão elaborou e redigiu um
contrato e analise com os pais antes de começarem a elaborar o contrato para o
problema que lhes foi distribuído: “Exemplo do estabelecimento de um contrato”;
“Exemplo de contrato”

4. Objetivos para a semana e atividades em casa: os desafios da semana


- Pedir para fazerem um CONTRATO em família e o trazerem na próxima semana.
Esse contrato deve incluir todos os filhos (se tiverem mais do que um) e não
apenas aquele cujas dificuldades o trouxeram a este programa.
- Antecipar desafios analisando o folheto “Cascas de banana de um contrato”
- Continuar os telefonemas ao par

143
1. Avaliação da sessão
Os pais preenchem a folha de avaliação da sessão que colocam dentro da pasta onde
se encontra a folha dos objetivos.

2. Encerramento
- Avaliação da sessão pelo dinamizador e codinamizador: os dinamizadores devem
no fim da sessão preencher a checklist de automonitorização do facilitador

144
COMO ESTABELECER UM CONTRATO
I. Identifique o problema
II. Explore o problema
Discuta quais as situações que conduzem ao problema e o que acontece
depois.
III. Faça uma “chuva de ideias” sobre possíveis soluções
Cada membro deve sugerir uma ou duas soluções para o problema.
Ninguém deve fazer comentários sobre as soluções que os outros
sugeriram. Peça alguém que se voluntarie para fazer a lista das soluções.
IV. Avalie cada uma das soluções e decida qual a que resulta melhor
Siga as soluções da lista e discuta as vantagens e desvantagens de cada uma
delas. De novo cada pessoa pode dizer o que pensa. Tente que todos
cheguem a um consenso sobre a melhor solução ou construa uma que
englobe duas ou mais das preferidas.
V. Escreva o contrato
Discuta o que cada pessoa implicada pode fazer para aplicar a solução
encontrada e resolver o problema. Escreva o acordo especificando o que
cada um tem de fazer. Discuta as consequências para quem não cumpre e
quebra o contrato. Escreva-as também.
VI. Leia o contrato e peça a cada um que explique o que tem de fazer
Todos assinam.
VII. Para tornar o contrato eficaz
 Coloque o contrato num local em que todos o possam ver. Faça uma
revisão periódica do contrato com todos os envolvidos (por exemplo ao fim
de semana). Qualquer alteração ao contrato tem de ser feita com todos
presentes e no encontro semanal.

145
 Seja consistente quer com as recompensas, quer com as punições – só
desta forma o seu contrato manterá a eficácia. Não se esqueça de elogiar
quem cumpre (além de recompensar) e ignorar quem não cumpre (além de
penalizar).

OS CONTRATOS ENSINAM OS NOSSOS FILHOS A SEREM RESPONSÁVEIS PELOS


SEUS PRÓPRIOS COMPORTAMENTOS

146
EXEMPLO DO ESTABELECIMENTO DE UM CONTRATO

A família Calvão discute frequentemente sobre a divisão das tarefas domésticas. O


Luís, de 14 anos, traz com frequência amigos para casa e esquece as suas
responsabilidades enquanto eles estão presentes. A Letícia, a sua irmã de 9 anos, vai
contar tudo à mãe. A mãe ralha e grita para que o Luís faça o que lhe compete. Ele
geralmente responde-lhe mal e sai de rompante de casa com os amigos. Tanto o Luís
como a mãe ficam zangados com isso e, mais tarde, voltam a discutir por ele voltar
para casa muito mais tarde do que era suposto. Por vezes, ele não regressa antes das
10h ou 11h da noite e quando a mãe lhe pergunta, diz que não tem trabalhos de casa
para fazer.
Um dia, a mãe sugere que se sentem os três e elaborem um contrato para resolver
alguns destes problemas. Ela estava sobretudo zangada pelo facto de o Luís sair até
tarde sem permissão, e por não fazer as tarefas de casa; no entanto, reconheceu
também que eram as discussões acerca destas tarefas que geralmente faziam com
que não quisesse voltar cedo. Assim, ela começou esta reunião de família pelo
problema de o Luís não fazer as tarefas domésticas depois da escola. Os Calvão
passaram pelos cinco passos seguintes:

1. IDENTIFICAR O PROBLEMA. A mãe começou por dizer o quanto se sente frustrada


por ter de lembrar ao Luís as suas tarefas em casa todos os dias. (Afirmação na
Primeira Pessoa). Ela teve de as fazer frequentemente sozinha porque o Luís voltou
para casa demasiado tarde. O Luís disse que se sentia envergonhado por ela ralhar
e gritar na presença dos seus amigos. Ele também disse que não gostava que a mãe
poupasse a irmã dando-lhe muito menos tarefas.

2. EXPLORAR O PROBLEMA. Através do diálogo, ficou claro que a Letícia chamava a


atenção da mãe através das queixinhas que fazia do irmão e que o Luís não gostava

147
nada disso. Se o Luís não fizesse as suas tarefas logo que chegasse da escola, a Letícia
fazia queixa dele. O Luís só queria comer qualquer coisa e relaxar depois das aulas,
antes de cumprir as suas tarefas.

3. LEVANTAMENTO DE SOLUÇÕES. A Letícia voluntariou-se para registar as ideias.


O Luís começou por sugerir não ter de fazer nenhuma tarefa. A Letícia apressou-se
a dizer o quanto essa ideia era desadequada, e a mãe recordou-lhe que tinha de
esperar pelo passo quatro para poder dar a sua opinião sobre as sugestões
apresentadas. A mãe sugeriu que fossem dados ao Luís 30 minutos para fazer as suas
tarefas (as quais demorariam apenas 10 minutos, dando-lhe assim uma folga de 20
minutos) ao chegar a casa depois das aulas. A Letícia sugeriu que a mãe o mandasse
fazer as tarefas antes de ir para a cama. Outras sugestões: A Letícia não deve acusar
o irmão; a mãe não deve gritar na presença dos amigos do Luís (pode chamá-lo à
parte ou fazer-lhe um sinal previamente combinado); a mãe fazer todas as tarefas
do Luís se ele fizer todos os trabalhos de casa da escola; o Luís tem de fazer uma
tarefa extra se se esquecer e tiver de ser lembrado pela mãe; a Letícia tem de fazer
as tarefas do Luís se fizer queixinhas.

4. AVALIAR CADA UMA DAS SOLUÇÕES E DECIDIR QUAL A MELHOR:


Os Calvão conversaram sobre as vantagens e desvantagens de cada uma das
soluções. A ideia de dar mais tempo ao Luís, sem a Letícia interferir ou a mãe
chamar-lhe a atenção, reduz a pressão sobre ele, torna-o menos irritadiço; por outro
lado, isto faz com que seja menos provável que o Luís saia tempestuosamente de
casa. Não fazer tarefas foi visto como um não contributo para as tarefas de casa que
têm de ser partilhadas pelos elementos da família. Castigar a Letícia por ela fazer
queixas do irmão ajudará a que se relacionem melhor. A melhor solução implicou a
combinação de várias ideias e resultou no próximo passo.

5. REDIGIR O CONTRATO. A mãe iniciou uma conversa sobre as recompensas e


punições por cumprirem ou não cumprirem o contrato. Depois registou o contrato:
1. O Luís concorda fazer as suas tarefas sem ser relembrado, nos 30 minutos
seguintes a ter chegado a casa depois da escola.

148
2. A mãe concorda não lembrar o Luís das tarefas antes de terem passado os 30
minutos. Se os seus amigos estiverem presentes, a mãe chama-o à parte ou faz-lhe
um sinal.
3. A Letícia concorda não fazer queixas do irmão por ele não fazer as suas tarefas.
Ela pode contar à mãe se as tarefas já estiverem concluídas.
4. O Luís concorda em telefonar à mãe e pedir permissão para ficar com os amigos
se não vier a tempo de jantar.
5. Se o Luís não cumprir o acordado em #1, ser-lhe-á atribuída outra tarefa extra de
15 minutos.
6. Se a mãe não cumprir o acordado em #2, ela terá de fazer as tarefas do Luís por
ele.
7. Se a Letícia não cumprir o acordado em #3, terá ela de fazer as tarefas do Luís.
8. Se o Luís não cumprir o acordado #4, ficará sem sair durante dois dias.
9. Se todos cumprirem o contrato durante duas semanas, a família irá ao cinema
nesse fim-de-semana.
10. O contrato será revisto e atualizado duas em duas semanas

149
EXEMPLO DE CONTRATO
O Luís concorda fazer as suas tarefas sem ser relembrado, nos 30 minutos seguintes
a ter chegado a casa depois da escola.
A mãe concorda não lembrar o Luís das tarefas antes de terem passado os 30
minutos. Se os seus amigos estiverem presentes, a mãe chama-o à parte ou faz-lhe
um sinal.
A Letícia concorda não fazer queixas do irmão por ele não fazer as suas tarefas. Ela
pode contar à mãe se as tarefas já estiverem concluídas.
O Luís concorda em telefonar à mãe e pedir permissão para ficar com os amigos se
não vier a tempo de jantar.
Se o Luís não cumprir o acordado sobre fazer as tarefas sem ser lembrado, nos nos
30 minutos seguintes, a ter chegado a casa depois da escola, ser-lhe-á atribuída
outra tarefa extra de 15 minutos.
Se a mãe não cumprir o acordado sobre não lembrar o Luís das tarefas antes de
terem passado os 30 minutos e chama-lo à parte ou fazer-lhe um sinal se os seus
amigos estiverem presentes, ela terá de fazer as tarefas do Luís por ele.
Se a Letícia não cumprir o acordado quanto a não fazer queixas do irmão por ele não
fazer as suas tarefas, terá ela de fazer as tarefas do Luís.
Se o Luís não cumprir o acordado relativamente à telefonar à mãe e pedir permissão
para ficar com os amigos se não vier a tempo de jantar, ficará sem sair durante dois
dias.
Se todos cumprirem o contrato durante duas semanas, a família irá ao cinema nesse
fim-de-semana.
Data

Assinatura da mãe
Assinatura do Luís
Assinatura da Letícia

150
CASCAS DE BANANA NUM CONTRATO

o Frases sem sentido: ameaças


“Nunca mais te dou dinheiro”, “Ou arrumas o teu quarto ou vais dormir para baixo
da ponte”.
o Consequências extremas para falhas menores (como consequência da
frustração dos pais) “Estás de castigo até às férias”.
o Mudar Sim para Não e Não para Sim em resultado de uma luta de poder
Depois de o adolescente ligar todos os botões de alarme do pai este fica tão frustrado
que desiste.
o Não verificar o cumprimento da regra estipulada
Não verificar se estudou ou não; se arrumou ou não o quarto.
o Os pais não estão de acordo
O adolescente divide para vencer.
o Diferentes respostas em diferentes momentos para o mesmo
comportamento
Por exemplo, um dia não fez as tarefas e nada lhe acontece porque os pais estão
cansados; num outro dia acontece o mesmo e é colocado de castigo.
o As palavras não traduzem exatamente o comportamento que eu quero ver ou
não quero ver acontecer.
o A regra não está escrita: o adolescente pensa que é opcional.
o Os pais colocam demasiadas REGRAS de uma só vez num contrato: se os pais
decidem mudar todos os comportamentos negativos do adolescente de uma só vez,
isso é o caminho certo para o burnout e insucesso.
o Não ajustar o contrato e não o rever em conjunto sempre que necessário.

151
PROGRAMA MAIS FAMÍLIA MAIS JOVEM

DESAFIOS DA SEMANA – SESSÃO 10

 Faça um CONTRATO com as recompensas e consequências, de acordo com a nota de


frigorífico coma as indicações de COMO FAZER UM CONTRATO. Traga-o na próxima sessão.

Observações:
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

 Se for a sua vez, não se esqueça de contactar com o seu par do grupo.

152
SESSÃO 11

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

01. Boas-vindas
02. Revisão dos princípios discutidos na última sessão e da sua aplicação em casa
durante a semana: os objetivos da última semana
03. Tópico do dia “Resolução de Problema”
04. Planear a Celebração na próxima sessão
05. Objetivos para a semana e atividades em casa – escolha dos novos pares para
os telefonemas: desafios
06. Avaliação da sessão pelos pais
07. Encerramento

153
1. Boas-vindas
- O dinamizador dá as boas vindas e elogia os membros do grupo por estarem à hora
marcada para a sessão. Faz para a atribuição de recompensas concretas ou pontos.

2. Última sessão e aplicação dos princípios em casa


- Rever princípios da última sessão.
- Nesta sessão cada pai deve apresentar o problema que identificou, a forma como
foi elaborado o contrato (quando, quem esteve envolvido, como decorreu) e o
contrato.
Partilha as dificuldades que teve na sua elaboração ou que antecipa ter na sua
aplicação e o grupo sugere algumas soluções.
Esta dinâmica vai ocupar metade da sessão.
- Partilhar telefonemas.
- Dar as recompensas.

3. Tópico do dia “Resolução de Problemas”

a. Explicar aos pais que o objetivo da sessão é os pais


pensarem como “detetives” (ou “olheiros”) e face ao uma Situação Problema
identificarem na mala de “ferramentas” do programa as ferramentas que
podem utilizar para a resolver. Identificar com o grupo as ferramentas que
já dominam (podem trazer uma mala de ferramentas impressa para a sessão
ou desenhar uma no quadro e ir colocando nela as ferramentas – impressas
ou desenham – que os pais vão identificando. Ver nos Anexos do programa
estes materiais): ferramentas FOICES e outras.

154
3.2. Divida o grupo em 3 (ou se for um grupo pequeno em 2) e dê a
cada uma Situação Problema do DVD que ainda não foi analisada e peça-lhes que
sigam os seguintes passos de Resolução do Problema (escrever no quadro):
1) Qual é o problema específico que a mãe/pai quer resolver?
2) Quais são os positivos opostos que as mães/pai querem ver acontecer
3) Dar atenção positiva a esses opostos positivos: elaborar elogios específicos,
RAP e algumas frases de escuta ativa que a mãe/pai podiam utilizar
4) Construir um sistema de pontos para alguns desses opostos positivos com
indicação de diferentes recompensas para diferente quantidade de pontos
5) Pensar em consequências para o não cumprimento desses opostos positivos
6) Identificar formas de ignorar e de se manterem calmos
7) Formular algumas mensagens na primeira pessoa face aos comportamentos
negativos que o pai/mãe querem ver reduzidos
8) Estabelecer um contrato onde o que é esperado de todos os membros da
família implicados no problema esteja expresso
- Dê o guião da Situação Problema em suporte escrito aos pais e mostre também a
situação no DVD (todos os grupos veem todos os Problemas mas cada um fica com
o seu; no entanto se entender que é mais ajustado para o grupo resolverem todos o
mesmo problemas em grande grupo sem os separar pode fazê-lo.). Os Problemas
são: 4- Gerir conflitos entre o filho e o padrasto em famílias reconstituídas; 7 -
Obedecer às ordens e falar de forma educada com os pais: o problema do
telefone; 9 – Resolução de conflitos. Gerir brigas entre irmãos. Para o Problema
7 peça aos pais que considerem que a discussão/desobediência não é sobre o uso de
um telefone fixo, uma vez que este não é um problema atual, mas sim da televisão
(uma vez que só uma em casa e a filha quer escolher sempre o canal) ou do
computador da família (a filha quer estar sempre a utilizar e não respeita os tempos
e necessidades de utilização do computador pela mãe). Na organização dos grupos
tenha em conta a afinidade de cada pai/mãe com os problemas (se só têm um filho
não tem sentido ficarem com o Problema 9; se não são uma família reconstituída não
é significativo o Problema 4).

155
- No caso de essas Situação Problema não se adequarem aos membros do seu grupo
utilize as que são propostas no Manual do Programa na parte “Utilização do
Sistema de Pontos”: As famílias Rodrigues; Alvarinho; Caetano

3.3.Partilharem a Solução com os diferentes passos seguidos. O


dinamizador conclui dizendo-lhes que essas são as ferramentas que levam do
Programa para continuarem a lidar com as Situações Problema que se colocarem na
relação com os filhos.

4. Planear a Celebração na próxima sessão


Conversar sobre como querem celebrar na última sessão, o que irá acontecer na
segunda parte da próxima sessão. Os pais devem dar sugestões e chegar-se a um
consenso para cada um saber o que tem de trazer ou fazer para a próxima semana.
Uma hipótese é um jantar/lanche na segunda parte da sessão para o qual cada
membro traz um adulto significativo que não esteja no programa. Cada pai pode
também fazer uma receita especial da sua família e trazer.

5. Objetivos para a semana e atividades em casa: desafios


- Pedir que continuem a usar elogios, escuta ativa, mensagens eu, pontos ou outras
recompensas, darem ordens em pouco número e claras, ignorar e que estabeleçam
planos e contratos, mantendo-se calmos.
- Pedir-lhes que identifiquem um problema específico que ainda se mantém e
registem como o podem resolver seguindo os “passos” da resolução de problemas.
- Atribuir um novo par para o telefonema
6. Avaliação da sessão
Os pais preenchem a folha de avaliação da sessão que colocam dentro da pasta onde
se encontra a folha dos objetivos.
7. Encerramento
- Avaliação da sessão pelo dinamizador e codinamizador: os dinamizadores devem
no fim da sessão preencher a checklist de automonitorização do facilitador

156
PASSOS DE RESOLUÇÃO DO PROBLEMA

1) Qual é o problema específico: comportamentos específicos a reduzir ou


eliminar
2) Quais são os opostos positivos desse problema
3) Dar atenção positiva a esses opostos positivos: elaborar elogios específicos,
RAP e algumas frases de escuta ativa
4) Construir um sistema de pontos para alguns desses opostos positivos com
indicação de diferentes recompensas para diferente quantidade de pontos
5) Pensar em consequências para o não cumprimento desses opostos positivos
6) Identificar formas de ignorar e de se manterem calmos
7) Formular algumas mensagens na primeira pessoa face aos comportamentos
negativos querem ver reduzidos
8) Estabelecer e escrever um contrato onde o que é esperado de todos os
membros da família implicados no problema esteja expresso

157
PROGRAMA MAIS FAMÍLIA MAIS JOVEM

DESAFIOS DA SEMANA – SESSÃO 11

 Continue a usar elogios, mensagens eu, pontos ou outras recompensas. Continue a dar
ordens em pouco número e claras, a ignorar. Faça contratos.

 Identifique um problema específico e registe os passos para o resolver.

Problema:
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

Passos:
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

 O meu contributo para a sessão de celebração é


__________________________________

 Se for a sua vez, não se esqueça de contactar com o seu par do grupo.

158
SESSÃO 12

PLANEAR A ETAPA SEGUINTE:


DAR E PEDIR SUPORTE SOCIAL & CELEBRAÇÃO

01. Boas-vindas
02. Revisão dos princípios discutidos na última sessão e da sua aplicação em casa
durante a semana: os objetivos da última semana
03. Tópico do dia “Planear a etapa seguinte: Dar e Pedir Suporte Social”
04. Planear o futuro
05. Avaliação do programa pelos pais
06. Troca dos pontos por recompensas
07. Celebração
08. Avaliação da sessão e do programa pelo dinamizador e codinamizador

159
1. Boas-vindas
O dinamizador dá as boas vindas e elogia os membros do grupo por estarem à hora
marcada para a sessão. Atribuição de recompensas concretas ou pontos. Nesta
sessão há a troca de todos os pontos acumulados por recompensas previamente
estabelecidas e combinadas (se for o caso do seu grupo): esta troca é feita no
momento final da sessão durante a celebração.

2. Última sessão e aplicação dos princípios em casa


- Partilhar as experiências com a resolução de problemas em casa: experiências de
sucesso e desafios. Encontrar com o grupo forma de lidar com os desafios.
- Partilhar os telefonemas.
- Atribuir as recompensas.

3. Tópico do dia: Aumentar e pedir suporte social


a. Pedir que preencham, em duos, o folheto com os círculos dos vários
níveis de suporte social:
Distribua o folheto, um a cada membro do duo, e explique a atividade:
1) No primeiro círculo escreva o nome de pessoas próximas que são uma fonte
de suporte para si, ou seja, a quem recorre quando precisa de apoio, ajuda ou
apenas para conversar: amigos, familiares, outros (membros deste grupo...)
2) No círculo a seguir escreva o nome de pessoas mais afastadas mas que são
também fonte de suporte para si: outros familiares, amigos, colegas de
trabalho e profissionais que o apoiam (médico de família; assistente social;
professor; ...)
3) No último círculo registe nome de outras pessoas que, neste momento, não
são uma fonte de suporte para si, mas que já foram ou poderão vir a ser;
4) Dessas pessoas que colocou no último círculo escolha uma que gostaria que
estivesse no primeiro ou segundo círculo. Rodeie o nome dela com uma
esferográfica de cor diferente e escreva o nome dela no círculo onde gostaria

160
que estivesse e una os dois nomes com uma linha traçada como essa cor
diferente.

- 3.2. Partilhar em grande grupo


- Os duetos partilham o que aprenderam com a realização desta atividade: pessoas
a quem podem recorrer quando precisam de apoio, incluindo os membros do grupo;
pessoas de quem se querem aproximar mais para aumentar a relação e ter apoio.
3.3. Conclusão
Conclua a atividade dizendo que as investigações mostram que as pessoas que se
sentem mais apoiadas pela família e pelos amigos têm menos probabilidades de se
sentirem doentes ou deprimidas e tendem a recuperar mais rapidamente depois de
vivenciarem uma crise. Os seres humanos precisam de contacto social e suporte
social para se manterem saudáveis, quer do ponto de vista emocional, quer físico. Os
pais que não têm este tipo de suporte têm menos saúde física e têm mais
probabilidades de ficarem deprimidos, assim como têm mais dificuldade em lidar
com o stresse. O isolamento social é um inimigo da parentalidade positiva.
Uma das melhores formas de construir relações de amizade é demonstrando
interesse por outra pessoa e ser um bom ouvinte. As competências de escuta ativa
que aprendeu neste Programa podem ajudá-lo a desenvolver relações mais
suportivas. E nem todos os amigos precisam de ser íntimos. Relações superficiais
mas divertidas também lhe fazem bem. Procure relações em que pode ter um
contacto regular. Tente encontrar pessoas com interesses semelhantes aos seus.
Tente manter um ângulo largo. Algumas pessoas procuram responder a todas as
suas necessidades sociais apenas através de uma ou duas pessoas. É mais positivo
ter várias amizades e variadas.
É mais fácil aprofundar uma amizade com alguém com quem já temos algum
contacto ou com um velho amigo/a, do que começar novas amizades. Procure
formas de combinar o tempo que passa com amigos com outras coisas que faz, tais
como atividades com os filhos ou atividades pessoais. Pense em formas de
estabelecer relações com outros pais/mães com filhos da mesma idade. As relações
mais duradouras são reciprocas. Isto significa que se lhe fizerem um favor terá de
tentar fazer um favor de volta. Tem de existir um equilíbrio entre o que se dá e se

161
recebe numa relação. Se uma pessoa não recebe nada numa relação e só dá, então
tenderá a perder o interesse na amizade e a afastar-se.

- 3.4. Em duos: “Pessoas que quero conhecer melhor”


- Nos mesmos duos cada um preenche o folheto “Pessoas que quero conhecer
melhor”
- A partir do preenchimento que fizeram do folheto dos círculos, relativamente à
pessoa que selecionaram como aquela de quem gostariam de se aproximar e
conhecer melhor pensar, e registar:
1. O que precisa de fazer para contactar cada essa pessoa.
2. O que poderia fazer, além de estabelecer contacto, para aumentar a relação com
essa pessoa?
3. O que poderia fazer para tornar a relação mais reciproca, ou seja, não estar apenas
à espera de receber mas também dar, tendo em conta as necessidades da outra
pessoa.
4. Escreve uma simulação de um contacto em que pede ajuda a uma pessoa, essa ou
outra, para si ou para o seu filho/a. Comece por uma mensagem na primeira pessoa
para descrever o que está a sentir e porque é que está a pedir ajuda e que ajuda
gostaria de ter.
- No fim cada membro do grupo partilha uma aprendizagem que fez com a realização
desta atividade.

4. Planear o futuro
- Os pais devem ser consultados sobre se gostariam de se continuar a encontrar uma
vez por mês, sem a presença do dinamizador, e em caso de resposta positiva
escolhem dois pais, pode ser por voto secreto ou pais que se autopropõem, que ficam
responsáveis por organizar o próximo encontro. No primeiro encontro decidem
quem irá organizar o segundo. Estes encontros podem acontecer em espaços ao ar
livre ou em espaços fechados que tenham disponíveis e, se lhes fizer sentido, com a
presença dos filhos.
- O grupo e os dinamizadores voltam a encontrar-se daqui a 3 meses e depois
passados 6 meses. Marcam já a data primeiro encontro, embora o dinamizador se

162
responsabilize por duas semanas antes enviar um sms a todos a recordar e na
semana anterior fazer um telefonema. Esse encontro deve decorrer, se possível, no
mesmo espaço e à mesma hora em que decorreram as sessões.

5. Avaliação do programa e objetivos futuros


- Cada pai deve pegar na sua capa e ler o objetivo que formulou na primeira sessão.
Refletir se o alcançou. Em caso de não o ter ainda atingido refletir em algumas das
razão que o poderão explicar (demasiado exigente pois não depende apenas de si?
Demasiado exigente pois não teve em conta as características de desenvolvimento e
de temperamento do filho? não conseguiu usar grande parte das estratégias e
gostaria de participar em outro grupo?).
- Peça que cada pai partilhe quais são os seus objetivos para os próximos meses e
quais as estratégias que pensa utilizar para os atingir. Podem depois registar na
capa, na folha de objetivos, no espaço existente para esse efeito.
- Distribuir o Questionário de Avaliação da Satisfação dos formandos com o
Programa Mais Família e pedir a cada elemento do grupo que preencha (em Anexo
10).

6. Troca dos pontos por recompensas

7. Celebração
- Cada elemento do grupo recebe um diploma de participação (ver exemplo nos
Anexos; pode ser personalizado com uma fotografia do grupo) e uma oferta
simbólica: uma flor; uma medalha de uma associação; uma lembrança da Município
- Se possível esta entrega de diplomas deve ser feita por alguém a quem os pais
reconheçam prestigio na comunidade: presidente da associação que promoveu o
programa; presidente da junta; padre; presidente da CPCJ. Se for possível, pode ser
feito em outro dia num momento formal com este objetivo.
- Terminar com um jantar ou lanche para cuja organização os pais contribuíram
trazendo algo que fizeram e que tinha sido conversado na sessão anterior. Podem
ser convidados os conjugues ou familiares significativos ou amigos (cada pai pode
trazer um outro adulto significativo que não participou no programa) e os filhos.

163
8. Avaliação da sessão e do programa pelo dinamizador e codinamizador
Os dinamizadores devem no fim da sessão preencher:
- a checklist de automonitorização do facilitador;
- o Questionário de Satisfação do Líder Mais Família- Mais Jovem (em Anexo 9).

164
“Aumentar e pedir suporte social”
(basedo em Pushak, “Parenting Wisely Teen: Group format” p.118)

165
“Pessoas que quero conhecer melhor”
(Baseado em Pushak, “Parenting Wisely Teen: Group format”p.119-120)

- Quem (nome): ____________________________________________________________

- O que preciso de fazer para contatar esta pessoa?


________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________

- O que posso fazer, além de estabelecer contato, para aumentar a relação com esta pessoa?
________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________

- O que posso fazer para tornar a relação mais reciproca, ou seja, não estar apenas à espera
de receber mas também dar, tendo em conta as necessidades da outra pessoa.
________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________

_ Escreva uma simulação de um contato em que pede ajuda a uma pessoa, essa ou outra,
para si ou para o seu filho/a. Comece por uma mensagem na primeira pessoa para descrever
o que está a sentir e porque é que está a pedir ajuda e que ajuda gostaria de ter.

EU....
________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________

166

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