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São Paulo
2023
ENZO TOMAS DAMICO
EFEITO MANADA: O HOMEM É UM ANIMAL SOCIAL
São Paulo
2023
“O homem é um animal social.”
(Aristóteles)
RESUMO
ABSTRACT
This thesis delves into the theories that underpin the understanding of human
behavior, tracing a timeline from the 19th century to contemporary times, with a
special focus on the influence of behaviorism. The analysis covers philosophical
resistance to conformity and the celebration of individuality, contrasting with
behaviorist premises that link learning to the modification of observable behaviors.
We also highlight Solomon Asch's experiment as an intriguing window into the
complexities underlying collective decision-making. Venturing into the specific realm
of Albert Bandura's research on social learning and child aggression, we observe an
additional perspective on the mechanisms of social influence, highlighting the
importance of observation and imitation in shaping behaviors. The foray into the
universe of behaviorism, through Skinner's theory, provides a unique view
challenging entrenched conceptions about the mind and emphasizing the role of the
environment in shaping human behavior. In this context, the interconnection between
philosophy, psychology, and behavioral theories reveals the richness of human
understanding, demanding a multidisciplinary approach to capture the dynamic
interaction between factors that shape our experiences and behaviors. Thus, this
thesis, by exploring the complexity of herd behavior and its mechanisms, seeks to
contribute to a more comprehensive and integrated understanding of the human
condition.
Keywords: Learning, Herd Behavior, Human Behavior, Psychology, and
Social.
RESUMEN
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................
1. O QUE É EFEITO MANADA.........................................................................................................................
1.1 Na prática...............................................................................................................................................
1.2 Asch........................................................................................................................................................
1.3 O Mito da Caverna e O Efeito Manada..................................................................................................
2. APRENDIZADO.............................................................................................................................................
2.1 Behaviorismo..........................................................................................................................................
2.2 Bobo Doll Experiment & Psicologia Freudiana.......................................................................................
3. MECANISMOS DO EFEITO MANADA.........................................................................................................
3.1 Contágio emocional, mimetismo facial e neurônios-espelhos...............................................................
3.2 Normas sociais, expectativas mútuas e histórias compartilhadas.........................................................
3.3 Conformidade racional...........................................................................................................................
4 A SABEDORIA DO BANDO...........................................................................................................................
4.1 Tomada de decisão coletiva das abelhas..............................................................................................
4.2 Sabedoria de bando na internet.............................................................................................................
CONCLUSÃO....................................................................................................................................................
BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................................................
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INTRODUÇÃO
O que nos faz escolher determinado produto? Por que às vezes agimos
agressivamente, mesmo não querendo? Por que queremos tanto viajar para lugares
famosos, como Paris, Nova Iorque etc? O fato é que somos induzidos a tomar
determinadas decisões de acordo com a sociedade e nosso ciclo social íntimo.
Na busca incessante por compreender a complexidade intrínseca da natureza
humana, somos conduzidos por um labirinto de teorias e perspectivas que se
entrelaçam ao longo do tempo. Desde as épocas remotas do século XIX até os dias
contemporâneos, as mentes inquisitivas da filosofia e da psicologia têm delineado
um panorama multifacetado do comportamento humano. Dentro desse panorama,
destaca-se a influência marcante do behaviorismo, uma escola de pensamento que
desafiou e redefiniu nossa compreensão das motivações e aprendizados que
impulsionam as ações humanas.
Ao traçarmos essa jornada intelectual, não buscamos apenas esmiuçar o
arcabouço teórico que moldou nossas concepções; nossa empreitada é desvelar os
fios que conectam a resistência filosófica à conformidade à celebração da
individualidade, bem como mergulhar nas águas profundas do comportamento de
rebanho e, por fim, imergir nas teses inovadoras do behaviorismo, personificadas de
maneira emblemática por B.F. Skinner. Este percurso não é apenas uma exploração
linear do conhecimento, mas sim uma jornada que transcende as fronteiras
disciplinares, uma narrativa entrelaçada de filosofia, psicologia e teorias
comportamentais.
Neste cenário, nosso objetivo não é apenas compreender, mas
contextualizar. Buscamos situar as teorias e ideias no contexto mais amplo da
condição humana, compreendendo que a verdadeira riqueza do entendimento
humano emerge na interseção dinâmica entre fatores filosóficos, psicológicos e
ambientais. À medida que nos aprofundamos nessa análise, destacaremos não
apenas a diversidade de abordagens, mas também a necessidade premente de
uma abordagem multidisciplinar para apreender a complexidade da mente humana.
Assim, esta exploração, ao desdobrar-se na compreensão do efeito manada e seus
mecanismos, almeja lançar luz sobre as sombras que envolvem a experiência
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1.1 Na prática
A teoria por trás dessa frase sugere que tendemos a nos espelhar nas
pessoas ao nosso redor, adotando seus valores, opiniões e padrões de
comportamento. Essa influência ocorre tanto de maneira consciente quanto
inconsciente, e é um dos mecanismos que alimentam o efeito manada. Quando nos
vemos cercados por um grupo com uma determinada visão de mundo, é natural que
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1.2 Asch
experimento. Asch fez com que eles fingissem pensar que uma das linhas mais
longas ou mais curtas tinha o mesmo comprimento que a linha-alvo. O objetivo do
estudo era determinar se os participantes "reais" mudariam sua resposta correta
para se conformar à resposta incorreta do grupo. Surpreendentemente,
aproximadamente 37% das respostas se conformaram à resposta incorreta do
grupo, apesar da taxa de erro ser inferior a 1% quando as pessoas eram solicitadas
a avaliar as linhas por conta própria.
”Amostra da carta do experimento de conformidade de Asch” Asch, S. E., & Guetzkow, H. (1951). Effects of
group pressure upon the modification and distortion of judgments. Organizational influence processes, 295-
303.
2. APRENDIZADO
2.1 Behaviorismo
Essa teoria postula que o aprendizado não tem nada a ver com a mente. Na
verdade, o aprendizado ocorre com a aquisição de novos comportamentos. Foi
introduzida por B.F. Skinner, um dos psicólogos behavioristas, que afirmava que um
resultado mensurável de aprendizado é apenas possível se mudarmos o
comportamento do aprendiz. Os behavioristas confiam apenas no comportamento
observável para aprender. Eles não focam sua atenção nas atividades mentais dos
aprendizes, porque para eles o aprendizado ocorre quando certas condições são
atendidas. Essas condições, ou seja, comportamentos, são universais por natureza.
Bandura afirmou que estava buscando uma explicação teórica mais concisa e
parcimoniosa do que a oferecida pela identificação com o agressor, ou seja, o
mecanismo de defesa do ego descrito por Anna Freud, e tentou esboçar
explicações alternativas. No entanto, ao examinarmos de perto aspectos específicos
e manipulações desses experimentos, podemos descobrir que esse mecanismo
pode ter mais poder explicativo para o que aconteceu no laboratório do que Bandura
acreditava.
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Como sugerido pelo ditado de que seu sorriso alegra os outros, os seres
humanos frequentemente reproduzem as emoções dos outros em si mesmos. Esse
fenômeno, chamado de contágio emocional, é conhecido há muito tempo entre os
psicoterapeutas que tratam clientes deprimidos. Terapeutas, especialmente os
inexperientes, às vezes "pegam" as emoções de seus clientes expressas durante as
entrevistas e se sentem deprimidos depois. Elaine Hatfield e seus colegas veem o
contágio emocional como um processo primitivo, automático e inconsciente. Ele
ocorre por meio de uma série de etapas: quando um receptor está interagindo com
um emissor, primeiro percebe as expressões emocionais do emissor. O receptor,
então, transfere automaticamente as expressões emocionais percebidas para suas
próprias expressões corporais (por exemplo, expressões faciais, posturas). Por meio
do processo de feedback aferente, essas expressões corporais imitadas são
traduzidas no receptor sentindo a mesma emoção que o emissor experimentou, o
que leva à convergência emocional entre o emissor e o receptor.
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uma primeira revista lê o artigo submetido, avalia sua qualidade e decide se o aceita
ou rejeita. Agora, suponha que um árbitro em uma segunda revista saiba que o
artigo foi rejeitado pela primeira revista. Supondo que o árbitro não consiga avaliar
perfeitamente a qualidade do artigo, o conhecimento da rejeição anterior deve fazer
com que o árbitro incline-se (racionalmente) para a rejeição. Se o artigo for rejeitado
na segunda revista, esse processo pode continuar em outras revistas, resultando
em uma cadeia de rejeições. Economistas propuseram um modelo que mostrou
que, em algum estágio de uma tarefa de escolha sequencial, um tomador de
decisão racional deve ignorar suas informações privadas e agir apenas com base
nas informações públicas obtidas de decisões anteriores. Uma vez que este estágio
é alcançado, todos os tomadores de decisão subsequentes na sequência devem
fazer o mesmo, produzindo uma cascata de informação. E se as decisões anteriores
na sequência forem, por acaso, errôneas (por exemplo, rejeitando um artigo de alta
qualidade), a cascata leva a resultados indesejáveis.
4 A SABEDORIA DO BANDO
mais gregária de todas. Nossos rivais nesse aspecto são os animais eusociais,
incluindo, por exemplo, abelhas, formigas, cupins e ratos-pelados. Espécies
eusociais são animais coloniais que vivem em grupos multigeracionais
geneticamente relacionados, nos quais a grande maioria dos indivíduos coopera
para ajudar relativamente poucos membros do grupo reprodutivo. Eles
frequentemente exibem especialização extrema de tarefas, o que torna as colônias
eficientes na coleta de recursos.
agregar informações individuais parciais para formar uma sabedoria coletiva que
permite decisões ótimas.
Um artigo (List, Elsholtz & Seeley, 2009) abordou essa questão teoricamente
com um modelo de simulação de computador. De acordo com as observações
empíricas anteriores, o modelo assume que as abelhas exploradoras dependem de
outras abelhas, pois prestam mais atenção aos locais de ninhos fortemente
anunciados por seus predecessores. As abelhas essencialmente conformam-se à
visão majoritária em suas decisões sobre para onde ir. No entanto,
simultaneamente, o modelo assume que as abelhas são independentes na
avaliação da qualidade do local visitado. A duração da dança do explorador, que
indica a intensidade da preferência da abelha pelo local, não é afetada pelas danças
de outras abelhas, mas é determinada apenas pela percepção própria da abelha
sobre a qualidade do local. Os resultados da simulação por computador mostraram
que, quando uma mistura adequada de conformidade e independência existe, o
processo de tomada de decisão em grupo das abelhas funciona bem. Claro, essa
mistura específica de conformidade e independência resolve o problema racional da
cascata de informações.
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
18. The Nature of Nurture: Refining the Definition of the Exposome. Disponível
em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2827453/>. Acesso em: <03/06/2023>.