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COLABORAR NA INTERVENÇÃO COM

CRIANÇAS E JOVENS COM


COMPORTAMENTOS DISFUNCIONAIS
OBJETIVOS

Identificar fatores de risco no comportamento da criança e do jovem.

Colaborar na implementação de estratégias de intervenção com crianças e jovens com


comportamentos disfuncionais
COMPORTAMENTOS DISFUNCIONAIS????
ANSIEDADE

• Todas as pessoas já se sentiram ansiosas.


• A ansiedade é um sentimento que experimentamos de vez em quando, perante situações em que nos
sentimos ameaçados ou stressados. A ansiedade pode ser descrita como uma sensação de
preocupação, nervosismo, inquietação ou receio do que poderá acontecer. Por exemplo, perante o
pensamento de ir fazer um exame, ir ao hospital ou a uma entrevista de emprego, é comum
sentirmo-nos tensos, preocupados, nervosos, termos medo de fazer “figura de parvos” ou
duvidarmos da nossa capacidade para sermos bem-sucedidos. Estas preocupações podem afectar o
nosso sono, apetite e capacidade de concentração. Mas, se tudo correr bem, a ansiedade desaparece.
Este tipo de ansiedade até pode ser positiva e útil, porque nos deixa mais alerta e focados.
• No entanto, se os sentimentos de ansiedade nos sobrecarregarem, se o nível de
ansiedade for elevado durante longos períodos de tempo, o nosso desempenho pode ser
afectado e torna-se mais difícil lidar com a nossa vida quotidiana.
• Podemos sentir que estamos a ficar sem controlo, que vamos morrer ou enlouquecer.
PODEMOS ESTAR ATENTOS A ALGUNS SINAIS DE
ANSIEDADE NOS ALUNOS:

• Preocupação excessiva com pequenas coisas e dificuldade em explicar essas preocupações;


• Querer fazer tudo perfeito e cumprir todas as regras;
• Relutância em pedir ajuda (a ansiedade pode criar obstáculos que impedem o aluno de pedir ajuda);
• Grande necessidade de aprovação e reforço;
• Dificuldade em participar nas actividades;
• Evitamento dos colegas e das actividades realizadas fora da sala de aula;
• Queixas físicas recorrentes (por exemplo, dores de cabeça ou dores de barriga);
• Medo das situações de teste.
• Quando estes sinais são prolongados no
PodemOS utilizar algumas estratégias no sentido de facilitar a vida
aos alunos com ansiedade.

Por exemplo:

•Identificar, em conjunto com o aluno, um “lugar seguro” onde ele se possa dirigir quando se sente ansioso,
definindo regras para o uso adequado deste local.
•Ensinar estratégias e técnicas de relaxamento, que possam ser usadas na escola e em casa.
•Oferecer actividades alternativas que possam “distrair” o aluno dos sintomas físicos de ansiedade.
•Oferecer apoio na interacção entre pares, encorajando interacções em pequenos grupos.
•Elogiar os esforços para lidar com a ansiedade.
DEPRESSÃO

• A depressão é um dos problemas de saúde mental mais comuns. Pode fazer-nos sentir


tristes, desesperados, inúteis e sem valor, desmotivados e exaustos. Pode afetar a nossa
auto-estima, o nosso sono, o apetite e o desejo sexual, podendo interferir com as nossas
atividades diárias e, às vezes, com a nossa saúde física.
• Costumamos usar a expressão “estou deprimido” quando nos sentimos tristes e muito
insatisfeitos com a nossa vida. Mas, normalmente, estes sentimentos passam. É normal
sentirmo-nos tristes e infelizes com a perda de alguém que amamos, com uma separação
ou com uma grande desilusão/frustração. Estas reacções emocionais são adequadas à
situação que estamos a viver e têm uma duração limitada.
• Contudo, se estes sentimentos interferirem com a nossa vida e não desaparecerem após
duas semanas, ou se estiverem constantemente a voltar, podemos estar deprimidos no
sentido clínico do termo. A depressão é um estado de humor duradouro que envolve
tristeza, desespero e desesperança, que interfere com a nossa capacidade de aproveitar as
coisas boas da vida e nos deixa sem energia e motivação para as nossas atividades do dia-
a-dia.
• Na sua forma mais leve, a depressão significa que nos sentimos mais “em baixo”. Não
nos impede de continuar com a nossa vida normal, mas torna tudo mais difícil de fazer e
faz parecer que o nosso esforço é inútil e vão. Na sua forma mais grave, a depressão
pode ameaçar a nossa integridade física e fazer-nos ter vontade de desistir de viver
(suicídio).
• A depressão manifesta-se nos nossos sentimentos (por exemplo, sentimo-nos tristes,
desesperados ou vazios; choramos facilmente e isolamo-nos dos outros), 
• Nos nossos pensamentos (por exemplo, temos dificuldade em nos concentrarmos e
tomarmos decisões; culpamo-nos sobre tudo e vemos sempre o lado negativo do que
acontece),
• Nos nossos comportamentos (por exemplo, deixamos de fazer atividades que nos davam
prazer, evitamos situações e não nos apetece falar) 
• E no Nosso corpo (por exemplo, temos dificuldade em dormir ou dormimos demasiado,
sentimo-nos sem energia e perdemos o apetite/comemos em excesso, consumimos mais
tabaco ou álcool do que é habitual).
• Durante a infância e a adolescência existem muitas coisas que podem deixar as
crianças e adolescentes tristes e deprimidos. Por exemplo, a morte de alguém,
preocupação com o aspeto físico, preocupação com a sexualidade, sentimentos de
exclusão do grupo, discussões com familiares ou amigos, mudanças na estrutura familiar,
problemas com o/a namorado/a, preocupação com os resultados escolares, bullying,
sentimentos de solidão e falta de compreensão por parte dos adultos.
• A depressão manifesta-se de forma diferente em cada pessoa e pode ser difícil de ver e de
reconhecer, mas existem alguns sinais e sintomas comuns aos quais os Assistentes
Operacionais podem estar atentos:
• Parecer triste e infeliz;
• Parecer agitado, irritável ou zangado e entrar em conflitos com os colegas;
• Parecer isolar-se e evitar os amigos;
• Parecer sentir-se sem valor ou culpado a maior parte do tempo (fazer comentários auto depreciativos como “não presto
para nada”, “não faço nada bem”, “não consigo”, “a culpa foi minha”);
• Verbalizar pensamentos negativos sobre si próprio, o mundo ou o futuro;
• Sensibilidade excessiva a críticas ou a comentários percebidos como criticismo;
• Falar frequentemente na morte ou no suicídio (comentários sobre ser indiferente viver ou morrer, dar bens pessoais, falar
sobre como a vida seria diferente se já não estivesse vivo, por exemplo);
• Pouca energia e motivação;
• Faltar frequentemente às aulas.
• A depressão não é “fita” nem “falta de Força de vontade”
EXISTEM VÁRIAS COISAS QUE PODEMOS FAZER
PARA NOS SENTIRMOS MELHOR. POR EXEMPLO

• Fazer atividades de que realmente gostemos (por exemplo, ouvir a nossa música


preferida, ver filmes, ler livros, ir beber café com um amigo ou praticar um desporto),
mesmo que não nos apeteça.
• Falar com alguém em quem confiamos. Um amigo, um familiar ou um Professor
podem ouvir-nos e compreender-nos, apoiar-nos em fases menos boas e recordar-nos que
ultrapassaremos essas fases, ajudar-nos a ver as coisas boas da nossa vida e fazer-nos
companhia em atividades que nos dêem prazer.
• Identificar os problemas, mas não nos deixarmos consumir por eles. É bom tentarmos
identificar as situações que nos deixam tristes e nos perturbam. E é bom falarmos com alguém
sobre isso, partilhando os nossos sentimentos e recebendo compreensão. Mas depois de o
fazermos devemos voltar a nossa atenção para a resolução dos problemas e para coisas mais
positivas.
• Adotar um estilo de vida saudável: dormir bem, comer saudavelmente e fazer exercício físico
pode realmente melhorar o nosso humor. Assim como evitar o uso de álcool e outras drogas.
• Expressar as nossas emoções através da escrita, do desenho, da música, da dança, etc.
MEDOS E FOBIAS

• O medo é uma das emoções humanas básicas. Funciona como um instinto – o nosso
corpo responde com medo sempre que nos sentimos inseguros ou em perigo. O medo
ajuda a proteger-nos: mantém-nos alerta para o perigo e prepara-nos para lidar com ele,
caso seja necessário. O medo pode ser muito intenso ou apenas ligeiro, durar mais ou
menos tempo, dependendo da situação e da pessoa.
• O medo é saudável quando nos ajuda a ter cuidado perante uma situação que pode ser
perigosa. Por exemplo, sentirmos medo de águas profundas quando não sabemos nadar
bem. Mas, por vezes, o medo é desnecessário e gera mais cuidados do que os que seriam
necessários para a situação (por exemplo, ter medo de falar em público).
• Tendemos a evitar as situações que nos geram medo. No entanto, esse evitamento só
reforça o medo, não nos ajuda a ultrapassá-lo. Podemos ultrapassar medos
desnecessários se nos dermos a oportunidade de aprender sobre a situação e nos
habituarmos a ela. Por exemplo, se tivermos medo de voar, podemos fazer o esforço para
andar de avião e nos habituarmos às sensações desconfortáveis da descolagem ou da
turbulência, arranjando estratégias para lidar com o nosso receio e
insegurança. Enfrentar, gradualmente, o nosso medo pode ajudar-nos a ultrapassá-
lo.
• As fobias são medos irracionais. Quando temos uma fobia ficamos ansiosos e com medo
perante situações e objectos muito específicos, como por exemplo, aranhas, alturas,
espaços cheios de pessoas ou aviões.
• O medo é um sentimento normal e positivo perante situações em que existe uma
ameaça real. Por exemplo, se estivermos a ser atacados numa situação de assalto o medo
vai ajudar-nos a reagir. O medo só se torna uma fobia quando nos sentimos ameaçados,
de modo exagerado ou irrealista, perante uma situação ou objeto que não representa uma
ameaça. Sabemos que não há razão para tanto medo, mas mesmo assim não conseguimos
evitar. Por exemplo, mesmo sabendo que as aranhas não são venenosas e não nos vão
morder, isso não reduz a nossa ansiedade.
• Quando temos uma fobia podemos dar-nos a muito trabalho para evitar as situações ou os
objetos que nos obrigariam a confrontar o nosso medo. Sempre que somos confrontados
com essas situações ou objetos ficamos muito ansiosos e podemos até ter um ataque de
pânico.
• Existem muitos tipos de fobias, desde as mais simples – por exemplo, fobia de cobras,
do escuro, de voar, de ir ao dentista ou de ver sangue – às mais complexas – por
exemplo, fobia social (sentir-se ansioso na presença de outras pessoas, com medo de ser
criticado ou de fazer alguma coisa embaraçosa) ou agorafobia (medo de estar em
espaços abertos ou em situações das quais seja difícil escapar ou sejam embaraçosas, por
exemplo, ir a um Centro Comercial, viajar de autocarro ou mesmo sair de casa).
• A natureza dos medos e fobias das crianças e adolescentes vai mudando à medida
que crescem e se desenvolvem e incluem o medo de estranhos, das alturas, do escuro,
dos animais, de sangue, de insectos ou de serem deixados sozinhos. As crianças entre os 6
e os 12 anos têm medos que reflectem as circunstâncias reais do que lhes acontece (por
exemplo, têm medo de sangue, injecções, acidentes, desastres naturais, do divórcio dos
pais ou da escola).
• Quando as ansiedades e os medos persistem, podem surgir problemas. Por muito que
desejemos que, com o crescimento, os medos desapareçam, algumas vezes acontece o
oposto, e os medos tornam-se maiores e mais intensos. A ansiedade transforma-se numa
fobia ou num medo extremo e persistente
ALGUNS SINAIS DE QUE A CRIANÇA OU ADOLESCENTE PODE
TER MEDO OU FOBIA DE ALGUMA COISA/SITUAÇÃO:

• Tornar-se mais dependente, impulsivo ou distraído;


• Momentos de nervosismo;
• Palmas das mãos suadas ou respiração mais rápida;
• Dores de cabeça ou de barriga;
• Mostrar medo do seu desempenho (achar sempre que vai falhar);
• Mostrar-se excessivamente tímida e envergonhada na sala de aula;
• Dificuldades de concentração
COMO PODEMOS AJUDAR AS CRIANÇAS E OS
JOVENS A LIDAR COM UM MEDO OU FOBIA?
• Aprender e ensinar as crianças e os jovens sobre o medo. O que é o medo, como
funciona, que efeitos e sintomas tem.
• Ensinar estratégias de gestão da ansiedade. Mostrar as crianças e jovens que é possível
controlar a ansiedade e reduzir o nosso desconforto através, por exemplo, da nossa
respiração ou de métodos de relaxamento.
• Encaminhar para o Psicólogo da Escola.
COMPORTAMENTOS ALIMENTARES

• Todos temos diferentes hábitos alimentares e é normal que a forma como


comemos seja afectada quando nos sentimos sob pressão, em sofrimento ou em
stresse. Podemos desejar um alimento em particular (como o chocolate), perder o apetite,
comermos mais ou nem sermos capazes de comer. Quando essas situações difíceis
passam, voltamos a comer normalmente.
• Já todos comemos um pacote de bolachas porque estávamos aborrecidos ou devorámos
uma tablete de chocolate enquanto estudávamos para um teste que nos estava a preocupar.

• No entanto, se durante um período de tempo mais longo comemos muito pouco ou em


demasia, nos preocupamos excessivamente com o nosso peso ou com o aspecto do nosso
corpo, podemos desenvolver uma perturbação alimentar.
• A comida pode tornar-se cada vez mais importante na nossa vida e, nalguns casos, torna-
se a coisa mais importante e à volta da qual a nossa vida gira. Podemos negar comida a
nós próprios mesmo quando temos fome, ou comer constantemente ou comer
compulsivamente. Podemos pensar constantemente em comida ou no nosso peso.
• As perturbações alimentares são muito mais do que iniciar uma dieta ou fazer exercício
físico todos os dias. Representam padrões extremos de comportamento alimentar e
formas de pensar sobre a alimentação, sobre as quais não sentimos controlo.
•  A alimentação pode afectar negativamente a nossa vida. Mas não se trata apenas de
“comida” e “comer”. As perturbações alimentares também dizem respeito a
problemas complexos e a sentimentos dolorosos – difíceis de expressar, confrontar e
resolver. Às vezes, focando-nos na comida estamos a desviar a (nossa) atenção de outros
problemas.
• Existem várias perturbações alimentares, como a anorexia, a bulimia ou as compulsões
alimentares. Todas elas implicam uma preocupação exagerada com a alimentação, o
exercício físico, o peso ou a forma do corpo.
COMER COMPULSIVAMENTE 

• Quando utilizamos a comida em situações em que nos sentimos “em baixo” e precisamos
de apoio emocional, quando nos sentimos infelizes e comemos como forma de conforto.
Podemos passar o dia a comer sem conseguirmos parar ou dar por nós a comer uma
quantidade exagerada de doces enquanto vemos televisão. Como consequência, é
provável que tenhamos peso a mais e que possamos desenvolver problemas de saúde
física por causa disso.
BULIMIA

• A bulimia corresponde a um ciclo em que primeiro nos sentimos compelidos a comer


muita comida (muitas vezes, em segredo) e, depois, nos tentamos livrar dos efeitos de
termos comido muito.
• Quando temos bulimia podemos comer compulsivamente (ou seja, grandes quantidades
de uma só vez), passar fome depois de comer, vomitar o que comemos ou usar laxantes,
pensar constantemente em comida, comer às escondidas ou pensarmos que temos peso a
mais.
• Como o peso não se altera muito e as pessoas com bulimia tentam esconder os seus
comportamentos, este problema não é muito visível ou fácil de identificar. Contudo, os
seus efeitos na saúde física e psicológica são graves.
ANOREXIA

• Quando temos anorexia podemos sentir que aquilo que comemos, se comemos e quando
comemos é a única parte da nossa vida sobre a qual temos controlo. Ganhar peso
significa perder esse controlo. Não queremos aumentar de peso, mas simultaneamente
também não queremos morrer à fome. Todavia, não comer e perder peso pode ser a única
forma de nos sentirmos seguros, mesmo que tenhamos muita fome.
• Quando temos anorexia, é comum negarmos que temos fome, ficarmos obcecados com a
perda de peso, contarmos todas as calorias do que comemos, escondermos comida,
fazermos exercício em excesso, usar medicamentos para reduzir o apetite ou acelerar a
digestão, provocar o vómito, usar roupas largas. Acreditamos que temos peso a mais,
mesmo quando toda a gente nos diz que estamos demasiado magras/os.
• A anorexia pode afectar todos os aspectos da nossa vida, a forma como pensamos e
como nos sentimos: podemos ter sentimentos negativos, um baixo sentido de auto-estima,
medo da rejeição e uma auto-imagem distorcida.
ALGUNS SINAIS QUE PODEM INDICAR UM PROBLEMA DO
COMPORTAMENTO ALIMENTAR:

• Estar sempre de dieta ou comer grandes quantidades de comida (sem alteração do peso);
• Ter medo de ganhar peso;
• Obsessão com o que come, com a comida e com o controlo do peso;
• Estar constantemente a pensar e a falar sobre comida, peso, imagem corporal;
• Contar todas as calorias do que come ou pesar tudo o que ingere;
• Comer apenas determinados alimentos (evitando os mais calóricos);
• Esconder comida ou deitá-la fora;
• Fazer exercício físico em excesso;
• Estar muito insatisfeito com o peso, o tamanho e a forma do seu corpo;
• Evitar actividades sociais que envolvam comida, nomeadamente festas e jantares;
• Evitar ir à cantina da escola ou comer sozinho;
• Usar roupa larga para disfarçar a perda de peso;
• Mostrar-se fraco, cansado, sem energia e com dificuldades de concentração;
• Mostrar-se triste e deprimido.
• Se suspeita que uma criança ou jovem pode ter um problema do comportamento
alimentar é importante contactar o Psicólogo da Escola.
DÉFICE DE ATENÇÃO E HIPERACTIVIDADE

• As crianças com Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção


(PHDA) têm dificuldade em concentrar-se e tomar atenção durante muito tempo,
distraem-se facilmente, fazem as coisas sem pensar e são demasiado activas (por
exemplo, é-lhes difícil estar sentadas e quietas no mesmo sítio). Também não é fácil para
elas seguirem regras ou esperar (por exemplo, podem interromper as conversas ou falar
por cima dos outros).
• Estes comportamentos são mais frequentes e piores do que aqueles que são habituais nas
crianças com a mesma idade. Acontecem em contextos e sítios diferentes: na escola, em
casa, no parque infantil ou no supermercado.
• Os comportamentos relativos ao défice de atenção incluem sinais como a dificuldade
em prestar atenção aos pormenores ou tendência para fazer erros; dificuldade em manter-
se focado nas tarefas ou nas brincadeiras; dificuldade em seguir instruções e regras;
dificuldades de organização; evitar tarefas que requeiram esforço mental; tendência para
perder coisas (cadernos, brinquedos, etc.); distracção frequente; esquecer-se de fazer
actividades diárias (por exemplo, lavar os dentes).
• Os comportamentos relativos à hiperactividade incluem sinais como inquietação
constante, dificuldade em permanecer sentado, correr e trepar excessivamente,
dificuldade em brincar calmamente, falar em excesso, responder ainda antes de ouvir a
pergunta completa, dificuldade em esperar pela sua vez e interromper os outros.
• O mais frequente é as crianças ou os adolescentes apresentarem uma combinação destes
comportamentos. E todas correm o risco de terem baixa auto-estima (porque não
conseguem controlar o seu comportamento como as outras crianças; por causa das
dificuldades no desempenho académico; por fazerem erros frequentes apesar do esforço
para seguir as instruções; porque os adultos passam mais tempo a reparar nos seus erros
do que nos aspectos positivos do seu comportamento)
• problemas nas relações entre pares (devido à dificuldade de gestão da frustração e de
seguir regras, as outras crianças podem não querer brincar com elas) e maior
probabilidade de experimentarem álcool, drogas e sintomas depressivos.
• Por causa destas dificuldades algumas crianças também têm problemas na escola e na
realização das tarefas escolares, sentem-se ansiosas e com pouca auto-estima, têm
dificuldade em manter os seus amigos e podem ter um comportamento desafiante e
agressivo.
• É importante ter em consideração que as crianças e os adolescentes com PHDA não são
“más”, não estão a “fazer de propósito” ou a “chamar a atenção”. Elas têm realmente
dificuldade em controlar o seu comportamento.
• Na verdade, qualquer um de nós (crianças, jovens ou adultos) pode experienciar
períodos de falta de concentração, impulsividade ou hiperactividade. Mudanças
importantes na nossa vida também podem, temporariamente, provocar comportamentos
que são típicos da PHDA. Por isso é importante que o diagnóstico desta perturbação seja
precedido de uma avaliação rigorosa realizada por um ou mais profissionais de saúde
• Se identifica estes sinais, procure ajuda junto do Psicólogo da Escola
AGRESSIVIDADE E VIOLÊNCIA

• Todos nós nos sentimos zangados de vez em quando. É uma resposta natural quando
nos sentimos atacados, insultados, enganados ou frustrados. Normalmente, quando isso
acontece, expressamos a nossa zanga e seguimos em frente.
• No entanto, a raiva que sentimos pode ser assustadora. Faz-nos ficar tensos e é difícil
lidar com ela de modo construtivo. O nosso coração bate mais depressa, respiramos e
reagimos mais rápido e nem sempre conseguimos pensar bem, às vezes reagimos de uma
forma da qual nos arrependemos mais tarde: podemos gritar, chamar nomes, bater em
alguém ou partir objetos.
• Estar zangado não é um problema, mas a forma como lidamos com a zanga e a raiva
pode ser. A zanga torna-se um problema quando nos leva a magoar os outros ou a nós
próprios. Quando não expressamos a nossa raiva ou a expressamos de forma e em alturas
desadequadas, podemos prejudicar-nos a nós e às nossas relações.
• Podemos observar manifestações de zanga e de raiva semelhantes nas crianças e nos
adolescentes, seja contra os Pais, os amigos, a escola ou até mesmo eles próprios. A
agressão pode ser física, verbal ou ambas. 
•  As crianças e adolescentes com comportamentos agressivos envolvem-se em lutas, têm
dificuldade em respeitar a autoridade e em seguir instruções em casa ou na escola e usam
o comportamento agressivo como forma de resolver os seus problemas ou expressar as
suas emoções.
• Os comportamentos agressivos têm um impacto negativo no desenvolvimento das
crianças e adolescentes. Este tipo de comportamentos pode afectar a forma como
aprendem e como interagem com os outros e está associado a resultados negativos:
delinquência, consumo de substâncias ou dificuldades escolares e de adaptação à vida
adulta. Os comportamentos agressivos podem também ser sinais de problemas de
Saúde Psicológica na infância/adolescência.
• Gerir o comportamento agressivo de uma criança ou adolescente é muito cansativo e
pode ser frustrante, até porque desperta sentimentos de agressividade em si próprios.
•  Ajudar as crianças e adolescentes a encontrar e utilizar formas construtivas de
expressar a agressividade exige paciência e esforço e deve ter como objetivo proteger
e ajudar (em vez de castigar).
COMO PODEMOS AJUDAR OS ALUNOS COM
COMPORTAMENTOS AGRESSIVOS?

• Elogiar os alunos quando têm comportamentos adequados. Nenhuma criança ou


adolescente se “porta sempre mal” ou “é sempre agressivo”. Quando a criança ou
adolescente se comporta de forma correta deve ser elogiada pelo comportamento positivo.
• Responder imediatamente ao comportamento agressivo. Embora seja possível ignorar
comportamentos minimamente desadequados, o comportamento agressivo nunca deve ser
ignorado.
• Permanecer calmo e modelar o comportamento. Todas as crianças aprendem por
imitação. Modele um comportamento calmo e não agressivo, mostrando controlo sobre as
suas próprias emoções. Mostre à criança/adolescente que existem formas adequadas de
expressar emoções fortes e/ou negativas, assim como de resolver problemas.
• Estabelecer as regras e as consequências. Ser claro sobre as regras, o que espera do
comportamento da criança e adolescente e o que irá acontecer caso as expectativas não
sejam cumpridas. Se alguma regra for violada, não avise, implemente imediatamente a
consequência previamente estabelecida.
• Ensinar estratégias de resolução de problemas. Quando uma criança bate no colega não se
lhe deve perguntar “Porquê” (“porque é que bateste ao teu colega?”), uma vez que esta
pergunta dará apenas azo a que arranje uma desculpa ou razão para um comportamento
inadequado. Em vez disso, devemos perguntar-lhe “O que estavas a tentar conseguir?”, uma
vez que dessa forma conseguimos uma oportunidade de lhe mostrar o que podem fazer de
forma diferente da próxima vez.
• Evitar confrontar em público e preferir fazê-lo em privado.
• Monitorizar constantemente o comportamento, sobretudo em situações que podem dar azo a
comportamentos agressivos.
AUTOMUTILAÇÃO

• A automutilação consiste na realização intencional de comportamentos de agressão ao


próprio corpo, sem intenção de provocarem a morte. Existem muitos tipos de
comportamentos de automutilação, por exemplo, cortar-se (utilizando lâminas, facas ou
outros objetos afiados), beliscar-se, esmurrar objetos (como uma parede), queimar-se
(utilizando cigarros, fósforos ou velas), arrancar o cabelo ou tentar partir ossos do próprio
corpo.
• A automutilação surge quando lidar com a dor física se parece mais fácil do que lidar
com a dor e o sofrimento emocional. Normalmente acontece em segredo, sem ninguém
saber.
• Podemos entender a automutilação como uma forma (não saudável) que alguns
adolescentes utilizam para lidar com as emoções quando elas lhes parecem insuportáveis.
Para alguns adolescentes que não conseguem exprimir os seus sentimentos de outra
forma, a automutilação é vista como uma forma de “pelo menos sentir alguma coisa”, de
se libertarem de sentimentos desconfortáveis, de se “castigarem” por se sentirem
culpados ou envergonhados, de se sentirem aliviados ou de pararem de pensar/sentir
emoções muito negativas (raiva, solidão ou desespero, por exemplo).
• O problema é que o “alívio” que sentem é apenas temporário, as suas emoções e as
circunstâncias que as causam, permanecem.
• Embora a automutilação possa começar por um simples impulso, acaba, muitas vezes, por
se tornar um hábito.
• Os adolescentes que se auto mutilam não o fazem apenas para “chamar a atenção”. A
automutilação é um problema de Saúde Psicológica. E pode estar associada a outros
problemas de Saúde Psicológica, como a Depressão ou a Ansiedade.
ALGUNS SINAIS PODEM INDICAR COMPORTAMENTOS DE
AUTOMUTILAÇÃO:

• Ter cortes, cicatrizes, queimaduras ou nódoas negras;


• Apresentar desculpas para os cortes/cicatrizes/queimaduras/nódoas negras;
• Usar roupa de manga comprida ou calças mesmo com muito calor;
• Evitar as aulas de Educação Física por ter de trocar de roupa nos balneários em frente a
outras pessoas;
• Comportamento que revela secretismo;
• Isolar-se dos amigos.
• Se identifica comportamentos de automutilação num aluno é fundamental procurar
ajuda de um Profissional de Saúde. O Psicólogo da Escola pode ajudar. 
• Se um aluno falar consigo sobre os seus comportamentos de automutilação é porque
confia em si e quer ajuda. Ouça-o sem fazer julgamentos, mostre que se preocupa e não
minimize a gravidade da situação (não assuma que é apenas uma fase ou que o aluno
conseguirá parar estes comportamentos sozinhos). Encaminhe-o para um Profissional
de Saúde, nomeadamente o Psicólogo da Escola.
• Obrigado pela vossa atenção!!!

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