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FUNDAMENTOS DE PSICOPATOLOGIA

AULA 6

Psicopatologia das Áreas de


Funcionamento

FUNDAMENTOS DE PSICOPATOLOGIA
1º CICLO EM PSICOLOGIA - 2º ANO-
UTAD
Catarina Pinheiro Mota

Sábado, 5 de Novembro de 16
PSICOPATOLOGIA DAS ÁREAS DE
FUNCIONAMENTO

‣ 1. PSICOPATOLOGIA DOS ELEMENTOS DO VIVENCIAR:

‣ 1.1. Psicopatologia da sensação, percepção e representação.

‣ 1.2. Psicopatologia do pensamento e linguagem.

‣ 1.3. Psicopatologia dos afectos e emoções.

‣ 1.4. Psicopatologia da psicomotricidade.

‣ 2. PSICOPATOLOGIA DOS INSTRUMENTOS DO VIVENCIAR:

‣ 2.1. Psicopatologia da consciência.


‣ 2.2. Psicopatologia da atenção.
‣ 2.3. Psicopatologia da memória.
‣ 2.4. Psicopatologia da orientação.

Sábado, 5 de Novembro de 16
‣ 2. PSICOPATOLOGIA DOS INSTRUMENTOS
DO VIVENCIAR

‣ 2.1. Psicopatologia da consciência


‣ Sob o ponto de vista fenomenológico dividem-se em 2 grupos:

1. Transtornos Quantitativos - função de alerta está afectada.

2. Transtornos Qualitativos - função de reflexão comprometida.

Sábado, 5 de Novembro de 16
‣ 2. PSICOPATOLOGIA DOS INSTRUMENTOS
DO VIVENCIAR

‣ 2.1. Psicopatologia da consciência


1. Transtornos Quantitativos

Obnubilação
Termo genérico que designa o compromisso da função de alerta da
consciência.
Agrupa 4 transtornos quantitativos do mais leve ao mais grave:

➡Embotamento
➡Sonolência (grau mais avançado do embotamento, grande propensão para
o sono)
➡Sopor (respostas reflexas, um despertar parcial)
➡Coma (grau extremo de embotamento, não regista nenhum sinal, perda
completa de consciência)

Sábado, 5 de Novembro de 16
‣ 2. PSICOPATOLOGIA DOS INSTRUMENTOS
DO VIVENCIAR

‣ 2.1. Psicopatologia da consciência


Transtornos Qualitativos - função de reflexão comprometida.

๏ Atrás de qualquer transtorno qualitativo está sempre inerente um


compromisso quantitativo - ou seja, há sempre um fundo obnubilatório

Confusão
entre as vivências
subjectivas (sentimentos,
representações, pensamentos, sensações e
Estado Deliroso percepções) e as vivências exteriores (sensações e percepções do
entorno).

Reage de forma inadequada ao meio, comete equívocos e


comunica de forma directa com objectos ou seres
não presentes. Pode dar origem a
Chamado de Delirium quando acompanhado por percepções e vivências
grande tremores (típico de dependentes delirosas
alcoólicos)- Delirium Tremens

Sábado, 5 de Novembro de 16
‣ 2.1. Psicopatologia da consciência

Estado

crepuscular Também
designado estreitamento da
consciência, circunscritos apenas a certas manifestações da
vida psíquica (amor, ódio, angústia, raiva, ...).

Não capta a globalidade do entorno, nem tem em conta as possibilidades.


Pouca capacidade de adaptação e exploração das capacidades pessoais.
Apresenta ilusões e alucinações visuais e acústicas.
Os paciente vêem Deus, a virgem, o demónio, animais, criminais e ladrões.
O afecto que os acolhe conduz a actos violentos como
homicídio, crime sádico, entre
outros.

Sábado, 5 de Novembro de 16
‣ 2.1. Psicopatologia da consciência
Manifestação exterior de diversos estados íntimos, como é a
Estado apatia em estado máximo, inibição, bloqueios, ligação a estados de
angústia e torpeza. Constitui uma forma de apresentação das
estuporoso
reacções exógenas agudas.

Insónia
✤ Alteração do ciclo de vigília- sono
reduzindo-se o sono de forma significativa
em relação às necessidades de cada sujeito,
dependendo da idade e hábitos pessoais.

✓ Insónia de Conciliação
✓ Insónia Média
✓ Insónia Tardia

Sábado, 5 de Novembro de 16
‣ 2.1. Psicopatologia da consciência

Hipersonia: alteração do curso do ciclo vigília-sono, prolongando-se o sono de forma significativa em


relação à necessidade de sono de cada paciente, de acordo com a idade e hábitos pessoais.

Narcolepsia: excessiva sonolência caracterizada por ataques de sono de curta duração (menos de 15
minutos) . Surge de forma súbita e brusca de tal forma que o paciente não pode controlar. Frequentemente
são acompanhados por debilidade muscular extrema (catalepsia).

Apneia do sono: doença que apresenta um risco vital, caracterizada por múltiplos episódios de
apneia nocturna, ronco excessivo e sonolência diurna. É frequente acordar durante a noite,
havendo queixas de insónia média, com sensação de fadiga e sonolência durante o dia.

Sonambulismo: durante as etapas 3 ou 4 do sono o sujeito abandona a cama e movimenta-se


pela casa, durante minutos ou horas. Existe amnésia do episódio.

Terror nocturno: geralmente sucede com as crianças, que se levantam da cama depois
de episódios de gritos, mostram-se claramente perturbados e com manifestações de
angústia, taquipneia, taquicardia e sudação. Ocorre nas fases 3 e 4 do sono e
geralmente dura 5 a 10 minutos com amnésia posterior.

Sábado, 5 de Novembro de 16
‣ 2.2. Psicopatologia da Atenção
Aprosexia: transtorno psicopatológico da atenção que consiste na falta absoluta de
atenção.

Hipoprosexia: transtorno psicopatológico da atenção que consiste na redução


a capacidade de atenção. A atenção é superficial e pobre, há tendência à
distração e registo pobre dos eventos.

Hiperprosexia: o sujeito apresenta um aumento notável da capacidade de


atenção espontânea, mas com o custo de esta atenção permanente ser
involuntária o que provoca um desgaste significativo. O sujeito é solicitado
por uma gama excessiva de estímulos.

Hipermetamorfose: exaltação da atenção espontânea em detrimento


de um atenção provocada. Qualquer estímulo ambiental imediato
orienta o psiquismo tanto que o sujeito desliga da tarefa anterior para
dar atenção ao novo estímulo.

Concentração diminuída: transtorno psicopatológico da


concentração no qual o sujeito não é capaz de dirigir voluntária e
selectivamente a atenção, localizando-a em determinado assunto
e trabalhando-a de acordo com os seus interesses e objectivos.

Sábado, 5 de Novembro de 16
‣ 2.3. Psicopatologia da Memória

A memória é um processo complexo sobre o qual se realizam Permitem uma


registos individuais, guardam e retribuem informações. posterior evocação

Memória de Fixação

Memória de Conservação

Memória de Evocação

Memória de
Reconhecimento

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‣ 2.3. Psicopatologia da Memória
A. TRANSTORNOS QUANTITATIVOS DA MEMÓRIA

Amnésia de Fixação - afecta a capacidade de fixação de eventos, conservando a


capacidade de evocar aspectos anteriores. Pode estar comprometida a memória imediata
(memória sensorial) que também depende da atenção e concentração. Também se
denomina Amnésia Anterógrada.

Amnésia de conservação - perda da capacidade de conservação,


inclusive matéria que já tinha sido fixo. Paciente queixa-se de que se esquece
de aspectos que antes recordava

Amnésia de Evocação - afecta fundamentalmente a


capacidade de evocação, pela dificuldade de actualização das vivências
experimentadas, fixas e conservadas anteriormente. Também se
denomina Amnésia Retrógrada.

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‣ 2.3. Psicopatologia da Memória

A. TRANSTORNOS QUANTITATIVOS DA MEMÓRIA

Hipomnésia

Hipermnésia - não há um aumento de memória, mas sim uma maior


capacidade de evocação.

Amnésia global: afecta tanto a memória de fixação como de


evocação. Os pacientes mostram um menor grau de orientação
temporo-espacial dependendo da gravidade do compromisso
mnésico.

Amnésia lacunar ou circunscrita: alteração da


memória que define a ausência de recordações num
período de tempo preciso, em que o paciente refere
ausência de actividade psíquica.

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‣ 2.3. Psicopatologia da Memória
B.TRANSTORNOS QUALITATIVOS DA MEMÓRIA

Pseudorreminiscência: recordação patológica de eventos não acontecidos


nem experienciados pelo paciente. Paciente deforma a realidade contemporânea
e fabula acontecimentos irreais do passado.

Pseudología: também chamada mitomania ou mentira patológica, que


caracteriza a deformação de uma recordação. O paciente refere factos,
narrações e aventuras, que estão distorcidas com detalhes pouco
exactos que não correspondem à realidade.

Fabulação: paciente assume como sendo recordações autênticas,


fantasias da sua imaginação. o Fabulador é um cronista falso, já que
apresenta testemunhos falsos.

Confabulação: Trata-se de uma fabulação havendo no


entanto uma intenção de preenchimento de abundantes
lacunas mnésicas da memória.

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‣ 2.3. Psicopatologia da Memória
B.TRANSTORNOS QUALITATIVOS DA MEMÓRIA

Falso reconhecimento: Afecta a memória de reconhecimento e localização. O paciente


acredita conhecer pessoas ou lugares que nunca tinha visto antes. Distingue-se do “dejá
vú” porque o paciente tem a certeza que conhece ou esteve em X local.

Dejá vu: Consiste na sensação estranha de que uma vivência actual já foi
experimentada anteriormente e da mesma forma. O paciente tem a noção de
que não é uma recordação real e às vezes nem possível.

Jamais vu: Paciente tem a sensação de nunca ter visto ou experimentado


algo que na realidade já conhecia. O paciente tem consciência de que já
tinha vivido a experiência.

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‣ 2.4. Psicopatologia da orientação

Muitas vezes associada à Psicopatologia da Consciência

Nem todo o transtorno da orientação provém de um transtorno de


consciência, embora todos os transtornos de consciência necessariamente
comprometem em maior ou menor grau a orientação.

A orientação permite ao sujeito perceber em cada momento a sua relação


com o passado, presente e futuro, assim como a relação com o espaço que o
rodeia e a cada contexto.

Função Alopsíquica: Temporal/ Espacial

Função Autopsíquica - da própria pessoa.

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MODOS DE EVOLUÇÃO DA PSICOPATOLOGIA

•A evolução da doença é fundamental para o


diagnóstico
• Aguda (reação, fase, surto)/ Crónica (desenvolvimento, processo)
• Idade precoce/tardia no aparecimento
• Evolução periódica (período)ou circular
• Ataque
• Crise

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MODOS DE EVOLUÇÃO DA PSICOPATOLOGIA

• REAÇÃO
• Sempre que o psiquismo reage, compreensivelmente, a determinadas vivências.

• Conexão entre a vivência e o conteúdo da reacção.

• Reacções a vivências ameaçadoras (Integridade pessoal)- reacção


paranóide,ansiosa, fóbica, pânico,...

• Reacção a vivências de perda - reacção depressiva, luto,...

• Reacção de Isolamento

• Reacção Psicossomática

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MODOS DE EVOLUÇÃO DA PSICOPATOLOGIA
• DESENVOLVIMENTO
• Desenvolvimento da personalidade como um todo perante as mudanças do meio. Mudança
global e irreversível (ao contrário da reacção)

• Mudança irreversível ao longo do desenvolvimento “normal”- crescimento - SALTOS E


ESTABILIZAÇÕES;

• Alterações no curso - desenvolvimento patológico

• Desenvolvimento Paranóide - iniciação com reacção paranóide a uma vivência -


alimentação progressiva, falsas interpretações à volta de ideias sobrevalorizadas (ex.
delírios de ciúme).

• Desenvolvimento neurótico - a partir das reacções podem surgir desenvolvimentos que


suscitam sintomas sentidos como estranhos à personalidade (ex. desenvolvimentos
fóbicos)

• Desenvolvimentos “anormais” da personalidade (geralmente surgem antes dos 18 anos,


embora o diagnóstico só se faça depois dessa idade). São egossintónicos (não são
encarados como algo estranho ou periférico, ex. narcísicos, histriónicos, anti-sociais,...)

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MODOS DE EVOLUÇÃO DA PSICOPATOLOGIA

• CRISE
• Durante o DESENVOLVIMENTO há momentos de mudança que originam
transformação, a esses momentos chamam-se CRISES

• Fala-se de crise depressiva, ansiosa, identidade,... - num contexto de mudança

• Uma crise que não seja aceite e ultrapassada pode impedir o crescimento e desenrolar
uma doença (ex. desenvolvimento “anormal” da personalidade)

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MODOS DE EVOLUÇÃO DA PSICOPATOLOGIA

• PROCESSO
• Quando ao longo do DESENVOLVIMENTO surge um acontecimento que divide a vida
em 2 partes, o ANTES e o DEPOIS

• Quebra incompreensível da continuidade que altera de forma permanente

• Geralmente relacionados com complexos sintomáticos:

• Processos orgânicos (ex.sindromes cerebrais)

• Processos Psíquicos/ endógenos (ex.esquizofrenias)

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MODOS DE EVOLUÇÃO DA PSICOPATOLOGIA

• SURTO
• Evolução próxima do processo, também é incompreensível e deixa marcas irrecuperáveis,
embora com alguma reversibilidade

• Evolução aguda que deixa resíduos.

• Pode inaugurar o processo ou ocorrer no seu curso deixando uma deterioração residual
cada vez maior cada vez que sucede.

• Portanto, o SURTO implica uma perturbação aguda que deixa resíduos permanentes na
personalidade (ex. surtos paranóides, catatónicos,...)

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MODOS DE EVOLUÇÃO DA PSICOPATOLOGIA
•• FASEA vida psíquica sofre alterações por fases - quando há uma acentuação surge a
psicopatologia.

• Tal como os processos e surtos são incompreensíveis mas distinguem-se pela


reversibilidade.

• Permite a restauração do estado anterior de personalidade (embora possa durar semanas,


meses ou anos).

• Em regra não interferem com a vida diária, todavia quando surge em simultâneo com outros
acontecimentos de vida podem agravar-se (ex. fase de cansaço e acontecimento de perda).

• ATAQUE
• FASES muito breves com a duração de minutos ou segundos

• Explicáveis ou não por causas orgânicas e com reversibilidade (ex. ataques de pânico,
epilépticos, impulsivos)

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MODOS DE EVOLUÇÃO DA PSICOPATOLOGIA

• PERÍODO
• Quando as fases retornam em intervalos
regulares

Sábado, 5 de Novembro de 16
BIBLIOGRAFIA

• Abreu, J. L. P. (1997). Introdução à psicopatologia


compreensiva. 2ª Edição. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian.

• Cunha, J. A. (2000). Psicodiagnóstico - V. 5ª Edição. São


Paulo: Artmed.

• Ruiloba, J. V. (2000). Introducción a la psicopatología


y la psiquiatría. 4ª Edición. Barcelona: Masson.

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