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Nível de consciência, atenção e orientação

CONSCIÊNCIA

2 acepções:

1. Sentido Ético -> “Consciência moral”, tomar ciência dos deveres éticos e assumir as responsabilidades.
2. Sentido psicológico -> “O todo momentâneo da vida psíquica” segundo Jaspers, ou seja, é a síntese de todos
os processos mentais em determinado momento, capacidade do indivíduo de entrar em contato com a
realidade, perceber e conhecer seus objetos.
a. Características: Vivência interna e externa, distinção eu/não, possui intencionalidade, é reflexiva (o
indivíduo tem consciência de que tem consciência).
3. Sentido neuropsicológico -> “Grau de clareza do sensório”, estar esperto, acordado, vígil, lúcido.

Vigilância: Acepção de consciência mais particular, sendo ativação ou atenção tônica. Está consciente
Dimensão significa que o indivíduo está vígil, desperto, alerta.
vertical Lucidez de consciência: Consciência clara ou vigilância plena. Os conteúdos mentais possuem nitidez e são
claramente delimitados e identificados.
Dimensão Campo da consciência: O que está entre o estado de plena lucidez e a margem virtual. Quantidade de
horizontal conteúdos que a consciência abarca em determinado momento.

Alterações quantitativas Alterações quantitativas Alterações qualitativas Alterações qualitativas


fisiológicas patológicas fisiológicas patológicas

1. Sono 1. Hipervigilância 1. Sonhos 1. Estreitamento


a. Estado (intoxicação por (vivências do campo da
reversível com alucinógenos e subjetivas consciência
redução da anfetamina, na durante o sono, (algumas
responsividade mania, no início da pode possuir vivências
esquizofrenia e em imagens visuais, tornam-se
auras epilépticas) conteúdos inacessíveis à
2. Rebaixamento do bizarros, falsa consciência, em
nível de consciência crença de estar casos de transe
(perda da clareza da acordado) dissociativo o
consciência – estão doente parece
afetadas a atenção, estar dentro de
orientação um sonho,
alopsíquica, desconhece o
Exemplo: Marília dormindo na sua pensamento, ambiente que
rede enquanto estudava inteligência, está, age de
farmacologia clínica sensopercepção, maneira
memória, afeto e incompreensível
psicomotricidade) e age de
a. Obnubilaçã maneira bizarra
o simples: Exemplo: Brito dormindo e chamativa)
Não no INTRA sonhando em ir
apresenta para o show da Taylor Swift
sintomas
psicóticos. Obs: A consciência no
b. Obnubilaçã sonho é parcial, pois
o oniroide perde diversos aspectos
na consciência de vigília,
(torpor): como controle,
Apresenta coerência, memória a
sintomas longo prazo.
psicóticos,
como
ilusões e
pseudoaluci
nações.
Obs: Delirium tremens –
Quadro grave de abstinência
alcoólica – Obnubilação
oniroide – Ver pequenos
animais repugnantes (ex.
barata) na sua pele
3. Coma (abolição da
consciência, sem
atividade psíquica)

Obs: Lipotimia (perda parcial


e rápida da consciência),
síncope (perda abrupta e
completa da consciência)

Exame da consciência:

• Expressão: Face de sonolência ou fadiga (consciência rebaixada)


• Alienação do mundo externo: Desinteresse em relação ao ambiente (rebaixamento), comportamento
inadequado (estreitamento)
• Uma perturbação na consciência altera a atenção, a orientação, a sensopercepção, a memória e a
capacidade de reflexão.

Transtornos mentais:

Delirium Rebaixamento do nível de consciência


Esquizofrenia, transtorno do Lucidez de consciência
humor, demência
Epilepsia Oscilações no nível de consciência
Alcoolismo Rebaixamento do nível de consciência
Narcolepsia Ataques irresistíveis de sono, com alucinações, cataplexia
Transtornos dissociativos Transe autoinduzido

ATENÇÃO

É o processo pelo qual a consciência é direcionada para determinado estímulo (de origem externa ou interna), que
pode ser uma imagem perceptiva ou representativa, um afeto ou um pensamento.

Se não houver lucidez de consciência, a atenção não pode funcionar adequadamente, mas a atenção pode está
alterada mesmo se o nível de consciência estiver normal.

Funções da atenção:

1. Atenção seletiva (tenacidade): Capacidade de prestar a atenção em alguns estímulos e ignorar os demais.
2. Vigilância e detecção de sinal: Não possui foco, atento a todos os estímulos.
3. Sondagem: Procura de forma ativa um estímulo em particular.
4. Atenção dividida: Distribui a atenção entre duas ou mais tarefas ao mesmo tempo.
Alterações quantitativas Alterações qualitativas
1. Hipoprosexia (diminuição global da atenção) 1. Rigidez da atenção
a. ↓ Tenacidade (hipotenacidade) ↓ a. ↓ Vigilância (hipovigilante) ↑ Tenacidade
Vigilância (hipovigilante) (hipertenacidade)
b. Rápida fatigabilidade, sendo necessários b. Durante um longo tempo, o indivíduo
estímulos mais intensos para atrair a está concentrado em um único objeto e
atenção do indivíduo (apatia ou falta de não é capaz de desviar sua atenção.
interesse)
c. Esquizofrenia, depressão, demência É porque a medicina
2. Aprosexia (abolição da atenção) tá saturada

Exemplo: Joãozinho quando começa a falar


sobre o futuro da medicina

c. Depressão (recordações dolorosas),


transtorno obsessivo-compulsivo (ideias
recorrentes), esquizofrenia (delírios e
alucinações)
2. Labilidade da atenção
a. ↑ Vigilância (hipervigilante) ↓
Tenacidade (hipotenacidade)
b. O indivíduo é incapaz de manter por
algum tempo sua atenção em um mesmo
objeto.
c. Ocorre na mania, intoxicação por álcool,
transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade.

Exame da atenção:

• Observar o comportamento: Observar se o olhar do paciente se mantém sobre o examinador ou se é


desviado.
• Entrevista: Demora ou ausência das repostas, necessidade de repetir as perguntas ou repostas inadequadas.
• Testagem: Podem ser feitos testes para descartar elementos que podem comprometer os resultados, como
cansaço, falta de motivação e ansiedade.

Transtornos mentais:

Mania Hipervigilância e hipotenacidade


Depressão Hipoprosexia (falta de interesse generalizada) ou rigidez da atenção
(pensamentos negativos)
Esquizofrenia Hipervigilância (dificuldade de concentração), hipoprosexia (apatia e
desinteresse)
Delirium Hipervigilância
Demência Hipotenacidade e hiper ou hipovigilância
Retardo mental Hipoprosexia ou labilidade da atenção
Intoxicação por anfetamina, cocaína Labilidade da atenção
ou alucinógenos
ORIENTAÇÃO

É a capacidade de se situar em relação a si mesmo e ao ambiente.

Tipos de orientação:

1. Autopsíquica: Refere-se a própria pessoa, consciência do eu (identificação pessoal)


2. Alopsíquica: Refere-se ao mundo externo, pode ser dividida em orientação temporal, espacial, quanto as
outras pessoas (se as pessoas conseguem identifica-lo) e situacional (por qual razão você está no local e que
tipo de relação tem com as pessoas ali).
a. Pode ser total ou parcial

Alterações quantitativas Alterações qualitativas


1. Desorientação confusional 1. Falsa orientação confuso-oniroide
2. Desorientação amnésica 2. Falsa orientação paramnésica
3. Desorientação apática 3. Falsa orientação delirante
4. Desorientação delirante 4. Falsa orientação por estreitamento da
5. Desorientação por déficit intelectivo consciência
6. Desorientação por estreitamento da
consciência

Exame da orientação:

• Interrogatório: Pedir ao paciente que diga a data correta, identifique o local, fale a razão dele está ali,
ordenar cronologicamente as informações que ele fala.
• Expressão: Face de perplexidade indica desorientação

Transtornos mentais:

Demência Desorientação temporal, situacional e autopsíquica (por último)


Transtorno amnésico Está prejudicada a orientação alopsíquica, com preservação da
autopsíquica.
Delirium Está prejudicada a orientação alopsíquica, com preservação da
autopsíquica.
Esquizofrenia Falsas orientações delirantes, dupla orientação delirante – uma dupla
cronologia ou uma dupla localização no espaço.
Mania Passagem do tempo acelerada

Afetividade e síndromes depressivas


Os afetos podem ser vistos como uma consequência das ações do indivíduo que visam a satisfação de suas
necessidades, se forem bem-sucedidas, o afeto é agradável.

AFETO

Quanto mais os estímulos e fatos ambientais afetam o indivíduo, mais nele aumenta a alteração e diminui a
objetividade (basta lembrar, quando falamos de alterações da percepção, que um estado depressivo pode causar
hipoestesia). É o encontro entre quem percebe e o que é percebido, uma experiência íntima que afeta a totalidade
do eu e perpassa todas as outras funções mentais

Pano de fundo individual e íntimo sobre o qual surgem as demais vivências da esfera da afetividade, sendo o
componente emocional de uma ideia.

Afeto pode ser usado para designar todos os elementos da afetividade, como emoções, sentimentos e humor. Mas as
vezes é usado como sinônimo de emoção.

O afeto é expresso por meio da mímica, do olhar, dos gestos e do tom de voz, podemos ter uma sintonização afetiva
(ficar triste com eventos dolorosos e rir com uma piada) e uma irradiação afetiva (transmitir seu sentimento).
EMOÇÃO

Estado afetivo súbito, de curta duração e grande intensidade, que é acompanhado de alterações corporais. Origina-se
como uma reação do indivíduo a excitações internas ou externas, conscientes ou inconscientes e revelam a unidade
psicossomática do ser humano.

SENTIMENTO

Estado afetivo menos intenso e mais prolongado que as emoções (mais estáveis), e sem alterações fisiológicas. São
associados a conteúdos intelectuais, valores, representações.

Segundo Max Scheler existe 4 tipos de sentimentos:

1. Sensoriais: Localizam-se em alguma parte do corpo e está relacionado com o prazer e a dor
2. Vitais: Localiza-se no porto todo, como sensação de bem-estar, fadiga, desânimo, orgasmo.
a. Não são reativos e possuem caráter de intencionalidade.
3. Psíquicos: Reações a acontecimentos externos, como ficar alegre com uma notícia.
a. Possuem intencionalidade
4. Espirituais: Valores compartilháveis influenciados pela cultura, como dizer que é bonito ou feito, ou certo ou
errado.

PAIXÕES

Estado afetivo de grande intensidade e maior duração, ele pode direcionar os pensamentos e as ações do indivíduo.
A paixão intensa impede o exercício de uma lógica imparcial.

CATATIMIA

Influência que toda a esfera afetiva exerce sobre as demais funções psíquicas. A atenção é captada, dirigida,
desviada ou concentrada em função do valor afetivo de determinado estímulo,

HUMOR

É estado afetivo basal, difuso. Uma “lente” através do qual o indivíduo, em um dado momento, amplia ou reduz o
impacto das experiências reais, por vezes modificando a natureza e o sentido de tais experiências.

Somatório ou síntese dos afetos presentes na consciência em um momento. Ele oscila entre polos de alegria, tristeza
e irritabilidade. É persistente, não-reativo e difuso.

• Distimia: Alteração básica do humor, tanto a inibição quando a exaltação.


• Disforia: Distimia acompanhada de um afeto desagradável e mal-humorado.
• Euforia: Alegria intensa e desproporcional as circunstâncias
• Elação: Expansão do eu, uma sensação subjetiva de grandeza e de poder.
• Puerilidade: Aspecto infantil, simplório.
• Moria: Alegria muito pueril, ingênua e boba.
• Estado de êxtase: Associado com um contexto religioso ou místico.
• Irritabilidade patológica: Hiper-reatividade desagradável, hostil e agressiva a estímulos leves

• Ansiedade: Estado desconfortável, inquietude interna, apreensão negativa em relação ao futuro.


Manifestações corporais (dispneia, taquicardia, tensão muscular, tonturas, tremores....) e psíquicas
(inquietude, apreensão, desconforto mental....)
• Angústia: Sensação de aperto no peito e na garganta, compressão, sufocamento. Existem diversos
tipos, como angústia de castração (medo de perder ou ferir os genitais), angústia de morte ou
aniquilamento (sensação intensa de perigo)
• Medo: Não é uma emoção patológica. Estado de progressiva insegurança e angústia, de impotência e
invalidez crescentes, ante a impressão iminente de que sucederá algo que o indivíduo quer evitar
• Fobias: Medo dirigido a algo específico, geralmente desproporcionais e incompatíveis com as
possibilidades de perigo real (fobia simples, fobia social, agorafobia, claustrofobia, etc)
• Pânico: Medo muito intenso, pavor, ligado geralmente a uma sensação de morte iminente ou de
descontrole total

• Hipertimia: Exaltação do humor -> Ocorre na síndrome maníaca


• Hipotimia: Rebaixamento do humor -> Ocorre nos estados depressivos

Alterações quantitativas Alterações qualitativas de Alterações qualitativas de conteúdo


modulação
1. Exaltação afetiva (aumento 1. Labilidade afetiva (mudanças 1. Paratimia (incongruência
da intensidade de uma reação de humor frequentes e entre o afeto expresso e a
afetiva, na mania tem uma bruscas, que são imotivadas situação vivenciada)
exaltação do humor alegre ou ou inesperadas) Exemplo: Rir em um funeral
irritado, e na depressão, do 2. Incontinência afetiva (perda 2. Ambitimia (sentimentos
humor triste) da capacidade de controle da opostos ou contraditórios que
2. Embotamento afetivo expressão afetiva, as reações são simultâneos)
(apatia) diminuição dos são exageradas, 3. Neotimia (vivência nova,
afetos, sejam eles positivos desproporcionais e em inusitada, pode está
ou negativos, a pessoa fica demasia) relacionada com sentimentos
indiferente ao meio e as 3. Rigidez afetiva (perda da místicos, de êxtase e de
outras pessoas) capacidade de modular a elação)
a. Adedonia: Perda da resposta afetiva de acordo
capacidade de sentir com a situação de cada
prazer momento).
b. Sentimento de falta
de sentimento

Transtornos mentais:

Mania Hipertimia, labilidade ou incontinência afetiva


Depressão Hipotimia, rigidez afetiva
Esquizofrenia Embotamento afetivo
Demência Labilidade ou incontinência afetiva, também pode ocorrer rigidez afetiva
Transtorno de personalidade Dificuldade de controle sobre a raiva, exaltação afetiva, labilidade ou incontinência
Borderline afetiva

SÍNDROMES DEPRESSIVAS

As síndromes depressivas tem como elementos mais importantes: o humor triste, o desânimo (mais ou menos
marcantes) que são desproporcionalmente mais intensos e duradouros.

A depressão está associada a: sofrimento intenso, cronificação, prejuízo social importante, suicídio, risco para outras
doenças (infarto agudo de miocárdio, dependência química) e internações hospitalares.

Sintomas afetivos e de humor • Apatia e sentimento de falta de sentimento


• Irritabilidade, angústia, ansiedade, desespero
• Tristeza e sentimento de melancolia
• Rigidez afetiva
• Choro fácil
• Fadiga, cansaço constante
• Insônia ou hipersonia
Alteração da volição e da psicomotricidade
• Perda ou aumento do apetite
• Desânimo e negativismo • Diminuição da libido
• Anedonia (não sente prazer)
Alterações cognitivas
• Lentificação
• Estupor/catatonia • Déficit de atenção e concentração
• Diminuição da fala, demora para responder • Dificuldade de tomar decisões
uma pergunta • Pseudodemência depressiva
• Déficit secundário de memória
Alterações ideativas
Alteração da autovaloração
• Ideação negativa
• Arrependimento e culpa • Autoestima diminuída
• Ideias de morte e atos suicidas • Sentimento de insuficiência e incapacidade
Alterações instintivas e neurovegetativas

Obs: Podem ocorrer alguns sintomas psicóticos, como ideias delirantes (de ruína, culpa ou miséria, hipocondríacos),
negação de órgãos, inexistência, alucinações (auditivas depreciativas), ideação paranoide e sintomas incongruentes
com o humor. Ou seja, a síndrome depressiva está associada a uma multiplicidade de sintomas.

A depressão deve ser diferenciada da tristeza:

É importante destacar que as reações


depressivas surgem com muita frequência após
perdas significativas, mas é importante
diferenciar o luto intenso da depressão.

Existem alguns subtipos dos transtornos depressivos

1. Episódio de depressão e transtorno depressivo maior recorrente


a. Sintomas fundamentais: Humor deprimido, perda do interesse, fatigabilidade
b. Sintomas acessórios: Concentração e atenção reduzidas, autoestima e autoconfiança reduzidos,
ideias de culpa e inutilidade, visões desoladas e pessimistas do futuro, sono perturbado e apetite
diminuído.
c. Níveis de gravidade:
i. Leve: 2 fundamentais e 2 acessórios -> Não causa disfunção psicossocial importante
ii. Moderada: 2 fundamentais e 3 a 4 acessórios -> Prejuízo claro no funcionamento
psicossocial
iii. Grave: 3 fundamentais e > 4 acessórios -> Em geral tem incapacidade psicossocial e ideação
suicida
iv. Grave com sintomas psicóticos
d. Tem a ocorrência repetida de episódios depressivos, com ausência de antecedentes de episódios
independentes de exaltação do humor e de aumento de energia.
e. Pode, contudo, comportar breves episódios caracterizados por um ligeiro aumento de humor e da
atividade(hipomania), sucedendo imediatamente a um episódio depressivo, e por vezes precipitados
por um tratamento antidepressivo.
f. As formas mais graves do transtorno depressivo recorrente apresentam numerosos pontos comuns
com os conceitos de TAB e melancolia.
2. Transtorno depressivo persistente e transtorno distímico
a. A distimia é o rebaixamento crônico do humor que persiste por alguns anos (mínimo 2), mas cuja
gravidade não é suficiente ou na qual os episódios individuais são curtos para responder aos critérios
de transtorno depressivo recorrente.
3. Depressão atípica
a. Ocorre o aumento do apetite ou ganho de peso, hipersonia (> 10hs), sensação de corpo pesado,
sensibilidade exacerbada a indicativos de rejeição, reatividade de humor e fobias e aspecto
histriônico.
4. Depressão tipo melancólica ou endógena
a. Predominam os sintomas endógenos, como anedonia e falta de reatividade a estímulos.
5. Depressão psicótica
a. Está associado a sintomas psicóticos, como delírios e alucinações.
6. Estupor depressivo ou depressão catatônica
a. O paciente passa dias imóvel (em estado de catalepsia).
7. Depressão ansiosa ou com sintomas ansiosos proeminentes e transtorno misto de depressão e ansiedade
8. Depressão unipolar ou depressão bipolar
9. Depressão como transtorno disfórico pré-menstrual
10. Depressão mista
11. Depressão secundária ou transtorno depressivo devido a condição médica (incluindo aqui o transtorno
depressivo induzido por substância ou medicamento)

SÍNDROMES

Vivências psicopatológicas

• Transfundos
o Estáveis: Personalidade e inteligência
o Momentâneos: Nível de consciência e estado afetivo-volitivo
• Sintomas emergentes

As manifestações das doenças mentais podem ser por fatores: patogenéticos, patoplásticos e psicoplásticos.

Evolução temporal dos transtornos mentais:

• Fenômenos agudos ou subagudos


o Crise ou ataque X Episódio
o Reação vivencial anormal X Fase (sem sequelas) X Surto (com sequelas)
• Cursos crônicos
o Processo X Desenvolvimento
o Após vários anos: Estado residual
• Remissão
• Recaída
• Recuperação
• Recorrência

Pensamento e juízo de realidade


PENSAMENTO

O pensar está relacionado à antecipação de acontecimentos, ou seja, à construção de modelos da realidade e


simulação do seu funcionamento (atividade de suceder ideias através da linguagem). Seus atributos fundamentais
são: compreensão intelectual (apercepção), a ideação, a imaginação e a associação de representações e ideias (são
diferentes da imagem representativa, pois é imaterial, abstrata e geral). A associação estabelece relações entre as
imagens perceptivas, representativas e as ideias.

As principais atividades do pensamento são:


elaboração de conceitos, formação de juízos e
raciocínio.

• Conceito: Identifica os atributos ou


qualidades mais gerais e essenciais de um
objeto ou fenômeno. Ex: Céu
o Construção simbólica (além dos
dados sensoriais, tenta alcançar a
essência dos objetos, agrupando-os
num mesmo conjunto)
o São elementos estruturais do
pensamento
o Lógico (sistema de relações, universal, se faz através da abstração e generalização) e psicológico
(elementos fragmentários que variam entre indivíduos e durante a vida do indivíduo, porque leva em
conta aspectos dos objetos que interessam a determinado indivíduo em particular, em virtude de sua
cultura, instrução, inclinações, interesses específicos e temperamento).
o Pode ocorrer sem a presença de imagens (representações), ou seja, ele não é objeto e nem o
reproduz, sendo o significado das palavras.
o A captação de conteúdos de relações existentes na natureza (que não pertencem à experiência
sensorial) podem resultar em conceitos “abstratos” (ex.: causa, efeito, anterior, posterior,
relatividade)
o Os conceitos vão desde ideias sobre coisas muito simples até abstrações de alto nível, bastante
distanciadas do nível do objeto
o Resumo: Um conceito é a soma de ideias que uma pessoa tem a respeito de qualquer coisa, pessoa
ou processo. É uma construção lógica capaz de uso interpessoal, e exprime através da palavra ou
outro símbolo a propriedade comum de certo número de objetos ou situações.
• Juízo: Estabelece uma relação entre dois ou mais conceitos. Ex: O céu é azul
• Raciocínio: Quando se relaciona juízos, levando à formação de novos juízos.

Outros termos:

• Signo: Tenta representar pelo menos em parte um objeto. O objeto é a causa e o determinante do signo
que é sempre: parcial, incompleto, que representa o objeto, mas não é o objeto.
o Exemplo: Objeto é a casa, o signo seria a fotografia da casa, o desenho da casa ou até a planta baixa da
casa.
• Ícone: É o signo (signo revelador) que representa o objeto por sua similaridade, possui as mesmas
características e mantém o seu significado mesmo que o objeto desapareça.
o Exemplo: A escultura de um homem
• Índice: É um signo que indica uma outra coisa com a qual está ligado por proximidade.
o Exemplo: A fumaça indica fogo ou alguém fumando.
• Símbolos: Expressão o significado dos conceitos, se refere ao objeto por associação de ideais e
produzidas por uma convenção.
o Exemplo: A cor verde como símbolo da esperança.

Aspectos do pensamento:

• Curso: Velocidade e ao ritmo do pensamento, à quantidade de ideias ao longo do tempo.


• Forma: Estrutura do pensamento, à relação entre as ideias.
• Conteúdo: Temática do pensamento, às qualidades ou características das ideias.

• Quantitativas: curso (aceleração, alentecimento, interrupção)


• Qualitativas: forma (desintegração, condensação, fuga de ideias, desagregação, prolixidade, minuciosidade,
perseveração) e conteúdo (concretismo; ideias delirantes, deliroides e prevalentes)

Alterações quantitativas (curso ou raciocínio) Alterações qualitativas (forma e conteúdo)


1. Aceleração (paciente fala mais rápido, com 1. Desintegração dos conceitos (pega uma palavra
maior produtividade ideativa e maior e dá outro conceito)
velocidade no processo associativo) 2. Condensação de conceitos (duas ou mais ideais
2. Alentecimento ou inibição (paciente fala mais se fundem em um pensamento)
devagar, tem uma redução no número de ideias 3. Fuga de ideais (variação rápida e incessante de
e representações, e inibição do processo temas, com preservação da coerência do relato
associativo) e da lógica na associação de ideias)
3. Pensamento vago (não tem empobrecimento 4. Desagregação (perda do sentido lógico na
do conteúdo, mas o paciente relata que suas associação de ideias)
ideias são imprecisas, vagas e sem finalidade) 5. Prolixidade (discurso repleto de detalhes
4. Interrupção (o paciente interrompe a sua fala, irrelevantes)
deixando de completar sua ideia, sem um 6. Minuciosidade (número excessivo de detalhes
motivo aparente) relevantes)
5. Roubo do pensamento (o paciente acredita que 7. Perseveração (recorrência excessiva e
alguém roubou seu pensamento) inadequada no discurso do mesmo tema, tem
6. Arborização do pensamento (é um extremo da uma dificuldade em abandonar determinado
fuga de ideais, o paciente muda tema)
constantemente o raciocínio, sem nunca Exemplo: As ideias obsessivas podem ser
concluir o anterior) consideradas uma forma de perseveração.
8. Concretismo (discurso pobre em conceitos
abstratos, em metáforas e analogias)

Exame: Observar a fala do paciente, pois é o único meio de acesso ao seu pensamento.

Transtornos mentais:

Esquizofrenia Normalmente o curso do pensamento é interrompido, mas pode ser normal, acelerado ou
alentecido.
Mania Pensamento acelerado, com fuga de ideais. Se a aceleração for muito intensa, pode haver
desagregação.
Depressão Pensamento alentecido.

JUÍZO DE REALIDADE

Através dos juízos, discernimos a verdade do erro. Através do juízo de realidade, distinguimos o que é real do que é
fruto de nossa imaginação.

O juízo falso é um erro cognitivo, que pode ser originado da ignorância, julgamento ou premissa falsa.

As alterações do juízo de realidade têm seu exemplo principal o delírio. As ideias delirantes são juízos
patologicamente falsos, que acompanham uma convicção extraordinária, não são suscetíveis à influência e possuem
um conteúdo impossível.

Tipos de delírios:

• Delírio primário: É a ideia delirante autêntica. Está relacionada com uma profunda transformação da
personalidade, sendo expressão de um processo.
• Delírio secundário: É a ideia deliroide, se origina psicologicamente de outras manifestações psíquicas
patológicas, como alterações do humor, da sensopercepção e da consciência.
• Ideia prevalente: É uma ideia errônea por superestimação afetiva.

Classificação:

• Sistematizados: Tem maior coerência interna entre as ideias, com maior organização e consistência. Tem
uma rede de argumentação lógicas e compreensíveis.
• Não sistematizados: São fragmentados, caóticos e desarticulados.

Mecanismos formadores:

• Intuitivo: Cognição delirante


• Imaginativo: Atividade imaginativa patologicamente aumentado
• Catatímico: Secundário aos distúrbios de humor
• Interpretativo: Secundário a alterações patológicas
• Sensorial: Secundário a ilusões e alucinações
• Oniroide: Secundário a alterações sensoperceptivas e do pensamento
• Mnêmico: Secundário a atividade fabulatória

Tema:
• Perseguição: Acredita que estão vigiando, querem prejudica-lo ou mesmo mata-lo.
• Prejuízo: Pensa que as pessoas são hostis a ele, zombam ou menosprezam.
• Reivindicação: Se julga vítima de terríveis injustiças ou discriminações.
• Influência: Acredita que alguém ou alguma força externa controla sua mente ou seu corpo.
• Grandeza: Acredita ser rico e poderoso, ou possuir habilidade e talentos especiais.
• Ciúmes: Acredita que seu cônjuge está sendo infiel.
• Erotomaníaco: Acredita que é amado, à distância, por outra pessoa.
• Ruína: Acredita que sua vida está repleta de desgraças, sofrimentos, fracassos e perdas.
• Somático: Acredita que está sofrendo de uma doença muito grave ou incurável.
• Infestação: Está infestado por pequenos organismos.
• Culpa: Acredita que cometeu pecados terríveis e merece ser punido.
• Negação: Acha que seus órgãos apodreceram, pararam de funcionar ou não existem mais.
• Místico: Envolve temas religiosos e espíritos.

Exame: Os delírios são detectados no discurso do paciente.

Transtornos mentais:

Esquizofrenia O delírio é bizarro, tem um conteúdo impossível e pouco sistematizado.


Transtorno delirante Normalmente a única alteração é o delírio, normalmente o conteúdo é possível, pouco
bizarro, bem sistematizado, interpretativo, autorreferente e monotemático.

Sensopercepção
A sensopercepção constitui a primeira etapa da cognição, ou seja, do conhecimento do mundo externo. Ela se refere
aos objetos reais, que estão fora da nossa consciência.

Sensação Percepção

• É um fenômeno passivo, físico, periférico e • É um fenômeno ativo, psíquico, central e


objetivo, que resulta das alterações dos subjetivo. É consciente e resulta das
estímulos externos sobre os órgãos sensoriais. impressões sensoriais e da associação destas
• Conseguimos distinguir as qualidades dos representações.
objetos: Cor, forma, peso, temperatura, etc. • Está relacionada com a identificação, o
• Exemplo: Formas e cores em uma fotografia. reconhecimento e a discriminação dos
objetos.
• Exemplo: Um quadro negro-carteiras, crianças
sentadas.

Obs: Apercepção – Uma aula

Classificação das qualidades sensoriais

1. Exteroceptivas: Visuais, auditivas, gustativas, olfativas.


2. Interoceptivas (cenestésicas): Bem-estar, mal-estar, fome, sede.
3. Proprioceptivas: Cinestésicas, equilíbrio, barestesia (pressão), palestesia (vibração).

Imagem perceptiva (imagem real) • Estabilidade


• Ausência de influência pela vontade
• Corporeidade (tridimensional)
• Nitidez Imagem representativa
• Extrojeção (fora da consciência)
• Ausência de corporeidade (bidimensional)
• Imprecisão • Instabilidade
• Introjeção (localizado na mente) • Possibilidade de influência pela vontade

Alterações quantitativas Alterações qualitativas


1. Agnosia (as sensações ocorrem normalmente, 1. Ilusão (ocorre uma percepção falseada e
mas não consegue associar as representações, deformada de uma percepção real, se
ou seja, o paciente consegue descrever a forma apresentando como uma imagem
e a cor do objeto, mas não consegue identificar representativa)
qual o objeto). 2. Pareidolia (imagem criada intencionalmente a
2. Hiperestesia (aumento da intensidade das partir de percepções reais, ou seja, são imagem
sensações, exemplo, as cores ficam mais representativa projetada em um espaço
brilhantes). externo, normalmente não é patológica)
a. Casos de epilepsia, enxaqueca, Exemplo: É uma árvore, mas você acha que é uma
esquizofrenia aguda pessoa
3. Hipoestesia (diminuição da intensidade das 3. Alucinação (não se origina de transformações
sensações, exemplo, o mundo parede mais de percepções reais, podem ser auditivas,
escuro e sem brilho). visuais, olfativas e gustativas)
a. Histeria, depressão grave, psicose
4. Anestesia (abolição da sensibilidade).
5. Alucinação negativa (aparente ausência de um
registro sensorial de determinado objeto
presente no campo sensorial do paciente, ou
seja, não consegue ver algo diante dos olhos).
6. Macropsia (os objetos parecem maiores)
7. Micropsia (os objetos parecem menores)
8. Dismegalopsia (os objetos parecem
deformados).

a. Alucinação verdadeira (se apresenta


com todas as características de uma
imagem perceptiva real, com grande
força de realidade, sendo aceitas pelo
juízo de realidade)
b. Pseudoalucinação (também chamadas
de “aperceptivas”, se aparentam mais
com uma imagem representativa,
também com grande força da realidade,
pode surgir de um pensamento ou
representação que, de tão intenso,
adquire características sensoriais)

Exemplo: Ver vultos


c. Alucinose (estão relacionadas a
distúrbios de origem orgânica)

As alucinações podem ser divididas em mais


alguns tipos:

• Reflexas (um estímulo sensorial real


desencadeia uma alucinação em outra
modalidade sensorial)
• Funcionais (uma alucinação ocorre em
função de outra, mas são percebidas
distintamente, mesmo sendo da mesma
modalidade sensorial)
• Extracampinas (fora do campo perceptivo
do indivíduo, ocorre na esquizofrenia e em
psicoses orgânicas)
• Hipnagógicas (ao adormecer),
hipnopômpicas (ao acordar) e hipnagogia
(quando tem os dois)
• Doppelganger (ou eu duplo, é quando há
um “eu” dentro do corpo e um “eu” fora
dele)

4. Sinestesia (um estímulo sensorial em uma


modalidade é percebido como uma sensação
em outra modalidade, exemplo ver sons e ouvir
cores)

Obs: Imagem eidética – É a evocação de uma imagem guardada na memória de forma muito precisa, aproximando-se
mais da percepção real.

São indícios de atividade alucinatória: Atenção comprometida, mudanças súbitas da posição da cabeça, falar
sozinho, olhar fico em determinada direção, movimento das mãos como que afastando algo da superfície do corpo.

Transtornos mentais:

Esquizofrenia Grande riqueza alucinatória na forma paranoide. Escutar vozes que dialogam
entre si.
Transtornos do humor Podem ocorrer hiperestesia (mania) ou hipoestesia (depressão) e ilusões.
Delirium Ilusões e alucinações visuais.
Intoxicação por alucinógenos Hiperestesia, micropsia, macropsia e sinestesia.

Psicomotricidade e linguagem
PSICOMOTRICIDADE

As alterações da psicomotricidade são a expressão final das alterações da volição.

Alterações quantitativas Alterações qualitativas


1. Apraxia (dificuldade de realizar atos motores 1. Catalepsia (estado transitório que a pessoa não
voluntários, ou seja, perda do movimento, consegue se movimentar e reagir a estímulos
geralmente por alguma causa orgânica) externos, apresentando uma rigidez muscular)
a. Ideomotora (ou psicomotora, não 2. Ecopraxia (repetição das ações motoras
consegue realizar movimentos simples executadas por outra pessoa, imitando os
em resposta ao examinador)
b. Ideativa (não consegue realizar gestos, a postura a fala – ecolalia – e a
movimentos sequenciais) expressão – ecomimia)
2. Hipocinesia (lentificação psicomotora, ou seja, 3. Estereotipias (são ações motoras desprovidas
tem uma diminuição acentuada dos de finalidade e de sentido, sendo repetidas de
movimentos) e acinesia (ou estupor, é a maneira uniforme e com grande frequência)
abolição dos movimentos voluntários, o 4. Flexibilidade cerácea (existe uma rigidez
paciente fica restrito a leito) muscular que é facilmente vencida, assim, o
3. Discinesia (distorção dos movimentos) examinador coloca um segmento do corpo do
4. Hipercinesia (aceleração psicomotora, ou seja, paciente em uma posição e o paciente irá
tem um aumento patológico da atividade manter essa postura)
motora voluntátia) 5. Maneirismo (são movimentos expressivos, ou
seja, servem para um propósito de
comunicação, como gestos, mímicas)
6. Interceptação cinética (interrupção brusca e
incompreensível de uma ação motora já
iniciada)
7. Perseveração motora (repetição sem sentido
de uma ação motora de início executada
adequadamente)

Obs 1: O estupor costuma envolver toda a atividade voluntária, como comunicação, mímica, olhar e marcha. A
catatonia é os sintomas de estupor em conjunto com outros sintomas psicomotores, como catalepsia, flexibilidade
cerácea, maneirismo, estereotipias, ecolalia e ecopraxia.

Obs 2: Síndrome de Tourette: Tiques motores, em pequenos grupos, e verbais.

Problemas de medicação:

• Empregnação (parkinsonismo medicamentoso) – Exame roda denteada no cotovelo


• Distonia aguda
• Acatisia – Inquietude dos membros inferiores
• Discinesia tardia – Movimento alterado involuntário e irreversível nas regiões orais (ex: mastigar e beijar)
• Síndrome do coelho
• Distonia tardia e acatisia tardia
• Tourette tardio

Exame: Deve-se observar o comportamento (iniciativa; espontaneidade e interesse; capacidade de tomar decisões) e
as respostas a solicitações do examinador (o grau de cooperação do paciente numa simples entrevista já fornece
elementos para a identificação de alterações).

Transtornos mentais:

Esquizofrenia Pode apresentar qualquer uma das alterações quantitativas ou qualitativas da


psicomotricidade.
Mania Agitação psicomotora é muito comum.
Depressão Costuma haver hipocinesia e, nos casos mais graves, estupor.

LINGUAGEM

É um processo intermediário entre o pensamento e o mundo externo que possui as seguintes finalidades,
comunicação social, expressão de vivências internas, organização da experiência sensorial e dos processos mentais.

O que caracteriza a fala é ser um processo criativo a partir de um número restrito de palavras que podemos construir
um número indefinido de sentenças e de significados.
Ela possui aspectos cognitivos (capacidade de abstração se desenvolve na criança a partir da formação de conceitos)
e afetivo (a prosódia, por meio da entonação e inflexões).

Alterações quantitativas Alterações qualitativas


1. Afasia (perda da linguagem) 1. Ecolalia (repetição das últimas palavras faladas
a. Motora (expressiva ou de Broca, o pelo entrevistador)
discurso é emitido com grande 2. Palilalia (repetição involuntária das últimas
dificuldade, sendo caracterizado por palavras faladas pelo próprio paciente)
frases curtas, perda gramatical) 3. Logoclonia (repetição involuntária das últimas
b. Sensorial (receptiva ou de Wernicke, sílabas faladas pelo próprio paciente)
tem uma perda de compreender a 4. Estereotipia verbal (repetição monótona,
linguagem) inadequada e sem sentido comunicativo de
c. De condução (comprometimento da palavras ou falas)
repetição e nomeação) 5. Mussitação (fala com a voz sussurrada)
d. Global (motora + sensorial) 6. Neologismos (paciente cria novas palavras e
e. Transcortical atribui um significado)
f. Anômica (dificuldade de nomear 7. Jargonofasia (completa desorganização da
objetos) linguagem, cuja sintaxe se torna incoerente)
2. Disfasia (prejuízo ou dificuldade quanto a 8. Parafasias (deformação ou troca de palavras)
linguagem) a. Literal (troca por uma palavra de som
3. Agrafia (incapacidade de escrever) semelhante, como faca por vaca)
4. Alexia (incapacidade de ler) b. Verbal (troca por outra
5. Aprosódia (perda da modulação afetiva da fala) semanticamente relacionada, como
e hipoprosódia (diminuição da modulação faca por garfo)
afetiva da fala) 9. Solilóquio (falar sozinho)
6. Hiperprosódia (acentuação da inflexão verbal) 10. Coprolalia (presença de palavras obscenas e
7. Mutismo (ausência de fala, a pessoa se recusa a vulgares)
falar) 11. Glossolalia (estivesse falando outra língua,
8. Logorreia (expressão verbal aumentada, ou produzindo sons ininteligíveis)
seja, fala o tempo todo) 12. Maneirismos (fala pouco natural, com uso de
9. Oligolalia (expressão verbal diminuída) palavras difíceis, uso excessivo de diminutivos,
10. Hiperfonia (elevação do volume da voz) gírias ou jargões)
11. Hipofonia (diminuição do volume da voz) 13. Pedolalia (voz infantilizada)
12. Taquilalia (aumento da velocidade da expressão 14. Pararrespostas (respostas totalmente sem
verbal) noção com o que foi perguntado)
13. Bradilalia (diminuição da velocidade da 15. Respostas aproximadas (o paciente responde
expressão verbal) errado o que o examinador perguntou)
14. Latência da resposta (tempo de demora para
responder uma pergunta, pode estar
aumentada ou diminuída)

Exame: A expressão oral e a compreensão auditivo-verbal são avaliadas de forma informal durante toda a entrevista,
mas também podem ser feitos alguns testes.

Transtornos mentais:

Mania Em geral o paciente fala alto, está logorreico, apresenta taquilalia, hiperprosódia (fala cantada),
diminuição da latência de resposta e coprolalia.
Depressão Possui oligolalia ou mutismo, bradilalia, hipofonia e aumento da latência de resposta.
Volição
A vontade (ou volição) é uma dimensão complexa da vida mental, que se relaciona com as esferas instintivas,
afetivas e intelectivas, isso pois envolve avaliar, julgar, analisar e decidir tendo em vista os valores, princípios, hábitos
e normas éticas socioculturais do indivíduo.

• Instinto: Resposta comportamental padronizada de determinada espécie, que por meio dela sobrevive
melhor no ambiente.
o Organizado, fixo e mais ou menos complexo
• Impulso: Estado motivacional, vivência afetiva que induz o indivíduo ao ato.
• Pulsão: Movem o sujeito em direção à vida ou à morte.
o Inato e inconsciente
• Desejo: É um querer, um anseio que visa a satisfação.
o Pode ser consciente ou inconsciente, sendo móvel, moldados e transformados social e
historicamente
o É diferente da necessidade que é fixa e inata
• Inclinação: É a tendência a desejar, buscar e gostar.
o Relacionada à personalidade do indivíduo, sendo duradoura e estável.
• Motivação: Molda o comportamento.
o A motivação é tanto intencional (estimula e orienta as ações) como reguladora (permite ao sujeito
controlar seu comportamento e o dos outros)

O ato volitivo é o “querer” e o “não querer” que são influenciados pelos motivos. Esse ato se dá por meio de um
processo:

1. Fase de intenção ou propósito: Tendências básicas (impulsos, desejos e temores).


2. Fase de deliberação: Ponderação consciente (o indivíduo pensa nos motivos e analisa os pontos positivos e
negativos da sua decisão).
3. Fase de decisão propriamente dita: O início da ação.
4. Fase de execução: Os atos psicomotores são postos em funcionamento.

Alterações quantitativas Alterações qualitativas


1. Hipobulia/abulia (diminuição ou abolição da 1. Atos impulsivos (são atos desprovidos de
volição, o indivíduo não tem vontade para finalidade consciente, sendo súbitos,
nada) incoercíveis e incontroláveis, normalmente o
a. Apragmatismo (incapacidade de dar paciente não percebe como inadequado)
consequência aos pensamentos, ou a. Frangofilia (destruir objetos)
seja, de agir de acordo com o que se b. Piromania (propensão a atear fogo)
pretende) c. Bulimia nervosa (comer rapidamente
b. Dependência (fragilidade de uma grande quantidade de comida sem
personalidade, que leva a incapacidade controle)
de suportar frustações e de agir com 2. Atos compulsivos (o indivíduo sente vontade de
autonomia) fazer, não é de imediato e pode levar a uma
2. Ataraxia (estado de indiferença volitiva e sensação de prazer ou alívio)
afetiva, ou seja, estado de imperturbalidade) a. Transtorno obsessivo-compulsivo (a
3. Enfraquecimentos de impulsos específicos compulsão ocorre após uma ideia
a. Anorexia (diminuição ou perda do delirante, e é uma forma de combater
apetite) essas ideias, como realizar movimentos
b. Insônia repetitivos e estereotipados, o paciente
c. Perda da libido sabe e tenta resistir)
4. Hiperbulia (sentimento de aumento da força, Exemplo: Vem a mente da paciente que seu
energia e disposição) pai vai morrer, e para isso não acontecer ela
5. Intensificação de impulsos específicos se sente impelido a bater uma colher na
xícara de café cinco vezes para evitar que
isso ocorra).
a. Bulimia (aumento patológico do 3. Comportamento desviante em relação aos
apetite) impulsos
b. Hipersonia (sono em excesso) a. Automutilação e suicida (desvio da
c. Satiríase e ninfomania (desejo sexual autopreservação)
aumentado) b. Alotriofagia (comer coisas estranhas)
c. Parafilias (desvio sexual, pode ser
exibicionismo, fetichismo,
sadomasoquismo, coproflia, pedofilia,
gerontofilia, voyeurismo, zoofilia)
d. Poriomania (desaparecer de casa)
e. Cleptomania ou roubo patológico
4. Ambitendência (incapacidade para decidir)
5. Negativismo (o paciente não faz o que lhe é
pedido)
a. Mutismo (recusa a falar)
b. Sitiofobia (recusa a alimentos)
6. Reação do último momento (desaparecimento
súbito de uma conduta negativista no momento
em que o examinador desiste)
7. Sugestionabilidade patológica (tendência
exagerada a atender às solicitações vindas do
exterior)
8. Obediência automática (cumprimento passivo
e imediato de qualquer ordem ou solicitação)

Exame: Observa-se o comportamento do paciente (tem iniciativa? Capacidade de tomar decisões?), as respostas às
solicitações do examinador (o paciente coopera na entrevista?) e se existe alguma alteração na linguagem e
psicomotricidade.

Transtornos mentais:

Esquizofrenia Apresenta hipobulia


Mania Hiperbulia, aumento da libido, insônia e fraco controle dos impulsos
Depressão Hipobulia, anorexia, insônia, perda de libido, negativismo e ideação suicida
Demência Hipobulia, fraco controle dos impulsos, negativismo, sugestionabilidade patológica,
alotriofagia.

Síndromes maníacas
A base da síndrome maníaca são os sintomas de: euforia, alegria exacerbada, elação (engrandecimento do Eu),
grandiosidade ou irritabilidade marcante, de forma desproporcional aos fatos da vida.

Também podem ter aceleração das funções psíquicas (taquipsiquismo), agitação psicomotora, exaltação,
loquacidade, pressão para falar, pensamento acelerado e fuga de ideias.

Outros sintomas: labilidade afetiva, agitação psicomotora, arrogância, desinibição social e sexual e alucinações.

Duração: Pelo menos uma semana, mas a média de duração do episódio maníaco é por volta de três meses. Para
o diagnóstico é necessário o humor elevado + 3 sintomas de mania (aumento da autoestima, diminuição da
necessidade de sono, pressão pra falar, alterações formais do pensamento, distraibilidade, aumento de atividade,
envolvimento excessivo em atividades prazeirosas que tenham um alto potencial de consequências desastrosas,
como desinibição sexual).

Subtipos:

1. Mania franca ou grave


a. Forma mais intensa de mania, com aceleração grave de todas as funções psíquicas.
2. Mania irritada ou disfórica
a. Predomina a irritabilidade e mau humor.
3. Mania com sintomas psicóticos
a. Possui sintomas psicóticos, como delírio de grandeza ou poder (humor-congruente) e delírios de
perseguição (humor-incongruentes).
4. Mania mista
a. Tem sintomas maníacos e depressivos que podem ocorrer conjuntamente ou se alternam
rapidamente.
b. Possui agitação + logorréia + irritabilidade + tristeza + ideias de suicídio
c. Ou pensamento confuso + agitação psicomotora + distúrbio do apetite + insônia + ideação suicida
5. Hipomania (episódio hipomaníaco)
a. É uma forma atenuada de episódio maníaco, não apresentando disfunção social importante.
b. O indivíduo está mais disposto que o normal, fala muito, conta piadas, faz muitos planos, não se
ressente com as dificuldades e os limites da vida. Pode ter diminuição do sono, mas não se sente
cansado após muitas atividades e deseja sempre fazer mais.
6. Ciclotimia
a. Possui leves sintomas depressivos seguidos de elevação do humor.

Transtorno bipolar

O TB é marcado por episódios de mania e depressão que ocorrem de modo relativamente delimitado no tempo e possui
períodos de remissão e as alterações psicopatológicas mais intensas regridem.

• TB tipo I: Episódios depressivos intercalados com fases de normalidade e pelo menos uma fase maníaca bem
caracterizada.
• TB tipo II: Episódios depressivos intercalados com períodos de normalidade e seguidos de fases hipomaníacas.
• TB tipo ciclagem rápida: O paciente apresentou nos últimos 12 meses pelo menos 4 episódios bem caracterizados
e distintos de transtorno do humor, mania e/ou depressão.
o Para dois episódios de mesma polaridade, deve haver um intervalo mínimo de 2 meses de “normalidade”.
De polaridades distintas, basta haver uma “virada” para a polaridade oposta (sem necessidade do período
mínimo de normalidade).

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