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Aula 4: Neisseria gonorrhoeae


Características:
A gonorréia é uma DST causada pela Neisseria gonorrhoeae, um bactéria
diplococos gram-negativo piogênico, chamado de “gonococos”.

É uma bactéria sempre patogênica, muito sensível ao ressecamento, calor úmido,


luz solar e desinfetantes.

A gonorréia em crianças é indicativo de abuso sexual.

Fatores de virulência:
Pili ou fimbrias:

Resistem ao jato da micção, ajudando na aderência da bactéria.

LOS (lipooligossacarídeo):

Endotoxina modificada.

Fbp ou sideróforo:

Responsável pela captura do ferro para a bactéria usar na alimentação.

Proteases IgA:

Hidrolisa a IgA secretória.

Bactérias que entram pela mucosa é muito presente.

Heterogeneidade antigênica

PROTEÍNAS DA MEMBRANA EXTERNA:

Porina ou Por: Poros

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Importantes na sobrevivência intracelular, pois impede a fusão do
fagolisossomo nos neutrófilos.

Proteína de Opacidade ou Opa:

Atua junto às fímbrias na aderência às mucosas

Proteína reguladora modificável ou Rmp:

Protege a bactéria de anticorpos bactericidas

📌 Ele não possui a cápsula

Manifestações clínicas:

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A Neisseria gonorrhoeae é uma IST (ou DST) muito comum, chamada de gonorréia
(uretrite gonocócica ou blenorragia) que não vai possuir células de memória da
imunidade.
Pode gerar conjuntivite neonatal, que é obtida pelo recém nascido pelo canal vaginal
do parto, podendo levar a cegueira se não tratada, também pode gerar a doença
inflamatória pélvica (DIP).

No homem:

Tem uma maior apresentação


dos sintomas, fica pingando uma
secreção purulenta, deixa a
glande mais sensível.

Os sintomas geralmente
aparecem de 24hs a 14 dias
após o contato sexual.

Uretrite com disúria, ou seja,


dor e urgência ao urinar.

Febre baixa.

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Edema da glande.

Corrimento purulento
abundante, mas não posso
coletar esse material que
está correndo, pois o líquido
já está com outras bactérias
ou enzima.

Estenose da uretra, em
homens que pegam muita
gonorreia podem ter o
estreitamento da uretra pela
inflamação.

Pode infectar testículos,


próstata e epidídimo
(epididimite - é a inflamação
do epidídimo,
ocasionalmente
acompanhada por
inflamação dos testículos).

Na mulher:

A bactéria não fica no canal


vaginal, mas na endocérvice,
sendo que a secreção purulenta
desce pelo canal, as vezes com
sangramento.

Gera sangramento entre as


menstruações e durante a
relação sexual.

Pode gerar infertilidade, pois


pode ascender pelo canal e

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afetar o útero, tubas uterinas e
pelve.

As complicações estão
relacionadas com infecção
ascendente uterina, como
salpingite, DIP (doença
inflamatória pélvica), esterilidade
e gravidez ectópica.

📌 Podem ter outros sítios de infecção da gonorréia:

Ânus e reto (mulheres e homossexuais) que gera proctite, com coceira,


pus, sangramento e estenose retal.

Garganta: Pode se alojar na garganta gerando faringite, gerando dor e


dificuldade em engolir, obstrução, placas amareladas.

Pode acabar se confundindo com a faringite gerada pelo


Streptococcus pyogenes.

Olhos: É um auto-contágio, no qual o paciente pega na secreção e acaba


levando aos olhos, gerando uma conjuntivite, dor, sensibilidade à luz,
secreção de pus que pode ser uni ou bilateral.

Obs: A disseminação da infecção é rara, mas pode gerar artrite e dermatite.

Artrite séptica (se aloja em articulações dos joelhos, tornozelos) em


adultos sexualmente ativos, sendo quente, vermelha, edema, dor.

Dermatite (manchas avermelhadas)

Conjuntivite neonatal:

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Única forma que não é pelo contato sexual, quando a mãe possui a gonorréia e
a criança tem contato com a bactéria durante o parto normal pela mucosa
vaginal.

Conjuntiva do recém nascido é contaminada uns 2 a 4 dias após o parto


normal

Os olhos ficam vermelhos, edemaciados com secreção purulenta.

Já é feito de forma preventiva o uso de antibióticos para crianças nascidas de


parto normal, colírio ou pomada.

📌 Se a mãe tiver gonorréia durante a gestação pode ocorrer aborto,


prematuridade e baixo peso ao nascer.

Diagnóstico laboratorial:

📌 Quando o paciente vai ao médico e tem a suspeita da gonorréia é passado o


diagnóstico laboratorial, em alguns casos é feito um tratamento empírico, ou
seja, um tratamento que dê para mais de uma bactéria.

Bacterioscopia do corrimento: Material é coletado e feito uma coloração de


gram.

Homem → Secreção uretral, mas não é a que drena de forma espontânea pois
pode não ter mais tanta bactéria ou ter outros tipos e enzimas.

Mulher → Material diretamente da endocérvice, sendo preferível fazer a


cultura.

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Bactérias agrupadas em dupla, podendo está intracelular ou extracelular.

Cultura do corrimento: Confirmação a mais do diagnóstico.

O corrimento vai ser colocado em um meio específico para a neisseria


gonorrhoeae, que seria o ágar Thayer-Martin (TM), um meio ágar chocolate
com substâncias antimicrobianas da microbiota normal, como antibióticos
(vancomicida, colistina e trimetoprima) e antifúngicos (nistatina).

A gonorréia é resistente a esses antibióticos e antifúngicos, mas os outros


microrganismos não são.

Precisam ser incubados por mais de 72hs, pois a gonorréia demora um


tempo para crescer.

Testes rápidos: Amostras de soro e urina.

Testes de PCR (biologia molecular): Triagem em pacientes assintomáticos, mais


rápidos do que as culturas, podem ser realizados em amostras de urina.

NAAT: Teste de amplificação de ácidos nucléicos que podem detectar também a


clamídia.

Epidemiologia e controle:
Gonorréia: importante problema de saúde pública mundial (78 milhões pessoas
infectadas – OMS).

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Período de incubação: 24h a 14 dias.

Transmissão: contato sexual

20 a 30% de chance de contaminação após relação, favorecido pela frequência e


quantidade de relações.

Múltiplos parceiros: + expostos, além do uso de álcool e drogas que deixam as


pessoas mais propensas a relações de risco.

Tratar parceiros de pelos menos 1 mês antes do diagnóstico.

Doença no recém nascido: Parto normal, muitas vezes não tem como fazer o
exame na mãe antes do parto, então é dado um tratamento de forma preventiva

Prevenção: Pomada de eritromicina ou tetraciclina e colírio de nitrato de prata

10% dos homens e 50-70% das mulheres não possuem sintomas, mas podem
transmitir a doença.

Não há vacina e não confere imunidade a infecção, podendo ter infecções


repetidas.

Tratamento imediato dos sintomáticos e parceiros, além de tratamento dos


assintomáticos para interromper cadeia de transmissão.

Uso de preservativos.

Tratamento:
Tem prognóstico de recuperação muito bom, caso a bactéria não possua resistência.

CEFTRIAXONA 250mg IM dose única ou CIPROFLOXACINA 500mg VO dose


única.

📌 Infecção concomitante com Chlamydia trachomatis: associar com


AZITROMICINA 1g VO dose única ou DOXICLINA 100mg 12/12h por 7 dias.

Penicilina benzatina (bezentacil) não é mais recomendadas, pois possui resistência


a penicilina.

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Oferecer testes de triagem para HIV, hepatite B, sífilis e outras doenças
sexualmente transmissíveis.

Retorno da atividade sexual: 7 dias após o fim do tratamento.

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